Estagiando no SUS: relato de experiência

A psicologia me proporcionou um estágio em uma UBS (Unidade Básica de Saúde), que é considerada a principal porta de entrada no SUS, onde se encontram as equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) que são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde, conforme as necessidades regionais também poderão ser incorporadas outros profissionais. Segundo o Ministério da Saúde (1997):

Os profissionais das equipes de saúde serão responsáveis por sua população adscrita, devendo residir no município onde atuam, trabalhando em regime de dedicação integral. Para garantir a vinculação e identidade cultural com as famílias sob sua responsabilidade, os Agentes Comunitários de Saúde devem, igualmente, residir nas suas respectivas áreas de atuação.

Nesse estágio pude acompanhar o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde em uma região de Palmas, Tocantins. Durante a experiência visitei as casas de moradores da região junto aos ACS, que são responsabilizados por micro áreas onde recolhem informações a respeito de cada indivíduo daquela região. E tive a oportunidade de observar os conceitos doutrinários sendo colocados em prática. Porém também pude perceber as dificuldades encontradas na realização dos serviços.

Fonte: encr.pw/VLKFx

A partir do trabalho dos ACS percebi como são realizados a promoção e a manutenção da saúde, onde cada agente realiza seu trabalho de forma a atender os indivíduos em seu todo, analisando suas necessidades levando em conta a equidade, atendendo pessoas que também não poderiam ir até a UBS, se preocupando com o mínimo como aspectos sociais, culturais, biológicos e psicológicos.

Porém, apesar de o SUS ter obtido grandes avanços, é necessário a participação da população cobrando seus direitos, fato que foi reforçado sempre pelos agentes em seu trabalho. Os mesmos encontram dificuldades diárias como a falta de material para realização do seu trabalho, e pontuaram que sem a cobrança da comunidade para com o governo, participando das reuniões que ocorriam nas UBS uma vez por mês não seria possível a melhora desses aspectos.

Segundo os relatos dos ACS apesar de realizarem campanhas com a população como outubro rosa, faltavam materiais básicos como luvas para realização dos exames de prevenção, o que acarretava em agentes desmotivados com o trabalho, pois apesar de realizarem sua parte é necessário a presença do controle social seja pela participação da população cobrando por seus direitos, ou pela participação da mesma em Conselhos e Conferências de saúde, não eximindo o governo dos seus deveres com a saúde.

Fonte: encr.pw/XhDcP

A falta de materiais perfaz por influenciar também na saúde dos ACS que se sentiam desmotivados e preocupados com o trabalho, relatando sintomas como estresse, desânimo, e algumas vezes insônia. Os ACS também sofriam com cobranças da população devido morarem na região onde trabalham, e falta de melhores recursos de trabalho como mais computadores.

Por fim, os ACS relataram não se sentirem sem esperanças de melhora devido a falta de responsabilidade do governo com seu dever, e também falta de motivação pela falta de reconhecimento de seus trabalhos que é crucial para o funcionamento da Atenção Básica de Saúde. E ressaltaram ainda a parcela de responsabilidade da população na melhora do Sistema Único de Saúde, que existe para atender as necessidades da mesma, porém tem de começar a ter participação social mais ativa.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministérios da saúde. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial, publicada em Brasília, 1997.