Pandemia – Angústias e adaptações acadêmicas

Os tempos de pandemia nos fez rever muitas coisas, não que a vida fosse feita de certezas, mas agora o incerto é muito mais evidente. O cotidiano parecia ter parado, mas, graças à tecnologia, se adaptou. Pouco há contato físico, ficando em evidência aplicativos de entrega, novas relações de ensino e trabalho entre outras inúmeras circunstâncias. Enquanto a ciência busca suas respostas, não sabemos se vamos adquirir o vírus ou perder alguém.

Em março de 2020 as aulas presenciais já tinham sido substituídas pelas remotas, um sistema novo. A minha esperança era de que logo tudo isso passaria e voltaríamos à “normalidade”, mas começou a se ouvir falar no “novo normal”, onde as coisas tiveram que se adaptar. Estar em um processo de formação em meio a uma pandemia não é fácil, existem inúmeros desafios a se enfrentar como o medo, a rotina e as atividades laborais.

Em agosto de 2020 meus familiares contraíram o vírus, meu pai de forma grave e a tempestade do turbilhão de coisas aumentou, mas da mesma forma que ela veio, se foi e tive a sorte de que muitos não tiveram de ter meu pai em casa novamente. Logo o ano mudou e como numa utopia, parecia que tudo ia embora, mero engano. Em março de 2021 o semestre acadêmico estava se iniciando, e eu estava trabalhando diretamente com o público. Contraí o vírus e nessa mesma época foi decretado um lockdown em Palmas, tendo como sequelas as constantes crises de ansiedade, uma péssima concentração e uma má respiração, em que, consequentemente, houve queda em meu desempenho acadêmico. Logo me vi angustiada pela culpa e pela sensação de que não estava dando o meu melhor.

Fonte: encurtador.com.br/bkswM

Uma das coisas mais difíceis para um acadêmico em formação no meio da pandemia é a ânsia pela formatura, pois não sabemos se concluímos as matérias, ainda por influência das próprias expectativas.  O meu sonho era de poder entrar no auditório da faculdade, com toda minha família e amigos vibrando por mim, ouvir meu nome, andar da entrada do auditório até sentar na cadeira no palco, sentir o frio na barriga e a emoção de que finalmente teria conseguido agradecer naqueles discursos clichês, vivenciar os olhos lacrimejados e os sorrisos das pessoas, mas agora me parece um sonho distante ou uma ideia que sofrerá modificações, cabendo mais uma vez a conformidade e compreensão.

Os estágios voltaram a sua forma presencial, agora tenho que me deslocar, sendo um pouco difícil conciliar questões da faculdade, trabalho e o fato de que a pandemia ainda existe, a esperança minha e de muitos é a vacina, a  qual tomei a primeira dose e  sigo esperando ainda mais os avanços  da ciência para que, de alguma forma, as coisas se tranquilizem ou pareçam mais seguras.

Enquanto acadêmica em um curso que lida com a saúde mental, destacou a importância da vacina, do SUS, e de um bom governante. Tempos como esses exigem de nós muita resiliência. Para mim é difícil e revoltante morar no Brasil, pois politizaram o coronavírus, se tornando por muitas vezes lamentavelmente lucrativo. Penso que precisamos nos agarrar ainda mais a um espírito colaborativo e de solidariedade, pois vemos acentuadas ainda mais a fome, o descaso e a desigualdade. Thiago Melicio ensina que “não há como pensar a promoção, e  proteção de saúde, em especial saúde mental, sem pensar na promoção da cidadania”. Em meio a tudo isso, a responsabilidade de uma boa formação e ser uma excelente profissional aumenta, sendo meu maior desejo fazer a diferença, mesmo em meio a  dúvidas.

Fonte: encurtador.com.br/syCDT