Desafios contemporâneos na esfera do trabalho

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Tal relato teve como base o evento Psicologia em Debate, realizado no dia 03/05/2017, por dois acadêmicos do curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas e trouxe como tema o livro “A CORROSÃO DO CARÁTER – consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo”, de autoria de Richard Sennet. No decorrer do debate vários temas foram abordados, tais como: Caráter X Rotina X Natureza Flexível, Trabalhador Disciplinado e Trabalhador Flexível, Rotina, Flexibilidade no Trabalho, a Ética do Trabalho e Natureza Flexível.

Os acadêmicos discorreram cada tópico com bastante afinco, e explanaram as ideias do autor acerca de cada um, que na atualidade é motivo de discussões e cuidado, pois os indivíduos muito tem se “perdido” ou mesmo não se dão conta dos seus atos, diante de rotinas exaustivas. Considerou-se um dos fatores, a natureza flexível, que pode ser descrita como na forma de rigidez, uma rotina exagerada, e os diversos significados dados ao trabalho. Tais atos podem provocar nos indivíduos uma série de patologias na qual nem eles mesmos se dão conta do que as provocaram. Para o autor isso seria a corrosão do caráter, já que nos com o exagero no campo do trabalho nos distanciamos da esfera moral, no qual ele descreve como sendo “(…) o valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos e às nossas relações com os outros.” (SENNET, 199, p.10)

Fonte: http://zip.net/bhtJ3k

 

Dois modelos de trabalhadores são citados pelo mesmo. O trabalhador disciplinado e o trabalhador flexível. Os dois são afetados pelo capitalismo. O primeiro tem uma rotina disciplinada, burocratizado e busca um futuro “equilibrado”, construindo sua própria história. Este perfil tem grandes chances de contrair doenças. O segundo, como o próprio nome já diz, é flexível, não se preocupa em manter relações duradouras, rotinas aceleradas, formas burocráticas e nem se preocupa com futuros distantes. Considera-se que, indivíduos com este perfil, são mais difíceis de adoecer, a menos que, á frente, ela perca por completo a dimensão histórica de sua existência, o que pode resultar numa espécie de vazio existencial.

Na atualidade a rotina é fatigante e, consequentemente, provoca desgaste físico e psicológico. Diante deste quadro o ser humano busca uma “otimização” de tempo, criando novas formas de aproveitamento do mesmo, uma delas descrita pelo autor é a substituição do controle face-a-face pelo eletrônico. Diante desse quadro percebe-se que novas formas são re(inventadas), mas o predomínio continua sendo do capitalismo.

Fonte: http://zip.net/bxtKMy

 

Por fim o autor descreve que na atualidade, diante de tanta tecnologia e flexibilidade, os jovens têm maiores chances no mercado de trabalho, pois são mais “adaptáveis” as diversas formas de trabalho. No entanto, deve-se refletir acerca do verdadeiro valor humano, onde foi citado pelos próprios acadêmicos o exemplo do padeiro, que durante muitos anos se dedicou todos os dias, ele mesmo a preparar a massa para os pães. De repente não existe mais a necessidade dele fazer o trabalho, pois foi substituído por uma máquina de última geração que de agora em diante fará todo seu trabalho.

REFERÊNCIA:

SENNET Richard. A Corrosão do Caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

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Relações de trabalho e corrosão do caráter em Sennett

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No dia 03/05 foi realizado um debate sobre a concepção de Sennett sobre o caráter e sua relação com o trabalho. O evento foi conduzido por acadêmicos do curso de psicologia. Primeiramente foi apresentado o autor, que é sociólogo, historiador, e possui como obra mais conhecida “O declínio do homem público”. Antes de apresentarem a definição do autor sobre caráter, foram apresentadas definições sob outras óticas, como a geral, em que define como formação moral, honestidade, caracterização do próprio sujeito e da psicologia, para a qual é um conjunto de respostas coerentes que permite situá-lo em determinada categoria.

A definição geral faz parte também do senso comum, pois geralmente relacionamos caráter com honestidade e com o jeito de ser do sujeito, geralmente atribuímos juízo de valor ao caráter e relacionamos com a honestidade. Para Sennett caráter é “o valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos e às nossas relações com os outros, ou se preferirmos […] são os traços pessoais a que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem” (1999, p. 10).

Fonte: http://zip.net/bjtJCS

 

Sennett analisa a corrosão do caráter induzida pela instabilidade profissional sob o capitalismo flexível, a partir de relatos de trabalhadores. Afirma que essa forma de capitalismo flexível que ataca a burocracia, as conseqüências da rotina exacerbada e os sentidos e significados do trabalho e acaba criando uma situação de ansiedade nas pessoas, colocando em xeque o próprio senso de caráter pessoal.  Ele explica que o caráter do sujeito é atingido á medida em que este tipo de capitalismo não oferece uma experiência estável, uma vez que aquele não sabe os riscos que está correndo e a que lugar irá chegar, as relações de trabalho, os laços com os outros não são em longo prazo.

Há uma dinâmica de incertezas e de mudanças constantes de emprego e de moradia que impossibilitam o estabelecimento de laços com vizinhos, fazer amigos e manter laços com a própria família. Ou seja, o capitalismo acarretou uma mudança nas relações de trabalho e interpessoais. Porém essa é uma configuração da sociedade atual, que vê a rotina e o controle como algo ruim e tenta vencê-la através da flexibilização. Sennett acredita que a mudança não acabou com o controle, apenas modificou a forma.

Fonte: http://zip.net/bltJc3

 

Como consequências dessas mudanças e incertezas na vida do sujeito, este pode adoecer, surgirem patologias, ele pode sentir-se desmotivado no trabalho, com sentimento de apatia e isso pode influenciar de maneira negativa em outras áreas de sua vida. Sennett acredita também que houve uma degradação do indivíduo, uma vez que a flexibilização do trabalho requer a flexibilização do caráter do sujeito. A visão de Sennett faz-nos refletir de forma crítica as relações de trabalho da atualidade e como estão entrelaçadas com o modelo de sociedade em que vivemos, além de identificar como os valores modificaram-se ao longo do tempo.

REFERÊNCIA: 

SENNETT, Richard. O Declínio do Homem Público: as tiranias da intimidade. Tradução: Lygia Araújo Watanabe. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

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