Prostituição: o não reconhecimento social e alguns de seus impactos

Que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo muita gente já sabe, mas que as prostitutas eram sagradas, consideradas deusas, pouca gente sabe. A divisão entre prostitutas e esposas aconteceu há 2000 anos a.C. Ainda na Grécia Antiga as profissionais começaram a ter independência financeira e o patriarcado não viu com bons olhos, declarando que rituais sexuais eram pecados graves, o que foi muito bem aceito pela igreja cristã; no entanto, bordéis e casas de banhos continuavam lotados.

Alguns países tem a prostituição legalizada, outros não. Atualmente no Brasil a profissão é legalizada, mas não é regulamentada. De acordo com a BBC News, no mundo, mais de 40 milhões se prostituem atualmente. Sendo a grande maioria mulheres, chegando a 75%, com idades entre 13 e 25 anos.

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Para Dejour (2009), “o reconhecimento da qualidade do trabalho proporciona ao trabalhador a ideia de pertencimento, portanto, o reconhecimento confere ao trabalhador, em troca do sofrimento, um pertencimento que faz desaparecer a solidão.” Na prostituição não existe o reconhecimento por parte da sociedade, as prostitutas vivem a margem da sociedade e da justiça, pois não existe leis que as protegem, enquanto são alvos da violência.

Neste sentido, “a relação de prazer e sofrimento do trabalhador está diretamente ligada ao reconhecimento em seu trabalho” (Rodrigues Filho, 2010). O não reconhecimento social, falta do bem estar relacionado à prevenção para a saúde e direitos trabalhistas, podem gerar sofrimento psíquico e danos à saúde mental das profissionais do sexo, como depressão, stress e o aumento do uso de substâncias ilícitas.

Quando se refere à escolha da profissão, a necessidade é a resposta mais significativa. A remuneração é um dos fatores decisivos para tomada de decisão de entrar para esse ramo, porém, não é fácil como no imaginário popular, o trabalho é cheio de riscos tanto para saúde quanto para a segurança das profissionais.

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Além dos perigos enfrentados pelas profissionais que ficam expostas a violência nas ruas, dentro das boates não é diferente, lá elas correm tanto risco quanto nas ruas, pois não sabem a que podem ser submetidas, vai depender de como funciona a organização e se lá elas terão a segurança necessária, pois não se sabe o comportamento dos clientes que geralmente são pessoas totalmente desconhecidas.

De acordo com uma reportagem de Glauco Araújo (2007), publicada no site da Globo.com,

“No Rio de janeiro, alguns rapazes espancaram uma empregada doméstica em um ponto de ônibus, na madrugada de 23 de junho, tentaram justificar a violência afirmando que acharam que se tratava de uma prostituta. Na mesma madrugada, uma prostituta foi agredida em outro ponto de ônibus. Um dos rapazes que espancou a doméstica também foi reconhecida pela prostituta como um de seus agressores.”

As questões morais e religiosas fazem com que as profissionais do sexo sejam vistas como uma escória da sociedade, sem valor ou importância, fazendo com que o trabalho delas tenha relação direta com medo e a precariedade, tornando fonte de sofrimento.

Referências

DEJOURS, Christophe. Entre o desespero e a esperança: como reencantar o trabalho? CULT, São Paulo, n. 139, p. 49-53, set. 2009

ARAÚJO, G. (2007).  Jovens acham que prostituta é saco de pancada. Disponível em < http://g1.globo.com >Acessado em: 02/03/19

FERNANDES, D. Paris para a BBC Brasil. Mais de 40 milhões se prostituem no mundo, diz estudo. Disponível em < www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/01/1120118_prostituicao_df_is > Acessado em: 02/03/19

RODRIGUES FILHO, L. F. Prostituição : um estudo sobre as dimensões de sofrimento psíquico. LUGAR COMUM – Estudo de Mídia, Cultura e Democracia, n. 43, p. 265–277, 2010.

Psicóloga egressa do Ceulp/Ulbra. Pós-graduanda em Terapia de casal: abordagem psicanalítica (Unyleya). Colaboradora do Portal (En)cena.