Oficina de Avaliação Psicológica no contexto de concursos públicos é sucesso

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O 3º Simpósio de Avaliação Psicológica Tocantinense – 2022, contou com a presença de vários profissionais de Psicologia em diversas oficinas que abordaram vários temas. Dentre as psicólogas destaco a Psicóloga Lilian Julian palestrando no evento com o tema: As facetas da avaliação psicológica nos concursos públicos.

Fonte: Arquivo Pessoal

A Psicóloga explicou que a Avaliação Psicológica para Concursos Públicos e/ou processos seletivos é de natureza pública e privada e é regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia através da Resolução CFP nº 002/2016 e é uma área em construção para a Psicologia. Ainda com base Resolução CFP Nº 002/2016 no Art.1º  rege o seguinte que a avaliação psicológica para fins de seleção de candidatos(as) é um processo sistemático, de levantamento e síntese de informações, com base em procedimentos científicos que permitem identificar aspectos psicológicos do(a) candidato(a) compatíveis com o desempenho das atividades e profissiografia do cargo. Ou seja para proceder à avaliação referida no caput deste artigo, o(a) psicólogo(a) deverá utilizar métodos e técnicas psicológicas que possuam características e normas reconhecidas pela comunidade científica como adequadas para recursos dessa natureza, com evidências de validade para a descrição e/ou predição dos aspectos psicológicos compatíveis com o desempenho do candidato em relação às atividades e tarefas do cargo. O Art 2º da mesma resolução traz que uma questão sobre a necessidade do psicólogo sempre utilizar os testes aprovados pelo CFP.

Então o foco da Avaliação Psicológica em concursos públicos está para identificar se um(a) candidato(a) possui as características necessárias para o cargo pretendido, tendo como base um perfil previamente definido (perfil profissiográfico) e os fatores restritivos e/ou impeditivos para o desempenho do perfil que está sendo avaliado. Exige-se da(o) profissional que atua nesta área um conhecimento sobre a área de avaliação psicológica, de psicometria, para além da aplicação dos testes psicológicos, afinal, ao tomar uma decisão sobre a aptidão ou não de um(a) candidata(o) a um cargo, deve-se ter certeza de que essa definição está embasada cientificamente, já que há implicações sobre a vida dos envolvidos. A interpretação e análise dos dados colhidos no processo avaliativo deve contemplar todos os aspectos observados e aferidos, colocando em prática os preceitos da Avaliação Psicológica, conforme consta na Resolução CFP nº 009/2018. É muito importante que cada psicóloga(o) tenha a consciência de que aquele resultado terá implicações sobre a vida de cada pessoa avaliada.

Fonte: Arquivo Pessoal

E quanto ao papel da comissão de avaliação psicológica em contexto de concursos públicos, a resolução conforme a Resolução CFP Nº 002/2016, art. 4º, poderá haver uma Comissão responsável pelo processo de avaliação psicológica; Planejamento do processo, pela construção do edital e demais etapas do processo de avaliação psicológica, até a devolutiva dos resultados. Compreende-se que o Edital irá apresentar as diretrizes e normativas do Concurso Público, ou processo seletivo em questão. Conforme estipulado pela Resolução CFP Nº 002/2016; Portanto, somente após análise contextualizada, ética e fundamentada é que a(o) Psicóloga(o) estará apto a apresentar os resultados da avaliação, através de documento pertinente, no caso, o Atestado e/ou Laudo Psicológico (Resolução CFP nº 006/2019). Parágrafo Único – Na elaboração do edital é obrigatória a participação de profissional psicólogo(a) para definição dos construtos/dimensões psicológicas envolvidas no processo de avaliação.

É interessante ressaltar aqui que o resultado do processo de avaliação psicológica pode ser contestado pelo candidato, segundo Decreto Nº 9.739/2019 onde rege no Art. 37 que o resultado final da avaliação psicológica do candidato será divulgado exclusivamente como “apto” ou “inapto”. Ainda prevê que os candidatos poderão ter a cópia do processo para análise individual. Quantos aos prazos de recursos e a forma de interposição de recurso acerca do resultado da avaliação psicológica serão definidos pelo edital do concurso. E para garantir a lisura do processo, os profissionais que efetuaram avaliações psicológicas no certame não poderão participar do julgamento de recursos.   Na hipótese de no julgamento do recurso se entender que a documentação e a fundamentação da avaliação  psicológica são insuficientes para se concluir sobre as condições do candidato, a avaliação psicológica será anulada e será realizado novo exame por outro profissional. Foi um grande aprendizado participar desta oficina onde pode-se refletir sobre a regulamentação que rege e garante um processo digno de avaliação psicológica com lisura para o candidato ao cargo de um concurso publico. O sentimento é de gratidão  à Psicóloga Lilian Julian Da Silva Guimarães pela rica realização desta oficina.

