Dados de pesquisa do CREPOP – Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas, realizada em 2009, trazem que a maior dificuldade alegada pelos psicólogos escolares está em convencer a equipe que seu trabalho não é clínico. No entanto, este é um caminho necessário para se atender a demanda da psicologia escolar, pois cabe ao psicólogo escolar articular os saberes produzidos nos campos da Educação e da Psicologia Escolar.
As propostas sugeridas nesse trabalho estão de acordo com as orientações e princípios do Conselho Federal de Psicologia (CFP) sobre a atuação do psicólogo na educação.
Defendemos, a partir desses princípios, uma Psicologia Escolar crítica e contextualizada. Esta é possível de ser desenvolvida também por psicólogas (os) que trabalham em áreas que interagem com a Educação, como por exemplo, as áreas da Saúde e da Assistência Social. Para isso, é importante que também esses profissionais, além das (os) psicólogas (os) escolares/educacionais, tenham conhecimento das políticas públicas nacionais de Educação, da rede de atendimento e que encontrem espaços de interlocução para integrar seus conhecimentos e ações (CFP, 2013, p. 68).
O CFP chama a atenção ainda para outro desafio importante que se refere, no âmbito das políticas públicas, ao retorno da visão medicalizante/patologizante que atribui a deficiências do organismo da criança as causas da não aprendizagem.
Daí a necessidade de um profissional de psicologia dentro de uma escola ter cuidado com a alta demanda de solicitações de diagnósticos e testes que podem estigmatizar a criança sendo que, muitas vezes, o problema pode estar na escola e não no aluno. Sobre isto o CFP adverte, “é importante chamar a atenção para a gravidade do atual momento histórico, em que ocorre uma maior incidência de avaliações da qualidade da escola pública e privada oferecida às crianças e jovens brasileiros” (CFP, 2013, p.72). Em relação aos alunos considerados problema, é preciso considerar que a vida escolar é apenas um fragmento da vida da criança. Caso contrário corre-se o risco de estigmatizar pessoas.
REFERÊNCIAS:
CFP, Conselho Federal de Psicologia. Referências técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica. Conselho Federal de Psicologia, Brasília: 2013.