Casamento, casamento, negócios à parte

A autora Maria de Fátima Araújo traz em seu texto Amor, casamento e sexualidade: velhas e novas configurações, um apanhado sobre as modificações ocorridas ao longo do tempo nos arranjos maritais. Ela diz que a união que associa amor, sexualidade e casamento é uma invenção da era burguesa, com surgimento na modernidade. Quando o amor tornou-se fundamento do casamento, ocorreu uma revolução, mudando a ordem das coisas, passando de um casamento meramente formal e por questões econômicas para um casamento como busca de felicidade.

Fonte: http://zip.net/bttDQw
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O amor como quesito para a escolha do parceiro é algo novo, pois, de modo geral, não existia nos casamentos, e a sexualidade não estava no campo do prazer, estava apenas no campo da reprodução. Antes, o casamento não representava um relacionamento amoroso, e sim, um negócio de família, sendo da antiguidade à idade média, arranjado pelos pais para os filhos.

A autora cita Lèvi-Straus, o qual diz que as sociedades arcaicas eram marcadas por alianças, sendo o casamento, de certo modo, um sistema de trocas, em que a divisão sexual do trabalho se justifica pela necessidade de bens essenciais para a sobrevivência que se encontravam escassos, sendo a união uma forma de mesclar todos os bens dos grupos para torná-los mais fortes.

Atualmente, há uma imposição para que pessoas se unam em prol do amor e até mesmo do erotismo, considerando a relação sexual como ato de prazer. Isso transforma o casamento em uma expectativa de felicidade e sucesso pessoal. Caso não aconteça, é possível que haja o divórcio, não para reparar erros, mas como aceitação de um sentimento que não durará para sempre e que deve dar lugar ao próximo (Ariès apud Araújo, 2002).

Fonte: http://zip.net/bftC38
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Todas as mudanças ocorridas ao longo da história matrimonial trazem transformações radicais na vida e intimidade dos indivíduos, bem representadas pela revolução sexual e a emancipação feminina. Segundo Anthony Giddens (apud Araújo, 2002) as novas formas de relacionamento que resultaram dessas mudanças têm como base a igualdade e os princípios democráticos, em que a consensualidade se faz evidente.

Por fim, percebe-se atualmente uma pluralidade nos relacionamentos amorosos, tanto hétero quanto homossexuais. Há também grande pluralidade nos objetivos de se unir a outra pessoa, podendo ser por questões econômicas ou por segurança, mas principalmente pelo amor. O casamento como negócio não é mais regra, dando lugar ao sentimento e a escolha pessoal de cada um.

Fonte: http://zip.net/bttDQy
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REFERÊNCIAS: 

ARAÚJO, Maria de Fátima. Amor, casamento e sexualidade: velhas e novas configurações. Psicol. cienc. prof. [online]. 2002, vol.22, n.2, pp.70-77. ISSN 1414-9893. Disponível em:  <http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932002000200009>.