O grupo composto por Abner Amorim, Geovana Gabryela, Iuri Pereira, Lara Maria e Lara Bastos foi designado a desenvolver um projeto de extensão em campo externo às dependências do Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp Ulbra. O projeto também possui como objetivo compor nota acadêmica da disciplina de Intervenção em Grupos, ministrada pelo professor e mestre Sonielson Pereira.
À princípio, o grupo buscou parceria com a Universidade da Maturidade – UMA, um programa de extensão da Universidade Federal do Tocantins (UFT) que possui uma proposta pedagógica voltada à melhoria da qualidade de vida da pessoa adulta e dos idosos, e visa à integração dos mesmos com os alunos de graduação. No entanto, mesmo ao entrar em contato com o coordenador Luiz Sinésio e com direcionamento à ministrante das aulas, Bianca, o campo gradativamente foi deixando de dar-nos o retorno, demonstrando baixo interesse pela parceria com os alunos.
Desse modo, foi orientado pelo professor a busca ativa por outro campo, como forma de evitar maiores atrasos e prejuízos no futuro. Assim, o grupo realizou uma busca ativa indo presencialmente no Parque da Pessoa Idosa no dia 02 de Abril de 2025, sendo recebido pelas colaboradoras presentes no local e, logo em seguida, direcionado à Psicóloga Givanilda, que prontamente apresentou o campo, relatou experiências com intervenções passadas realizadas por alunos também da Ulbra e outras instituições, bem como abordou sobre as maiores demandas do campo naquele momento.
Logo no primeiro momento, o campo demonstrou-se bastante interessado e desejoso pela presença dos alunos na instituição, no entanto, já havia toda uma agenda bastante preenchida em exercício, a qual os colaboradores internos seguiam rigorosamente, de modo que os idosos e demais frequentadores já estavam bastante habituados com a rotina e os horários. Assim, houve essa dificuldade inicial em conciliar a agenda do campo com a disponibilidade de turno dos alunos que iriam realizar as intervenções semanalmente. Ainda assim, a psicóloga afirmou que iria estudar um meio de realizar um encaixe na sexta-feira pela manhã, que geralmente é o dia mais “livre” no campo para os idosos, e iria dar o retorno para a aluna Geovana Gabryela pelo Whatsapp.
O grupo ficou na expectativa, visto que gostaram muito da dinâmica e do ambiente do campo e, como haviam buscado pela universidade da maturidade no primeiro momento, gostariam de permanecer com a intervenção voltada para o público de idosos. Seis dias se passaram e a psicóloga enviou o retorno tratando da disponibilidade do horário da tarde, ainda na sexta-feira. Em seguida, ela solicitou o plano das intervenções para análise prévia.
Após aprovação pelo WhatsApp do plano de intervenção, a psicóloga solicitou que um dos integrantes fosse presencialmente ao campo para ajustar o horário, visto que, anteriormente, o grupo havia feito menção que o horário da tarde estava muito na contramão para os integrantes, que em sua totalidade trabalhavam neste período. Deste modo, ao ir presencialmente, ficou ajustado, entre a psicóloga Givanilda e a aluna Geovana, a quarta-feira no período da manhã, que prontamente agradou ambos os lados, contudo, os alunos só estavam liberados a irem a campo uma semana após o feriado de 21 de Abril, pois, mesmo após essa data, eles tinham algumas programações para findarem internamente e ela iria necessitar de um tempo para organizar a agenda e formalizar o convite com os idosos com potencial a participarem do grupo.
Diante dessa solicitação, foi informado ao professor orientador responsável pelos alunos e ministrante da disciplina o ocorrido com o campo, o qual orientou ao grupo sobre uma segunda troca de campo, desta vez, sugerindo uma escola, para desenvolver projetos com crianças e adolescentes de algum colégio público ou não da cidade de Palmas – Tocantins.
Assim sendo, a aluna Lara Bastos, que tinha uma pessoa de seu convívio que compunha o corpo de colaboradores do colégio Ulbra de Palmas, entrou em contato com a equipe docente atual, a qual foi encaminhada para diretora Roberta para tratar diretamente sobre a proposta de intervenção no campo.
