Os desafios à alfabetização da população brasileira

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Comemorado no dia 14 de novembro, o Dia Nacional da Alfabetização, celebra a criação do Ministério da Educação e Cultura, na década de 30. Um fato que foi um divisor de águas à alfabetização de milhões de brasileiros. No entanto, dados da pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que existem 11 milhões de brasileiros que ainda não sabem ler e escrever.  Conforme o instituto, apesar do número ainda ser alto houve uma queda discreta de 2018, que era 6,8% dos analfabetos e passou para 6,6%, em 2019.

Segundo o IBGE, a Região Nordeste detém a maior taxa de analfabetismo no país, o que representa 13,9% da população, quatro vezes maior se comparado ao Sul e ao Sudeste. A região Centro- Oeste obteve a taxa de 4,9%, enquanto o Norte com 7,6 %, estando apenas à frente da Nordeste.  Ainda de acordo com a pesquisa realizada em 2019, o nível de instrução das pessoas com 25 anos ou mais, que completaram o ensino médio é de 27,4%, sendo o ensino médio incompleto 4,5%. Já o ensino superior completo 17,4% e incompleto 4%. Os números revelam um desafio, no sentido de diminuir a evasão escolar, e oferecer meios para o término dos estudos.

Nesse sentido, Viegas e Rebouças (2018) afirmam que analfabetismo é um dos mais custosos e permanentes problemas educacionais no Brasil. Enquanto o processo de alfabetização institucionalizada na infância tem sido um dos principais desafios do sistema educacional brasileiro. Viegas e Rebouças (2018) dizem que “o que acarreta um grave prejuízo ao desenvolvimento individual, social e humano”. Situação agravada pela pandemia da Covid-19, já que muitos alunos não tiveram um aparato tecnológico apropriado para as aulas online, ocasionado pelo fechamento temporário das escolas, para evitar a propagação do coronavírus. 

Fonte: Freepick

 

Segundo dados da PNAD (IBGE, 2018), 20,9% dos domicílios brasileiros não têm acesso à internet, o que equivale a 15 milhões de lares, além disso, 79,1% das residências que têm o celular como o meio mais utilizado, sendo que muitas famílias compartilham um único aparelho. Foi nessa realidade, que muitos estudantes se encontraram, quando as aulas passaram a ser à distância, confirmando as desigualdades sociais e de oportunidades no país. 

Souza (2020) relata que as casas das classes médias e alta têm uma estrutura privilegiada para o desenvolvimento de atividades escolares, enquanto “as residências das classes populares se configuram, em geral, com poucos cômodos onde convivem várias pessoas, tornando-se difícil a dedicação dos alunos às atividades escolares”. (Souza, 2020). Situação essa que foi relatada por diversas reportagens feitas pelos veículos de comunicação, alertando sobre as diferentes condições. 

A transformação social que o Brasil precisa, inicia pela educação, por isso é necessário oferecer um ensino público e gratuito de qualidade, para todas as regiões do país. “A educação é um ato de amor, por isso um ato de coragem” Paulo Freire (1968).  Para isso, é preciso engajar a sociedade, no sentindo, que o analfabetismo não é somente um problema do Estado, mas sim de toda sociedade brasileira.

Fonte: Freepick

 

Referência bibliográfica

Freira, Paulo. Pedagogia do Oprimido (1968)

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa. Pesquisa Nacional para Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) (2019). Disponível em < https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101736_informativo.pdf> Acesso: 02, de nov, de 2021

Souza, Elmara Pereira de (2020) Educação em tempos de pandemia: desafios e possibilidades Disponível em < file:///C:/Users/Daniel/Downloads/7127-Texto%20do%20artigo-13846-3-10-20200904.pdf> Acesso: 02, de nov, de 21.

Viegas. E. R dos S, Rebouças, V,M. As políticas de alfabetização no Brasil no contexto de  ensino fundamental: aspectos normativos-legais(2018).

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O professor e o panorama da educação

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Comemorado no dia 15 de outubro, o Dia do Professor celebra a importância do profissional na construção do saber e do desenvolvimento educacional das crianças e adolescentes, bem como a formação cidadã. No entanto, a data merece uma reflexão, pelas condições precárias de trabalho e salarial, que ainda são submetidos, no Brasil. É preciso oferecer dignidade no ambiente de trabalho, bem como meios para o exercício, além de valorização. 