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Manoel e o Concurso

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O tempo era uma lesma e Manoel se arrastava com ela. Suspirou, bocejou, conteve sua vontade de olhar par o lado para não levar uma advertência: poderia ser desclassificado automaticamente. Como se ao mero sinal suspeito de movimento, um botão fosse apertado e sua cadeira pudesse cair em um infinito buraco negro. Olhou a prova, tinha que voltar sua atenção para ela.

“Assinale a alternativa que corresponda ao nome do atual Secretário da Fazenda”

Pensou…se perguntassem o nome do camisa 5 de qualquer time da primeira divisão responderia sem erro. Aliás, era bom o seu time se esforçar para sair da segunda divisão. Talvez devesse mudar de clube, não aguentava mais sofrer, “Vou escolher um time que só me traga alegria”, decidiu Manoel. Gostaria de ter satisfação, pelo menos no futebol. “Para de pensar em jogo mané, presta atenção na prova.”

“O atual Governo criou um financiamento para os Estado brasileiros chamado”

                         ( ) PAC     ( )Bolsa Família  ( ) Casa Própria

“Essa eu sei”, Manoel riu preenchendo o círculo. Lembrava-se muito em quando viu a notícia no jornal da manhã, do almoço, do jantar e da meia-noite. Brincou com a sigla:

Pague As Contas, seu programa pessoal. Mas isso ia mudar, porque iria passar no concurso. Receberia mil e quinhentos reais, fora os descontos, e não trabalharia muito. Pensou em como gastar todo esse dinheiro: primeiro financiaria um carro e, depois, uma casa. E, talvez, tivesse que pedir Joana em casamento. Sete anos juntos e suas desculpas para não se ajuntarem sempre envolveram dinheiro, agora não teria para onde correr. Pensou em Joana…namoravam a tanto tempo que ele não saberia viver sem ela. Sua presença era como uma planta que tinha suas raízes nele, difícil de soltar, na verdade não queria. Não reafirmava seus sentimentos com a mesma frequência do início do romance, mas quando aqueles olhinhos amendoados imploravam, ele dizia “Eu te amo”, palavras que eram como chuva sobre a planta que ele não deixava morrer.

O fiscal da sala se levantou e foi até o quadro negro e escreveu: 16:00. “Se eu quiser já posso entregar isso e ir embora”, e ficou passando as folhas da prova entre os dedos. Sentiria falta dos amigos do seu antigo emprego. Lembrou das piadas, das brincadeiras, da cerveja gelada no fim de tarde. Até do chefe sentiria saudades, Sr. Capixaba era muito gente fina com ele.

De soslaio olhou para as carteiras que o cercavam. Os outros candidatos pareciam concentrados, “Com certeza já estavam estudando há uns dois anos para este concurso”, a tristeza caiu dissimuladamente. Manoel tinha começado a estudar há menos de dois meses, exatamente no dia que tomou conhecimento do edital. Pagou até cursinho, faltou a algumas aulas, horas de estudos que pesavam em sua consciência agora. Suspirou e bocejou. “Deve ser umas quatro e quinze agora, o jogo do domingão já deve ter começado…” pensou, recobrando o entusiasmo. “Zezinho Canhoto deve meter uns três gols no adversário hoje, mudo de time se isso não acontecer”.

O que Manoel tinha nas mãos agora era só papeis, repassou as questões rapidamente, para não perder mais tempo, “Nesse aqui acho que não vai dar para passar não”, levantou, entregou a prova e o gabarito, pegou o celular e saiu. “Da próxima vez eu estudo mais e passo, prometo. Joana espera mais um pouco”. Fez a promessa em um turbilhão de pensamentos, que logo a levaram para um espaço longínquo. Manoel já estava ligando para os amigos, queria saber quanto estava o placar do jogo.

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