Sonhos na Gestalt Terapia

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A Gestalt-terapia é um modo de exercer psicoterapia através de uma maneira cientifica dinâmica e artística. Idealizada nos anos 50 por Fritz S. Perls. Busca dar ao individuo meios precisos para seu desenvolvimento e compreender a forma como o homem inter-relaciona-se com o mundo.

Nessa vertente, Perls considera que a Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterápica que procura ver o homem como um todo. Fazendo com que o individuo empregue suas emoções, sentimentos e sensações, além das funções cognitivas (PERLS, 1997).

De acordo com Loffredo (1994, p.74)

Nesta filosofia está a concepção de homem, das relações humanas e , dela oriunda, da relação terapeuta é cliente que fundamentam a Gestalt-terapia, proporcionando uma estrutura de conjunto, formando um Gestalt, pois um leque só é montado através do ponto comum que une os segmentos.

E continua,

A Gestalt-Terapia é uma modalidade de psicoterapia existencial, enquanto uma forma característica de reflexão sobre a existência humana. Tem em comum, com as outras da mesma linhagem, a concepção do homem com o ser-no-mundo, como ser-em-relação, numa dialética na qual cria e é criado nesta relação, num vir-a-ser, que nunca se completa, um movimento continuo alimentado por um conjunto de potencialidades, sempre em aberto, que caracteriza o eterno projeto que é o existir humano (1994, p.74).

Portanto, essa abordagem se apresenta como uma maneira de vivenciar o aqui- e-agora e Perls considera necessário focalizar no que está perto, no presente. O que vivenciam no presente serão visíveis elementos do que possa lidar com o novo. Para a Gestalt terapia, o individuo está em processo de desenvolvimento e crescimento do potencial humano, que só será ampliado através da integração.  É vista como a terapia do contato, onde considera que o individuo se encontra em iteração o tempo todo com o meio que está inserido. Havendo êxito da forma de viver, evitando adoecimento existencial.  É importante enfatizar que só ocorrera  mudanças, quando o indivíduo se torna consciente das suas escolhas,  para possíveis mudanças , alcançando seu equilíbrio, e tornando suas escolhas reais e necessárias a partir do contato.

Gestalt-Terapia, embora formalmente apresentada como um tipo de psicoterapia, é baseada em princípios que são considerados como uma forma saudável de vida. Em outras palavras, é primeiro uma filosofia de vida, uma forma de ser, e com base nisto, há maneiras de aplicar este conhecimento de forma que outras pessoas possam beneficiar-se dele. Gestalt-Terapia é a organização prática da filosofia da Gestalt. Felizmente o gestalt-terapeuta é antes identificado por quem ele é como pessoa, do que pelo que é ou faz. (Perls, op.cit, p. 14).

Conheça três livros essenciais para a gestalt-terapia

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 Sonhos na psicologia

As abordagens da psicologia veem os sonhos de maneiras diferentes, cada uma interpreta e utiliza de forma diversa na psicoterapia. As principais abordagens que teorizam sobre eles são a psicanálise, a psicologia analítica, a gestalt, o behaviorismo e a cognitiva.

De acordo com Zimermam (2008), Freud foi o primeiro cientista a dar dimensão científica ao entendimento dos sonhos. Aires (2011) afirma que a psicanálise vê o sonho como um texto a ser decifrado e utiliza-se da ideia de que esses conteúdos envolvem signos e significações complexas que podem ser reveladas com a técnica analítica. Para Freud (1900), os sonhos possuem um sentido e são realizações de desejos, além de ser uma forma de acesso ao inconsciente.

Na psicanálise contemporânea, se considera que os sonhos podem significar uma realização de desejo, todavia, isso não é o principal, pois para os analistas o surgimento de sonhos no paciente em períodos do processo analítico, mostra que a “mente do paciente está, trabalhando”. O analista também preocupa-se em conhecer o que determina um sonho específico, as conexões entre os sonhos sonhados em uma mesma noite, em busca de significações das angústias (ZIMERMAN, 2008). A interpretação permite encontrar o sentido de um sonho percorrendo o caminho que leva do conteúdo manifesto aos pensamentos latentes, pois, o que se interpreta é o relato do sonho. (GARCIA-ROZA, 2009).

