Amar e Ser Livre: a desestrutura familiar leva a colapso moral

A liberdade é fruto do amor, e o amor só se manifesta quando purificamos o nosso sistema dos pontos do ódio e medo. Então conforme nos purificamos, vamos abrindo mão de mecanismo de defesa que é a luxuria, a partir disso a energia erótica se liberta e começa a ascender. Então experimentamos um profundo amor pela vida e pela existência. Experimentamos a gratidão.
 Prem Baba

121111Fonte: http://www.casalsemvergonha.com.br/2012/04/11/o-amor-so-e-verdadeiro-se-vier-junto-com-a-liberdade/

Um dos livros mais festejados do psicólogo e líder espiritual brasileiro Prem Baba, “Amar e Ser Livre” esclarece a importância de um relacionamento feliz, onde o mesmo incentiva a busca por qualidade de vida amorosa que se alcança através da evolução da consciência.

De acordo com Baba somos seres sociais e sempre estamos nos relacionando com os outros; são através dos relacionamentos que amadurecemos, isto é, adquirimos a oportunidade de crescermos e evoluirmos. Mas para que realmente alcancemos essa evolução é necessário ocorrer a integração de nossa personalidade, já que esta possui um lado positivo e outro aspecto negativo no qual lutamos para não entrarmos em contato. Para Jung, fundador da Psicologia Analítica, este lado negativo da personalidade trata-se da Sombra e é nela que habita tudo o que é reprimido, o negado e o esquecido, aquilo que não aceitamos em nós e não queremos que se torne acessível e para ele é necessário ocorrer a individuação que é o processo de integração dos opostos. Neste contexto, segundo Prem Baba para ocorrer a evolução da consciência será necessário acessar e dá novos significados a esse aspecto negativo.

Conforme o ponto de vista do autor a atualidade é marcada por transformações em todas as áreas da vida e em meio a tudo isso vivenciamos um tempo de crise, mas para o autor é através da crise que nos tornamos resilientes. Se tivermos capacidade de enxergar o seu aspecto positivo, pois a raiz da crise se encontra dentro de nós, o externo é reflexo do interno, portanto para enfrentá-la é preciso ocorrer uma transformação interna, ou seja, rever nossas ações e reações para com os outros.

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Fonte: http://subentendidojm.blogspot.com.br/2011/02/sobre-liberdade-e-amor-como.html

Ele expõe com clareza de como o pilar da família tem se desestruturado, um casamento criado a partir do medo e ódio, e a fragilidade desses tipos de relacionamento tem levado a sociedade a um colapso moral. Para que haja transformações é necessário resignificar o conceito de casamento e família no qual Baba da o nome de “casamento novo”.

Para alcançar esse novo casamento é inevitável ter coragem de amar, isto é, ter coragem de ser humilde, abrir mão do orgulho e de comportamentos moldados pelo medo e ódio. Será necessário ter postura diante do sofrimento para abandonar os jogos de acusações, vinganças e outros mecanismos de defesa que tem origem na carência afetiva, além de cada um se responsabilizar por suas ações, reconhecer suas fragilidades, expor os pontos fracos. Sendo assim, é preciso que se abra mão de suas roupagens e conhecer a própria essência para que esta possa ser elaborada.

O casamento será resignificado a partir do momento que procuramos conhecer a origem da dor, pois ela não está no relacionamento ou no outro. A dor está enraizada em nós mesmos, pois o medo e o ódio se instauram em nós quando ainda somos crianças, quando perdemos a espontaneidade ou a reprimimos muito cedo. Quando Prem Baba faz referência a espontaneidade fala sobre sexualidade que se desdobra de várias formas, e uma vez que os pais não conseguem lidar com suas próprias sexualidades – pois ainda é vista como tabu -, se assustam com a dos filhos. Como vimos que para o autor a sexualidade tem vários sentidos como, por exemplo, é o prazer pela satisfação, também se refere a um aspecto da consciência que pode se manifestar através de três forças: sexo (biológico), Eros (paixão) e amor, sendo este último o desdobramento da mesma energia vital que rege o universo. O amor é uma manifestação da essência do ser humano e ele se manifestará quando se avança no processo de purificação da natureza inferior, ou seja, da parte negativa que habita em nós e que precisa ser elaborada.

De acordo com o enfoque psicanalítico do autor, o parceiro escolhido para um relacionamento baseado no sentimento de paixão é alvo de um processo desproporcional de idealização; assim atribuímos perfeição a esse objeto de amor e esquecemos que ninguém é perfeito. Baba lembra que também temos em nós aspectos não resolvidos desde a infância, ou seja, feridas abertas nos relacionamentos com nossos pais e estamos sempre buscando no outro a cura para as mesmas. É por isso que buscamos no parceiro o pior ou o melhor de nossos pais na tentativa de reparar a carência afetiva do passado, isto ocorre de forma inconsciente.

4444444444Fonte: https://economize.catracalivre.com.br/leia/dia-dos-namorados-classicas-historias-de-amor-no-kindle-unlimited/

Mas conscientemente vamos aprendendo que ninguém pode curar nossas feridas a não ser nós mesmos e se o relacionamento for baseado só em Eros despertará vários sentimentos não trabalhados, o que leva a desestruturação do relacionamento, porque atraímos aquilo que queremos integrar. É nesse momento que o casal precisa de maturidade para suportar as dificuldades e despertar o amor, além de iluminar as partes negativas: insegurança, ciúmes, medos e carências.

Além disso, para que o novo casamento aconteça é importante reconhecer o desejo que alimentamos pelo negativo, pois quando a consciência está entenebrecida assumimos um papel de vítima, e muitas vezes nos posicionamos assim para não entrarmos em contato com nossas dores e então criamos vários mecanismos de defesa. Então para amar e ser livre será necessário a autorresponsabilização, ou seja, olhar para dentro de si mesmo, ter consciência acerca do próprio sofrimento e sentimentos negativos, procurar as insatisfações e as fragilidades que habita em nós e elaborá-los e isto é um processo de grande desafio porque seremos confrontados com os aspectos desagradáveis, mas se não for assim não haverá evolução da consciência. E só assim aprendemos que de alguma forma todos nós fomos vítimas em um momento da vida, e quando assimilarmos isto seremos capazes de nos colocar no lugar do outro e lhe desejaremos sucesso, além de conseguirmos vencer mágoas e ressentimentos, purificando assim o coração. Isto leva a uma maturidade no relacionamento, pois quando procuramos a mudança dentro de nós mesmos nos tornaremos melhores e influenciamos para melhor nossa sociedade.

E assim aprenderemos a “Amar e Ser Livre”.

REFERÊNCIAS:

BABA, Sri Prem. Amar e Ser Livre: as bases para uma nova sociedade. São Paulo: Editora Harper Collins, 2015.