O legado de Jobs na atuação de Tim Cook

Compartilhe este conteúdo:

O empresário que mesmo diante da responsabilidade herdada, não deixou de pensar em si mesmo e nos outros. 

Certamente já vimos muitas pessoas manuseando smartphones, tablets, notebooks e computadores com um símbolo da maçã. A empresa americana Apple é uma das mais bem sucedidas do mundo em quesito de tecnologia e dispositivos da atualidade. Fundada pelo notório Steve Jobs ( 1955-2011), a empresa é atualmente comandada por Tim Cook. Como atual CEO da empresa, Cook teve e tem a missão de continuar o legado notório deixado por Jobs, honrando o objetivo da empresa: revolucionar o mercado tecnológico e de publicações digitais. 

Nascido em 1960 em Mobile, nos Estados Unidos, formou-se em Engenharia de Produção Industrial pela Universidade de Auburn no início da década de 80 e durante 12 anos trabalhou na IBM (International Business Machines Corporation). Neste período atuou como vice-presidente sênior nas operações de internet. 

Após finalizar seu ciclo de trabalho na IBM, Cook foi diretor de operações da Intelligent Electronics. No final dos anos 90, o próprio Steve Jobs pediu que Tim integrasse o time da Apple e se tornasse o braço direito dele. Neste tempo, se tornou um homem de negócios da empresa e auxiliou na reconstrução do grupo ao lado de Jobs.

Durante algumas vezes substitui Jobs nas funções de CEO, a última quando este precisou se ausentar para tratar da doença terminal. No final de 2011 Steve Jobs faleceu e Tim assumiu como CEO oficialmente e em 2014 esteve nos noticiários quando declarou abertamente ser homossexual. 

De acordo com a Fortune 500, o empresário gosta de fazer caminhadas ao ar livre, ciclismo e ir à academia. Muito discreto quanto a sua vida, ele é conhecido por ser solitário e sua vida pessoal é pouco conhecida. Quanto a sua orientação sexual, declarou que é muito feliz em ser homossexual e que na empresa, todos sabem, mas procura focar nos produtos e clientes da empresa, Tim é o primeiro CEO ser abertamente gay.

Tim passou a ser uma referência fundamental à frente da Apple. Em seus primeiros anos como CEO, lançou vários produtos e promoveu upgrade nos já comercializados. Um exemplo são os queridinhos iPhones. Esse aparelho se tornaram funcionais e facilitadores do cotidiano das pessoas, com vários aplicativos voltados à aprendizagem, segurança e saúde. A ideia de fazer com que todos os aparelhos se conectassem a partir de um mecanismo em comum foi um diferencial, aumentando as vendas e tornando a empresa uma das mais valiosas no mundo. Além disso, esse diferencial da comunicação entre os aparelhos Apple também contempla um aspecto funcional socialmente relevante: a exclusividade, uma vez que a conexão se dá somente entre dispositivos da empresa. 

Tim Cook é um dos CEOs mais bem sucedidos do mundo
Fonte: encr.pw/buHjV

A tecnologia vem a cada ano tornando-se um facilitador de informações com praticidade e custo benefício. As antigas máquinas, que eram do tamanho de uma mesa, foram diminuindo a sua proporção e hoje cabe na palma da mão. Com a inovação das IA (Inteligência Artificial) fica mais fácil checar notícias, analisar tendências, conhecer pessoas e comprar coisas, ao passo que estes aparelhos são de fácil liquidez e a cada ano que passa uma nova atualização é lançada. 

A fluidez nas informações podem tornar os usuários vítimas de fake news e promover impactos negativos à saúde mental. Em uma entrevista para a Bustle,  Tim Cook declarou: “Sempre achei que a tecnologia deveria servir a humanidade e não o contrário. E sempre me preocupei com o fato de as pessoas usarem demais a tecnologia. E assim, lançamos o Screen Time para tentar dar às pessoas uma leitura real da quantidade de tempo que realmente gastam em seus dispositivos porque, geralmente, é muito mais do que dizem” (FATHI, 2021). 

