Sara Verner – saraverner.nutri@gmail.com
Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Tocantins, Especialista em Saúde da Família e Comunidade pela CEULP- Ulbra, Pós Graduanda em Nutrição Clínica e Metabólica, atualmente atua com foco no trabalho clínico com jovens, adultos e idosos de forma presencial e online, atendimento aprimorado em Emagrecimento, Transtornos Alimentares, Comer Compulsivo e Doenças metabólicas relacionadas ao Sobrepeso e Obesidade.
A crescente prevalência de sobrepeso e obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública. Nesse cenário, várias estratégias dietéticas têm surgido como alternativas, entretanto métodos extremistas para perda de peso rápido estão cada vez mais comuns e refletindo negativamente na saúde das pessoas.
Percebe-se que a dieta ocidental, embora contenha alimentos em sua diversidade de nutrientes, nota-se o consumo elevado de ultra processados, marcados pelo aumento do consumo de alta densidade energética e diminuição da ingestão de alimentos proteicos e ricos em fibras, imprimiram um aumento significativo no sobrepeso e obesidade, tais fatores estão provavelmente contribuindo para o crescimento do número de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) como, diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, osteoporose, sobrepeso e obesidade. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) (2018), existem mais de 650 milhões de adultos e 124 milhões de crianças e adolescentes (5-19 anos) com obesidade.
Devido à complexidade do tema excesso de peso, várias temáticas diferenciadas surgem, de tempos em tempos, propondo novas abordagens para seu tratamento. E novas estratégias sem embasamento científico também surgem como no caso das dietas restritivas com o objetivo de atingir o peso ideal e a imagem corporal imposta pelo meio social, métodos nos quais podem ocasionar uma gama de complicações orgânicas e comportamentais.
O excesso de peso não está relacionado somente ao índice de massa corporal (IMC) ou ao peso na balança. Devemos enfatizar que assim como a quantidade de gordura corporal importa, a distribuição da mesma tem relação direta com o impacto da saúde do indivíduo. Quando se trata de perda de peso, não devemos resumir em déficit calórico, mas sim na real composição corporal, sendo que a mesma é relevante na satisfação corporal, na preservação da massa muscular e desempenho físico e na saúde como um todo.
Fonte: pixbay
Por isso, em um emagrecimento de sucesso não é levado em consideração a rapidez na qual ele acontece, mas sim da forma em que ele acontece. É possível observar que um emagrecimento rápido na maioria das vezes está associado a dietas restritivas, hábitos alimentares temporários associados a soluções milagrosas sem embasamento científico e comportamentos insustentáveis a longo prazo.
Um ensaio clínico realizado por Sayer et al. (2018), comprovou os riscos de dietas com alta restrição calórica e enfatizou a importância do consumo adequado de proteínas. Além disso os resultados mostraram que, durante um déficit energético acentuado, existem grandes possibilidades do desenvolvimento de riscos na composição corporal e alterações nos índices considerados seguros na saúde cardiometabólica.
Os indicadores de apetite (fome e plenitude), desejos de comida e satisfação dietética (conformidade, satisfação e privação) foram consideravelmente alterados, inferindo que, a baixa ingestão calórica e proteica, em busca de uma perda de peso rápida refletem de forma negativa na saúde do indivíduo.
Pensando no emagrecimento de forma rápida, muitas pessoas estão dispostas a realizarem dietas restritivas, uso de medicamentos sem a prescrição de um profissional adequado e métodos “milagrosos”. Entretanto, devemos tomar alguns cuidados, respeitando as necessidades nutricionais do corpo, sem colocar em risco a vida e as funções básicas do indivíduo.
Sabemos que o excesso de gordura abdominal aumenta o risco de doença cardiovascular, e que um percentual de gordura adequado implica diretamente na diminuição desse risco, porém diferente do que muitos pensam, a perda de peso nem sempre está associada a perda de gordura corporal. Essa perda se não bem orientada e acompanhada, pode resultar em perda de massa muscular e até mesmo água corporal.
A possível perda de água, ocorre quando utilizamos o glicogênio, de forma inadequada, reflexo de dietas extremistas e restritivas. O glicogênio presente no nosso corpo é uma molécula hidrofílica (se liga a água), a cada 1 grama de glicogênio temos 2 gramas de água ao seu redor, e quando ocorre a perda desequilibrada desse glicogênio, ocorre também a perda de água principalmente dos músculos e do fígado.
Logo, para um emagrecimento sem riscos, uma alimentação individualizada, adequada nutricionalmente e um estilo de vida ativo não só contribui para a melhoria da composição corporal, mas também apresenta melhoras na aptidão física, cardiorrespiratória e mental do indivíduo.
Referências:
SAYER, D.R. et al. Fome, desejo alimentar e satisfação com a dieta estão relacionados a mudanças no peso corporal durante uma intervenção comportamental para perda de peso de 6 meses: o estudo Beef WISE. Nutrientes 2018 , 10 (6), 700; Disponível em <: https://doi.org/10.3390/nu10060700 >. Acessado em 04 nov. 2023.
WHO. World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: World Health Organization; 1995. (WHO Technical Report Series, 854)
SILVA PC, Ordoñez A M, Fernandes I. Verificação de dietas restritivas sem acompanhamento nutricional em universitárias de uma faculdade particular de foz do Iguaçu/PR por meio de questionário. Uni América. 2020.; Disponível em <: https://pleiade.uniamerica.br/index.php/bibliotecadigital/article/view/588 >. Acessado em 04 nov. 2023.
