Adam Smith: o homem é um animal que faz barganhas

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Este ensaio apresentará os conceitos principais criados por Adam Smith e sua relação com a filosofia. Inerente às definições criadas por ele está o campo social, que é um dos principais focos efetivos de seus estudos. Vários textos foram usados como referencial para auxiliar na pesquisa do grupo, e também para fomentar as informações obtidas através do texto base. Adam Smith é escocês e é contemporâneo às revoluções sócias mais marcantes da humanidade, como o Iluminismo e a Revolução Francesa. Foi neste contexto histórico que as obras dele valeram de grande importância para a economia global, já que o mundo estava experimentando a conversão de valores. É neste período em que ocorre a transformação do teocentrismo para o antropocentrismo, um campo fértil para lançar suas ideias.

No texto base apresenta primeiramente a biografia de Smith, que estava inserido em elevado grau social, mas não considerado nobre. Isto já contribui para receber influências importantes para suas obras, como David Hume. Depois é introduzido o conceito central de sua obra mais importante, A Riqueza das Nações, que é o trabalho excedente como lucro produzido por trabalhadores úteis por meio dos recursos naturais de uma nação. A partir disso ele afirma que a riqueza de uma pátria está na produção da população e na divisão do trabalho e não no acúmulo de metais ou de capitais, conceito que ainda vigorava na época.

De acordo com Myrdal, o crescimento de estoque de capital se dá a partir do aumento de excedente dos salários com a divisão e em seguida a especialização do trabalho que tem como principal consequência o elevado crescimento da produtividade. As melhoras na condição de vida dos trabalhadores e da população são causadas pelo acúmulo de capital, que impõe maior demanda na mão de obra e por fim o aumento de seus salários. A espiral de crescimento se dá quando ocorre o crescimento de empregos, salários e população ao mesmo tempo, que exige a ampliação do mercado e da divisão do trabalho (CANNAN, 1996).

A moralidade, segundo Smith, nada mais é que convenções sociais usadas para coibir o desejo do homem e é através da simpatia que os seres humanos criam a moralidade. Porém, a partir da busca de interesses de cada homem, a evolução tecnológica e o crescimento econômico são seus resultados finais dessa busca. O liberalismo econômico nasce daí, do conjunto de interesses entre os trabalhadores por meio da livre iniciativa e com a mínima ou nenhuma interferência de instituições governamentais. A procura dos desejos pessoais aperfeiçoa o trabalho produzido assim como as condições da vida em comunidades.

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Adam Smith cria um conceito inovador, que é a mão invisível. Com a busca de seus anseios, cada indivíduo acaba ajudando a todos como uma cooperação mesmo com a ausência de órgãos que orientam a solidariedade e o cooperativismo. Com esta definição se expandindo, há a queda de preços em determinados produtos e fica mais acessível à sociedade.  Também causou a busca por produtos inovadores e meios de produção mais acelerados, o que significa o incentivo a tecnologia e à criatividade.

Este conceito hoje em dia é conhecido como a lei da oferta e da procura, que consiste na seguinte ideia: quanto mais há um produto em grande escala e pouca procura, mais baixo será seu preço; quanto mais um produto é procurado e estiver em escassez no mercado, mais elevado será seu preço. Inicialmente suas ideias foram consideradas como heresia por pregar a busca do interesse próprio e a valorização do egoísmo, entretanto, atualmente tais definições são usadas em todo o globo, por ser de extrema eficácia. Desse modo o trabalho seguinte irá expor a relação entre o trabalho, trabalhador e suas consequências sociais de acordo com Adam Smith.

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Adam Smith dedicou-se, dentre outras temáticas, à defesa do que é riqueza na sociedade de seu tempo e o princípio geral que define esta riqueza e as causas fundamentais para a expansão dela. Conceitua a riqueza na sociedade capitalista quanto os limites ao progresso que podem emergir do modo como se compreende esta riqueza. A principal tese criada por Adam Smith foi o liberalismo econômico, o que implicava a pouca intervenção estatal, para que as instituições privadas pudessem se desenvolver sem restrições.

Tais condições no mercado provocariam as quedas dos preços e maior concorrência entre os empresários, assim como a inovação da tecnologia. As ideias dele atacavam diretamente o sistema feudal do período, além do mercantilismo, comum nessa época pelo absolutismo. Assim suas teorias foram muito valorizadas pela burguesia, que estava em ascensão e teve grande circulação no continente europeu.Sua obra prima, A Riqueza das Nações, tema cerne deste trabalho, foi fundamental para a evolução do capitalismo nos dois últimos séculos, que como principais processos históricos foram a Revolução Industrial e a Guerra Fria. Nesta obra ele também tenta legitimar a economia como ciência independente e insubordinada das ciências políticas, além de diferenciá-la da ética e da jurisprudência.