Após ter sido feito o primeiro contato por meio digital, a diretora solicitou que alguns integrantes do grupo fossem presencialmente ao colégio para uma conversa antes de iniciarem em campo, sendo um momento destinado à orientação, precaução e cuidados necessários para uma atuação dentro do campo. O grupo compreendeu rapidamente e enviou dois integrantes, sendo eles os alunos Abner Amorim e Iuri Pereira.
No dia 05 de Maio de 2025, a diretora aprovou presencialmente o projeto de intervenção e destinou todo o tempo restante para fazer recomendações aos meninos, informando sobre sigilo, a obrigatoriedade de não haver toque físico com os alunos, alertando principalmente os meninos que iriam ministrar as intervenções sobre o rigor deste ponto, abordou sobre a cultura da escola, sobre a fragilidade emocional dos alunos, sobre ética e postura coerente e decente dos alunos que iriam ministrar no campo e sobre o desejo de receber um feedback ao final de cada momento de intervenção realizada.
Os meninos ouviram atentamente e assentiram com todas as orientações, após este encontro, foi oficializada a permissão para dar início às intervenções com os alunos do colégio, com ênfase nas turmas do ensino médio com idades entre 12 a 18 anos. O primeiro dia de intervenção ocorreu em 08 de maio de 2025. O grupo chegou pontualmente às 14h na portaria do colégio e logo foi recebido pela estagiária Amanda que os conduziu à orientadora Lilian, que cedeu uma sala climatizada como espaço para a intervenção. Logo no início, Lilian informou que já havia três alunos aguardando o momento e que, também, havia entrado em contato convidando outros estudantes de outras turmas que, aparentemente, haviam recebido de bom agrado o convite.
Poucos minutos depois, adentram na sala duas meninas e um menino, as meninas tinham 18 e 17 anos, e o menino tinha 14 anos. Nesse momento, todos se cumprimentaram, se apresentaram e aguardaram mais alguns minutos para certificar-se de que não ia chegar mais alguém. Enquanto isso, dois alunos integrantes do grupo da intervenção retornaram ao pátio do colégio para realizar uma busca ativa, convidando os presentes que haviam ficado no espaço após a aula para também participarem do momento.
Passado 10 minutos, e com todos os presentes na sala, deu-se início à intervenção com os três adolescentes presentes, de início, a aluna Lara Bastos formalizou as apresentações, apresentando o curso de psicologia do Ceulp-Ulbra, informando em qual período os ministrantes estavam e explanando sobre a dinâmica do grupo e a proposta para aquele dia. Após ter recebido todas as orientações acerca do esperado para aquela tarde, cada um seguiu para um canto específico da sala para desenhar ou escrever algo que goste em si e/ou que o representa.
De início, o momento foi marcado por timidez, contudo, conforme os integrantes do grupo iam se apresentando com desenvoltura e riqueza de detalhes, os adolescentes foram se sentindo-se mais confortáveis para participarem e falarem brevemente sobre si. Ao final de cada apresentação, foi abordado sobre autoestima e como cada um se sentia perante um elogio e uma falha. Os relatos foram bem sinceros e profundos, caracterizando um espaço seguro e promissor para refletir e discutir sobre autoimagem e autocobrança.
Finalizou-se o primeiro momento com despedidas e um reforço para estarem presentes no próximo encontro, que já aconteceria no dia seguinte na mesma sala e horário.
Entretanto, próximo ao horário que iria ocorrer a segunda intervenção, a orientadora Lilian entrou em contato com uma das integrantes da intervenção para informar que, devido à correria com a programação especial do dias das mães, ela havia se esquecido de reiterar o comunicado com os pais sobre os encontros que haveria toda quinta e sexta para os alunos da instituição, sugerindo, com isso, cancelar aquele dia de intervenção.
O grupo consentiu com o orientado, mesmo demonstrando bastante preocupação e apreensão com as datas e o tempo previsto para a finalização das intervenções, que já estavam bem próximas. Como de fato não tinha muito que fazer, consentiram e adiaram o segundo encontro para a próxima semana.
No dia que estava previsto para acontecer o segundo encontro, dia 15 de Maio, todo o grupo se organizou e foi à campo, ao chegarem lá, aguardaram para serem recebidos pela orientadora Lilian, que gostaria de se encontrar com o grupo antes de iniciarem a intervenção. No momento em que se encontraram, foi relatado que os últimos adolescentes que participaram do primeiro encontro deram feedback positivos à equipe do colégio, mas que, infelizmente, naquela tarde não puderam participar, pois tiveram alguns imprevistos. Ademais, a orientadora ressaltou que muitos dos outros alunos estavam em outras atividades naquele instante, sendo os treinos que estavam ocorrendo na quadra interna do colégio e que muitos alunos estavam participando, representando, com isso, um desfalque de alunos disponíveis para participarem do grupo.
