Modelo animal para estudo da ansiedade

O Labirinto em Cruz Elevado (LCE) é um procedimento utilizado há algumas décadas como forma de investigar aspectos da ansiedade. É um procedimento adaptado de um instrumento que surgiu na década de 50 no laboratório de Montgomery, que teve como finalidade a exploração e o medo com um labirinto em Y elevado. O presente método é reconhecido por avaliar o índice de ansiedade, buscando verificar e associar aspectos comportamentais, fisiológicos e farmacológicos (Martinez; GARCIA; MORATO, 2005; Morato, 2006).

O LCE é um aparato que fica elevado do chão, sendo composto por dois braços abertos e dois braços fechados opostos uns aos outros, onde os braços fechados possuem paredes laterais (OLIVEIRA, 2012).

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Apesar de o teste LCE aparentar ser simples, existe muitos fatores que influenciam e impedem a exploração dos braços abertos, sendo alguns deles desencadeados pelo próprio indivíduo. Questões fisiológicas e ambientais, tais como a idade, o peso, isolamento social e o tempo que o sujeito é exposto ao teste podem influenciar diretamente no resultado final (Martinez; GARCIA; MORATO, 2005).

Sua aplicabilidade, enquanto modelo animal de ansiedade, consiste na atividade exploratória e na aversão natural do animal aos braços abertos. O tempo gasto e o número de explorações dos braços abertos são utilizados como indicadores para avaliar o nível aversivo de ansiedade, sendo que, quanto mais houver a exploração dos braços abertos, menor será o nível de ansiedade (PELLOW et al., 1985).

Fonte: autoria própria

Além disso, para se obter a compreensão dos efeitos da ansiedade através da Análise do Comportamento, é preciso compreender alguns aspectos importantes, como por exemplo, a análise funcional, que tem como objetivo descrever e entender quais as variáveis que influenciam um determinado comportamento. Esta análise permite ao analista do comportamento identificar quais os estímulos que estão sendo eliciadores de tais comportamentos e, somando a isto, as suas consequências. Entretanto, é necessário assimilar quais contingências produzem um comportamento no presente, assim como as que produziram no passado. Por fim, ao obter essas informações, o analista do comportamento será capaz de apresentar novas relações entre eventos ambientais e comportamentais que serão capazes de alterar padrões comportamentais dos sujeitos (AMARAL, 2011).

Portanto, o presente estudo propõe o uso do Labirinto em Cruz Elevado (LCE), por se tratar de um modelo animal validado, tanto do ponto de vista farmacológico e biológico, quanto comportamental para teste da ansiedade em ratos.

CONCLUSÃO

Dessa forma, os sujeitos experimentais ao serem modificados a cada experiência nova e a cada interação, tornam-se organismos diferentes, seu repertório básico de comportamento vai interagir com o ambiente, modificando-o e sendo modificado por ele conforme Skinner afirma.

Pode-se perceber que o comportamento ansiogênico sofre modificações quando o sujeito se depara com o estímulo aversivo de maior magnitude, ao ponto de ser inevitável que o mesmo responda com enfrentamento ou fuga diante da situação.

REFERÊNCIAS

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SAMPAIO, A. M. Verificação dos Efeitos de Imipramina,: Paroxetina, Buspirona e Diazepam no Labirinto em T Elevado em Ratos e Camundongos. 2008. 68 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Farmácia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.

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Doutorando em Psicologia (PUC-GO), Mestre em Psicologia (PUC-GO). Especialista em Criminologia e Ciências Criminais (ESMAT) e Graduação em Psicologia (PUC Goiás). Professor no curso de Psicologia do CEULP/ULBRA e na UNIRG.