A responsabilidade de todos para um mundo menos catastrófico

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Basta uma pesquisa rápida e será possível constatar a ampla quantidade de desastres naturais e ambientais que afetaram o Brasil nos últimos anos. Com exceção da pandemia causada pelo vírus Covid-19 que foi um desastre ambiental biológico com impacto mundial, nos últimos 5 anos podemos elencar como danos nacionais o rompimento da barragem de mina em Brumadinho (MG), secas e inundações no nordeste, incêndio na floresta Amazônica e inundações nas regiões sudeste e sul.  

Estes são só alguns exemplos de desastres que assolam a população brasileira. Ao considerarmos as inundações no Rio Grande do Sul que tiveram início em 27 de abril de 2024 e que neste momento está passando pelo pós desastre, foi possível acompanhar o sofrimento humano e toda mobilização e ajuda humanitária que houve durante o ocorrido. Para além disso, vale ressaltar a importância de toda ajuda tanto da população quanto do governo que contribuiu para abrandar os impactos do desastre como assistência médica, psicológica, doações financeiras e logística, entre outras. 

Em relação ao enfrentamento do ocorrido é possível notar a importância da resiliência e das estratégias de coping. O conceito de coping também está diretamente ligado à resiliência, sendo que este caracteriza-se como o conjunto de estratégias utilizadas para a adaptação de circunstâncias adversas pelas pessoas (ANGST, 2009).

De acordo com Santos et al (2022) a resiliência se refere à capacidade de agir na presença de um risco para atingir consequências melhores de quando na ausência de risco. Isso nos remete a situações em que os gaúchos se mostraram resilientes, não se limitando a pessoas, observado também em animais, como no caso do cavalo que passou cerca de 24 horas em cima de um telhado, ilhado. 

                                                                                          Fonte: Google

Ainda segundo Angst (2009), quando um indivíduo se vê em uma situação adversa e toma atitudes resilientes tende a sair dessa situação mais fortalecido e belo. Isso quer dizer que nesse momento de pós desastre é considerável a forma de enfrentamento que cada pessoa utilizou e para a população no geral é fundamental pensar em mudança nas nossas ações. 

Em se tratando de ação humana é necessário abordar as medidas preventivas que precisam ser tomadas a fim de contribuir na redução de eventos catastróficos. É sabido que de forma direta ou indireta tais eventos estão relacionados com as nossas ações e esses eventos estão cada vez mais frequentes. 

Frente a um evento catastrófico é indispensável ter profissionais com formação específica que saibam manejar as demandas vigentes. E no que diz respeito à população no geral, podem contribuir caso possuam habilidades de primeiros socorros, podem ser doadores, voluntários etc. Contudo, também é imprescindível pensar não só no imediato, mas também em estratégias antecedentes que visam minimizar tais eventos. 

Há uma série de fatores que podem ser repensados, como por exemplo, as pessoas que colocamos no poder, ou seja, a escolha dos nossos governantes, pois é de suma importância que estas pautas sejam abordadas no meio político. Alguns comportamentos podem ser observados como o consumo exagerado, a exploração da natureza e podem ser modificados para práticas sustentáveis.  

Portanto, episódios como as inundações no Rio Grande do Sul podem se repetir, mas uma mudança em nossos hábitos e atitudes pode reduzir a incidência desses eventos e aumentar nossa capacidade de resposta. Adotar uma abordagem proativa e resiliente é essencial para construir um futuro mais seguro e sustentável para todos.

Referências

ANGST, R. PSICOLOGIA E RESILIÊNCIA: Uma revisão de literatura. Psicologia Argumento, [S. l.], v. 27, n. 58, p. 253–260, 2017. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/psicologiaargumento/article/view/20225. Acesso em: 10 jun. 2024.

Santos, LKP, Souza, MVO, Santana, CC. Ações para o fortalecimento da resiliência em adolescentes.. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2019/Mar). [Citado em 17/04/2024].  Disponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/acoes-para-o-fortalecimento-da-resiliencia-em-adolescentes/17146?id=17146. Acesso em: 10 jun. 2024.

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Primeiros socorros psicológicos enquanto alternativa de intervenção em situações de crise

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A ideia de primeiros socorros psicológicos (PSP) está associada à necessidade imediata de intervenção dessa natureza em situações que configurem urgência ou emergência, como é o caso de uma catástrofe, uma situação de crise, que pode ser natural ou provocada pelo homem e que possa atingir o sujeito de forma material, física ou psicológica.

A intervenção em catástrofes requer metodologias que possam atuar com o objetivo de desenvolver mecanismos de proteção das vítimas de modo que elas possam lidar com o evento traumático, promovendo sua reorganização frente a esse contexto, como forma de reduzir danos relacionados à evolução de quadros psicopatológicos (BEJA, et al., 2018).

Os PSP podem ser conceituados como uma representação de uma abordagem psicossocial voltada para grupos de indivíduos que foram expostos a uma situação de crise, tendo por objetivo principal intervir precocemente no estresse ocasionado pelo evento considerado potencialmente traumático, de maneira a promover um funcionamento adaptativo seja a curto ou a longo prazo (BEJA, et al., 2018).

É importante ressaltar que os PSP podem se constituir em uma importante forma de intervenção, considerando o recolhimento de informações básicas que permita a realização de avaliações rápidas sobre as principais necessidades a serem atendidas ou seja refere-se ao primeiro cuidado prestado para evitar a piora do quadro de saúde, antes de ser ter acesso a um serviço especializado (TOLENTINO, et al., 2015).

Fonte: encurtador.com.br/dnqvV

Em muitas situações a oferta dessa assistência imediata é fundamental para saúde mental do indivíduo exposto a uma situação de perdas, que contribui altera diretamente o seu estado emocional de forma a desorganizá-lo e as reações podem ser das mais diversas diante do contexto, algo que impacta na sua forma de ver a sua vida naquele momento, bem como na sua projeção quanto ao futuro. O profissional abre espaço para a fala e oferece uma escuta acolhedora (LARA, et al., 2019).

Por não ser uma função adstrita ao psicólogo, qualquer profissional ou voluntário em geral devidamente treinado podem prestar os PSP. Sendo portanto, uma intervenção que se justifica diante da urgência ou emergência que surge no contexto de exposição ao risco psicossocial, se constituindo um importante método de apoio nesses casos, com estudos que comprovam sua eficácia na redução dos sintomas pós-traumáticos (LARA, et al., 2019).

É relevante destacar que os PSP não são métodos de diagnóstico ou uma intervenção psicoterapeuta, nem um interrogatório invasivo que visa esse tipo de intervenção, por isso não existir exigências rígidas quanto aos envolvidos nesse processo. Acredita-se que no momento do evento crítico, ter alguém que esteja disponível para escutar a história de vida de cada indivíduo, o quanto a situação o afeta emocionalmente, oportunizando a partilha, seja um fenômeno de proteção à saúde mental no momento, com efeitos positivos posteriormente, por isso a prática dos PSP são importantes nesses casos (BEJA, et al., 2018).

A abordagem preconizada nos PSP, diz respeito a se levantar a possibilidade de sofrimento e adoecimento psíquico frente às perdas causadas pela catástrofe, portanto é necessário que o agente envolvido na prestação da assistência esteja atento as reações iniciais, para que algumas ações possam ser realizadas, como contatar pessoas, aumentando o suporte social, oferecer informações que ajudem a lidar com os aspectos emocionais e principalmente estar disponível a realizar a escuta das suas percepções frente ao ocorrido, de maneira empática e acolhedora (LARA, et al., 2019).

Fonte: encurtador.com.br/qzGM6

Os PSP, portanto representam a possibilidade de oferecer um conforto e segurança, no intuito de tranquilizar as vítimas, garantindo que recebam os procedimentos necessários e apropriados ao processo em que estão expostos. Nem sempre ocorrem as reações mais esperadas, como a desorganização ou mesmo o estresse, muitas vezes as pessoas continuam funcionando de maneira aparentemente normal, desempenhando diversas atividades, no entanto, não quer dizer que não estejam impactadas emocionalmente, por isso é necessário estar atendo, na observação e na escuta ao se aproximar, de forma a estabelecer um vínculo seguro (TOLENTINO, et al., 2015).

As pessoas que estiverem dispostas a prestar os PSP devem estar preparadas ao enfrentamento de muitos desafios, diante de circunstâncias físicas e emocionais, cenários caóticos de destruição e sofrimento, onde intervir nesse contexto se torna também potencialmente adoecedor.  Por isso é de fundamental importância que ao se envolverem nesse trabalho, tenham acesso aos cuidados de saúde necessários à sua manutenção e assim possam dar continuidade a esse tipo de trabalho tão importante (BEJA, et al., 2018).

Os PSP são intervenções que merecem atenção, pois a qualquer momento pode ocorrer um evento crítico, uma crise e contar com o apoio de pessoas que estejam disponíveis a ajudar, até mesmo de forma voluntária, com um suporte emocional adequado, com certeza pode ser um diferencial na vida de grupos de indivíduos que estão inseridos nesse processo, algo que pode impactar positivamente no manejo das consequências de um fenômeno traumático.

REFERÊNCIAS

BEJA, M.J.et al. Primeiros socorros psicológicos: intervenção psicológica na catástrofe. Psychologica, vol. 61 nº 1, p. 125-142, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.14195/1647-8606_61-1_7. Acesso: 30 de ago. 2021.

LARA, P.G. et al. Primeiros socorros psicológicos: intervenção em crise para eventos de violência urbana. Revista Educar Mais, nº especial, p. 9-16, 2019. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.15536/reducarmais.3.2019.9-16.1607. Acesso: 30 de ago. 2021.

TOLENTINO, F. C, et al. Primeiros socorros psicológicos aplicados a reações de estresse em operações militares. Revista Interdisciplinar de Ciências Aplicadas à Atividade Militar, nº1, 2015. Disponível em: http://www.ebrevistas.eb.mil.br/RICAM/article/view/2614/2078. Acesso: 30 de ago. 2021.

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