Talento e disposição não faltam para a turma da educação. Esse ano, um professor de matemática, goiano, encontra-se entre os 50 finalistas do prêmio internacional Global Teacher Prize, considerado o Nobel da educação. O professor de matemática, Greiton Toledo ficou conhecido por incentivar os alunos a pensarem como cientistas, além de usarem suas ideias para a elaboração de jogos e atividades educativas que possam auxiliar no tratamento do Parkinson. A doença afeta o sistema nervoso, de forma degenerativa, o que prejudica os movimentos musculares, bem como os tremores.

Professores também são super-heróis, e não usam capa. No ano de 2017, a professora Heley de Abreu, ficou conhecida nacionalmente, como uma heroína, por tentar salvar crianças, quando a creche, em que trabalhava, estava em chamas. Ela morreu ao tentar salvar todas as crianças, que estavam na escola. No ano anterior, a professora recebeu uma homenagem do governo Federal denominado “Povo Heroico”. 

Fonte: encurtador.com.br/zGMU9

Morais e Viecelli (2020) abordam que nos dias atuais, nunca se vivenciou um momento histórico tão conturbado em relação aos valores éticos, sociais, morais e culturais, novos contextos os quais precisam ser trabalhados, em sala de aula.  Ou seja, toda esses dilemas são levados para dentro de sala de aula, nesse sentido, o professor vai além de um educador, torna-se um profissional que ensina para a vida. “Definir o que são valores é algo que pode seguir lados opostos, gerando opiniões paralelas, o objetivo de seguir essa temática é criar discussões acerca das diferenças, ensinando os discentes a respeitá-las.” Morais e Viecelli (2020). 

Duarte (2009) define que o professor é um dos principais atores inseridos no processo de aprendizagem, que além de ensinar o conteúdo em sala de aula, auxilia na motivação e orientação, como um facilitador de aprendizagem. Mesmo com toda essa importância, muitos professores são alvo de violência na escola é o que confirma a pesquisa elaborada pelo Instituto Locomotivo e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). 

Os dados analisados denunciam que 54% dos professores já sofreram algum tipo de violência na escola.  A pesquisa foi feita, em 2019, com base nos índices do Estado de São Paulo, números que alertam sobre os riscos contra os professores. Ademais, a luta pela valorização dos professores do ensino público e privado é algo diário e precisa contar com o apoio da população, em especial dos pais. Nesse sentido, segue algumas dicas de filmes para assistir junto com a família, e contar depois para seu professor. Entre, eles estão Sociedade dos Poetas Mortos, Ó ódio que gerou o amor, O sorriso de Monalisa e Escritores da Liberdade.

Fonte: encurtador.com.br/uT567

Referências

Duarte, R. G. Os determinantes da rotatividade dos professores no Brasil: uma análise com base nos dados do SAEB 2003. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

G1 Goiás. Professor do IF Goiano é único brasileiro entre 50 finalistas do Global Teacher Prize 2021. Disponível em https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/09/14/professor-do-if-goiano-e-unico-brasileiro-finalista-no-global-teacher-prize-2021.ghtml. Acesso 13, de out, de 2021.

 Correio Braziliense. Professora que morreu em incêndio em homenageada como heroína da pátria. Disponível < https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2020/09/4873805-professora-que-morreu-ao-salvar-criancas-de-incendio-e-homenageada-como-heroina-da-patria.html>. Acesso 13, de out. de 2021.

Instituto Locomotiva e Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Disponível em <  http://www.apeoesp.org.br/noticias/noticias-2019/pesquisa-indica-aumento-de-casos-de-violencia-nas-escolas-publicas-de-sao-paulo/ >. Acesso 13, de out de 2021. 

Moraes, T; e  Vieceli,G.  A importância dos valores na formação cidadã dos alunos da educação básica (2020). Disponível em < file:///C:/Users/Daniel/Downloads/26142-Texto%20do%20artigo-87843-1-10-20200831.pdf > Acesso. 12, de out, 2021.

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Saúde mental da população negra e educação infantil: (En)Cena entrevista a psicóloga Talita Lima

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Durante o período de 15 de agosto a 15 de setembro de 2020, o curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra será parte das instituições que prestam apoio à campanha “Saúde Mental da População Negra Importa!”, promovida pela Articulação Nacional de Psicólogas (os) Negras (os) e Pesquisadoras (es) (ANPSINEP). Mobilizado pelas demandas que envolvem a saúde mental e integridade da população negra na educação infantil, o portal (En)Cena entrevista a psicóloga Talita dos Anjos Lima.

Talita é graduada em Psicologia (Ceulp/Ulbra), pós-graduanda em Neuropsicologia, e atua como psicóloga educacional na Secretaria Municipal de Educação em Porto Nacional (TO), Defensora Popular e integrante da Articulação Nacional de Psicólogas (os) Negras (os) e Pesquisadores (ANPSINEP). Confira a entrevista a seguir.

Fonte: encurtador.com.br/lEKZ1

(En)Cena- Você considera que as políticas públicas abordam de maneira satisfatória o racismo no ambiente escolar? Em que perspectivas?

Talita Lima – No contexto atual, acredito não ser possível afirmar que temos políticas públicas que abordem de maneira satisfatória o racismo nos ambientes escolares. Tivemos alguns avanços, certamente, como a Lei 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade de se ensinar História e Cultura Afro-Brasileira, além de ter estabelecido o dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, e que foi, com certeza, um grande marco para a luta antirracista… depois a gente teve a Lei 11.645/08 que alterou a 10.639/03 porque acrescentou também a questão da cultura indígena. Essas legislações instituíram que as culturas indígenas e africanas devem constar no conteúdo programático, especialmente em Educação Artística, Literatura e História.

São avanços significativos, sem dúvida, mas para que eles se efetivem na prática, precisamos ter profissionais que reconheçam a importância e trabalhem isso de forma transversal, não apenas em eventos isolados no dia 20 de novembro, por exemplo. Porque, infelizmente, é isso que acontece, na maioria das vezes a questão é tratada de forma isolada, com ações do tipo: “Vamos agora falar sobre Povos Negros” ou “Vamos fazer um desfile de Beleza Negra no dia 20 de novembro”. E se a gente entende o racismo como estrutural, a gente compreende que ações assim espaçadas e aleatórias, não ser efetivas na luta contra o racismo.

E o racismo na escola se manifesta de forma óbvia, como por exemplo: as pessoas que hoje representam o fenômeno do “fracasso escolar” são os alunos negros. Meninos negros, mais especificamente falando. São eles que tem pior desempenho, são eles que mais abandonam a escola, eles são o estereótipo do “aluno-problema”. E encarar isso de forma individualista é um erro. Esse fenômeno fala de uma estrutura.  Então, a gente tem políticas que se propõem a combater o racismo no conteúdo programático, mas a gente ainda tem muito a fazer, tanto para que elas sejam colocadas em prática de forma legítima, quanto na construção de políticas que combatam o racismo nas relações que se estabelecem dento da escola.

Fonte: encurtador.com.br/afHZ0

(En)Cena – De que maneira você distingue que os psicólogos podem articular serviços e movimentos para promoção da saúde mental da população negra no contexto da educação infantil?

Talita Lima – Parto do pressuposto que psicologia não se faz isolada, então a gente sempre deve trabalhar numa perspectiva de coletividade e em rede. Quando se está trabalhando na educação pública, por exemplo, o contato com a rede de atenção básica à saúde e/ou assistência social é no mínimo obrigatório… essas redes vão ofertar alguns serviços básicos de garantias de direitos para aquela criança que está precisando.

A gente precisa saber quais os serviços ofertados no SUS e no SUAS, precisa saber os caminhos para serviços legais, como a defensoria pública por exemplo. Digo isso porque a criança negra que chega lá na escola e sofre racismo naquele ambiente, pode acreditar que muitas vezes ela vem de uma série de violências sistemáticas, e todas elas implicam diretamente na saúde mental dessas crianças e no aprendizado. É importante saber disso e estar atenta a isso. Essa articulação em rede é essencial. Para além dessa questão de conhecer os serviços de garantias de direitos, acho que a inserção em movimentos sociais não é necessariamente obrigatória, mas fazer parte de algum coletivo pode te ensinar a estar mais engajada na causa, te manter mais ativa, estudando, se inteirando.

