A linguagem é um conceito que muito interessa a Psicologia, andando lado a lado com ela e vista em várias vertentes desta ciência. Uma dessas vertentes que se preocupa em compreender e se utiliza do conceito de linguagem em seu estudo e prática é a Psicologia Social. Mas por que estudar o conceito de linguagem em Psicologia Social? A resposta para esta pergunta é muito simples. Basta recorrer à lógica de que a linguagem é a principal ferramenta tanto para a formação individual quanto para a formação social. Através da linguagem, o indivíduo concebe e transmite conhecimentos, valores, princípios, vontades, atitudes, etc. para o seu grupo e/ou contexto social.
O conhecimento social é o conhecimento em comunicação e o conhecimento em ação. Não pode haver conhecimento social a menos que seja formado, mantido, difundido e transformado dentro da sociedade, entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos, subgrupos e culturas. O conhecimento social se refere às dinâmicas da estabilidade e das mudanças (MARKOVÁ apud CARVALHO, 2009).
Dado que a Psicologia Social estuda as relações sociais e de (inter)dependência entre os indivíduos de determinado contexto ou ambiente, fica claro que se faz necessário estudar também o conceito de linguagem, uma vez que é a partir dela que as relações se iniciam e se firmam.
Mas a linguagem vai muito além disso. Em Psicologia Social, percebe-se que vários de seus conceitos derivam ou se produzem através da linguagem. Alguns exemplos são: percepção social, formação de identidade, subjetividade, cognição social, representações sociais, estereótipos, atitudes, processo grupal, etc. Todos estes conceitos, quando analisados a fundo, têm em suas bases a linguagem, pois, é a partir dela e de seus vários símbolos que os indivíduos passam a compreender o mundo e a si mesmos.
Tendo isso em vista, denota-se que para compreender os grupos sociais, as suas formações e as suas finalidades, é fundamental também compreender a linguagem. Compreender um grupo social exige tomar conhecimento de sua realidade, de suas verdadeiras necessidades, como esse grupo se relaciona e como ele busca transformar-se. Esse conhecimento dá-se principalmente através da linguagem, cuja transmite as informações necessárias para tal.
O psicólogo social busca, através da linguagem, compreender os fenômenos sociais, utilizando do estudo dessa e de como ela influencia as relações interpessoais dos indivíduos e na formação dos grupos em torno de objetivos e necessidades em comum. Ou seja, a linguagem serve como aparato para garantir a vida em sociedade.
Neste contexto, verifica-se grande relação entre a linguagem e a Psicologia Social Sociológica, haja vista que ambas possuem o social como quesito central. Segundo George Herbert Mead, um dos principais precursores da vertente sociológica da Psicologia Social, a mente e a formação da personalidade são produtos da linguagem, em que ocorrem no processo de socialização e interação dos indivíduos, onde estes adotam as atitudes do grupo para si, sendo assim, para Mead, impossível formar a personalidade longe do contexto social.
REFERÊNCIAS:
Carvalho, Denis Barros. Resenha: representação, dialogicidade e a linguagem como questões centrais da psicologia social: uma teoria psicossocial da mente.Scielo Brasil. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822009000100017. Acesso em: 23/04/16.
Dias, Rosangela Hanel. Linguagem, interação e socialização: contribuições de Mead e Bakhtin.XanpedSul.Disponível em: http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/539-0.pdf. Acesso em: 23/04/16.