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A prosperidade de uma sociedade e o progresso econômico está na divisão do trabalho, este é o ensinamento central do seu livro. A divisão do trabalho é crucial para que haja o abaixamento dos preços de produtos e dos meios de produção. Com isso, ele defende a livre concorrência entre o mercado e o acúmulo de capital para culminar na evolução econômica. Na altura em que editou a obra de que nos ocupamos, já a primeira fase da revolução industrial estava em curso, o ferro, o tecido, o vapor, estavam já em franco desenvolvimento, no que se refere à sua utilização. Os movimentos protestantes de Calvino, e em menor escala Lutero introduziram com o renascimento a especulação com os juros bancários, outra significação foi atribuída ao trabalho, a vocação e a devoção eram a forma de realizar os desígnios de Deus em terra (WEBER, 1996 [1905]: 57).

No início da obra, em seu primeiro capítulo, Smith explica detalhadamente seu procedimento usado para sustentar suas ideias. Além disso, a sua obra revela forte influências de filósofos contemporâneos a sua época. Sua obra é dividida em cinco livros, sendo o segundo o que explica a separação de setores para maior aproveitamento e rapidez da produção. Isto é, ele apresenta as características do capital e os efeitos de sua acumulação de capital.

Em A Riqueza das Nações, introduzido por Edward Cannan, apresenta o contexto histórico desta obra de Adam Smith e a relação com o homem. O ano da divulgação desse livro coincide com o iluminismo e a independência dos Estados Unidos da América. Segundo Edward, surgem por meio das influências filosóficas duas concepções revolucionárias a partir de tal obra. A primeira afirma que as ciências econômicas estão subordinadas a leis naturais objetivas e diretas. A segunda apresenta-se como uma doutrina. É fundamental que haja liberdade individual nessa área da ciência por proporcionar a base da teoria de Smith. A partir da liberdade de cada um, ocorre a seleção do trabalho na sociedade e por fim o desenvolvimento coletivo (CONNAN, 1996).

No texto usado como referência, Fernando Nogueira relaciona o sentimento de egoísmo como predominante nas relações sociais depois da liberdade adquirida pelo Iluminismo. Este sentimento é crucial para o progresso da sociedade. O autor também apresenta a psicologia da barganha, que nada mais é do que uma relação de interesses mútuos. Isto é, oferece o que se precisa a alguém e este alguém lhe retribui a partir de sua necessidade. Com isso, todo o conjunto social leva vantagens desse esquema que vigora na economia. Este processo ocorre somente nos seres humanos, já que os animais irracionais usam a força para coibir ou encurralar sua presa.

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De acordo com Adam Smith, o homem realiza barganhas devido à necessidade dele de depender dos serviços e produções do outro. Desse modo, é preciso ter divisão do trabalho a fim de adquirir mais lucros e eficiência na linha de produção. Com a criação da moeda, o escambo foi extinto e trouxe novas funções, como a substituição de produtos por dinheiro. Com isso, o liberalismo econômico exige a separação do trabalho, que resulta em uma elevada produção, que por fim corrobora para uma sociedade saudável e bem-sucedida, com todos à procura de seus próprios interesses.

Além disso, o liberalismo econômico de Smith pregava a mínima intervenção estatal. A única função do estado na economia é garantir a propriedade privada e sua segurança. Em outro estudo feito sobre o surgimento do discurso econômico sobre o criador da economia, diz-se que o trabalho é o único meio de riqueza de uma nação. O trabalho e a troca são termos inerentes entre si e que são os basilares na economia. O célebre economista defende que as maiores necessidades humanas são supridas pelo trabalho do homem e não da natureza.

De modo sintetizado, Smith anuncia que a divisão do trabalho causa muitos efeitos em diferentes graus, que atingem desde as camadas mais baixas até a elite. Entretanto, a produção de cada um dos trabalhadores está interligada como uma rede de comunicação. Portanto, o interesse individual e a liberdade natural causam o egoísmo que é benéfico para a sociedade devido à produção desse indivíduo, que necessariamente estará executando a demanda de alguém, e assim sucessivamente. Logo, a cooperação coletiva é causada a partir da individualidade pela divisão social e técnica do trabalho executado por todos em uma sociedade, cuja riqueza está somente no trabalho. Além disso, o produtor simultaneamente persegue seus anseios individuais.

Diante do crescimento do mercado e, com a capacidade do homem de fazer barganhas, Smith colocou fim à ideia de que toda família fosse autossuficiente em termos econômicos e com isso, passou a defender a ideia da subdivisão do trabalho, pois assim, aumentaria produtividade, consequentemente todos poderiam se candidatar a alguma tarefa, assim sendo, essa proposta poderia levar a uma riqueza universal em uma sociedade bem ordenada, num estado de perfeita igualdade.

