Vivemos em uma época em que a luta pela equidade de gênero se torna cada vez mais relevante, especialmente no esporte. O basquete feminino, embora tenha avançado, ainda enfrenta desafios significativos em termos de visibilidade e valorização. Este artigo busca discutir essas dificuldades e a necessidade urgente de reconhecimento.
O basquete feminino é amplamente negligenciado pela mídia e pelos patrocinadores, resultando na subvalorização das atletas. De acordo com a pesquisa do Instituto DataSenado (2021), as jogadoras enfrentam barreiras muito mais rígidas do que seus colegas homens, o que limita seu crescimento. A prática esportiva, reconhecida por seus benefícios psicológicos e físicos, acaba restringida para as mulheres pela falta de reconhecimento e apoio.
Garcia (2018) aponta que as justificativas sociais e científicas, muitas vezes, tratam o basquete feminino como um “esporte de menor expressão”, perpetuando estigmas que impactam diretamente a visibilidade das atletas e suas oportunidades de sucesso.
Desde a infância, meninas que se interessam por esportes enfrentam falta de incentivo. A cultura atual valoriza o esporte masculino, proporcionando mais infraestrutura e visibilidade aos homens. Como relatado na pesquisa do DataSenado (2021), essa disparidade de incentivo cria um ambiente em que as mulheres são vistas como menos capazes, dificultando sua ascensão no esporte.
As políticas públicas têm um papel central na mudança dessa realidade. Contudo, muitas ainda não atingem efetivamente as mulheres no basquete, perpetuando a invisibilidade e agravando problemas como assédio e discriminação.
Exemplos como o programa “Bolsa Atleta”, do governo brasileiro, ilustram políticas públicas que tentam contornar essas dificuldades, fornecendo apoio financeiro a atletas de diferentes modalidades, incluindo o basquete feminino. No entanto, apesar desse programa, ainda há a necessidade de um investimento mais direcionado e uma cobertura midiática mais justa.
Para que o basquete feminino alcance o mesmo reconhecimento que o masculino, é fundamental que políticas públicas promovam a igualdade de gênero. Programas de incentivo
ao esporte feminino desde a infância, como o “Segundo Tempo” no Brasil, mostram resultados positivos ao promover o acesso ao esporte nas escolas públicas, incluindo meninas em atividades esportivas regulares. Além disso, a criação de cotas para transmissão de esportes femininos em redes de televisão e plataformas digitais poderia ampliar significativamente a visibilidade dessas atletas. Garcia (2018) também destaca a importância de mulheres em cargos de liderança, seja no comando de times ou em organizações esportivas, para criar um ambiente mais inclusivo e igualitário.
A luta das atletas por reconhecimento vai além de questões financeiras; é uma batalha por equidade de gênero e representatividade. Exemplo disso é a atleta Marta, que no futebol feminino brasileiro foi um símbolo de resistência às barreiras impostas pelo gênero. No basquete, atletas como Adrianinha e Helen Luz, que conquistaram títulos internacionais, também enfrentaram a invisibilidade da modalidade no país. A trajetória dessas atletas mostra a importância de promover um debate público sobre o esporte feminino e a necessidade de investimentos em programas que ofereçam visibilidade e apoio.
Embora alguns progressos tenham sido alcançados, o basquete feminino ainda tem um longo caminho rumo à equidade e à visibilidade. Para que as futuras gerações de atletas femininas tenham as mesmas oportunidades que seus colegas homens, é essencial que haja um esforço conjunto por parte da sociedade, das instituições esportivas e do governo. A implementação de políticas públicas robustas, como o fortalecimento do “Bolsa Atleta” e maior visibilidade em canais de mídia, é um passo fundamental. A valorização do esporte feminino é mais do que uma questão de justiça esportiva; é uma luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Referências
DATASEDANO. Mulheres no esporte: pesquisa sobre equidade de gênero. 2021. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado/materias/pesquisas/mulheres-no-esporte-pesquisa-sobre-equidade-de-genero. Acesso em: 14 set. 2024.
GARCIA, Carla Cristina. O gênero e as práticas esportivas das mulheres: alguns pontos de discussão em psicologia social e do esporte. Psicologia Revista, v. 27, p. 497-517, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.23925/2594-3871.2018v27i3p497-517. Acesso em: 14 set. 2024.