Meditar para se libertar

Setores da Ciência já perceberam, sobretudo no campo na Psicologia, da Psiquiatria, da Psicanálise e da Neurociência, que a meditação é uma importante aliada nos processos de prevenção e até mesmo tratamento de distúrbios psicológicos. Embora este não seja o objetivo das religiões tradicionais orientais, cujo foco é o treinamento interno e o desenvolvimento da compaixão, a meditação acaba por gerar “efeitos secundários” que favorecem a saúde mental dos praticantes.

De acordo com pesquisas recentes, “pessoas que têm experiência em meditação parecem ser capazes de ‘desligar’ áreas do cérebro associadas a devaneios, transtornos psiquiátricos (como esquizofrenia) e autismo”. Isso pôde ser observado a partir de um novo estudo de imagens cerebrais feito por pesquisadores da Universidade Yale, nos EUA. O trabalho científico está publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Ainda de acordo com a pesquisa, que teve como um dos principais autores o professor assistente de psiquiatria em Yale, Judson A. Brewer, “a capacidade da meditação em ajudar indivíduos a manter o foco no presente tem sido associada a maiores níveis de felicidade”. Assim, pessoas que, pela meditação, obtém estados mentais mais equilibrados acabam por se tornar, também, mais felizes.

Na pesquisa, descobriu-se que “meditadores experientes tiveram uma redução da atividade em áreas cerebrais da chamada rede neural de modo padrão, que tem sido associada a lapsos de atenção e distúrbios como ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade, e até acúmulo de placas senis na doença de Alzheimer”. Brewer arrematou dizendo que “a capacidade da meditação em ajudar as pessoas a permanecer no presente tem sido parte de práticas filosóficas e contemplativas há milhares de anos”, numa referência às tradições orientais que se utilizam desta técnica.

Budismo e Meditação

No Ocidente, o Zen Budismo provavelmente é um das mais difundidas escolas japonesas a utilizar-se da meditação. A base de seu ensinamento, o zazen, é considerado o coração da prática.

E para os interessados em conhecer um pouco mais sobre este vasto campo do saber, que nos últimos 80 anos vêm obtendo grande atenção da Psicologia e, a 30 anos, da Ciência como um todo, o líder espiritual de várias comunidades zen budistas brasileiras, em vários estados do país, inclusive no Tocantins (Daissen-ji – Grupo Zen Budista de Palmas), Monge Genshô Sensei volta a Palmas para proferir duas palestras públicas e um “zazenkai”, espécie de retiro espiritual zen budista, curto e intensivo, que também tem um caráter de confraternização.

Os eventos ocorrem nos dias 18 e 19 de julho próximo. Na sexta (18) à tarde o monge vai proferir uma palestra no Luare Instituto de Yoga (110 Norte – Av. JK), com o tema “Meditação, Diálogo Inter-religioso e Cultura de Paz”. Na mesma data, Genshô Sensei realiza a palestra “Afinal, quem é você? – concepção histórica, concepção absoluta e postura investigativa” no auditório da Assembleia Legislativa do Tocantins. Para esta palestra, solicita-se que o participante contribua com a quantia mínima de R$ 10,00 para ajudar a custear as despesas do evento. Qualquer pessoa interessada nos temas pode participar das palestras.

Já no sábado, 19, o Zazenkai está previsto para iniciar às 8h (chegada dos participantes), e será realizado numa residência na quadra 404 Sul (em frente à praça da quadra, na Al. 13). Até às 16h do dia 19 haverá uma extensa programação que inclui leitura de sutras, meditação sentada (zazen), meditação andando (kinh’in), palestras, momentos para que os participantes possam tirar suas dúvidas, além de dois intervalos para lanches, almoço vegetariano e momento de descanso.

Os interessados em participar do retiro (cujas vagas são limitadas), ou que queiram tirar dúvidas sobre as palestras, podem entrar em contato com a organização do evento através do telefone 63 8112-9265 e/ou através do e-mail sonielson@brturbo.com.br .

