O Impacto da Mídia na Saúde Mental dos Jovens

Com o início do desenvolvimento das novas tecnologias de informações, as chamadas mídias sociais, percebe-se que mudanças foram aplicadas na sociedade, com a instituição de uma nova morfologia social, que é caracterizada como uma sociedade da informação.

O uso das redes sociais e a mídia em si, são alvos de estudos de várias áreas do conhecimento e que buscam compreender a exposição em diferentes populações.

Ao se falar em juventude em termos socioculturais, envolve primeiramente não determinar questões biológicas, como idade (BOURDIEU, 1990), pois há diversos pontos de partidas, como faixa etária, categoria social, virtude populacional, e dentre essas definições, todas se direcionam a uma fase entre a infância e a maturidade (FREITAS, ABRAMO, LEÓN, 2005). Durante esse percurso, percebe-se um momento transitório e provisório vivido em processo dinâmico no desenvolvimento humano.

No decorrer dessa “fase” é percebido que o sujeito jovem atravessa um percurso compreendido como construção social moderna, marcada por grandes mudanças, de nível biológico, social e cultural, além de descobertas que podem trazer profundas emoções. Citando ainda as referências de padrões que norteiam o jovem (SALLES, 2005).

Vale destacar que nessa fase da vida há uma grande articulação entre a mídia e a juventude, porém percebe-se que apesar dos benefícios deste recurso, o uso desmedido tem gerado dependência. Isso não só interfere nas relações do indivíduo como também reforça os padrões de beleza que impactam sobre a imagem corporal (IC) (SOUSA, 2014). Podendo destacar fatores que influenciam na IC; os pais, os amigos e a mídia, sendo a última a mais pervasiva das influências (LIRA, et al; 2017).

Percebe-se que existe uma grande pressão sociocultural na maioria das vezes por parte das mulheres, para que elas possam se adequar a um padrão estético ideal que se transforma em tempos e tempos (DAMASCENO et al; 2005).

Fonte: Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay

Além disso, as mídias sociais trouxeram consigo enorme influência de modo que os homens e, principalmente, as mulheres idealizam e idolatram desde muito jovem corpos perfeitos. Isso acaba gerando grandes índices de distorções em relação a sua autoimagem (GOULART; CARVALHO, 2017).

A falta de diversidade de corpos como referência de beleza faz com que a juventude olhe apenas para um modelo do que é “belo”, tornando assim difícil lidar com o diferente. A mídia age reforçando e divulgando maneiras, modos de como alcançar o “corpo ideal” (LIRA, et al; 2017).

A tecnologia passa a ser o meio de influência no desenvolvimento do jovem, permeando na construção da identidade desse sujeito como indivíduo, pelo seu uso deliberado da ferramenta tecnológica. Diante disso, o jovem contemporâneo passa a se basear a partir do que vê nas redes, assim começa a pensar negativamente a respeito de si mesmo, com noções excessivas sobre o mundo (SCHMITT, 2020).

Bauman (2007) afirma que, para construção do sujeito, suas relações passam a ser líquidas ao invés de sólida. Ao pensar nessa realidade, avista-se um jovem na busca de algo bom para aquele momento, sem que haja uma reflexão a respeito, passando assim a adquirir risco à saúde mental.

À vista disso, percebe-se que a mídia está presente a todo o momento, agindo sobre indivíduos de forma leve e na maioria das vezes de forma “agressiva”, também afetando seu ambiente. Fica evidente também que, a sociedade é bombardeada, em sua maioria, pela forma de vestir, falar, comer e como seus corpos devem ser para que sejam aceitos e para que o indivíduo em si se aceite.

Tendo em vista o que foi discorrido neste trabalho, percebe-se que a influência da mídia sobre a saúde mental dos jovens é, em certa medida, alimentada pelo contexto sociocultural do indivíduo. Daí a importância de que essa discussão seja feita a partir de uma perspectiva macro.

De toda forma, parece evidente que os efeitos negativos são profundos devido ao fato de que, tendo um grande poder de influência, a mídia prega um modelo supostamente ideal de corpo, causando sofrimento mental nos jovens que estão longe desse padrão estabelecido.

Portanto, é importante que, além de conscientização sobre o abuso da grande mídia e sobre os profundos malefícios disso, haja políticas efetivas que protejam os jovens dessa influência que gera dor devido à inadequação do corpo ao que é propagado pelos grandes meios de comunicação.

Fonte: Imagem de April Bryant por Pixabay

REFERÊNCIAS

Bauman, Zygmunt, 2007. Vida para Consumo: A Transformação das Pessoas em Mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

BOURDIEU, Pierre 1990(): Cuestiones de sociología. Madrid: Istmo

DAMASCENO, V. O. et al. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 181-6, 2005.

DE SOUSA, Cirlene Cristina. Juventude (s), mídia e escola: ser jovem e ser aluno face à midiatização das sociedades contemporâneas. 2014.

DE BARROS, Bruno Mello Correa; RICHTER, Daniela. A INFORMAÇÃO E O CONSUMO DE MÍDIA PELOS BRASILEIROS: UMA ÓTICA DO CONTROLE E MONOPÓLIO DA DIFUSÃO DA INFORMAÇÃO A PARTIR DA PESQUISA BRASILEIRA DE MÍDIA.

LIRA, Ariana Galhardi et al. Uso de redes sociais, influência da mídia e insatisfação com a imagem corporal de adolescentes brasileiras. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 66, p. 164-171, 2017.

SCHMITT, Marina. O que leva a se viciar na internet? Relações entre solidão, depressão, ansiedade, estresse, adição à internet e uso de mídias sociais online. 2020.

GOULART, Cristiana Faria; DE CARVALHO, Priscila Abreu. Corpo Ideal e Corpo Real: A Mídia e suas Influências na Construção da Imagem Corporal. 2018.

FREITAS, Maria Virgínia de;ABRAMO, Helena Wendel; LEÓN, Oscar Dávila. Juventude e adolescência no brasil: referencias conceituais.Nov-2005. http://www.bdae.org.br/dspace/handle/123456789/2344