Fonte: encurtador.com.br/cnqOX

(En)Cena – Você acredita que a prevenção do racismo no contexto da educação infantil tem ganhado a atenção da psicologia atualmente? Em que aspectos?

Talita Lima – Nós temos cada vez mais publicações, artigos, ações de psicólogos falando sobre racismo na educação, e como combatê-lo dentro da escola, na educação infantil, por exemplo. Ainda temos poucas ações no sentido de prevenção. Mas acredito que a Psicologia, assim como diversas outras áreas do conhecimento têm avançado (ainda que a lentos passos) nesse sentido. O livro “Psicologia Escolar: que fazer é esse?”, do Conselho Federal de Psicologia em 2016 aborda um pouco sobre isso, e também As Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica (2013) falam sobre a necessidade dessa dimensão política da nossa atuação. As Referências do CREPOP não citam diretamente as relações étnico-raciais, mas orientam a observar o contexto sócio-político, e observando o contexto sócio-político é impossível não enxergar o racismo como um dos fatores determinantes do aprendizado ou fracasso escolar.

(En)Cena – Como os psicólogos poderiam atuar frente ao bullying em decorrência do racismo nas escolas?

Talita Lima – Nós temos estudos e pesquisas, como por exemplo, do Anuário Brasileiro de Educação Básica 2019, que mostram que crianças negras tem maior dificuldade tanto no acesso, quanto permanência à escola e na qualidade de aprendizagem, em relação a crianças brancas. Esses resultados são influenciados por vários fatores, desde questões que vem de “fora da escola”, como situação de vulnerabilidade social que os alunos negros por vezes estão mais suscetíveis do que os brancos, até questões dentro da escola como injúria racial praticada por coleguinhas e até professores.

A psicóloga (ou o psicólogo) que trabalha nesta área vai ter que compreender como se dá o racismo a nível estrutural e institucional. Vai precisar propor que o currículo aborde de forma constante as questões raciais; vai precisar apontar o racismo, colocar nome nele, porque às vezes a gente trata apenas como “bullying”, o que dá uma dimensão muito ampla e meio vaga do fenômeno, né? Se uma criança chama a outra de “cabelo de bombril”, por exemplo, não é apenas bullying, é racismo.

As coisas tem o nome que tem, e nomear a situação faz com que ela se torne visível e portanto mais fácil (ou menos difícil) de ser combatida; vai precisar trabalhar em conjunto com a assistência social; vai ter que participar ativamente da construção do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola para pontuar ali ações de promoção de saúde mental e de combate ao racismo;  vai precisar promover ações de enfrentamento ao racismo dentro da escola a partir de rodas de conversa, levar historinhas (narrativas) que tenham protagonistas negras(os), promover uma reeducação quando uma atitude de racismo acontecer, buscando a princípio um modelo não punitivista, mas para tentar compreender de onde veio aquela atitude (talvez é a reprodução de algo que a criança viu, por exemplo) e indicar novas formas de relacionar-se… Com criança é isso, eu acredito muito que vai pela via do afeto e da educação positiva. A psicóloga pode também montar formações para os professores sobre as questões étnico-raciais. As possibilidades são diversas, não falta campo nem demanda.

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Temáticas da psicologia da educação presentes nas vivências pessoais e profissionais

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Sou Licionina Maria Rodrigues da Silva há dezoito anos a frente da Presidência/direção da Escola Especial Um Passo Diferente – APAE do município de Tocantinópolis, estado do Tocantins. A escola atende a alunos da Educação Especial do Ensino a partir de 2008 tomamos à frente da direção da referida escola na qual se observou vários problemas que se agravavam, sobretudo pelas dificuldades de relação entre Família/Escola, no que se refere à aceitação da deficiência  como também  procura de atendimento de profissionais de saúde que atesta a deficiência por meio de laudo médico e/ou psicológico, ocasionando assim dificuldade de ser assistido de acordo as suas necessidades. Nesta escola percebeu-se que a família se mantinha distante ou mesmo ausente da vida escolar dos filhos, trazendo com isto, uma série de problemas relacionados ao desenvolvimento de habilidades cognitivas e de interação social.

Com base dos dados expostos procurou-se promover na escola, ação para trazer um psicólogo educacional  e demais profissionais da equipe multidisciplinar da saúde, pois muito dos alunos atendidos não apresenta laudo psicológico. Necessitando assim de uma avaliação psicológica, a qual segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2000) reflete um processo de coleta de informações resultante de um conjunto de procedimentos confiáveis. Tal processo permitiria ao psicólogo avaliar comportamentos, contribuindo para a orientação de ações profissionais de forma segura e pertinente (Paula, Pereira, & Nascimento, 2007).

Para a realização do trabalho, foram convocados pais/ou responsáveis pelas crianças matriculadas na escola de modo que se realizou  quatro grandes reuniões no decorrer de três meses, as quais se obteve uma significativa participação dos mesmos, onde os profissionais da saúde foram disponibilizados pela a secretaria municipal de saúde em forma de parcerias.

Fonte: encurtador.com.br/guvKS

A partir dessas atividades observou-se que houve uma significativa melhora no que se refere à participação dos pais na vida escolar dos filhos e no cotidiano da escola. Diante desta ação ficou constatado que a escola especial atende diferentes tipos de deficiências de acordo laudo de médicos e psicólogos, sendo eles: Autismo, Deficiência Intelectual Severa, Deficiências Múltiplas Deficiência Intelectual Deficiência Visual Deficiência Auditiva e Física.

Como incentivo a esta participação criou-se o momento de encontro semestral para que a psicóloga pudesse acompanha o desempenho dos alunos e avaliá-los. O trabalho da Escola Especial “Um Passo Diferente” – APAE de Tocantinópolis, feito com o compromisso de valorizar as potencialidades e as necessidades individuais dos alunos adotando ações positivas, surge das conquistas que muitas vezes impressiona, mas que viabiliza o desenvolvimento das capacidades da pessoa com deficiência, resgata a auto- estima e melhora a qualidade de vida.

Portanto, é valido considerar que a atuação do Psicólogo no ambiente escolar pode ser compreendida como por um serviço preventivo e terapêutico. Quando se trata de inclusão educacional de pessoas com deficiência, ele tem um papel crucial na preparação dos profissionais envolvidos, apoio familiar e suporte a comunidade discente. Sendo assim, o objetivo do nosso artigo é discutir as contribuições do psicólogo escolar no processo de inclusão educacional de pessoas com deficiências. O psicólogo deve ter um olhar abrangente, ver o aluno com deficiência como um ser biopsicossocial, e não olhando apenas o biológico, mas um ser que apesar das limitações é também dotado de potencialidade. Dessa forma Vianna (2016, p- 54), relata que: A atuação do profissional de psicologia no ambiente escolar, nos dias atuais permanece marcada por dificuldades, em relação ao fazer a prática. Muitos psicólogos ainda sentem certo bloqueio ao sair do modelo tradicional clínico, centrado no psicodiagnóstico.

Fonte: encurtador.com.br/guvKS

REFERENCIAS 

Paula, A. V., Pereira, A. S., & Nascimento, E. Opinião de alunos de Psicologia sobre o ensino em avaliação psicológica. (Psico-USF,2007).

VIANA, M.N. Psicologia escolar: que fazer é esse? In: Conselho Federal de Psicologia- Brasilia – CFP, 2016.

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Educação de crianças em famílias e comunidades

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Os bebês humanos são totalmente dependentes na garantia da sua própria sobrevivência. É através da aprendizagem dentro do seu grupo que se tornam, com o tempo, pessoas independentes. O processo de desenvolvimento humano varia de acordo com a dinâmica de cada cultura a qual o sujeito esteja inserido. Sendo que, em relação à educação, em todo o mundo há participação da família, do bairro e de suas comunidades. E este processo é passado de geração para geração, porém com aplicações que serão renovadas de acordo com o tempo presente, onde estarão ligadas intrinsecamente com as políticas nacionais e internacionais.