De acordo com Picon et al. (2015) a liquidez pode tornar os usuários das tecnologias e aplicativos dependentes dela, um exemplo é que torna tudo tão mais fácil que as pessoas não necessitam mais tanto do outro para poder resolver problemas diários. A facilidade e o rápido acesso a informação pode gerar vícios em passar cada vez mais tempo na frente das telas em busca de algo novo, como uma roupa, uma nova compra e também uma notícia quente das celebridades. 

Tim começou a preocupar-se que as pessoas estariam passando tempo demais nas redes e com isso pudessem ser afetadas na saúde mental, na qual também declarou que “A saúde mental é uma crise”. Cook utilizou o próprio exemplo como CEO da Apple em que utiliza a meditação como forma de combater o estresse diário enfrentado no trabalho (FATHI, 2021).

Fathi (2021), informa que Tim planejou que os seus dispositivos da Apple fossem utilizados para criatividade e não para “rolagens sem fim e sem sentido”, mencionando discretamente o uso excessivo das mídias sociais. Esta forma de explorar a criatividade fez com que a Apple desenvolvesse aplicativos para verificar o tempo que o usuário permanece conectado e quanto tempo gasta em cada aplicativo. Apps como Saúde, Apple Books, Casa, e o recém- chegado Freeform no iOS 16, permite o usuário criar seus projetos de forma livre e compartilhar com outras pessoas.  

Cook na IAPP GLOBAL PRIVACY SUMMIT 2022
Fonte: l1nq.com/cy3xT

Cardoso (2022) informou no seu artigo que Cook explicou ainda que para manter o legado de inovação e criatividade deixados ainda pelo antigo CEO, alegou que o diálogo e a boa interação entre as equipes de trabalho possam permitir que surjam idéias “realmente inacreditáveis” e que não seguem nenhum caminho singular, elas partem de qualquer canto da empresa. 

Outro quesito bastante defendido por Tim é a privacidade do usuário. Os dispositivos da Apple são valorizados pela segurança que oferecem, uma vez que o acesso por terceiros é cheio de obstáculos. O próprio sistema Apple se encarrega de vasculhar a web e não necessita que sejam instalados aplicativos de antivírus, por exemplo. 

Mas a privacidade vai além disso, Tim declarou que ela é “direito humano fundamental” e que o objetivo da empresa é fazer com os que os usuários se tornem os seus próprios comandantes, deixando que eles decidam quem deve ou não ver os seus dados, mantê-los ou vendê-los. Esta é uma forma de oferecer mais segurança e autonomia, e que esta deve ser uma responsabilidade do próprio usuário e não de uma empresa (CARDOSO, 2022).

Em 2021, no aniversário de 10 anos da morte de Steve Jobs, Tim Cook voltou a declarar sobre o legado do seu mentor e comentou que foi fundamental que ele tenha sido um visionário em pensar em evoluir a tecnologia. Em uma carta publicada, Tim revelou que sente saudade e que lembra dele todos os dias que o admirava não só pelo profissionalismo, mas como um ser humano. Contou ainda que se sente muito realizado por todos os dias trabalhar em dispositivos que conectam pessoas. 

Steve Jobs e Tim Cook
Fonte: l1nq.com/ULVI9

Cook revelou que Jobs gostaria dos produtos que encontraria na empresa, com provavelmente dois apontamentos, amaria muitas coisas e com certeza poderiam melhorar ainda mais. Disse que eles nunca estão satisfeitos, trabalham sempre pensando no amanhã, e que o legado deixado pelo ex-CEO possui grande influência nas tomadas de decisões e na forma como as equipes desenvolvem produtos novos. 

Por fim, vemos na história de Tim, que o aprendizado é constante, mesmo que o legado deixado por Jobs seja ainda muito valioso, o mundo se renova a cada dia e este deve ser o pontapé para a criatividade e surgimento de ideias inovadoras, que podem transformar e tornar a experiência do usuário única e especial a cada dia. Tim Cook é sem dúvida um homem de muito sucesso, que soube levar adiante o que aprendeu, investindo em inovação. Sem dúvidas os resultados podem ser vistos na grande valia da Apple no mercado.

Compartilhe este conteúdo:

A vida de Steve Jobs e um olhar da psicologia positiva

Compartilhe este conteúdo:

Steve Paul Jobs nasceu em fevereiro de 1955, em São Francisco, e morreu em outubro de 2011. Seus pais biológicos eram Joanne Schieble e Abdulfattah, de nacionalidade Síria. Porém, ele foi adotado pela contadora Carla Jobs e Paul Jobs, mecânico e membro da guarda costeira. A adoção não ocorreu de forma muito tranquila, pois sua mãe biológica temia pelo futuro de Steve devido ao baixo nível educacional dos pais, que não haviam completado o segundo grau. O processo é completado apenas quando Paul promete que enviaria o filho para a faculdade.

Depois de concluir o ensino médio, Steve Jobs começou um curso na Reed College, porém, o abandonou depois de um semestre, mas permaneceu em aulas de caligrafia como ouvinte (que anos mais tarde influenciaria na tipografia do Macintosh).

O primeiro emprego de Steve Jobs, foi como designer de videogames na Atari, no ano de 1974. Assim, ele trabalhou lá por alguns meses, mas depois optou por viajar para a Índia para se enriquecer espiritualmente.

Steve Jobs e o amigo Steve Wozniak se uniram, em 1976, e criaram na garagem uma fábrica de computadores. Como resultado, no mesmo ano, eles lançaram o Apple I, primeiro computador a ser vendido já montado para uso pessoal. Em síntese, o aparelho consistia em uma placa mãe coberta com chips instalada em uma caixa de madeira. Os jovens continuaram a trabalhar e, em 1977, lançaram o Apple II. Esse foi só o começo da revolução que os jovens iriam trazer para a indústria de computadores.

Fonte: encurtador.com.br/awEH2

Jobs teve 4 filhos: Lisa, sua primeira filha, com a namorada Chrisann Brennan, e Erin, Eve e Reed com Laurene Powell Jobs, com quem se casou em 2011.

Na sua biografia, é relatado que durante a juventude, foi usuário de maconha e LSD. Jobs comenta no livro que o uso de LSD “reforçou meu senso do que era importante – criar ótimas coisas em vez de ganhar dinheiro, colocar as coisas de volta no fluxo da história e da consciência humana, tanto quanto eu pudesse”.

Dezenas de pessoas que conviveram com o cofundador da Apple dão seus depoimentos, revelando defeitos e facetas controversas: perfeccionista em excesso, explosivo, zen, egoísta, aficionado por situações adversas, cheio de dons artísticos.

Christopher Peterson, pós-doutor e professor de psicologia da Universidade de Michigan, faz uma análise psicológica da biografia de Jobs, e traz suas percepções, demonstrando que o foco do livro não é a tecnologia que Jobs ajudou a trazer ao mundo. O foco está em Jobs, e a imagem transmitida é a de um indivíduo incrivelmente complexo e motivado.  Como ele é pesquisador de psicologia positiva, acredito que caiba aqui um resumido conceito do que é esta abordagem dentro da ciência da psicologia para melhor compreensão do contexto da análise.

Fonte: encurtador.com.br/fgzNV

A psicologia positiva é um campo de estudo dentro da Psicologia que foca nos elementos que podem trazer felicidade às pessoas, e oferece práticas e ferramentas para melhorar o desempenho e aumentar a sensação de bem-estar pessoal do indivíduo. Aplicada à área profissional, essa abordagem contribui para equipes mais colaborativas, lideranças e liderados mais satisfeitos.

De acordo com o especialista considerado pai desse campo de estudo, Martin Seligman, o bem-estar subjetivo é definido pela ausência de depressão e presença de estados cognitivos e emoções positivas.

Peterson relata que sua reação inicial ao ler o livro foi de tristeza e consternação porque uma pessoa tão talentosa parecia infeliz a maior parte do tempo. Da sua perspectiva como pesquisador de psicologia positiva, Jobs tinha tudo em termos de ingredientes para uma vida satisfeita (um senso de significado e propósito, envolvimento com seu trabalho, amigos e família, realizações em abundância), mas a satisfação era muitas vezes evasiva. 

Além disso, Jobs parecia um cara totalmente difícil. Ele era impaciente com os outros, severo em seus julgamentos e manipulador. Uma das ideias recorrentes no livro é que Jobs tinha um “campo de distorção da realidade” que o levou a ignorar os fatos e, de fato, encorajou outros a fazerem o mesmo. Novamente, de sua perspectiva como pesquisador de psicologia positiva, essas tendências deveriam ter tornado sua vida e sua carreira um desastre duplo, mas não o fizeram. 

Fonte: encurtador.com.br/isCRZ

O perfeccionismo se manifestou não apenas em relação a seus produtos, mas também em como ele vivia sua vida. Uma das máximas da psicologia positiva, amplamente apoiado por pesquisas, é que aqueles que “maximizam” suas escolhas e decisões, tentando fazer as melhores possíveis (mais perfeitas possíveis), não são tão felizes quanto aqueles que “satisfazem” suas escolhas e decisões, tentando fazer decisões que sejam boas o suficiente, mas não necessariamente perfeitas (Schwartz, 2002). 

Jobs nunca tomou uma decisão que fosse simplesmente boa, seja projetar um gabinete de computador, projetar uma loja da Apple ou pedir uma refeição em um restaurante. Por exemplo, Jobs não achava que os computadores deveriam ter um ventilador interno porque o ruído perturbaria a experiência do usuário, (isso também é mostrado durante o filme). Criar um computador sem ventiladores foi extremamente difícil para os engenheiros da Apple, mas acabou sendo possível. Para outro exemplo, Jobs insistiu que o interior de um computador seja tão atraente quanto o exterior, não importando que o usuário nunca visse o interior dele. A preocupação também ia até a aparência e a construção da caixa de papelão em que um computador Apple foi enviado, apesar do fato de que essas caixas seriam, naturalmente, descartadas.

Existem duas tradições em psicologia positiva (Bacon, 2005). Uma que diz respeito a enfatizar emoções positivas e relacionamentos harmoniosos. Muitas pessoas associam essa tradição a toda a psicologia positiva, e é dentro desta perspectiva que causou ao pesquisador uma consternação inicial ao ler a biografia de Steve Jobs. Mas, segundo a opinião dele, a segunda tradição merece tanta atenção. Ele enfatiza as realizações, os êxitos e conquistas de uma pessoa. É uma linha dentro da psicologia positiva que sugere certo elitismo e é mais difícil de abraçar porque pode não te abraçar de volta. Pode ser que o esforço em busca das realizações seja em vão, pode ser que ele nunca chegue. Mas se nossa preocupação é com uma vida boa e plena, precisamos reconhecer contemplar e compreender ambas as tradições. 

Fonte: encurtador.com.br/ckuIM

Acredito que a crítica aqui seja de que a felicidade pode ser vista por cada pessoa de um ponto de vista, e a faceta da realização (dentro da linha da psicologia positiva) na vida de Jobs se sobressaiu e muito da outra linha que seriam relacionamentos harmoniosos ou sentimentos de alegria e gratidão frequentes. Em boa parte do tempo tanto na biografia quanto nos filmes e documentários, mostra que ele não possuía esse manejo positivo nos relacionamentos, nem essa harmonia que a teoria traz para um bem estar e uma melhor qualidade de vida, mas atingiu um nível de êxito e realização que dificilmente qualquer um de nós irá alcançar. 

Em 2003, Steve Jobs foi diagnosticado com um câncer raro. Descoberto no início, mas Jobs se negou a fazer a cirurgia e optou por fazer tratamentos alternativos. Durante nove meses adiou a cirurgia, que só foi realizada em 2004, para remover um tumor no pâncreas.

Em 2009, sua saúde estava fragilizada, ele emagreceu muito. Em um e-mail enviado aos funcionários, Jobs revelou: “problemas de saúde são mais complexos do que se pensava”.

