Na última terça-feira (29) as acadêmicas de Psicologia Camila Melo e Mariana Aires, promoveram a roda de conversa “Entre a Forma e o Fardo” como parte das atividades da disciplina de Práticas Interprofissionais de Educação em Saúde. Os participantes compartilharam reflexões e narrativas acerca de pressões estéticas, contando com as participações das professoras e psicólogas Isaura Rossatto e Ruth Cabral, que contribuíram com a discussão levantando conceitos de saúde, pressão estética e gordofobia.
“Dado ao momento em que vivemos, e a busca demasiada por padrões de belezas inalcançáveis, é preciso desnudar e questionar essas práticas, para possíveis tensionamentos e mudanças de paradigmas, partindo da discussão sobre padrões inalcançáveis.” fala pontuada pela professora Isaura, o que reverberou a reflexão de que ao colocar essa prática como inalcançável ela serve a um propósito hegemônico de perpetuação de desigualdade e manutenção do status quo dominante, que criam um ideal imaginário do qual é a base de um sistema capitalista que cria e vende o corpos magros como sendo a resposta para as infelicidades e sofrimentos. Para as psicólogas, falar sobre questões estéticas é também pensar questões socioeconômicas, de gênero, sexualidade e raça e em como esse fenômeno recai sobre cada corpo.
Foi levantado o debate de que “Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a definição de saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.“ As pessoas insistem em estigmatizar o corpo gordo e defini-lo como doente, levando como premissas os padrões estéticos, sem considerar em profundidade a análise do que se significa saúde”, prática essa, como frisou a professora Ruth Cabral que “recai de forma violenta sobre pessoas gordas, pois impossibilita que as mesmas tenham acesso a espaços básicos por falta de estruturas que a comportem, e também na falta de garantia de direitos, como acesso à saúde pois resumem este corpo a uma única demanda, e a inúmeras violências e negligências”. Seguido pela fala da professora Isaura sobre a necessidade de distinguir gordofobia e opressão estética, pois o primeiro recai sobre todos, porém o outro é o retrato de violência, perda de direitos e acesso de alguns corpos.
Foram abordados os múltiplos abandonos, ou condicionamentos que pessoas gordas sofrem no ramo dos afetos, sendo o último a ser escolhido como figura de amor, pela carência de representação estética, que coloca o corpo gordo como não desejável. Refém de discursos de cunho individualista que afirmam que basta querer para alcançar o desejável corpo padrão, vendidos por ilusões capitalistas. O que reforça a necessidade de deslegitimar esses preconceitos tanto na prática quanto nos discursos que naturalizam e perpetuam violência, e assim com informação e quebra de padrões buscar alcançar uma realidade mais leve e sustentável que não oprima corpos.