O relatório (“O Estado dos Pais do Mundo“, em tradução livre) foi o primeiro publicado pelos ativistas da MenCare e tem 288 páginas, analisando quase 700 estudos de vários países onde este tipo de informação está disponível.
De acordo com a pesquisa, “quando os homens assumem um papel de ‘cuidador’, pesquisas mostram que o envolvimento do pai afeta a criança da mesma forma que o envolvimento da mãe. O envolvimento dos pais foi ligado a um maior desenvolvimento cognitivo e melhor desempenho na escola, mais saúde mental para meninos e meninas e taxas menores de delinquência entre os filhos.”
O relatório ainda afirma que os próprios pais são beneficiados quando se envolvem na educação de seus filhos, com melhoras na saúde física e mental.
“Homens que têm um envolvimento profundo com os filhos relatam que este relacionamento é uma das mais importantes fontes de bem-estar e felicidade. (…) Pais que relatam conexões próximas e não violentas com os filhos vivem mais, têm menos problemas de saúde mental ou física, são menos propensos ao abuso de drogas, mais produtivos no trabalho e relatam ser mais felizes do que os pais que não relatam esta conexão com os filhos”, afirma o relatório.
Ilustração: Álbum Pé de Pai. Autor(es) Isabel Martins, Bernardo Carvalho (Ilustrador). Editora Planeta Tangerina. S. Pedro do Estoril, 2006.
O Assistente de Compras Pedro Garcia, pai da Cecília de 12 anos e do João Pedro de 3 anos, afirma ter uma ligação muito forte com seus dois filhos, apesar de morar apenas com o filho mais novo.
“Convivo diariamente com o menino. (…) Participo de qualquer decisão relacionada a sua criação. Tenho uma ligação muito intensa com ele. Brincamos, assistimos TV, saímos a rua, dou banho, comida, bronca. Mesmo que eu não tenha com a Cecília o contato diário que tenho com o João Pedro, consigo manter o mesmo respeito, admiração e carinho. Além de ter construído ao longo dos anos uma excelente relação, falo com ela diariamente, somos amigos e confidentes”.
Ainda segundo Pedro, é preciso pique para acompanhar o ritmo das crianças, por isso os pais acabam sendo beneficiados também, física e mentalmente.
“Lidar com as crianças demanda energia e disposição. Eles nunca se cansam! Direta ou indiretamente você acaba se exercitando. Os benefícios mentais são tantos! Sinto muito mais os benefícios mentais que os físicos”.
Outro dado relevante abordado pelo estudo é que pais mais envolvidos permitem que mulheres e meninas consigam atingir seus potenciais completos, no presente e para as futuras gerações.
“Globalmente, as mulheres ganham, em média 24% menos do que os homens, em grande parte devido à carga maior no trabalho de cuidadoras. Ao dividir o (trabalho) de cuidadores e o trabalho doméstico, homens dão apoio à participação das mulheres na força de trabalho e à igualdade das mulheres em geral.”
Segundo o relatório, o maior envolvimento dos pais nas tarefas domésticas e cuidado com os filhos influencia gerações futuras, levando as filhas a escolherem mais carreiras consideradas masculinas e que pagam melhores salários e os filhos a encararem com mais naturalidade trabalhos domésticos.