Steve Jobs faleceu em Palo Alto, Califórnia, Estados Unidos, no dia 5 de outubro de 2011.Durante a madrugada da sua morte, fãs se reuniram em frente à loja da Apple, em Nova York. No local, diversos de veículos da imprensa americana se posicionaram para transmissões ao vivo. Lojas da Apple em diversas cidades do mundo também foram palco de homenagens. Recebeu homenagens também à parte do universo tecnológico, como a homenagem que recebeu do presidente americano, Barack Obama.  Na China, dezenas de admiradores se reuniram nas lojas da marca em Pequim e Xangai para homenagear o cofundador da Apple. “É o melhor professor que tive nesta vida”, afirmava na porta de uma loja de Pequim o engenheiro de software Jie Bing, enquanto outros admiradores deixavam junto à entrada flores, mensagens de carinho e outras homenagens.

Alguns críticos argumentaram que Steve Jobs nunca inventou nada. Como dito por Christopher Peterson: Eu peço desculpas, mas não concordo. Ele inventou o século 21 e fez do seu jeito. E o caminho dele se tornou o nosso. Se a vida de Jobs não se conforma com os pronunciamentos da psicologia positiva sobre uma vida boa e feliz, então são nossas teorias que precisam mudar e se expandir e – ouso dizer – se tornarem mais perfeitas”.

REFERÊNCIAS: STEVE Jobs, Wikipedia, 2018. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Steve_Jobs/>. Acesso em 06 de out. de 2021.

LEARNING from the life of Steve Jobs, Psychology Today, 2011. Disponível em: <https://www.psychologytoday.com/us/blog/the-good-life/201112/learning-the-life-steve-jobs>. Acesso em 06 de out. de 2021.

STEVE Jobs – empresário americano, E-biografia, 2020. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/steve_jobs/ >. Acesso em 08 de out. de 2021.

PSICOLOGIA Positiva: o que é, importância e como aplicar?, FIA – Fundação Instituto de Administração, 2020. Disponível em: <https://fia.com.br/blog/psicologia-positiva/>. Acesso em 08 de out. de 2021.

Compartilhe este conteúdo:

Steve Jobs: traços de sua personalidade segundo o modelo Big Five

Compartilhe este conteúdo:

O filme biográfico “Jobs”, lançado em 2013, é dirigido por Joshua Michael Stern e tem foco nos primeiros anos de Steve Jobs como um jovem que revolucionou o mercado de tecnologia. Toda a trama foi baseada em fatos reais, e retrata a vida do cofundador da Apple, abordando alguns momentos cruciais da carreira dele, mostrando seus pontos fracos e a audácia visionária deste homem que revolucionou o mundo. 

No filme, podemos observar os primórdios da empresa Apple sendo criada, desde sua fundação, na garagem do pai de Steve. Ele queria desenvolver algo único, uma ferramenta para o coração. Falou em um dado momento do filme que quando algo toca o coração ou as emoções das pessoas, não há limites para o que pode acontecer.

     

Fonte: encurtador.com.br/uvAFT

Aparece ele na faculdade em 1974, perdido. Se enxergava sem talento, e via um diploma como perda de tempo. Para ele estava claro que ele não precisava deste tipo de validação ou esta busca por segurança. Em um momento o filme traz a questão do abandono, pois seus pais não eram os pais biológicos, e dá a entender que ali havia alguma raiz de sofrimento.

“Eu não tinha ideia do que queria fazer com minha vida e não sabia como a faculdade poderia me ajudar a descobrir isso”, declarou em 2005, durante um discurso de formatura na Universidade Stanford. “Então preferi sair e acreditar que tudo ficaria bem com o tempo… Foi assustador no começo, mas hoje vejo que foi uma das melhores decisões que já tomei.”

Ele foi incrivelmente visionário. Juntamente com os seus amigos, criaram o primeiro computador doméstico do mundo, e chamaram de computação pessoal. Saíram de um fundo de quintal para uma mega estrutura, e transformaram esta e outras mercadorias criadas por eles por algo muito desejado, com alto valor de status social, tornando sua visão revolucionária em realidade.

Fonte: encurtador.com.br/gkGN4

Mas tudo isso teve um custo muito alto. No filme mostra como seus relacionamentos mudaram radicalmente, ele chegou a negar a paternidade e expulsar sua namorada de casa, pois não tinha tempo para isso sendo que a empresa estava deslanchando.

Uma definição trazida para ele pela revista Exame/Galileu: Genial, disléxico, perfeccionista, obsessivo e inflexível.

