O que define um governo Fascista não é somente seu caráter autoritário e antidemocrático. Além dessas, o fascismo tem características muito próprias: aposta no caos, na irracionalidade e, principalmente, no desmonte e na destruição do Estado Social. Por isso, o capitalismo neoliberal responde muito bem à sua proposta. E não tendo o Estado como organizador das políticas e nem as instâncias democraticas como forma sustentação do seu poder, um governo Fascista só se sustenta por meio da guerra. Daí sua necessidade constante de inimigos: internos ou externos. Fascismo, pulsão de morte e paranóia andam sempre juntos.
Mas há uma característica fundamental no Fascismo, muito bem descrita pelo psicanalista William Reich, que tem a ver com a forma de lidar com a economia libidinal ou sexual.
Com Freud, sabemos que toda energia vital é originariamente sexual – de preservação da vida – energia que pode ser destinada para fins não sexuais, igualmente potentes. Mas a libido não é uma energia meramente biológica, individual, é uma energia que se faz presente no laço social, na linguagem e na política. Assim sendo, a energia sexual é a mesma que, redirecionada para a política, pode mover um processo revolucionário.
“Toda ascensão do Fascismo atesta uma revolução fracassada” alguém já disse. É que o Fascismo surge da colonização de um processo revolucionário em marcha, e obviamente, que isso não se dará sem colonizar e reprimir a sexualidade.
Por isso, o tema da sexualidade é tão fundamental em governos Fascistas, sempre tratado numa perspectiva moral, limitada e reacionária. Ao mesmo tempo que prega a liberdade da economia de toda e qualquer regulação, aposta na regulação dos corpos, da sexualidade e da erogeneidade das pessoas.
A política Fascista é uma política de propagação do que Reich chamava de “miséria sexual e emocional das massas”. Controlar as massas, sob essa ótica, implica em controlar seus impulsos sexuais e afetivos, e, obviamente que, quanto mais empobrecidos e reprimidos, mais fáceis de arrebanhar.
Não é por acaso essa obsessão do Bolsonarismo por órgão sexual, gays e pedofilia. Essa defesa excessiva do erotismo e da energia sexual, acaba escapando como um ato falho, sendo capaz de fazer essas pessoas verem pênis até no símbolo da Fiocruz. Pura miséria sexual.
E é por isso que Eros é a maior força contra o Fascismo. O Fascismo odeia humor, tesão e poesia.