Palestra realizada por Genshô Sensei na sede do Grupo Zen de Palmas, em fevereiro passado

Quem é o reverendo Petrúcio Chalegre (Meihô Gensho)1

Monge Genshô iniciou no Dharma através de Igarashi Roshi, em 1973, teve sua investidura leiga em 1992 com o nome de Meihô, sendo ordenado monge na forma limitada de ordenação particular em 2001, após passou para a orientação de Moriyama Roshi, de quem foi professor assistente, até que este também voltou para o Japão em 2005, foi então ordenado oficialmente pelo Sookan (Superior Geral) da América do Sul, Dosho Saikawa Roshi, monge da Soto Zen, em 2008 graduou-se Zagen na cerimônia de Hossenshiki (Combate do Dharma) tendo como Mestre o próprio Saikawa Roshi o qual lhe deu a Transmissão em 2011, o que o torna um dos seus sucessores, dirige a Comunidade zen budista de Florianópolis a qual tem grupos relacionados sob sua responsabilidade em Rio do Sul, Concórdia, Guaratinguetá, Maringá, Joinville, Rio de Janeiro, Goiânia, Palmas e Londrina. Na vida leiga atua como consultor de empresas de grande porte dirigindo uma empresa de consultoria em gestão.

Registro de palestra pública realizada por Monge Genshô na sede da Brahma Kumaris em Palmas, em fevereiro passado

O que é o Zen Budismo2

Zen é o nome japonês da tradição (e filosofia) religiosa ch’an, que surgiu na China por volta do século VII. O Zen costuma ser associado ao budismo do ramo mahayana. Foi cultivado, inicialmente, na China, Japão, Vietnã e Coreia. A prática básica do Zen é o zazen, tipo de meditação contemplativa que visa a levar o praticante à “experiência direta da realidade”.

A escola Soto (a qual pertence o Monge Genshô) foi fundada no Japão por volta do século XIII pelo célebre mestre Eihei Dogen Zenji (1200-1253). Sua prática fundamental é a Shikantaza (“apenas sentar-se”), um tipo simples de meditação cuja prática é identificada com a própria iluminação.

O Zen tem uma longa tradição de trabalho meditativo e é provavelmente uma das escolas budistas mais difundidas no Ocidente. Nada é desperdiçado nesta tradição, que também vê a possibilidade de se atingir graus de compreensão da realidade através de atividades que envolvem tanto o trabalho braçal (como fazer a limpeza de uma residência ou cuidar de um jardim, por exemplo), até através de atividades mais refinadas, como o uso da caligrafia, a confecção de ikebana (arranjos florais) e a realização da famosa cerimônia do chá.

Notas:

1– Mini-currículo disponível no site do Colegiado Budista Brasileiro, através do endereçohttp://cbb.bodhimandala.com/fundadores/index.php?newsid=3 – Acessado em 26/06/2014.

2– Texto extraído e alterado a partir da definição do que é Zen Budismo pela Wikipédia em português. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Zen – Acessado em 26/06/2014.

Referências:

Meditação ajuda a proteger o cérebro de doenças psiquiátricas, diz estudo – Disponível emhttp://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/11/meditacao-ajuda-proteger-o-cerebro-de-doencas-psiquiatricas-diz-estudo.html – Acessado em 26/06/2014

Daissen-ji – Portal das Sanghas Zen sob a orientação do Monge Genshô – Disponível emhttp://daissen.org.br/hp/index.php – Acessado em 26/06/2014.

Psicólogo. Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT). Pós-graduado em Docência Universitária, Comunicação e Novas Tecnologias (UNITINS) e em Psicologia Analítica (UNYLEYA-DF). Filósofo, pela Universidade Católica de Brasília. Bacharel em Comunicação Social (CEULP/ULBRA), com enfoque em Jornalismo Cultural; é editor do jornal e site O GIRASSOL, Coordenador Editorial do Portal (En)Cena.