Laboratório em Devir: redes sociais e produção de subjetividades

Compartilhe este conteúdo:

No dia 3 de maio de 2025, participei de um evento que me marcou profundamente, tanto como futura psicóloga quanto como sujeito atravessado pelas vivências do nosso tempo. Trata-se de mais uma edição do Laboratório em Devir, promovido pelos psicólogos do Espaço Terapêutico Devir, com o tema “Redes Sociais e Produção de Subjetividades”. O encontro aconteceu na Livraria Leitura, no Capim Dourado Shopping, em Palmas (TO), e teve início às 16h, encerrando por volta das 19h.

A proposta do evento foi conduzida em formato de roda de conversa, o que possibilitou uma escuta sensível, crítica e acolhedora. Psicólogos mais experientes iniciaram a discussão, mas abriram espaço para que todos os presentes pudessem compartilhar suas percepções, experiências e inquietações. Estávamos em cerca de 30 pessoas, formando um círculo de escuta viva e ativa.

Durante a conversa, um dos principais pontos abordados foi a forma como as redes sociais têm operado como dispositivos de produção de subjetividades. Foi discutido como os sujeitos contemporâneos, principalmente os mais jovens, vêm sendo atravessados por narrativas idealizadas de sucesso, beleza, produtividade e felicidade. A constante exposição a esses padrões muitas vezes gera um sentimento de inadequação, ansiedade e comparação permanente, resultando em impactos diretos na saúde mental. Também refletimos sobre como as redes criam bolhas de opinião e reforçam modos de ser e pensar, limitando a diversidade de experiências subjetivas e afetando nossa autonomia crítica.

Outro ponto que ganhou destaque foi o papel do psicólogo frente a esse cenário. Discutimos como o setting clínico precisa se abrir para essas novas demandas, acolhendo os sofrimentos que emergem nesse contexto virtualizado. A escuta clínica, portanto, precisa considerar o impacto que a lógica algorítmica, a cultura do cancelamento, o culto à performance e a exposição constante têm produzido nos modos de existir. Não se trata apenas de patologizar esses efeitos, mas de compreender como eles se inscrevem nas vivências cotidianas, resgatando a potência da singularidade de cada sujeito. A roda nos convidou a repensar o papel ético e político da Psicologia diante dessas transformações e da crescente virtualização da vida.

Mais do que um evento acadêmico, o Laboratório em Devir me proporcionou uma experiência afetiva e reflexiva, que ampliou minha visão sobre o papel da Psicologia frente às transformações do nosso tempo. Senti-me ouvida, provocada e, sobretudo, inspirada a continuar trilhando esse caminho com responsabilidade e sensibilidade.

Saí de lá com o coração cheio e a mente borbulhando de ideias. A troca foi genuína, acredito que esse é um ponto ao qual devemos ampliar nosso olhar: na escuta, na presença e na coragem de pensar (e repensar) o humano em suas múltiplas formas de existir.

Compartilhe este conteúdo: