A dinâmica conjugal pode ser alterada por meio da comunicação firmada entre os membros da relação. A Comunicação Não-Violenta pode ser benéfica para a construção de um relacionamento saudável e respeitoso.
Daniela Iunes Peixoto – danielaiunesp@rede.ulbra.br
A comunicação é um dos pilares fundamentais para o funcionamento saudável dos relacionamentos conjugais. É através da comunicação que os parceiros se conectam, expressam seus sentimentos, necessidades e preocupações, e constroem uma base sólida de entendimento mútuo. Nesse contexto, a habilidade de se comunicar de forma eficaz e respeitosa se torna crucial para fortalecer a intimidade, resolver conflitos e promover a harmonia no relacionamento.
Uma comunicação aberta e sincera permite que os parceiros compartilhem suas alegrias, tristezas, desejos e expectativas. Ela cria um espaço seguro para que cada um possa expressar suas emoções e pensamentos sem medo de julgamento ou rejeição. Quando as pessoas se sentem ouvidas e compreendidas, a conexão emocional se fortalece, criando um ambiente de confiança e apoio mútuo.
Além disso, a comunicação eficaz é essencial para a resolução de conflitos. Em qualquer relacionamento, é inevitável que ocorram desentendimentos e divergências de opiniões. No entanto, a forma como esses conflitos são abordados faz toda a diferença. Através de uma comunicação saudável, os parceiros podem expressar seus pontos de vista de maneira respeitosa, ouvir ativamente o outro e buscar soluções conjuntas. Isso permite que as questões sejam resolvidas de forma construtiva, fortalecendo o relacionamento ao invés de miná-lo.
Além disso, a comunicação eficaz também contribui para a construção de expectativas realistas no relacionamento. Quando os parceiros se comunicam de forma clara e aberta, eles podem compartilhar seus desejos, metas e expectativas em relação ao relacionamento. Isso ajuda a alinhar as visões de futuro, promover comprometimento e evitar mal-entendidos que podem levar a frustrações e conflitos futuros.
A falta de comunicação é uma das principais causas de problemas nos relacionamentos conjugais. Quando os parceiros deixam de se comunicar de maneira adequada, uma série de consequências negativas podem surgir, afetando a saúde e a qualidade do relacionamento. É essencial compreender os impactos dessa falta de comunicação para buscar soluções e promover a melhoria no convívio a dois.
Um dos impactos mais significativos da falta de comunicação é a falta de entendimento mútuo. Quando os parceiros não se comunicam de forma clara e aberta, os pensamentos, sentimentos e necessidades podem ser mal interpretados ou simplesmente ignorados. Isso gera frustração e ressentimento, pois um dos pilares de um relacionamento saudável é a capacidade de se expressar e ser compreendido pelo outro.
A falta de comunicação também pode levar à distância emocional. Quando os parceiros não se abrem para compartilhar suas experiências, preocupações e sonhos, a conexão emocional começa a enfraquecer. A falta de diálogo impede o fortalecimento do vínculo afetivo, levando a uma sensação de solidão e isolamento mesmo estando em um relacionamento. A intimidade emocional, que é essencial para a saúde e a satisfação do relacionamento, se perde quando a comunicação é negligenciada.
Além disso, a falta de comunicação dificulta a resolução de conflitos. Os desentendimentos e divergências são naturais em qualquer relacionamento, mas quando não há um canal adequado de comunicação, esses conflitos tendem a se acumular e se agravar. Sem uma comunicação eficaz, os parceiros não conseguem expressar suas preocupações, ouvir as perspectivas do outro e buscar soluções em conjunto. Isso pode resultar em um ciclo de ressentimento, raiva e mágoa, prejudicando cada vez mais a qualidade do relacionamento.
Outro impacto da falta de comunicação é a erosão da confiança. A confiança é construída por meio de uma comunicação aberta, honesta e consistente. Quando a comunicação é escassa ou ineficiente, os parceiros começam a duvidar da sinceridade e da confiabilidade um do outro. A falta de confiança mina a estabilidade do relacionamento, tornando difícil estabelecer uma base sólida para o crescimento e a intimidade.
Ademais, a falta de comunicação pode levar à estagnação do relacionamento. Sem um diálogo ativo, os parceiros deixam de se conhecer e de evoluir juntos. As expectativas, os desejos e as metas podem permanecer desconhecidos, resultando em um relacionamento estagnado e sem perspectivas de crescimento mútuo.
