Por Ana Paula Abreu Dos Anjos
Na manhã do dia 21 de novembro, dentro da programação do CAOS (Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia) aconteceram os Seminários Clínicos, a abertura ficou por conta da coordenadora do Serviço Escola de Psicologia do CEULP/ULBRA (SEPSI), a psicóloga Bruna Medeiros Freitas, que iniciou o evento pontuando questões relacionadas ao SEPSI enquanto campo de estágio, sendo os seminários o momento que oportuniza o contato dos acadêmicos do curso com diversas abordagens. Através da elucidação de recortes de experiências clínicas dentro do SEPSI, cada apresentação evidenciou o tipo de abordagem usada durante os atendimentos dos casos, o perfil, demandas e as características relevantes observadas durante o processo terapêutico.
As apresentações foram iniciadas pela acadêmica de Ênfase II em Processos Clínicos, Beatriz Cirqueira Almeida, sob a supervisão da Psicóloga e Professora de Psicologia do CEULP/ULBRA Cristina D’Ornellas Filipakis, com abordagem Sistêmica e o tema “Quando poderei ser adolescente? Atendendo filhos triangulados com os pais”. Com o caso de uma adolescente de 15 anos, usando o nome fictício Mirabel, com demandas como: problemas familiares relacionais, crises de ansiedade e medo excessivo. Durante a apresentação também foi discutido os pressupostos da Sistemática que fundamentaram os atendimentos, com apontamentos sobre a Terapia de Bowen, e os aspectos relacionados a triangulação, Terapia Narrativa, e os paradigmas que conduzem nossas ações e a forma como vivenciamos e funcionamos no mundo. Outro ponto exposto durante a apresentação foi relacionado a triangulação que ocorria com a paciente e seus pais, além de estratégias como a externalização do problema, finalizando com os progressos observados após a intervenção terapêutica, como por exemplo a diminuição do medo, melhora da ansiedade e o entendimento sobre o seu papel no contexto familiar.
A segunda apresentação foi do egresso do curso de Psicologia do Ceulp, Jucimar Souza Ribeiro, supervisionado pelo Professor de Psicologia do Ceulp e Psicólogo Sonielson Luciano de Sousa, com abordagem Psicologia Analítica e temática “Individuação/Autorrealização no manejo clínico Junguiano”, com exposição do caso da paciente Von Franz (nome fictício), uma mulher de 60 anos que tinha demandas relacionadas a abandono. A apresentação também incluiu informações sobre a abordagem com a exposição de termos como por exemplo consciência, inconsciente pessoal e coletivo e arquétipos. Durante os atendimentos terapêutico orientando pela Psicologia Analítica, como os processos dinâmicos Junguianos, com a explanação de múltiplas expressões que são usadas dentro da Psicologia Analítica, como, compensação que se refere a ação de busca completar aquilo que não se teve, identificação e diferenciação entre outros. Foi realizada explanação das fases da psicoterapia, por meio da exemplificação de recursos utilizados como a imaginação ativa, sendo finalizado com os progressos observados após a intervenção, como autorrealização e fortalecimento do Ego.
As acadêmicas do curso de Psicologia do Ceulp, Laura Braga e Giovanna Camargo, sob a supervisão da Psicóloga e Professora de Psicologia do Ceulp Ariana Campana Rodrigues, deram prosseguimento aos seminários, com a abordagem Psicanálise Freudiana e o tema “Sessões iniciais nos atendimentos psicanalítico” apresentando o caso de Lucas (nome fictício), 22 anos, com as demandas de ansiedade e insegurança. A apresentação prosseguiu com falas sobre os aspectos teóricos e técnicos da abordagem, com explanações sobre o início de uma psicanálise, as entrevistas preliminares, com o intuito de conhecer o caso, dando destaque ao ponto em que o terapeuta não pode determinar com exatidão os resultados que produzirá, e que é consentido tempo para o paciente entrar na análise. A apresentação seguiu com relatos sobre as técnicas utilizadas durante os atendimentos, sendo escuta, acolhimento e pontuação, um possível diagnóstico estrutural de neurose obsessiva, as resistências e testagem com a estagiária, como a repetição de assuntos e não querer falar da infância, finalizando com as pontuações sobre o sentido que o paciente quer dar para a terapia, com o paciente trazendo durante a última sessão o que ele trazia como sofrimento.