Durante o longa metragem, Jobs é retratado como alguém que enfrenta dificuldades para lidar, conviver e dialogar com as pessoas ao seu redor, incluindo seus colegas de trabalho e familiares. Ao mesmo tempo, são ressaltadas suas muitas habilidades e iniciativas para criar, identificar talentos, liderar e negociar dentro da sua empresa.

Uma análise feita por Bert Mc Brayer, da Universidade da Pensilvânia, dentro da estrutura da Teoria de Personalidade Big Five, conclui que a história provavelmente pintará Jobs como um inovador, mas provavelmente não o incluirá no panteão dos líderes do povo. 

O Big Five, que também é conhecido como Modelo dos Cinco Grandes Fatores, surgiu por meio dos estudos da Teoria dos Traços de Personalidade, desenvolvida em 1949 por D. W. Fiske (1949) e posteriormente ampliada por outros pesquisadores, incluindo Norman (1967), Smith (1967), Goldberg (1981), e McCrae & Costa (1987) no qual descreve as dimensões humanas básicas. 

 

Fonte: encurtador.com.br/bmyQ7

Os traços de personalidade Big Five são as medidas de personalidade cientificamente mais aceitos e mais comumente utilizados e têm sido extensivamente pesquisados. De acordo com Northouse (2015) os 5 fatores são: neuroticismo, extroversão, abertura para a experiência, conscienciosidade e agradabilidade.

Usando este modelo, especialmente quando aplicado à liderança, dá para perceber onde o estilo de liderança de Steve Jobs se encaixa nas várias dimensões da personalidade.

Neuroticismo

Northouse descreve o neuroticismo como, “A tendência de ficar deprimido, ansioso, inseguro, vulnerável e hostil ”(2015, p.27). O neuroticismo é o único dos cinco fatores que não é positivamente correlacionado com o sucesso da liderança. Embora a paixão de Jobs por seu trabalho às vezes resultasse em exibições de hostilidade para com seus funcionários, as suas análises bibliográficas trazem que ele dificilmente era inseguro em seu trabalho.

Histórias sobre os traços de personalidade nada agradáveis ​​de Jobs, incluindo acessos de raiva épicos e mau comportamento circulam há anos. No entanto, essas histórias normalmente giram em torno de uma tendência perfeccionista para o trabalho de Jobs, em vez de depressão ou insegurança.

De acordo com Toma & Marinescu, “Como um perfeccionista, ele nunca desistiu e sempre buscou seus sonhos ” (2013, p. 267). Jobs estava tão focado no sucesso dos produtos de suas empresas que ele pressionava muito seus funcionários (SHARMA & GRANT, 2011).

Extroversão

Indivíduos extrovertidos são aqueles que exibem fortes habilidades sociais, mantêm uma postura otimista e tendem a ser autoconfiantes em sua abordagem para o trabalho (NORTHOUSE, 2015). 

Extroversão é o fator que está mais positivamente associado ao surgimento e eficácia da liderança. Steve Jobs mostrou sua natureza extrovertida desde o início de sua vida profissional. Isto é exemplificado na história de Isaacson (2012) em uma matéria para a revista Harvard Business Review sobre o foco de Steve Jobs.

Quando Jobs voltou para a Apple em 1997, ela estava produzindo uma série aleatória de computadores e periféricos, incluindo uma dúzia de versões diferentes do Macintosh. Depois de observar algumas semanas de sessões de avaliação do produto, ele finalmente teve o suficiente. “Pare!” ele gritou. “Isso é loucura.” Ele pegou um pincel atômico, e desenhou em quadro branco duas linhas horizontais e duas verticais. “Aqui está o que precisamos”, declarou ele. No topo das colunas, ele escreveu “Consumidor” e “Pro.” Ele rotulou as duas linhas verticais de “Desktop” e “Portátil”. O trabalho deles, ele disse à sua equipe, deveria se concentrar em quatro grandes produtos, um para cada quadrante. Todos os outros produtos deveriam ser cancelados. 

