Acadêmica de Psicologia é premiada no 13º concurso Marisa Decat Moura

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Diane Karen Lopes é estudante do décimo período do curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. Ingressou no ano de 2015 e ao longo da sua vida acadêmica tem desenvolvido o seu interesse pela pesquisa, tendo participado do Projeto de Iniciação Científica, da mesma instituição, onde o seu trabalho resultou em 2018 na premiação de primeiro lugar como Jovem Pesquisadora na área de ciências humanas na 18ª Jornada de Iniciação Científica, um evento que incentiva e valoriza a pesquisa no âmbito acadêmico.

Nessa fase final em que o estudante desenvolve o seu trabalho de conclusão de curso-TCC, Diane demonstrou interesse em dar continuidade ao seu viés de pesquisadora e como área de estudo escolheu a psicologia hospitalar, pois considera seguir para um mestrado logo após a sua graduação. Sob a orientação da professora doutora Renata Alves Bandeira realizou o seu trabalho voltado para o “adoecimento psíquico dos profissionais que prestam cuidados intensivos”, mas o objetivo era fazer desse estudo algo muito maior, que pudesse ser aplicado na realidade prática do contexto desses profissionais e publicado para fins de conhecimento e análise.

A estudante pesquisadora viu no XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) ocorrido em 01 a 04 de setembro do corrente ano, a oportunidade de publicar a sua pesquisa, submetendo o seu trabalho ao concurso do 13º prêmio Marisa Decat Moura, sócia-fundadora da SBPH e homenageada do evento, em memória, que qualificava a inovação nos trabalhos científicos nessa área de atuação da psicologia.

Fonte: encurtador.com.br/hyGP8

O trabalho de Diane que inicialmente estava concorrendo à categoria pesquisador júnior do prêmio, que abrangia os acadêmicos ou com formação recente em psicologia, em análise da comissão para a classificação foi elevado à categoria sênior, que seria para psicólogos com maior tempo de formação, em razão da qualidade do estudo apresentado.

Diane Karen Lopes foi premiada em segundo lugar no 13º prêmio Marisa Decat Moura, que significa mais que uma menção honrosa e um valor em dinheiro, mas sim um reconhecimento por todo o empenho dessa estudante pesquisadora, que deu seus primeiros passos na academia, mas que segue em busca de mudanças na sua área de conhecimento que é a psicologia, por meio da pesquisa, de modo a contribuir para avanços e mudanças, no que se refere a prática do profissional psicólogo.

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Transtorno Bipolar: é possível vencer?

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O Transtorno Bipolar é uma doença caracterizada por episódios de mudança repentina de humor, que vão desde estados de alegria e tristeza, até episódios de euforia e depressão, podendo ocorrer simultaneamente ou não. Em casos mais graves o paciente pode apresentar sintomas psicóticos, como alucinações e delírios.

A causa para o Transtorno Bipolar não é inteiramente conhecida, no entanto sabe-se que questões biológicas, genéticas, sociais e psicológicas formam um conjunto de fatores que podem desencadear a doença.

O Transtorno Bipolar tem grande impacto na vida do paciente, de sua família e da sociedade. Além do sofrimento psíquico, o paciente tem dificuldade em suas relações sociais e pode ter prejuízos em sua vida financeira, em sua saúde e até mesmo em sua reputação.

Para mostrar que com o tratamento correto é possível que o paciente bipolar viva bem, o (En)Cena conversou com Raphael Henrique Travia, Tecnólogo em Gestão Hospitalar e Conselheiro Municipal de Cultura em Joinville-SC. Desde a infância Raphael já apresentava sintomas de transtorno mental. Foi tratado por muitos anos de forma errada e encontrou no CAPS de Joinville o diagnóstico e o tratamento correto, o que mudou sua vida radicalmente.

Foto: Jaksson Zanco

(En)Cena – Como foi sua infância?

Raphael Henrique Travia – Sou uma pessoa com deficiência física devido à paralisia cerebral por falta de oxigênio no meu cérebro no momento do parto. Meus pais se separaram quando eu tinha 5 anos de idade. Aos 7 anos fiz uma cirurgia para corrigir um problema no pé direito (pisava apenas com a ponta do pé). Numa noite, aos 7 anos, acordei de um pesadelo e comecei a enxergar aranhas e cobras coloridas pelo meu quarto. Essas visões desapareciam quando eu acendia a luz. Na escola sempre gostei de estudar, de escrever e odiava educação física. Posso dizer que passei grande parte da infância assistindo televisão, adorava os desenhos japoneses como “Os Cavaleiros do Zodíaco”.

(En)Cena – Em que a paralisia cerebral afetou em sua vida? As aranhas e cobras coloridas que você começou a enxergar depois daquele pesadelo aos 7 anos, foi por causa da paralisia cerebral ou foi o começo dos surtos psicóticos?

Raphael Henrique Travia – As aranhas e cobras que comecei a enxergar aos 7 anos foram o princípio do transtorno mental. Quanto à paralisia cerebral, ela me trouxe a deficiência física e não posso dizer que isso é legal, pois o mundo é cruel com todos aqueles que não se enquadram no padrão da perfeição. Mas posso dizer que tive até sorte, pois as únicas sequelas que tive foram ter ficado manco e com leves problemas de coordenação motora, tenho pouca visão no olho direito e estrabismo, mas para isso existe óculos.

(En)Cena – Quando você foi diagnosticado pelos médicos que possuía um transtorno mental? E psiquiatricamente falando, que transtorno você possui?