A quarta apresentação foi realizada pelos acadêmicos de Ênfase I em Processos Clínicos do curso de Psicologia do Ceulp Matheus Gouveia Araújo e Crislenne Vitoria Meneses Silva, supervisionados pela Psicóloga e Professora de Psicologia do Ceulp Izabela Almeida Querido, com a temática “Psicologia Baseada em Evidências: aplicações na prática clínica”, pontuando a relação entre a escolha do tema e a prática clínica em Terapia Cognitivo-Comportamental, seguindo com o panorama geral dos pacientes em atendimentos no SEPSI em TCC, cuja idade média gira em torno de 38 anos, pontuando que as maiores demandas estão relacionadas ao humor, com a presença de queixas de aspectos somáticos, emocionais, cognitivas e comportamentais. Correlacionado o planejamento e condução do tratamento com as experiências vivenciadas no SEPSI, como a supervisão clínica semanal, que constitui uns dos pilares da Psicologia Baseada em Evidências (PBE). O seminário prosseguiu passando pelos pontos das expectativas ou preferências do cliente, a melhor evidência disponível, a perícia do profissional, os confundidores e os vieses, termos presentes na abordagem. Durante a apresentação também foram as práticas que vão em contrapartida à PBE, os benefícios da atuação norteada pela abordagem, finalizando com a diferenciação entre ausência de evidência é evidência de ausência, e a fatores que podem estar correlacionados entre a intervenção e a melhora, porém sem a necessidade de ser a causa específica.
A egressa do curso de Psicologia Paula Renata Casimiro, supervisionada pela Psicóloga e Professora de Psicologia do Ceulp Muriel Correa Neves Rodrigues, foi a quinta apresentação, com a abordagem psicoterapêutica Psicanálise e o tema “Recordar, repetir, repetir, repetir… qual o tempo de elaborar?”, trazendo informações sobre o caso atendido da paciente Ana (nome fictício), 28 anos e as demandas sendo dificuldade em lidar com os traumas em relação ao relacionamento familiar e amoroso. Inicialmente a egressa citou os aspectos teóricos e técnicos da abordagem, relatando sua fundação por Sigmund Freud, a partir dos seus estudos sobre a histeria, e menções aos outros autores que surgiram ao longo da história, como Melanie Klein e Jacques Lacan, explicando que os autores supracitados têm em comum é a utilização da associação livre, também citando o uso da entrevista preliminar, a identificação da estrutura da personalidade (neurótico, psicótico ou perverso), que determina a forma como o terapeuta lida com o paciente, trabalhando o inconsciente, as resistências o atos falhos e chistes, usando os sonhos e as metáforas na intervenção. A apresentação foi finalizada com os progressos observados após a intervenção, destacando a tomada de consciência sobre momentos traumáticos da infância, a repetição como um caminho para a elaboração e a quebra da resistência, enfatizando a importância de respeitar o tempo de compreender, repetindo, até chegar ao momento de elaborar, enfatizando sobre tempo ser subjetivo para cada indivíduo.
O evento foi continuado com a exposição da abordagem Analitico-Comportametal, representado pelas acadêmicas de Ênfase I em Processos Clínico Ana Paula de Lima e Jéssika Luane Barboza, sob a supervisão da Psicóloga e Professora de Psicologia do Ceulp Ruth do Prado Cabral, e a temática “Terapia Analitico-Comprtamental Infantil: a orientação parental como estratégia de intervenção”, iniciando a fala com exposições acerca do modelo de terapia, onde entendesse a criança a partir das suas interações, que norteia a construção da intervenção, mencionado conceitos presentes na abordagem como o modelo tríade, e dialogando sobre os pais como agentes efetivos para a promoção de mudanças comportamentais em seus filhos. O caso mostrado foi um grupo de orientação parental, que teve 7 sessões de 1h30min, detalhando o planejamento e desenvolvimento do grupo, o objetivo dos encontros era o de colaborar para que os pais pudessem oferecer condições para a generalização de comportamentos apreendidos durante as sessões, levando para o ambiente familiar, a partir do treinamento parental, finalizando relatando os resultados do processo de orientação aos pais, como uma possível melhora nas relações interpessoais vivenciadas no meio familiar, aumentos da habilidades sociais dos filhos e diminuição da frequência de comportamentos-problemas, a função da orientação parental no desenvolvimento da saúde mental infantil, entre outros.
A última apresentação foi realizada pelas acadêmicas de Ênfase I em Processos Clínicos Ana Maria Moura Maciel Costa e Larissa Ferreira Nogueira, supervisionadas pela Psicóloga e Professora de Psicologia do Ceulp Ana Letícia Covre Odorizzi Marquezan, com o tema relacionado a abordagem TFE – Terapia Focada nas Emoções “A raiva desadaptativa desencadeada por situações de violências”, trazendo o caso de Maria (nome fictício), 29 anos e as demandas, ajudar a organizar os pensamentos, mudanças de humor e a compreensão das emoções e sentimentos. Inicialmente as acadêmicas expuseram os objetivos da TFE, destacando que, dentro da abordagem a transformação de emoções com outras emoções, por meio da experimentação corporifica, que gera uma nova narrativa, e entendimentos que orienta a intervenção na abordagem, como a classificação das emoções como primárias adaptativa e desadaptativas, e emoções secundárias e instrumentais, além das técnicas que foram utilizadas durante o processo interventivo como, história de vida e focalização. A apresentação foi finalizada com os progressos após a intervenção, com a paciente acessando o esquema emocional traumático.
A quarta edição dos Seminários Clínicos em Psicologia foi encerrada após as perguntas direcionadas aos acadêmicos e egressos sobre os seus casos e/ou abordagem, a fim de proporcionar maior contato com os conhecimentos abordados durante o evento.