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Fonte: http://ritacolatino.blogspot.com.br/2011/04/10-curiosidades-sobre-os-sonhos.html

Na psicologia analítica de Jung (1997, p. 26)  “os sonhos são o mais fecundo e acessível campo de exploração para quem deseje investigar a faculdade de simbolização do homem”. Ele afirma que o sonho possui uma função complementar na constituição psíquica, trata-se de tentar restabelecer a balança psicológica, produzindo um material que reconstitui o equilíbrio psíquico. Ele também acredita que o inconsciente transmite informações através dos sonhos e que para interpretar os sonhos é necessário uma aproximação dele na esfera das mitologias e nas fábulas das florestas primitivas, pois os símbolos oníricos são os mensageiros da parte instintiva da mente humana para a parte racional. O autor ressalta que os símbolos oníricos não podem ser separados da pessoa que sonhou e da mesma forma não existem interpretações definidas para os sonhos, mas é importante saber de algumas generalizações que ajudem a esclarecer alguns materiais dos sonhos. As figuras dos sonhos personificam algum aspecto da nossa personalidade, chamadas por de sombra, anima, animus e Self.   um sonho revela o inconsciente sob a forma de imagem, metáfora e símbolo (VON FRANZ, 1988).

Sobre a atuação na clínica Jung (1997) afirma que  é muito importante saber se as personalidades do paciente e terapeuta são harmônicas, divergentes ou complementares, pois a análise dos sonhos leva a um confronto entre os dois.  Também acredita que assim como os pensamentos conscientes se ocupam do futuro e de suas possibilidades, isso também ocorre com o inconsciente e os sonhos. Isto é possível pois o inconsciente toma suas vontades instintivamente através de formas de pensamento correspondentes, os arquétipos.

De acordo com Von Franz (1997) Jung descobriu que os sonhos dizem respeito à vida de quem sonha e  também são parte de fatores psicológicos. Além disso parecem obedecer a uma determinada configuração ou esquema, o processo de individuação.  Pois ao se estudar os sonhos e sua sequência, pode-se verificar que alguns conteúdos emergem, desaparecem e retornam. Sonhos que repetem figuras, paisagens ou situações, ao serem analisados, observa-se que sofrem mudanças lentas, porém perceptíveis, que podem acelerar se a atitude consciente do sonhador for influenciada pela interpretação dos sonhos e dos conteúdos simbólicos, ou seja, uma ação de tendência reguladora que gera um processo lento e imperceptível de crescimento psíquico.

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Dentro da psicologia comportamental não há muitos estudos sobre os sonhos,  porém Skinner levantou algumas questões sobre os sonhos quando escreveu sobre Comportamento Encoberto e Comportamento Verbal.  Os comportamentos encobertos, como o sonhar, o pensar, sentir, não são considerados como eventos mentais ou cognitivos, pois uma das principais tarefas do terapeuta comportamental é levar os clientes a perceberem como seus comportamentos encobertos são um dos elos da contingência tríplice a ser analisada, e como eles se relacionam a outros eventos do mundo interno e externo, possibilitando a modificação de seu comportamento (BACHTOLD, 1999).

Para isso é importante o relato verbal, que, por ser influenciado por questões sociais, acaba evidenciando aspectos públicos e não somente privados do indivíduo. Dessa forma, os terapeutas usam estes relatos para uma intervenção que faz uso da interpretação com objetivo de identificar as variáveis sociais dos relatos e conduta que controlam, uma análise do episódio verbal através de perguntas. Ou seja, sonhar é comporta-se, e seu relato, sob estímulos verbais e ambientais, será utilizado para melhorar o autoconhecimento do cliente, numa interação terapeuta-cliente, uma vez que é um importante fornecedor de dados sobre a história do sujeito e permite a este se conscientizar de seu comportamento e do que o controla (BACHTOLD, 1999).

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O modelo cognitivo concebe o sonho como dramatização das crenças do individuo sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro, o qual está sujeito às mesmas distorções de quando acordado. Ele está relacionado a sua personalidade, as preocupações conscientes são manifestas no sonho e é uma história que pode ser relatada, ou registrada, e discutida com objetivos. Os sonhos podem também ser utilizados com o propósito de confirmação ou refutação de hipóteses diagnósticas, pois seus temas estão correlacionados com categorias diagnósticas, como por exemplo, depressivos relatam sonhos de derrota e coerção. Ademais a maneira como o cliente lembra detalhes e interpreta as memórias do sonho será peculiar e característico de sua personalidade. O trabalho terapêutico com eles pode ser escolhido como estratégia em momentos em que a terapia parece estar estática, ou quando emoções fortes são vivenciadas neles. Serão explorados na interpretação aspectos como: quando ocorreu o sonho, qual era a cena, o que pensou, o que sentiu e o que fez e os personagens envolvidos também serão explorados caracterizando o acesso, experienciação, modificação e ação sobre os sonhos, através de perguntas (SHINOHARA, 2006).