Obviamente, Jobs tinha uma visão definitiva para simplificar e concentrar todos os recursos da empresa em quatro produtos em vez de dezenas. A maneira como ele poderia articular essa visão e persuadir outros que era a coisa certa a fazer, é um grande exemplo de extroversão na prática. Alguém pode ver como Jobs usou suas fortes habilidades de comunicação, juntamente com um excelente senso de planejamento, para traçar um plano detalhado para o sucesso da Apple.

Fonte: Fonte: encurtador.com.br/PQTY8

Abertura para a experiência

Um indivíduo que mantém a mente aberta para novas experiências tende a ser mais criativo e curioso no seu dia-a-dia de trabalho (JUDGE, et al, 2002; NORTHOUSE, 2015). De acordo com Judge, et al. (2002), “A abertura correlaciona-se com o pensamento divergente” (p. 768). Ao olhar para a carreira de Jobs, é difícil argumentar que ele não teve altos níveis de abertura. Na verdade, abertura a novas experiências e criatividade são marcas registradas do estilo de liderança de Jobs, bem como sua personalidade em geral (ISAACSON, 2012). Em nenhum lugar isso é mais evidente do que no início de sua vida adulta. Imediatamente após seu abandono da faculdade, Steve Jobs conseguiu um cargo na Computadores Atari. Depois de trabalhar lá por um tempo e economizar dinheiro, Jobs decidiu que queria fazer uma mochila pela Índia e mergulhar no estudo do Zen Budismo (TOMA & MARINESCU, 2013). Essa abertura para uma nova experiência – e imersão na Índia – levou Jobs a um dos lemas mais reconhecidos dos produtos Apple, que é manter as coisas simples. Ele se voltou para simplicidade e fugiu da complexidade, e dessa forma conquistou os consumidores que aprendem facilmente a manusear os produtos sem grandes dificuldades.

Conscienciosidade

Aqueles que têm um alto nível do traço de conscienciosidade têm uma gestão de fortes capacidades. Eles traçam um plano detalhado, trabalham muito no que fazem e são confiáveis ​​em suas obrigações. Além disso, de acordo com Judge et al., características como organização, confiança e iniciativa estão fortemente relacionadas à liderança (2002). Alto conscienciosidade está correlacionada ao um desempenho total no local de trabalho, e também está relacionada ao eficácia – ou ineficácia – do líder (JUDGE, et al., 2002).

Amabilidade

Se alguém é compassivo com os sentimentos dos outros, amigável e otimista, eles estão exibindo níveis mais elevados de agradabilidade. Este fator é particularmente útil para líderes, pois beneficia aqueles que trabalham em grupos e em equipes (JUDGE et al., 2012). De acordo com Toma & Marinescu (2013), Jobs “realmente sabia o que queria e conseguiu transformar seus sonhos na realidade” (p. 266). Ele conseguiu isso desafiando seus funcionários e fornecendo estímulo, além de exercer sua capacidade de encorajar seu pessoal a realizar tarefas que outros achavam que era impossível (TOMA & MARINESCU, 2013). No entanto, apesar deste aparentemente alto nível de força motivadora, Jobs era conhecido por nem sempre possuir um traço agradável. Tinha baixa empatia e polidez. Um dos descritores disso está na explicação de Isaacson de que a visão de mundo de Jobs era muito “binária” (STEINWART & ZIEGLER, 2014). “As pessoas eram‘ iluminadas ’ou ‘idiotas’. Seu trabalho era ser ‘o melhor’ ou ‘totalmente uma merda’ ”(STEINWART & ZIEGLER, 2014, p. 62). Bywater (2011) sugere que essa forma de pensar preto ou branco era equivalente a um “relacionamento abusivo” (parágrafo 12) com seus funcionários. “Homens adultos foram reduzidos às lágrimas por ele … Mas quando ele disse ‘Isso é realmente ótimo’, você se sentiu como um semideus” (BYWATER, 2011, para 11). Embora Jobs frequentemente pudesse motivar os seguidores a trabalharem duro, não era necessariamente de um ponto de vista agradável.

O que parece ter tornado Jobs único foi seu notável foco, combinados com a criatividade proporcionada por um intelecto acima da média e uma abertura ao novo extremamente alta. Steve era focado no produto e não nas pessoas e pode ter se retirado da “cicatriz” de sua rejeição quando criança para os infinitos detalhes do design do produto e do esforço artístico.