Raphael Henrique Travia – Aos 15 anos tive um surto bem forte, enxergava o meu corpo deformado e estava numa forte depressão, pois minha mãe tinha acabado de perder sua fortuna. Passamos de uma situação financeira excelente para a miséria do dia para a noite. Passei 10 anos sendo tratado como se tivesse esquizofrenia, várias internações onde eu só voltava pior. Aos 25 anos quando entrei na faculdade tive um surto de felicidade e daí fui corretamente diagnosticado como Bipolar.

(En)Cena – Você passou 25 anos da sua vida sem saber exatamente o que tinha, sendo tratado de forma errada. Em que isso te prejudicou?

Raphael Henrique Travia – Entrava em cursos que não conseguia terminar porque o surto chegava. Algumas pessoas achavam que eu era perverso, estranho e idiota. Que eu era mau caráter. Um dos psiquiatras que me atendeu dizia que eu não tinha transtorno mental nenhum, que eu era o eterno Peter Pan. Fiz alguns inimigos, e inclusive fui mandado para o manicômio pelo CAPS que frequentei antes de chegar em Joinville.

(En)Cena – Qual o seu grau de bipolaridade e quais os sintomas?

Raphael Henrique Travia – Quando estou em surto, a televisão, rádio e todos os meios de comunicação começam a falar comigo, é como se eu fosse perseguido por eles. Fatos e falas da minha vida aparecem repentinamente em novelas, jornais etc. Quando estou em alta não consigo parar de rir, tenho ideias brilhantes e sou um persuasivo, enfático demais. Na fase baixa não tenho vontade de fazer nada, não consigo dormir e fico perdido como uma criança pequena. Não sei dizer o grau da bipolaridade, sei que agora ela não me incomoda mais e nem incomoda os outros. Faz uns três anos que estou bem.

(En)Cena – Há três anos você está bem. É o tempo que você está em Joinville? Sabemos que você frequentou o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Joinville. Foi isso que te ajudou?

Raphael Henrique Travia – Morei um tempo sozinho no meio Oeste Catarinense. Em 2008 minha família (mãe, irmão, cunhada e sobrinhos) saiu do Meio Oeste e veio para Joinville tentar uma vida melhor. Naquele tempo eu estava fazendo curso de aprendizagem em desenho mecânico no SENAI e queria terminar o curso, mas surtei. Fui internado numa ala psiquiátrica do Hospital Geral e não funcionou. Então o CAPS daquela cidade tentou me interditar e me mandou para o manicômio. Quando saí do manicômio vim para Joinville ficar com a família. No primeiro momento o pessoal do CAPS de Joinville não aceitou me atender. Eu estava tão dopado de remédios que eles acharam que eu tinha deficiência mental e eles achavam que eu era uma pessoa ruim devido às informações duvidosas que receberam do CAPS da cidade do interior onde eu morava.

(En)Cena – Mas e depois eles aceitaram te atender?

Raphael Henrique Travia – Me reaproximei do CAPS de Joinville em 2009. Cursava o 1° semestre do Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica Industrial e resolvi escrever um artigo científico para um concurso do CNPq sobre o gênero feminino e a saúde mental. Daí eles puderam perceber que eu não era tão ruim assim. Em 2010 fiz novo vestibular e ingressei no curso de Gestão Hospitalar e quando precisei de ajuda fui aceito.

Raphael presente no 2º Seminário Internacional de Inovação sobre participação e controle social. Foto: Arquivo Pessoal

(En)Cena – E qual foi o papel do CAPS em sua vida? Como você foi ajudado?

Raphael Henrique Travia – Primeiramente em Joinville existe o CAPS III 24 Horas, então eu pude ficar em hospitalidade. Internação nunca mais. E pude entender que algumas características minhas também são frutos da bipolaridade. Pude aprender a exercer liderança sem machucar ninguém e a minha família ao perceber minha melhora começou a aceitar a loucura e a saúde mental. E inclusive fui Conselheiro Municipal de Saúde, me formei na faculdade, pude começar e terminar com dignidade as empreitadas da vida. O CAPS estabeleceu uma grande parceria com a minha faculdade para que eu pudesse me formar, e um dos frutos dessa parceria também é o site www.folhadelirio.com.br. O CAPS é parte da minha vida e eu sou mais um dos muitos personagens que dá vida ao CAPS.

(En)Cena – Você ainda frequenta o CAPS?

Raphael Henrique Travia – Não. Recebi alta em setembro de 2011, mas tenho uma grande ligação com eles. Sempre que posso participo dos eventos abertos à comunidade e estabeleci uma amizade tão forte que sempre que preciso desabafar para não enlouquecer, posso contar com eles. E para viabilizar e atualizar o site www.folhadelirio.com.br nossos encontros e conversas são frequentes, mas não estou lá no papel de usuário.

(En)Cena – Tem algo que você gostaria de falar e que eu não perguntei?

Raphael Henrique Travia – Eu gostaria de dizer que é possível vencer sim! Que a saúde mental machuca, mas que precisamos encontrar forças para resistir. Convido a todos a ler o novo artigo que escrevi sobre a folha de lírio http://www.incubadora.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/2384. Gostaria de informar que o site www.folhadelirio.com.br precisa de novo patrocínio para continuar a existir, pois a nova gestão de Joinville não valorizou este trabalho feito por usuários de saúde mental. E-mail: contato@folhadelirio.com.br

 

Confira os artigos já publicados por Raphael:

Entre lírios e delírios: igualdade de gênero em saúde mental

https://periodicos.ifsc.edu.br/index.php/publicacoes/article/view/1009

 

Folha de Lírio: o jornal virtual da saúde mental

http://www.incubadora.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/2384

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