Com isso, aproveitou-se o momento com todos os presentes e com a disponibilidade da orientadora para estipular uma nova metodologia e forma de abordagem com os alunos, que, embora houvesse dado feedbacks positivos, estava com baixa adesão à proposta de intervenção ofertada. Desse modo, propôs-se uma metodologia mais livre, com busca ativa e um convite direto aos alunos que estivessem livres pelo pátio da escola após o horário de aula. Lilian demonstrou simpatia pela ideia e, embora tendo aprovado, pediu que aguardassem a confirmação e aprovação da diretora Roberta desse novo formato. No dia seguinte, o grupo recebeu uma resposta, a diretora havia aprovado a intervenção em um formato mais informal, no pátio com os alunos entre os intervalos das atividades disponibilizadas pelo colégio.
O segundo encontro da intervenção em grupo ocorreu no dia 22 de maio de 2025, das 16h50 às 17h30, ainda nas dependências do Colégio Ulbra Palmas. Nesta ocasião, o grupo propôs uma roda de conversa mais descontraída e espontânea, intitulada “Chega Mais”, cuja proposta central era a de criar um espaço de acolhimento e reflexão leve, mas significativo, entre os adolescentes. Participaram ao todo 13 estudantes, provenientes de diferentes séries do ensino fundamental e médio, dentre eles alunos do 9º ano, 1º e 3º ano do Ensino Médio. A maioria havia acabado de sair de ensaios da quadrilha escolar ou aguardava outras atividades, o que contribuiu para que a atividade fluísse com naturalidade e abertura.
O encontro foi iniciado com uma breve apresentação dos estagiários e, em seguida, os estudantes também foram convidados a se apresentarem, compartilhando informações básicas sobre si mesmos. Após essa introdução, iniciou-se a dinâmica proposta com perguntas reflexivas que buscavam promover a autorreflexão e o fortalecimento da autoestima. As questões lançadas foram: “Qual é a sua superforça secreta?”, “Se a sua vida fosse um jogo, em que fase estaria?”, “Diga duas qualidades suas sem sorrir” e “Descreva sua semana em um meme”. As participações foram marcadas por autenticidade e engajamento, especialmente das alunas do 9º ano, que demonstraram facilidade em se expressar e refletir sobre suas trajetórias pessoais. As respostas revelaram temas como amizade, sensibilidade, persistência, talento artístico e as ambivalências típicas da adolescência.
O momento em que os participantes foram convidados a expressar duas qualidades sem sorrir provocou risos e quebras de barreiras emocionais, ao mesmo tempo em que gerou instantes de introspecção e reconhecimento individual. A última pergunta, que envolvia o uso de memes para descrever a semana, trouxe leveza e descontração ao grupo, além de aproximar os participantes por meio do humor compartilhado. O encontro foi encerrado com um gesto simbólico: a entrega de um bombom a cada estudante, acompanhado de um convite verbal para retornarem ao próximo encontro.
Já no dia 23 de maio de 2025, realizou-se o terceiro encontro, também em formato de roda de conversa. Estiveram presentes os cinco integrantes do grupo de intervenção e um total de 10 estudantes, com idades entre 13 e 15 anos. Considerando a diversidade etária e os níveis variados de maturidade emocional dos participantes, os estagiários optaram por uma abordagem dialógica e pela aplicação de técnicas de mindfulness como estratégia inicial para favorecer o rapport e promover um estado de atenção plena e acolhimento mútuo.
A atividade proposta consistiu em uma reflexão sobre desafios pessoais. Os participantes foram convidados a expressar, por meio de desenhos ou textos, uma situação difícil que já haviam enfrentado, acompanhada de elementos que os ajudaram a superá-la. O intuito era favorecer uma troca genuína e afetiva entre os adolescentes, promovendo identificação, empatia e um espaço seguro para o compartilhamento de vivências e estratégias de enfrentamento.