Foi um homem visto com muitas facetas controversas: perfeccionista em excesso, explosivo, zen, egoísta, aficionado por situações adversas, cheio de dons artísticos, que deixou um legado de uma verdadeira revolução, trago aqui algumas palavras ditas pelo personagem no filme que trazem reflexão sobre o modo de viver:

Quando crescemos dizem que o mundo é do jeito que é, que você só deve viver sua vida dentro do mundo e tentar não se debater demais contra as paredes. 

Mas essa vida é muito limitada.

A vida pode ser muito mais ampla depois que você descobre um simples fato: 

Tudo a sua volta, que você chama de vida, foi feito por pessoas não mais inteligentes que você. 

E você pode mudar isso. Pode influenciar. Pode construir suas próprias coisas, que outros podem usar. 

É algo para afastar essa noção errônea de que você só vai viver a vida em vez de abraçá-la.

Mude-a. melhore-a. deixe sua marca nela. 

E quando aprender isso… você nunca mais será o mesmo.”

Fonte: encurtador.com.br/drtCY

Referências:

GALILEU. Você tem que…mergulhar na personalidade complexa de Steve Jobs. In: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI275533-17935,00-VOCE+TEM+QUEMERGULHAR+NA+PERSONALIDADE+COMPLEXA+DE+STEVE+JOBS.html

SHARMA, A., & GRANT, D. (2011). Narrative, drama and charismatic leadership: The case of Apple’s Steve Jobs. Leadership, 7(1), 3-26. doi:10.1177/1742715010386777

TOMA, S., & MARINESCU, P. (2013). Steve Jobs and modern leadership. Manager, 17(1), 260-269.

Compartilhe este conteúdo:
Steve-jobs

O ditador da normalidade

Compartilhe este conteúdo:

Esse ano foi marcado com a morte de Steve Jobs. O idealizador da Apple indubitavelmente, mesmo que sem querer, redefiniu as tecnologias da comunicação, agora para se obter status tem ter um “i”. Os “i”s de Jobs utilizam a desterritorialização a seu favor, criando não-lugares e interação entre pessoas distantes e distintas.

Jobs, quando voltou para Apple, depois de ser expulso e retornar triunfantemente, afirmou que sua empresa não mais faria pesquisa de mercado e sim ditaria a sociedade o que ela quer comprar. Por mais presunçoso que possa parecer essa declaração, deu certo, a Apple se tornou a maior ditadora de tendências tecnológicas de nosso tempo.

Mas qual seria a real necessidade de ser ter um pad? Até os próprios especialistas em tecnologia admitem que essa plataforma é um tanto quando redundante, apesar de convergente, pois se tem diversos outros “i”s dentro de um só lugar, pode-se até dizer que o iPad gera não-lugares para as tecnologias e não apenas para as pessoas. Então para que um pad, um PC, um celular? Justamente pela necessidade de consumo criada em nós por esse gênio tirano chamado Jobs.

A telefonia móvel, em suas mais diferentes formas, principalmente na figura da internet, já é uma constante na vida do ser social pós-moderno. Fica até difícil imaginar nossa sociedade sem todos os iPads, iPhones, iMacs, mas se pararmos para pensar em toda necessidade de consumo gerada por essas tecnologias pode parecer um tanto quanto louco.

É igualmente louco pensar em uma sociedade que se dedica de uma forma exaustiva ao trabalho. E assim era Steve Jobs, tão dedicado a sua empresa e ao sucesso profissional que carregava até no nome a sua obsessão, job do inglês significa trabalho.

Contudo é deveras complexo conceituar loucura em uma sociedade mutável, móvel e líquida. O que é normal? Muitos, mesmo que empiricamente, afirmam que o comportamento da maioria pode ser julgado como normal então, essa necessidade de consumo a qual domina essa sociedade, pode ser considerado um comportamento dito normal.


Nota: o texto é resultado de uma atividade da disciplina de Produção Jornalística II – Revista do curso de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Compartilhe este conteúdo: