Psicólogo Escolar: Desafios e possibilidades na Educação Básica

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A presença do psicólogo em unidades de ensino, seja na educação infantil, básica ou superior sempre foi uma necessidade, visto que estas instituições constituem espaços de permanente interação. Ao analisar historicamente o papel dos psicólogos escolares, percebe-se que foi necessário a união de esforços da classe, garantindo um espaço de direito nas unidades de ensino, bem como uma quebra do paradigma das práticas tradicionais que evocavam o atendimento clínica e individualização (Silva et al, 2012; Prudêncio, et al 2015; Negreiros, F. et al, 2022). 

No século XX, a atuação do psicólogo em unidades educacionais tinha um caráter clínico, centrado no atendimento de situações problema. Naquele contexto, de 1906 a 1930, o trabalho do psicólogo, em ambiente escolar, era direcionado para rotular e individualizar. De 1930 a 1960, sua atuação resultava em diagnosticar e excluir. De 1980 a 1990, sua função era explicar os fracassos escolares (Tessaro, Trevisol, & DAuria-Tardeli, 2023). 

No início do século XXI, os psicólogos escolares não possuíam um espaço de direito dentro da instituição. Em 1990, um grupo de psicólogos, unidos por interesses comuns, fundaram a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) enquanto entidade representativa da Psicologia Escolar e Educacional e do próprio setor. A ABRAPEE tinha como foco unir esforços para garantir a efetiva inserção do psicólogo e assegurar seu espaço dentro do organograma das instituições, além de estimular a produção de aportes teóricos nas áreas da psicologia escolar (Mendonça, 2022). 

Os avanços foram acontecendo e, no ano de 2007, o Conselho Federal de Psicologia reconheceu, através da resolução nº 013/07, o papel do psicólogo escolar e orientou para que sua atuação fosse em equipe multidisciplinar. A partir da Lei 13.935/2019, ficou determinada a presença dos profissionais da psicologia em todas as unidades de ensino, com o fito de favorecer a saúde mental da comunidade escolar, através do desenvolvimento de ações saudáveis e da construção de um ambiente propício ao aprendizado (Lira, 2023). 

No contexto contemporâneo, a escola constitui espaço de acolhimento de toda comunidade escolar e sua diversidade. Como um reflexo da sociedade, as instituições de ensino reúnem sujeitos com as mais diversas vivências e o psicólogo escolar tem o desafio de atuar, em conjunto a outros setores internos e externos, favorecendo o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis. Nesta perspectiva, o profissional da psicologia deve pautar sua prática enquanto agente de construção do conhecimento, fomentando a reflexão sobre a vida em sociedade, promovendo o debate sobre a saúde mental e mediação de conflitos (Toledo, 2024). 

Conclui-se que o trabalho do profissional da psicologia escolar é de suma importância no ambiente escolar e que sua prática deve ser desenvolvida a partir de uma visão ampla sobre seu campo de atuação, construindo um plano de ação colaborativo, de acordo com as demandas do coletivo da escola que está inserido, de forma prioritariamente preventiva e, quando necessário, realizar ações individualizadas e propor os encaminhamentos pertinentes. 

Referências: 

LIRA, J. W. dos S. Atuação do Psicólogo no Âmbito Escolar. 2023. Disponível em http://dspace.unirb.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/640 

MENDONÇA, M. L. N. A Psicologia Escolar e as ações governamentais para sua implantação. Repositório Institucional do Unifip, v. 7, n. 1, 2022. 

NEGREIROS, F. et al. Expectativas da sociedade brasileira sobre psicólogas (os) na rede pública de ensino: o caso da lei 13.935. Revista de Psicologia, Educação e Cultura, v. 26, n. 2, p. 186-203, 2022. 

PRUDÊNCIO, L. E. V. et al. Expectativas de educadores sobre a atuação do psicólogo escolar: relato de pesquisa. Psicologia escolar e educacional, v. 19, p. 143-152, 2015. 

RONCHI, J. P. et al. Atuação do psicólogo escolar: Planejamento como estratégia para a ação. Revista Psicologia em Pesquisa, v. 16, n. 3, p. 1-25, 2022. 

SILVA, S. M. C. da et al. O psicólogo diante da demanda escolar: concepções e práticas no estado de Minas Gerais. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, v. 5, n. 1, p. 36-49, 2012. 

TESSARO, M.; TREVISOL, M. T. C.; DAURIA-TARDELI, D. Entre a expectativa e a prática do profissional da psicologia . Psicologia em Estudo, v. 28, p. e53458, 2023. 

TOLEDO, Rodrigo. A Psicologia Vai à Escola: Aportes para a Implementação da Lei 13.935/2019. Revista Parlamento e Sociedade, v. 12, n. 22, p. 101-119, 2024.

 

Autores: Rosa Helena Gabriel e Luiz Gustavo Santana.

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