Sobrecarga emocional dos cuidadores de crianças com TEA

Os altos e baixos da criação e do cuidado são muitos, especialmente para os pais de filhos TEA .

Os vários desafios que os cuidadores de TEA tem que enfrentar.

Arthur Gabriel  (Acadêmico de Psicologia) – arthur.gabriel@rede.ulbra.br

Cuidar de filho não é fácil, não tem um manual, uma vídeo aula, um curso… Com certeza é um grande desafio para todos, pois envolve pensar na vida financeira, vida conjugal, ciclo de apoio, saber em qual escola a criança vai estudar, com quem vai ficar, quem vai cuidar, e inúmeras outras coisas, isso tudo traz uma sobrecarga muito grande para os cuidadores de crianças típicas, e ainda mais para os cuidadores de crianças atípicas.

Um dos principais desafios para esses cuidadores é a falta de informação sobre o TEA ou até mesmo as ideias erradas, essas ideias erradas levam a uma discriminação e preconceitos, algumas dessas ideias são: Todas as pessoas com autismo não falam, pessoas com autismo não conseguem se relacionar, e muitas outras ideias que acabam por excluir essas pessoas. Por esses e vários outros motivos é preciso buscar informações sobre o assunto, buscar conversar e interagir com grupo de pessoas que passam pela mesma questão.

Primeiramente para ser diagnosticado com espectro autista, o indivíduo deve ter dificuldades em duas áreas: eles devem ter problemas duradouros na comunicação e interação social. Isso inclui dificuldade em empatia, linguagem corporal, expressão facial e contato visual; Em segundo lugar, eles devem exibir padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, como insistência em rotinas rígidas, fixação em certos tópicos, hipersensibilidades sensoriais como sensibilidade ao ruído e às vezes hipersensibilidade como um alto limiar de dor.

Sempre buscando a ajuda de um profissional, pois é ele quem pode dar o diagnóstico, visando que existem transtornos que afetam também a linguagem e o desenvolvimento verbal, como por exemplo, a pessoa/criança que não se desenvolve verbalmente por ter dificuldades auditivas, outro exemplo é a hiperlexia que traz consigo uma alta capacidade de ler mesmo sendo a criança muito nova, ou também problemas de processamento sensorial ou até mesmo o TDAH, pois muitas dessas características apresentadas nesses transtornos podem também estarem presentes no espectro do autismo.

Visando isso os cuidadores de crianças com TEA podem procurar instituições de apoio que oferecem suporte como o site Autismo e Realidade, que disponibilize uma lista de instituições e entidades que oferecem apoio gratuito às famílias de pessoas com autismo ou a ONG espaço azul que oferece suporte aos pais; esses cuidadores podem buscar um suporte na psicoterapia que é muito importante, pois ajuda-os a lidar com seus sentimentos e dificuldades em lidar com a criança, sendo que a intervenção para os pais e cuidadores é tão necessária quanto à intervenção para os pacientes. A regra vale tanto para a intervenção individual quanto para os grupos de pais oferecidos pelos serviços que acompanham os pacientes. Este é o espaço para que pais e cuidadores sintam-se à vontade para abordar suas angústias, incertezas e experiências. Além disso os cuidadores de autistas possuem uma série de direitos que vale a pena buscar conhecê-los também.

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É necessário que os cuidadores de TEA procurem ajuda de profissionais da área, para auxilia-los.

Outra dificuldade muito relevante é a de que os pais precisam lidar com a perda do filho imaginado e aceitar o filho real, sendo isso comparado a um luto, pois quando se espera um filho, é comum alimentar expectativas e sonhos sobre como será a criança, como ela vai se desenvolver, brincar, engatinhar, falar e se relacionar com os pais, parentes, amigos e pessoas próximas. Quando estes sonhos e expectativas são atravessados pelo diagnóstico de TEA, há um processo de luto a ser vivenciado. É preciso perder o filho imaginado para que seja possível aceitar o filho real e lidar com o novo dia a dia que se apresenta, visando que o filho possa ter necessidades especiais e requerer maiores cuidados, e a terapia ajudará muito nisso.

Entre muitas outras dificuldades que os cuidadores apresentam, tem também a falta de cuidado consigo mesmos e perdendo assim sua identidade. Eles podem se sentir sobrecarregados e perder o equilíbrio entre suas responsabilidades como cuidadores e suas próprias necessidades e passam a viver integralmente para o filho, para evitar isso é preciso continuar o ciclo de amizade que antes tinham, e também separar dias na semana em que possam priorizar as suas preferências.

Lembre-se de que o diagnóstico de TEA não define uma pessoa. Cada pessoa é única e tem habilidades e talentos únicos, por isso que é chamado de espectro, por abranger uma variada série de diferenças e com o suporte certo, as pessoas com TEA podem viver vidas plenas e significativas.

Em conclusão, ser pai ou mãe de uma criança autista apresenta desafios únicos. A necessidade de compreender o autismo, a busca por terapias adequadas, a luta por direitos na educação e saúde, e o gerenciamento do estresse diário são apenas algumas das dificuldades enfrentadas. No entanto, apesar desses desafios, muitos pais encontram alegria e satisfação em suas jornadas parentais. Eles veem o crescimento e o progresso de seus filhos, celebram suas conquistas, por menores que sejam, e se tornam defensores apaixonados do autismo. É uma jornada de altos e baixos, mas é também uma jornada de amor incondicional e aprendizado constante.

 

 

Referências:

 

Verdades e Mitos sobre o autismo. Neurosaber.2021. Disponível em:

https://institutoneurosaber.com.br/. Acesso em: 06/09/2023

Luto pelo Filho Idealizado: Pais de Crianças com TEA   | Lima | Revista Eletrônica da Estácio Recife (emnuvens.com.br)

LIMA, Jonata. Luto pelo filho idealizado: pais de crianças com TEA. Revista Eletrônica da Estácio Recife. V.20, n.1,P. 1-12,novembro 2021. Disponível em: https://reer.emnuvens.com.br/reer/article/view/636. Acesso em: 12/09/23