Sob a visão fenomenológica existencial sartriana o sonho não é percebido como um objeto real, mas como irreal e produto da consciência imaginante, criado pela atitude de negação do mundo, produzindo um mundo análogo ao real como enredo, com espacialidade e temporalidade que lhe são próprias. Assim, o terapeuta pode fazer com que o sonhador se aproxime das experiências que são manifestadas no contato com o material onírico, pois a análise do próprio relato  é uma maneira de observar elementos importantes sobre a vida do sonhador. A função do analista é auxiliar o paciente a regredir em sua história pessoal até chegar ao sentido do seu projeto inicial. Nesta perspectiva, deixar que o sonho se revele tal como é, trazê-lo para o mundo real, permite a descoberta de outros significados presentes na existência do sujeito (MILHORIM, CASARINI, SCORSOLINI-COMIN, 2013).

Fonte: http://vozdapsicologia.blogspot.com.br/2013/08/feliz-dia-do-psicologo.html

De acordo com os autores acima, sob uma ótica Heideggeriana o sonhar é dependente da história de vida do sonhador, é visto também como “uma experiência que depende da continuidade histórica da vida humana, se constituindo como um acontecimento pertencente à própria experiência” (p. 89). O significado e interpretação do sonho estão relacionados  ao conteúdo manifesto e o modo como o sonhador se relaciona com isso demonstrará toda a condição existencial deste, sendo necessário para isso, investigar sua vida interior e exterior.

De acordo com Santana (2005), outra teoria que pode auxiliar na interpretação dos sonhos, porém não trata sobre o tema é a Teoria da Subjetividade de González Rey, em que o sonho pode ser visto como expressão da emoção e da produção de sentidos constituídos pela nossa personalidade, que é um sistema dinâmico, em permanente construção relacionada aos contextos sociais e culturais. Dessa forma,

a) o sonho é uma expressão da emoção, b) os sonhos são produzidos a partir dos nossos sentidos, c) a única pessoa capaz de perceber e que pode significar os elementos, e o significado ao sonho é o próprio sonhador; d) o mesmo sonho e o mesmo símbolo sempre terão, em pessoas diferentes, sentidos e significados diferentes; e) as interpretações dos sonhos estão sempre em seguidas transformações e construções, nunca tendo uma compreensão definitiva; e f) cada compreensão do sonho só terá aquele significado para o sonhador naquele momento e configuração de sentido e cultural (SANTANA, 2005, p. 14).

Dessa forma, existem várias formas de interpretar os sonhos de acordo com a abordagem utilizada, mas todas possuem o objetivo de melhor compreender o sujeito de forma que é mais uma técnica utilizada em psicoterapia na busca do conhecimento do sujeito.

Gestalt e Sonhos

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No trabalho com os sonhos a pessoa é instruída a recontar o sonho como se ele estivesse acontecendo no presente, ou seja, aqui e agora, este simples artifício de linguagem utilizado pela gestalt terapia coloca a pessoa em contato com o seus conteúdos de uma forma mais energizada para o desenvolvimento do processo. O trabalho com os sonhos consiste r em perceber, com os sentidos, as emoções, o impacto subjetivo das imagens eventualmente encenadas, permitindo experienciar o sonho no aqui e agora (SANTANA, 2014).

Por tratar-se de algo no qual é a criação mais espontânea da pessoa, pois surge sem intenção ou ao menos desejo, ele simplesmente permeia nossos pensamentos, sendo composto pelo sonhador de parte em partes vivencia, experiência, uma junção da memória e realidade, Deve ser entendido como temático em vez de simbólico. A compreensão do conteúdo e dos temas dos sonhos oferece oportunidade para o cliente entender suas cognições e questionar os pensamentos, podendo ter, como resultado, uma mudança afetiva (FILHO, 2002).

Perls (1974, apud FILHO 2002, p. 35) qualifica a gestalt terapia como uma abordagem existencial, dado que não se limita a lidar com sintomas e estruturas de caráter; ocupa-se, em lugar disto, com a existência total da pessoa cujos fenômenos são claramente indícios em sonhos.

