Encruzilhadas da Educação no Brasil: transformações históricas e o emergir de uma Pedagogia Plural

Por Arlindo Goncalves De Araújo Neto (Acadêmico de Psicologia) – arlindo.netto@rede.ulbra.br

A educação no Brasil, desde o período colonial, tem sido marcada por uma série de transformações que refletem as complexidades e os desafios de um país em constante evolução. Os jesuítas, como primeiros educadores, não apenas introduziram as práticas educativas europeias, mas também deram início a um processo de formação que se entrelaçava com a missão de evangelizar, criando assim as primeiras escolas elementares com um forte enfoque na catequização (Gomes, 2000).

                                                                                          Fonte: Imagem gerada por DALL·E

No entanto, é crucial reconhecer que a educação, como fenômeno social, não é estática. Ela se desenvolve e se transforma, muitas vezes, em resposta às necessidades e desafios emergentes de seu tempo. Nesse sentido, a “Pedagogia das Encruzilhadas” surge como uma abordagem que reconhece a multiplicidade de identidades e a necessidade de uma educação que vá além do eurocentrismo histórico. Lilliane Miranda Freitas, em seu trabalho sobre desvios necessários na formação inicial docente, destaca a importância de “questionar as produções discursivas que formam a identidade docente e subjetivam os indivíduos ao longo de sua formação” (Freitas, 2011, p.1).

Freitas (2011, p.13) argumenta que é “essencial para os professores em formação perceberem que existem múltiplas maneiras de ser professor e que não há uma única ou verdadeira forma de ser um bom professor”. Isso ressoa com a ideia de que a educação deve ser um espaço para “questionar e desconfiar dos discursos tradicionais que muitas vezes naturalizam diferenças e encobrem realidades sociais” (Freitas, 2011, p.5).

A “Pedagogia das Encruzilhadas” propõe, portanto, um currículo vivo, que seja co-construído e em constante diálogo com a diversidade de seus atores, reimaginado diariamente através das interações entre alunos e professores. É um convite para que a escola se torne um espaço de reconhecimento e celebração da pluralidade humana, onde a diversidade é vista como uma ponte para uma compreensão mais profunda e compartilhada da humanidade (Simões, 2022).

A escola municipal Prof. Waldir Garcia, em Manaus, exemplifica a aplicação prática dessa pedagogia. Nela, a educação transcende a mera transmissão de conhecimento para se tornar um ato de reconhecimento e celebração da pluralidade humana. A educação é vista como um direito humano fundamental, onde cada estudante é um agente ativo, trazendo para a sala de aula um universo de experiências e conhecimentos que enriquecem o coletivo.

Portanto, a “Pedagogia das Encruzilhadas” é mais do que um método de ensino; é uma forma de vida, um exercício de resistência e uma fonte de esperança para a construção de um futuro mais justo e inclusivo. Como Freitas sugere, essa abordagem pedagógica desafia as estruturas educacionais tradicionais, promovendo uma educação que é integral, holística e comprometida com a justiça social e cognitiva. É um caminho que reconhece as encruzilhadas teóricas como desvios necessários para uma formação docente que esteja alinhada com as realidades contemporâneas e as demandas de um mundo em constante mudança. (Simões, 2022).

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Referências:

FREITAS, Lilliane Miranda. Encruzilhadas teóricas: desvios necessários na formação inicial docente. Revista Ensaio, Belo Horizonte, v.13, n.01, p.1-42, jan-abr 2011.

GOMES, Candido Alberto. A educação em novas perspectivas sociológicas. São Paulo: EPU, 2000.

SIMÕES, Ceane Andrade. Nas diásporas e encruzilhadas do cotidiano escolar: As travessias dos currículos praticados de uma escola municipal de Manaus. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 23, n. 69, p. 50-59, abr./jun. 2022. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/tei/v23n69/1982-0305-teias-23-69-0050.pdf. Acesso em: 05 de novembro de 2023.