Ali estava ela radiante, soltando seus cabelos e dançando como se fizesse aquilo pela primeira vez, mesmo eu a observando de pertinho ela estava tão entretida que nem podia ver minha risada de canto.
A senhora na minha sala, dançando alegremente, me fazendo pensar o que se passa ali? Ela dançava e cantava com tanto entusiasmo que a alegria contagiava o lugar. Eu me pergunto quantas histórias têm ali, são tantos anos vividos, quantas músicas cantadas? Quantas delas foram de alegria? Será que quando ela canta também chora?
Ela faz parecer que a vida é tão leve, que a música leva embora toda solidão, enquanto ironicamente dança sozinha. É como se essa dança fizesse com que anos de história passassem igualzinho uma retrospectiva de fim de ano na TV, mas a juventude segue sendo conservada ali, por alguns minutos da canção.
Ela me faz enxergar que a música é nada mais nada menos que, uma viagem no tempo. Ela canta uma letra que existia mesmo antes de eu nascer, mas tanto ela quanto a música estão ali e agora. Talvez a vida seja isso, se lembrar do passado com alegria ou com tristeza.
Cada um sabe dentro de si a emoção que se carrega, enquanto aqui e agora se aproveita o momento, a canção se conecta com o passado, criando memórias para o futuro. Mesmo que os próximos minutos sejam sentar no sofá e descansar, depois de se cansar em consequência de instantes radiantes. Pois a vida também tem seus momentos de pausa e respiração, para que então haja continuidade e amanhã ou depois novas outras canções.
Um dia, infelizmente essa senhora, não vai estar mais na minha sala, mas deixará comigo a certeza de que sempre estará eternizada em uma canção e no meu coração.A música é: palavras, tempo, momento, cura, contagia, transforma, transtorna, conecta e liberta. Agradeço pela senhora na minha sala, que me ensinou tanta coisa que sei, mas mesmo assim continuo a aprender…