A concentração visa o reconhecimento com as possibilidades de identificação com os componentes do sonho onde a pessoa amplia sua percepção a respeito de seu senso de diversidade e descobre algo sobre si mesma.

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Os sonhos abraçam muito de nossa existência portanto PERLS desenvolveu algumas formas de trabalho com as mesma,estas permitem a ampliação do senso de diversidade ,ampliando a experiência do eu .a escolha da forma de trabalho depende só do eu . A escolha da forma de trabalho depende do cliente ele deve ser ativo nesse processo  especifico e da habilidade de psicoterapeuta.Só se pode trabalhar o que já foi disponibilizado pelo cliente, quando o cliente já desenvolveu awareness (conscientização) de suas coisas no setting terapêutico e sempre a nível sensorial ou de percepção e nunca de ação. Assim, de acordo com Santana (2014, p. 97), sobre a Gestalt Terapia e os sonhos,

são formas de experimentos básicos em GT encenação, dramatização, trabalhos para casa ou outras atividades que promovam a autoconsciência do indivíduo. Na utilização do sonho como experimento, o cliente/paciente poderá falar sobre este, identificando elementos em termos de importância e, isso permitirá que a pessoa assuma a responsabilidade (tomada de responsabilidade individual pela sua própria vida, em vez de culpar os outros) pelos sonhos, aumentando a consciência de seus pensamentos e emoções. O sonho pode ser usado como experimento em GT, a partir do recurso de psicodrama ou monodrama.

A forma de trabalho proposta por PERLS (1997) e a partir da sua visão do sonho como projeção, pontuando que todos os componentes do sonho são representações do sonhador e assim aquele que sonha e auxiliado a representar as partes de seu sonhos de forma ativa no presente, este ponto de partida possibilita na experiência sempre nova e interessante para o psicoterapeuta e cliente.

REFERÊNCIAS

BACHTOLD, L. Os sonhos na Terapia Comportamental. Interação, v. 3, p. 21 a 34, Curitiba, 1999. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/psicologia/article/viewFile/7658/5461>. Acesso em: 13 abril 2016.

FILHO, A. P. Gestalt e Sonhos. São Paulo: Summus, 2002.

GARCIA-ROZA, L. A. Freud e o inconsciente. 24.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

LOFFREDO, A.M. A cara e o rosto: ensaios sobre Gestalt-terapia. São Paulo: Escuta 1994.

PERLS, Frederick; RALPH Hefferline; GOODMAN Paul. Gestalt-terapia. Summus Editorial. 1997. Disponível em<https://books.google.com.br/books?id=b9pCM5xaJ6IC&dq=gestalt+terapia+na+psicologia&lr=&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s >.  Acesso em : 23/04/2016

MILHORIM, T. K.; CASARINI, K. A.; SCORSOLINI-COMIN, F. Os sonhos nas diferentes abordagens psicológicas: apontamentos para a prática psicoterápica. Rev. SPAGESP, Ribeirão Preto , v. 14, n. 1, p. 79-95, 2013 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702013000100009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 08 maio 2016.

PERLS e orgs. Isto é Gestalt. Summus: São Paulo, 1977.

SANTANA, Henrique Dantas de. A compreensão do sonho no processo terapêutico. 2005. 36 f. TCC (Graduação) – Curso de Psicologia, Uniceub – Centro Universitário de Brasília, Brasilia, 2005. Disponível em: <http://www.repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/3043/2/20010815.pdf>. Acesso em: 08 maio 2016.

SANTANA, Djeane da Silva; YANO, Luciane Patrícia. Experimentos em gestalt-terapia: os sonhos como recurso integrativo. Rev. NUFEN, Belém , v. 6, n. 2, p. 91-101, 2014 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912014000200007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 12 maio 2016.

SHINOHARA, H. O trabalho com sonhos na terapia cognitiva. Rev. bras.ter. cogn.,  Rio de Janeiro ,  v. 2, n. 2, p. 85-90, 2006 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872006000200008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  08  maio  2016.

VON FRANZ, M. L. O processo de individuação. In: JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997

___. O caminho dos sonhos. São Paulo, Editora Cultrix, 1988.

ZIMERMAN, D. E. Manual de técnica psicanalítica: uma re-visão. Porto Alegre : Artmed, 2008.