Minha experiência de mãe é de menos de uma década. Neste período já aprendi muita coisa, é claro. Ainda bem. Mas ainda pelejo muito com outras tantas, tenho que admitir. Ter mais paciência, é uma delas. Por isso, quero escrever sobre o drama que é para mim, e tenho certeza, para outras milhares de mães, reforçar esta ‘virtude’.
Pois bem….
Ontem fui ao supermercado com marido e três dos meus filhos (tenho dois enteados). Imagine. Lá, seguiu-se, por várias vezes, uma singela e natural disputa entre eles sobre quem ia ‘dirigir’ o carrinho de compras. Chegaram a um consenso. O caçula – que já tem quatro anos – ficou deitado na cadeirinha de bebê, tranquilamente se divertindo com o ‘meu’ celular. Os outros dois se revezaram no empurra-empurra do ‘automóvel’ de compras.
Cansada, lá pelas tantas, e doendo muito os pés por causa de um calçado que achei bonito e comprei, mas que se mostrou pouquíssimo confortável, parei ao lado da fila de caixas. Enquanto esperava que meu marido identificasse e separasse mais um item da compra, com a turminha peralta, num dos corredores do supermercado, acompanhei atenta – mas sem dar muito na cara – um diálogo áspero que se passava ao meu lado.
– Eu não tenho paciência com menino, dizia a mulher.
– Deixa eles, eu tenho paciência por você, respondeu o marido.
O contexto desta conversa envolvia, também, por coincidência, pais e três filhos. Aqueles, certamente, mais travessos que os meus, com o carrinho já cheio de compras, disputavam quem retiraria os produtos para passar pela esteira do caixa. A mãe, já com os cabelos ouriçados de impaciência, cansada certamente pelo dia cheio de trabalho(no relógio já passava de 21h), não queria deixar os meninos atrasarem, ainda mais, a ida para casa. Na visão deles, com toda razão, a compra era mais uma atividade super-divertida neste período de férias.
Para mim, especialmente identificada com a coitada da mãe, achei curiosa e simpática a posição do pai. Tudo que a mulher dizia, ele repetia: – calma, pode deixar, eu tenho paciência com eles!
Gostei de assistir a cena. Porque, o pai, gordinho(sem preconceito, entendam!!) e sorridente, fez jus ao próprio discurso. Posicionou-se na ponta do caixa, pacientemente, enquanto as crianças, na mesma faixa de idade dos meus, retiravam os produtos, continuavam brigando para dominar o carrinho, e a compra ia sendo concluída.
Na vida de quem decide ter família, paciência e bom humor são necessários, sempre. Mais ainda quando uma das partes já está com estes ‘itens’ esgotados. O mais complexo é que não dá para comprar estes ‘produtos’ na prateleira do supermercado. No meu caso, posso dizer, a vida – e Deus, com certeza – foram e são generosos comigo. Ao meu lado sempre tem alguém com mais paciência. Bom humor, eu tenho. E quando ele quer desaparecer, sempre busco um jeito de achar reforços.
Quando tudo parece complicado demais, lembro de Vinicius de Moraes, no poema Enjoadinho:
Filhos…Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como o queremos!
É isso. Beijos, meus filhos, minha vida!! Meus tesouros!! Paciência, já!!!