Desafios da Psicologia Organizacional: (En)Cena entrevista Karla Klein

Karla Barbosa Klein é ​doutoranda em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins; Mestra em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Tocantins; Graduada em Psicologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (2008) e Especialista em Gestão de Pessoas pela Faculdade Católica do Tocantins. A entrevista foi realizada pelas acadêmicas do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, em colaboração com o (En)Cena.

Fonte: https://goo.gl/Q6yLfQ

(En)Cena – Conte-nos um pouco sobre sua formação e sua atual área de trabalho, como chegou onde está hoje?

Karla Barbosa Klein – Me formei pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora – Minas Gerais, e como meus pais já moravam aqui no Tocantins resolvi vir para cá onde acabei fazendo um mestrado na UFT, em Desenvolvimento Regional e atualmente, trabalho na UFT como psicóloga organizacional, também atuo na área clínica já prestei consultoria em diversas instituições. Atualmente não estou clinicando nem estou trabalhando na UFT, porque estou de licença para fazer meu doutorado. Assim quando cheguei no Tocantins fui contratada pelo GHP para trabalhar na área organizacional e em paralelo prestava consultoria para uma empresa de seleção e recrutamento de Palmas. Então trabalhei muito com recrutamento e seleção, com toda aquela parte de análise de pesquisa, testagem, viajava o estado todo fazendo isso. Como eu tinha uma base muito forte em saúde mental eu não conseguia atuar na área organizacional sem trazer essa bagagem, então comecei a levar isso para o HGP, na época fizemos intervenções em alguns setores, comecei a fazer algum tipo de pesquisa, por exemplo, na época fizemos um tipo de pesquisa sobre saúde mental no trabalho, quais as causas dos afastamentos, quais profissionais se afastavam mais. E logo em seguida passei no concurso para o UFT.

(En)Cena – Há quanto tempo você é formada?

Karla Barbosa Klein – 10 anos

(En)Cena – Trabalhar com Psicologia Organizacional foi uma opção? Durante sua graduação você já demonstrava interesse pela área em particular?

Karla Barbosa Klein – Não. Foi acontecendo, quando entrei na faculdade tinha muita afinidade com a área social e clínica, a faculdade onde formei é uma faculdade muito tradicional em Minas Gerais, trabalha muito com a psicanálise muito com a saúde mental e desde o primeiro período eu sempre fiz estágios então passei por diversas áreas como centro de reabilitação, hospital psiquiátrico, CAPS por 2 anos, ONG’s, com egressos do sistema prisional, então fui passando por diversas áreas, criminal, organizacional e social. Então eu tinha certeza que quando saísse da faculdade iria trabalhar na área social. E não foi isso que aconteceu, me formei e foi o que apareceu e no final eu me identifiquei e hoje sou apaixonada e não trocaria por nada.

(En)Cena – Poderia nos falar um pouco sobre as características do trabalho de um psicólogo organizacional, como é o dia a dia na relação com a empresa e com os candidatos.

Karla Barbosa Klein – Vai depender de local para local, na UFT como é uma instituição pública nós não interferimos no processo de recrutamento e seleção, até porque é feita por meio de concurso público. Sendo assim passamos a atuar no dimensionamento de pessoal, para que o concurso ocorra é feito um levantamento em cada setor e área para saber quais os cargos estão com déficit de funcionários, para quais atividade, porque essas pessoas são importantes e avaliar a real necessidade para realizar um concurso para provimento de vagas. Sempre priorizar o que precisa o que vai mais vai funcionar, pois nunca terá vaga para todo mundo. A rotina de trabalho é avaliar por exemplo: qual setor pode colocar tecnologia, o que pode ser contratado terceirizados, o que vai precisar de um profissional mais qualificado. É esse o dimensionamento que fazemos. Faz dimensionamento de carreiras, avaliação de desempenho.

(En)Cena – Segue alguma abordagem teórica?

Karla Barbosa Klein – Na verdade, a área organizacional não é uma área que muito demanda por abordagem, claro que terá influência de grandes teóricos como Christophe Dejours da França um psicanalista, e eu não abro mão desse tipo de leitura, de ter essa troca porque eu acho que é muito rico e é necessário, mas é muito mais voltada para intervenções de grupos, de clima organizacional. No geral eu vejo que a área organizacional é bastante neutra nesse aspecto, usa-se a abordagem comportamental, por exemplo, no meu consultório eu usava a linha comportamental.

(En)Cena – Há quanto tempo você trabalha nesta organização?

Karla Barbosa Klein – 8 anos

(En)Cena – Quais são as principais dificuldades que um psicólogo organizacional hoje encontra na sua atuação?

Karla Barbosa Klein – Primeira coisa a nossa área é extremamente desvalorizada do ponto de vista de investimento econômico de dinheiro mesmo, às vezes tem-se até bons salários, mas você não tem nenhum centavo para fazer serviço nenhum, você precisa de teste e a empresa não quer comprar. Sem ferramentas é muito difícil de atuar, tem que ter uma sala adequada, espaço adequado, ferramentas necessárias. Eu vejo que as instituições cada vez mais estão reconhecendo o papel do profissional isso é fato, estão demandando a presença dos mesmos nas instituições, mas ainda é muito difícil conseguir recursos para trabalhar. Falta investimento por parte dos gestores tanto na empresa pública como na privada.

(En)Cena – Qual é o recado que você deixa para os acadêmicos interessados em trabalhar com Psicologia Organizacional?

Karla Barbosa Klein – Eu vejo que é uma área que vem crescendo cada vez mais, é uma área muito valorizada, as empresas têm muitas demandas há uma procura grande por profissionais qualificados. Quem tem interesse e quer desenvolver na área tem sim grandes demandas e oportunidades. É uma área que precisa muito de mais pesquisas científicas, então é interessante está estudando e desenvolvendo pesquisa e fazendo coisas novas nessa área, porque é uma área que realmente é a MELHOR ÁREA.