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A subdivisão do trabalho é o que move o capitalismo, sendo que, o consumo seria a única finalidade da produção e isso fez surgir uma série de novas características e pessoas com habilidades particulares. Smith chega ainda a citar em seu livro o quanto fica deslumbrado com a produção subdividida, e o quanto que acha que isso fazia a produção aumentar. Porém, trabalhadores que não tinham alguma especialização, ficavam diretamente prejudicados nesse processo, talvez até mesmo, não conseguiriam sobreviver com isso. O objetivo era uma sociedade unida pela barganha baseada em um mútuo interesse próprio. Essa barganha tornou possível que, as pessoas focassem em produzir cada vez menos bens, até produzir um único bem.

Afirmava que, se todos os cidadãos tivessem sua liberdade, a sociedade em si, se beneficiaria. As pessoas agiriam até mesmo de modo involuntário pelo o interesse maior da sociedade, mesmo que buscassem maximizar seus ganhos. Afirmava também, que o mercado era essencial para uma sociedade justa. Apesar de buscarem um interesse maior, os homens eram movidos por interesse próprios e com a troca de bens, o homem poderia ser beneficiado. Isso é o que poderia ser chamado de “liberdade natural”. Assim sendo, o trabalho não seria diretamente responsável à existência do homem. O conceito de barganha levava a diferentes tipos de acordo para um bem ou interesse comum.

Sendo assim, com a eliminação da necessidade de permuta e criação do dinheiro, Smith afirmava que só aquele que não tinha condições de trabalhar, oferecer seus serviços ou produtos, que necessitaria de algum tipo de ajuda da caridade. Para isso, mais uma vez o mercado seria crucial. No mercado seria possível a negociação. Porém, hoje em dia, o mercado se tornou um conceito abstrato trabalhado pela filosofia e administração e não apenas um lugar físico. Os princípios de economia de Adam Smith fazem influência até hoje, sendo que sua ideia naquela época casava com as necessidades burguesas. Sua ideologia, que com certeza foi uma das mais lógicas e melhores que o campo da administração, economia já tiverem, não proporciona um mundo de oportunidades, mas sim de condições semelhantes, ou até mesmo iguais.

Em suma, o valor de um bem é sempre igual à quantidade de trabalho, que ele pode comprar, ou ser trocado, segundo Smith. Contudo essa afirmação é inconsistente com a realidade de uma economia caracterizada pela apropriação privada dos meios de produção e trabalho assalariado, onde a produção não vise somente a troca, mas o lucro. A divisão do trabalho, na medida em que pode ser introduzida, gera, em cada ofício, um aumento proporcional das forças produtivas do trabalho. Ele defendia que a simpatia e a moralidade são imposições sociais, isto é, a simpatia é a relação do indivíduo com os demais e isso gera a cooperação e troca de interesses, e a moralidade são valores estabelecidos socialmente que perduram pela tradição.

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O mundo pós-invenção do dinheiro aliado a uma mão de obra fabril especializada e em constante atualização permitiram níveis de produção nunca imaginados; além de maior oportunidade a todos, exceto os incapazes que necessitariam de caridade e deveriam ser atendidos pelo Estado. O economista lançou a hipótese de um Estado voltado apenas à resolução de problemas como defesa, justiça e educação deixando o mercado livre para se autorregular através da lei da oferta e da demanda; restando ao Estado à criação de leis para igualdade universal nas condições de busca do trabalho.

Foi deste economista a primeira reestruturação sistemática de um estado para atender negócios internacionais além de propor a tese de que a riqueza de uma nação deve ser medida por sua capacidade produtiva e não pela riqueza de seus príncipes e sua reserva em ouro. O mundo resultado de Adam Smith é com certeza melhor do que o anteriormente existente, contudo seu modelo favoreceu apenas uma classe social que ascendeu ao trono há 200 anos e ainda desfruta de imensurável poder devido ao apoio ou esperança do povo. A concepção de Adam Smith gerou um mundo de iguais condições, porém não de oportunidades.

REFERÊNCIAS:

file:///C:/Users/DAYSE/Downloads/Adam_Smith_-_A_Riqueza_das_Nacoes_Vol_1.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3o_invis%C3%ADvel

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ideia-de-ordem-espontanea/

http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2012/01/filosofo-iluminista-adam-smith-criou-teorias-sobre-economia-do-mundo.html

https://www.trabalhosgratuitos.com/Sociais-Aplicadas/Filosofia/Liberalismo-222203.html

http://www.suapesquisa.com/biografias/adam_smith.htm

http://adamsmithj2m.blogspot.com.br/

https://www.trabalhosgratuitos.com/Outras/Diversos/Resumo-Riqueza-Das-Nações-52836.html