Mulher Maravilha: uma análise feminista

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“O filme Mulher-Maravilha já soma US$ 294 milhões nos EUA – passando a bilheteria de ‘O Homem de Aço‘ (US$ 291 milhões). Especialistas de bilheterias da Forbes divulgaram um relatório afirmando que ‘Mulher-Maravilha‘ deve encerrar sua jornada nos EUA com sensacionais US$ 350 milhões. Se a projeção se confirmar, o filme terá a maior bilheteria do Universo Cinematográfico da DC nos Estados Unidos, passando também ‘Batman vs Superman: A Origem da Justiça‘ (US$ 330 milhões) e ‘Esquadrão Suicida‘ (US$ 325 milhões). ”

Diana de Temiscira, filha de Hipólita e Zeus, a própria matadora de deuses, mais conhecida como Mulher Maravilha, interpretada pela atriz Gal Gadot (que diga-se de passagem faz uma atuação digna de aplausos), o filme Mulher Maravilha está aí para mostrar nas telonas o poder que a mulher pode ter.

“As Amazonas, de acordo com a Mitologia Grega, segundo as lendas, eram guerreiras de grande habilidade que viviam em comunidades exclusivamente femininas, arranjando parceiros uma vez por ano para se procriarem – e os matando após a fecundação. O mito também afirma que essas mulheres combatentes chegavam ao extremo de arrancar um dos próprios seios para se tornarem melhores arqueiras.”

Na Ilha de Temiscira viviam apenas mulheres (as Amazonas). Mulheres fortes, guerreiras e audaciosas. Não havendo aqui a cultura do patriarcado e nem do machismo, consequentemente, as Amazonas não se tornaram submissas à homens e não faz parte da forma de ser/comportar-se delas calarem-se para que o homem possa falar ou esperar pela permissão masculina para realizar algo. Isso pode ser observado na cena em que Diana adentra um conselho no qual apenas homens são permitidos, causando espanto a todos eles. O que é interessante de perceber é a estranheza sentida por ela, diante da indignação dos homens por ela estar no recinto, expressada nitidamente no seu olhar de “ não estou entendendo”, direcionado a eles.

Além disso, durante todo o filme é nítido o poder de decisão que Diana possui, não há se quer um momento do live-action em que ela deixou que os homens que a acompanhavam decidissem algo no seu lugar. No entanto, isso não a impediu de apaixonar-se por Steve Trevor (interpretado por Crhis Pine), seu companheiro durante toda a trama. Diana e Steve, apesar de possuírem gênios fortes, entenderam que ambos tinham seus potenciais e que precisavam respeitar a individualidade um do outro. Em suma, Steve não se impôs como macho-alfa a fim de subjugar Diana, mas sim percebeu a força feminina que ela possuía e apaixonou-se por ela.

O filme traz uma interpretação feminina maravilhosa, carregada de empoderamento. Vale a pena cada minuto, do início ao fim.

REFERÊNCIAS:

Mulher Maravilha: Patty Jenkins torna-se a mulher a arrecadar mais em bilheteria de um live-action. Disponível em:<http://cinepop.com.br/mulher-maravilha-patty-jenkins-torna-se-a-mulher-a-arrecadar-mais-em-bilheteria-de-um-live-action-147397>

Mulheres Guerreiras: as mitológicas Amazonas realmente existiram?. Disponível em:<http://www.megacurioso.com.br/mito-ou-verdade/45470-mulheres-guerreiras-as-mitologicas-amazonas-realmente-existiram.htm>

Mulher Maravilha: depois dos créditos (crítica). Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=88pzARZfcRI>

FICHA TÉCNICA DO FILME

MULHER MARAVILHA

Diretor: Patty Jenkins
Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright;
País: EUA
Ano: 2017
Classificação: 12

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Superman: o nascimento de um herói

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Ele não era como os demais; ainda criança notou que era diferente. Seus pais cuidavam com zelo de sua criação, porém seu verdadeiro pai não era daqui.  Cedo estava ciente de que algo diferente o esperava, porém somente mais tarde trocou poucas palavras com seu verdadeiro pai, de forma não muito convencional. Sabia que tinha grandes responsabilidades e o fato de ser filho de quem era só aumentava a sua certeza de que devia cuidar daqueles que eram fracos e oprimidos na luta contra as violências e as injustiças. Ainda que soasse absurdo, entendia que essa preocupação lhe traria mais incompreensões do que apoios e que quem estivesse ao seu lado seria alvo de perseguições. Melhor seria permanecer incógnito, se isso lhe fosse possível. Tudo era fácil para ele e, também por isso, tudo seria difícil para ele.

Poderia ser comparado a Hércules, o herói grego popularizado pelos seus doze trabalhos. Filho de Zeus, o mais poderosos dos deuses, vivia na Terra como mortal, tendo sido criado por pais adotivos. Realizou inúmeras façanhas que o destacavam dos mortais comuns. Enquanto sofria sua morte, foi arrebatado por Zeus e levado ao Olimpo, o lar dos deuses, onde alcançou a imortalidade.

Como Moisés, foi deixado em uma “cesta” (guardadas as devidas proporções, é claro), para escapar da morte certa e, com uma pequena ajuda ao destino, ser encontrado por novos pais que cuidariam de sua educação e crescimento.

Por fim, teve sua história cristianizada no decorrer dos anos, sendo sucessivas vezes apresentado de braços abertos, em dúvidas existenciais a respeito de assumir ou não sua responsabilidade perante os pobres mortais, e até mesmo a sua idade ao começar suas ações (a idade de trinta e três anos significa alguma coisa para você?); até um momento Pietá já apareceu em um de seus quadrinhos.

Quem o conhece de priscas eras sabe que suas histórias podem ser vistas como algo simplesmente lúdico, sem implicações político-religiosas-sociais-econômicas, e nesse contexto podemos simplesmente nos divertir, rir de sua cueca por cima das calças, implicar com o poder dos óculos e do penteado que o tornam irreconhecível e ajudam-no a manter sua identidade secreta.

Sem contar as infindáveis versões para TV e cinema, além dos quadrinhos e as mirabolantes invenções para aumentar as vendas. Superboy, supergirl e, céus, supercão que o digam.

Mas também podemos vê-lo como um personagem que foi criado em 1938, em um período especialmente conturbado (estaríamos falando do início da Segunda Guerra Mundial?). Poderíamos ver no seu uniforme as cores da bandeira americana, algo que foi até discreto ao comparar com as estrelinhas da calçola da Mulher Maravilha e o escudo, além do próprio nome, do Capitão América.

Podemos ver sua conotação messiânica como algo possivelmente oriundo dos seus criadores judeus, Joe Shuster e Jerry Siegel. Poderíamos até ver sua luta contra o capital nas tentativas do empresário Luthor de vencer nosso herói.  Enfim, podemos ver o quanto desejarmos ver ao acompanhar as histórias de um herói septuagenário, mas que consegue se manter interessante para as novas gerações.

E, claro, o super-homem de Nietzsche necessita de um outro momento só para ele.

 


A propósito,

– sobre o conflito entre história e estória, e porque optei pela primeira, recomendo a leitura de “História x estória, um conflito histórico”, em  http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/historia-x-estoria-um-conflito-historico/

– sobre o conflito entre O personagem e A personagem, e porque escolhi usar a palavra como comum-de-dois, indico “A personagem ou o personagem”, em http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/2412953

– sobre o novo filme do Superman – “O Homem de Aço” – acessem na seção Em Cartaz –  http://ulbra-to.br/encena/2013/07/02/O-Homem-de-Aco-a-face-obscura-do-Superman

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