De acordo com a International Stress Management Association (ISMA), esse mal atinge cerca de 4% da população mundial e 30% da população brasileira, sendo que o Brasil fica atrás somente do Japão no ranking geral
Diversos fatores da sociedade atual contribuem para que os níveis de stress e ansiedade aumentem consideravelmente. Dos avanços tecnológicos, que acarretam a substituição de mão de obra humana por softwares e máquinas, até a preocupação com a manutenção do emprego, devido à crise que vivemos no Brasil. O esgotamento profissional, gerado por situações de estresse, pode evoluir para a chamada Síndrome de Burnout. Apesar de ter sido descoberta há décadas, começou a ser discutida no Brasil há apenas alguns anos.
O termo Burnout se aplica apenas ao ambiente corporativo e foi criado em 1974 pelo psicanalista americano Herbert Freundenberger, para descrever seu próprio adoecimento e de seus colegas. Essa síndrome ainda não possui um conceito definitivo e se caracteriza por um estado de exaustão emocional, mental e física do indivíduo. “As causas da Síndrome de Burnout são estresse excessivo e prolongado causado pelo trabalho. Ela engloba três vertentes: exaustão emocional, despersonalização e falta de envolvimento pessoal no trabalho”, explica Zora Viana, psicóloga e coach da Atitude Emocional.
O aumento na frequência de casos da síndrome, fez com que ela fosse registrada na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID – 10), conforme consta na Portaria nº 1339/99. “Apesar de todas as profissões estarem sujeitas à Síndrome de Burnout, as mais afetadas são as que exigem envolvimento interpessoal direto e intenso. São exemplos as áreas da saúde, educação, assistência social, bombeiros, policiais, entre outros”, relata Zora.
A Síndrome de Burnout é causada pela combinação de alguns fatores, quando eles se apresentam em excesso. Entre eles, estão a rotina de trabalho desgastante, falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, vício em trabalho, nível muito alto de exigência o tempo todo, problemas de relacionamento com superiores, colegas e clientes, falta de autonomia, sentimento de autossuficiência, negatividade, insatisfação, sentimento de exploração e desvalorização, sobrecarga e ausência de uma válvula de escape.
Os sintomas iniciais podem se confundir com depressão e podem variar de acordo com cada pessoa. Por isso, Zora alerta que é fundamental realizar um diagnóstico preciso com um profissional. “Em caráter emocional, o indivíduo que sofre da síndrome pode apresentar comportamentos como agressividade, isolamento, confusão interior, desânimo para o trabalho, atitudes negativas, monotonia e sensação de que não possui tempo suficiente para realizar as tarefas”, explica.
Além disso, é possível que apareçam sintomas físicos como dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrointestinais e, em mulheres, é comum alteração no ciclo menstrual. Alguns sintomas disfuncionais também devem ser observados como falta de libido ou insatisfação sexual e insuficiência ou exagero do apetite e do sono.
A doença pode ser tratada com acompanhamento psicológico e em alguns casos, é necessária uso de medicamentos orientado por um psiquiatra, mas é essencial que ocorra uma mudança no estilo de vida. “Primeiro é importante que o psicólogo consiga identificar se é o comportamento do paciente ou o ambiente de trabalho que acarretam as situações de estresse. Também não adiantará fazer uso de medicamentos e continuar com a mesma rotina que o fez adoecer. É preciso uma mudança de posicionamento do indivíduo sobre o ambiente, as tarefas e a rotina de trabalho. Buscar qualidade de vida é o grande segredo para superar e restabelecer o equilíbrio pessoal”, finaliza Zora Viana.