O surgimento do estresse e seus fatores desencadeantes na vida de Ross.

“Ross Geller, personagem de Friends (1994-2004)

Giovanna Bernardo Serra  (Acadêmica de Psicologia) – giovannabernardo@rede.ulbra.br

Em 22 de setembro de 1994 foi lançado o primeiro episódio do que seria uma das séries mais assistidas pelo mundo, o sitcom americano “Friends”. A série que veio ao ar através da rede de televisão NBC pautava sua história de um grupo de amigos que vivia em Manhattan, na cidade de Nova York. Durante dez temporadas a sitcom apresenta o dia a dia desses 6 amigos, suas aventuras, amores, tristezas, alegrias, conquistas e perdas.

Ross Geller, interpretado por David Lawrence Schwimmer, é um dos personagens que mais causa controvérsias entres os fãs da série: nunca se sabe quem o ama, ou quem o acha extremamente antipático. Ele é irmão mais velho de Monica, vista na série como a principal anfitriã de todos durante as dez temporadas. Ross se torna conhecido como o cara dos divórcios, devido aos seus três casamentos findados. Analisando o personagem a fundo, podemos enxergar a grande expectativa que seus pais sempre colocaram sobre ele, pois ao ser visto como o preferido, ele trava uma caminhada para conseguir se manter na posição de “bom filho” mesmo após sair da casa de seus pais.

Esses e outros fatores mal resolvidos internamente culminam em uma grande rigidez na sua personalidade e consequentemente, geram um estresse que acaba por dominá-lo em determinadas ocasiões, que vistas externamente, poderiam ter sido administradas.

Um dos fatores importantes que podemos nos lembrar é que, o estresse exagerado não surge de repente em nós. Assim como a maioria dos sintomas emocionais, saudáveis ou não, ele precisa ser cultivado até que se torne um traço significativo da nossa personalidade. Por isso é importante termos a prática da auto análise e auto conhecimento, para identificar os padrões que repetimos e que formam quem somos e/ou seremos.

Margis et al. (2003) nos mostra que o estresse é gerado pela quebra da homeostase, conhecido de maneira popular, como o equilíbrio. Viver sempre em desequilíbrio seria algo que o organismo humano não conseguiria suportar, e por isso acabamos por nos tornar seres que estão constantemente buscando a homeostase. Quando esse equilíbrio é quebrado, podendo ocorrer por diversas situações(como no exemplo de Ross o divórcio, ou quando descobriu que seria pai e até mesmo quando comeram o seu sanduíche sem o seu consentimento prévio) surge então o estressor, sendo definido como o evento que conduz ao estresse.

A partir do evento vem a resposta do indivíduo ao estresse gerado, essa resposta pode ser destrinchada em três níveis (Margis et al., 2003). Para fins didáticos veremos eles separadamente, mas sabemos que na realidade eles se misturam entre si e não podem ser separados uns dos outros.

Margis et al. (2003) nos mostra que o primeiro nível é o cognitivo, esse nível é caracterizado pela percepção que a pessoa tem do evento estimulante, entendemos então que uma mesma situação pode ser vista como estressante para alguns e para outros não, pois o ponto principal é a percepção e não o evento em si.

Isso deve trazer um olhar de cuidado sobre nós e nossa mente, pois muitas vezes realiza-se interpretações carregadas de distorções por não estar com a mente sã. Um exemplo que podemos enxergar na vida de Ross é quando ele tem um rompante de estresse e tristeza após alguém comer seu sanduíche no serviço; uma situação que não deveria ser levada a essa proporção, acabou gerando grande aflição para ele.

O segundo nível é o comportamental, aqui é onde o estresse se externaliza e pode ser visto pelas pessoas, sendo um dos comportamentos básicos o enfrentamento, também conhecido como ataque, evitação, fuga ou passividade (Margis et al 2003), e cada resposta poderá ser modelada pelas consequências geradas.

                                                                                                                                fonte pixabay

O fisiológico é o terceiro nível. Nesse nível temos diferentes pontos de vista, como por exemplo o evolutivo, que diz termos herdado os fatores estressantes, assim como o medo e ansiedade, dos nossos antepassados.

Nesse ínterim, importante pontuar que não somos capazes de viver uma vida sem estresse. stresse assim como o medo, tristeza, culpa e diversos sentimentos que por vezes não nos sentimos confortáveis em vivenciar, fazem parte da vida humana e tentar fugir deles a todo custo seria uma tarefa exaustante e impossível de ser realizada. O que podemos e devemos fazer é buscar a administração desse estresse, entendendo aquilo que é mais propenso a desencadeá-lo e quais as maneiras de dominar quando ele se fizer presente e como podemos lidar de maneira funcional. Essa lógica não se aplica somente ao estresse mas com todos os sentimentos que nos constroem.;para a busca de uma vida mais saudável, leve e feliz, tanto no trabalho, como nas nossas relações pessoais.

REFERÊNCIAS:

Margis, et al. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Março de 2003.