No último dia 04 de novembro, nas dependências do Núcleo de Atendimento Integrado de Palmas (NAI), ocorreu o último encontro de capacitação promovido pelos alunos do curso de psicologia, da ULBRA – Palmas, como parte das atividades do Estágio Básico de Intervenção em Crise. O evento contou com a presença de trabalhadores das instituições de acolhimento da Casa de Acolhimento Raio de Sol e Casa Acolhida.
A capacitação foi estruturada em três encontros. No primeiro, ocorrido em 3 de outubro, foram abordados temas como saúde mental e os tipos de crise vivenciados nas casas. Em 21 de outubro, a professora Mariana Borges destacou a importância dos servidores compreenderem os conceitos de estressores, limiar e vulnerabilidade, para uma abordagem preventiva e eficiente em situações de crise.
O último encontro, em 4 de novembro, trouxe a matriz de responsabilidade para auxiliar os servidores a identificarem a responsabilidade de cada um em situações de crise. Para a professora Mariana Borges esta fase teve o objetivo de apresentar a matriz de saúde mental, um dispositivo criado para monitorar e acompanhar as ações de cuidado em saúde. Durante a atividade, buscou-se levantar junto aos profissionais, os princípios éticos que guiam o atendimento, os serviços de apoio que são acionados em situações de crise e as atividades desenvolvidas nesse contexto.
Após a capacitação, os alunos desenvolverão protocolos de intervenção personalizados para cada instituição. “Após essa etapa, construiremos juntos a matriz e o fluxograma, que será entregue às casas de acolhimento dentro de 15 dias. Na apresentação desses fluxogramas iremos até as casas e teremos um momento para explicar a estrutura proposta e, em seguida, realizaremos uma segunda visita para receber o feedback dos profissionais. Esse retorno será fundamental para identificar os pontos que refletem suas práticas diárias e ajustar o que for necessário antes da versão final dos protocolos”, informou Mariana Borges.
Para Joanete Barbosa, coordenadora da Casa Acolhida, o evento foi um espaço importante tanto no sentido da construção do protocolo, quando como espaço de fala dos servidores. “Esse protocolo vai ser crucial para direcionar as práticas nos momentos de crise dos meninos. Serviu também como um espaço de fala da equipe, que às vezes sente muita falta nesses momentos difíceis. Uma das coisas que mais chamou minha atenção é justamente essa proximidade com a nossa prática. Vai ser um documento que, diferente de muitos outros, vai ser construído em cima do nosso cotidiano”, relata Joanete.
De acordo com a discente do 8º período de psicologia, Glaucilene Santana, este tipo de capacitação é muito significativo, uma vez que está vendo um serviço funcionar na realidade. “A gente fez visitas e as capacitações, ouvindo as pessoas que trabalham nesses locais, assim relacionamos teoria com a prática, pois em sala de aula a gente leu artigos de situações de crise e aqui nós estamos vivenciando junto com os trabalhadores das casas de acolhida as situações que eles vivenciam nessas casas, para depois construir um protocolo de enfrentamento de situações de crise na realidade, com pessoas que estão no dia a dia com essa situação”.
As casas acolhem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade por decisão judicial, como medida protetiva determinada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. A medida é adotada em casos de violação de direitos, como abandono, negligência ou violência, e busca proteger a integridade física e psicológica dos acolhidos.