No dia 29 de maio de 2025, o grupo retornou ao campo para a realização do quarto encontro, que recebeu o nome de “Janelas de Percepção”. A dinâmica deste dia foi pautada na valorização do olhar do outro e no reconhecimento de qualidades interpessoais. Nove estudantes participaram, representando diferentes turmas e idades, o que enriqueceu as trocas e reflexões durante o processo.
Inicialmente, os alunos foram convidados a se apresentarem novamente, compartilhando seus nomes, turmas e alguma curiosidade pessoal. Em seguida, cada estudante recebeu uma palavra surpresa — previamente selecionada pelos mediadores — que representava uma habilidade ou qualidade humana, como criatividade, empatia, coragem, inteligência emocional, entre outras. Em vez de guardarem a palavra para si, os alunos foram orientados a observar seus colegas e entregar a palavra à pessoa que, em sua percepção, mais representava aquela característica. A troca foi marcada por um clima de respeito e atenção, estimulando um olhar positivo e acolhedor entre os pares.
Após a distribuição das palavras, iniciou-se uma roda de compartilhamento em que cada participante pôde refletir sobre a qualidade recebida, verbalizando se se identificava com ela e como pretendia desenvolvê-la ou aplicá-la em sua vida. A atividade despertou insights significativos e proporcionou um momento de fortalecimento coletivo e individual, sendo encerrada com uma breve conversa sobre o impacto do olhar do outro na construção da autoestima.
Por fim, no dia 30 de maio de 2025, realizou-se o último encontro da proposta de intervenção. Com o intuito de criar um clima afetivo de encerramento, os mediadores organizaram um lanche coletivo, oferecendo sorvetes aos estudantes como forma de agradecimento pela participação ao longo dos encontros. O momento foi leve e espontâneo, marcado por conversas descontraídas e trocas sinceras sobre a experiência vivenciada.
Durante o lanche, os adolescentes foram incentivados a compartilhar como se sentiram ao longo da intervenção, quais temas mais lhes chamaram atenção e o que levariam como aprendizado. De forma natural, surgiram discussões sobre o significado de palavras como “cultura” e “empolgação”, que foram trazidas pelos próprios participantes, demonstrando o quanto o espaço favoreceu a reflexão e a expressão. Ao final, o grupo foi surpreendido com uma salva de palmas espontânea, o que sinalizou, de forma simbólica, o reconhecimento da importância da intervenção e o vínculo que havia sido estabelecido.
A experiência de intervenção em grupo com adolescentes do Colégio Ulbra Palmas revelou-se uma vivência rica, sensível e transformadora tanto para os estudantes participantes quanto para os estagiários mediadores. Ao longo dos quatro encontros realizados, foi possível perceber, de forma progressiva, a construção de vínculos, a ampliação da escuta ativa, o fortalecimento da autoestima e o surgimento de espaços seguros de troca e expressão emocional.
As atividades propostas possibilitaram a expressão de aspectos emocionais relevantes, como inseguranças, sonhos, habilidades, desafios e percepções sobre si mesmos. Temas como amizade, pertencimento, superação e autoconhecimento emergiram de forma espontânea, indicando que o grupo se apropriou do espaço como um território de cuidado e crescimento. A escuta mútua e o olhar afetuoso entre os pares evidenciaram o quanto essas vivências podem contribuir para o desenvolvimento socioemocional e para a construção de identidades mais seguras e positivas.
Para os estagiários, o processo foi igualmente significativo. A escuta atenta às sutilezas de cada encontro permitiu o exercício da sensibilidade clínica, da adaptação diante das demandas do grupo e da compreensão da adolescência como um período de intensas transformações internas e externas. A convivência com os adolescentes evidenciou a importância da atuação do psicólogo escolar e a necessidade de criar, dentro da rotina pedagógica, espaços dedicados ao cuidado emocional.
Encerramos essa intervenção com a sensação de missão cumprida, conscientes de que, mesmo em um curto espaço de tempo, foi possível provocar reflexões, gerar afetos e abrir caminhos para novos olhares sobre si e sobre o outro. As palmas recebidas ao final do último encontro não simbolizam apenas o agradecimento dos estudantes, mas também o reconhecimento mútuo de que, naquele espaço, algo valioso foi construído.
Autores:
Abner Amorim, Geovana Gabryela Pereira, Iuri Pereira, Lara Bastos e Lara Maria.