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Diante disso, apresenta-se a Comunicação Não-Violenta, trazida por Marshall B. Rosenberg e autor do livro “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais” (2013). O objetivo da obra é nos recordar do que já sabemos, como seres humanos, sobre como devemos nos relacionar uns com os outros, e nos auxiliar a viver de forma a expressar esse conhecimento de maneira tangível, citou Rosenberg (2013) em sua obra.
Rosenberg (2013) também expõe que, através da Comunicação Não-Violenta (CNV), é possível reconfigurar a forma como os indivíduos se expressam e se ouvem mutuamente. Em vez das palavras serem repetitivas e automáticas, elas se tornam conscientes e estão fundamentadas na percepção, nos sentimentos e nos desejos do indivíduo. A CNV inspira uma expressão honesta e clara, ao mesmo tempo em que oferece aos outros uma atenção respeitosa e empática. Em cada interação, acabamos por escutar as nossas necessidades mais profundas e as dos outros.
A Comunicação Não-Violenta desempenha um papel fundamental na melhoria dos relacionamentos conjugais, pois oferece uma abordagem empática, compassiva e respeitosa na forma como os parceiros se comunicam. A CNV ajuda a criar um ambiente seguro e acolhedor para a expressão dos sentimentos, necessidades e desejos de cada um, promovendo uma conexão mais profunda e uma melhor compreensão mútua.
Em primeiro lugar, a CNV facilita a escuta ativa e empática. Os parceiros aprendem a ouvir verdadeiramente um ao outro, buscando compreender as emoções subjacentes e as necessidades não atendidas por trás das palavras. Isso gera um senso de validação e acolhimento, fortalecendo a confiança e a intimidade no relacionamento.
Além disso, essa forma alternativa de comunicação incentiva a expressão honesta e autêntica. Os parceiros são encorajados a comunicar seus sentimentos e necessidades de maneira clara, porém não acusatória. Isso cria um espaço seguro para que ambos expressem suas preocupações e desejos, sem medo de críticas ou retaliação. A comunicação aberta e transparente promovida pela prática de Rosenberg contribui para a construção de um ambiente de confiança e respeito mútuo.
A CNV também ajuda na resolução de conflitos. Ao invés de recorrer a estratégias destrutivas, como a crítica ou a culpar o parceiro, essa prática oferece ferramentas para expressar as próprias necessidades e buscar soluções que levem em consideração as necessidades de ambos. Os parceiros aprendem a lidar com os conflitos de forma construtiva, promovendo a colaboração, a compreensão mútua e a busca de compromissos que sejam satisfatórios para ambos.
Outro aspecto importante da CNV é o desenvolvimento da empatia. Ao praticá-la, os parceiros são incentivados a cultivar a habilidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo suas emoções e necessidades. Isso fortalece a conexão emocional e a empatia mútua, construindo uma base sólida para a compaixão e o apoio mútuo.
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A substituição do julgamento pela observação é um dos princípios fundamentais da Comunicação Não-Violenta, como abordado por Rosenberg (2013). Na CNV, busca-se abordar os fatos em vez de expressar opiniões, comunicando às pessoas as observações feitas e permitindo que elas próprias cheguem a conclusões sobre suas ações. Além disso, também promove um profundo autoconhecimento em relação aos próprios sentimentos, bem como uma conscientização dos sentimentos dos outros. Uma prática valiosa para desenvolver a inteligência emocional é a habilidade de nomear os sentimentos no dia a dia, ao invés de apenas expressá-los de forma inconsciente.
A CNV requer uma transformação gradual de hábitos, como a prática de evitar o julgamento, cultivar a empatia na troca de diálogos, identificar os próprios sentimentos e necessidades perante as situações, e estar consciente do momento presente. Essa mudança permite estar verdadeiramente presente com o outro, compreendendo seus sentimentos e necessidades, possibilitando que ambos façam escolhas estratégicas que beneficiem a si mesmos.
REFERÊNCIAS
CALIL, V. L. L. Terapia familiar e de casal: introdução às abordagens sistêmicas e psicanalítica. Vol. 31. São Paulo: Grupo Editorial Summus, 1987.
MINUCHIN, S.; LEE, W. Y.; SIMON, G. M. Dominando a terapia familiar. 2. ed. Tradução de G. Klein. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Trabalho original publicado em 1996).
ROSENBERG, M. B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 2. ed. Tradução de M. Vilella. São Paulo: Ágora, 2013. (Trabalho original publicado em 2006).