As metas políticas e econômicas influenciam na escolha da composição familiar, como controle para queda de mortalidade, controle de natalidade e planejamento familiar, visando um melhor padrão de vida da população e melhor educação que ocorreram de forma bem explícita na China e México. E toda esta transformação está totalmente ligada às práticas culturais de cuidado e desenvolvimento humano. O alto controle de natalidade implantado na década de 70, na China e México, resultou em uma menor rede social familiar, com isso, diminuindo a possibilidade de cuidados às crianças e idosos da família.

O número de mortalidade infantil era muito alto nos séculos 18, 19 e 20, assolados principalmente por doenças. Com a implantação do saneamento básico e melhorias na nutrição esse número foi reduzindo. Mas, até então, o índice de mortalidade era até a idade de cinco anos e a garantia de sobrevivência do “clã” familiar era ter o maior número possível de filhos, para que estes cuidassem das outras crianças e posteriormente dos idosos da família. À partir de 1900, a grande preocupação estava em torno das comunidades menos favorecidas economicamente, os guetos, que se tornaram ambiente de risco para jovens até 21 anos.

Morro da Providência. Fonte: http://zip.net/bctHMw

Robert LeVine (1980) apud Rogoff, (2005) propôs algumas metas de prioridades na conduta parental de acordo com a necessidade existentes em cada grupo ou país: 1- Há locais onde a maior atenção deverá ser dirigida aos bebês, concentrando maior cuidado a sua saúde física; 2- As prioridades parentais visam a educação dos filhos envolvendo que eles sejam preparados para se manterem economicamente na maturidade; 3- Se as duas primeiras metas estão superadas, os pais podem gastar maior tempo em outros valores culturais (realizações culturais, compaixão religiosa, auto realização, etc.). Claro que estas estratégias serão usadas de forma hierárquica e diferente, dependo de cada país, pois envolve aspectos históricos culturais e locais. Como por exemplo, a prioridade de estratégia na África será completamente diferente a aplicada nos Estados Unidos.

Embora a literatura psicológica frequentemente relacione o vínculo afetivo mãe-bebê como algo natural – inerente em todas as relações –, ao verificar informações históricas de uma comunidade, percebe-se que a relação mãe-bebê reflete a realidade cultural onde ambos estão inseridos. Nesse sentido, questiona-se a ligação afetiva entre a mãe e sua prole como algo natural, enquanto um processo a-histórico.

Fonte: http://zip.net/bhtH4F

Na Grécia antiga, era permitido matar e abandonar crianças pequenas, uma vez que estas não eram saudáveis, ou mesmo em razão das dificuldades enfrentadas pela mãe na criação do filho. Na realidade brasileira, mães que vivem em extrema pobreza nas favelas distanciam-se afetivamente dos filhos quando estes dispõem de mínimas chances de sobrevivência, seja por falta de nutrientes ou assistência médica. Se o bebê consegue sobreviver, a mãe percebe-o com orgulho, pois sua sobrevivência é reflexo de uma força vital de lutar pela vida.

Nesta perspectiva, Sheper Hugles questiona a concepção biologicista da maternidade e propõe uma reflexão crítica acerca desse vínculo, considerando o ambiente socioeconômico em que a família está inscrita. Assim, ele critica a super-estimulação do vínculo afetivo entre mãe-bebê na maternidade concomitante a ausência de assistência social na realidade comunitária dessa família. Dessa forma, “as interpretações sobre o tratamento que as mães dão aos bebês exigem consideração das estratégias culturais de uma comunidade para tratar de desafios locais, e um exame das circunstâncias que se dá a paternidade/maternidade” (ROGOFF, 2005, p. 100).

O vínculo entre o bebê e seu cuidador divide-se em três tipos de padrão: a) seguro: o bebê sente-se confortável na ausência de seu cuidador e explora o ambiente de maneira tranquila e confortável; b) ansioso/resistente: o bebê sente-se desconfortável ante a ausência do cuidador e quando este retorna, ele não se acalma facilmente; c) ansioso/esquivo: o nível de desconforto do bebê ante a ausência de seu cuidador é baixo, e quando está na presença do cuidador, o bebê apresenta comportamento de evitação para com este. O tipo de vínculo estabelecido reflete os valores e práticas culturais de uma comunidade.

Fonte: http://zip.net/bgtHWP

Outra dimensão influenciada pelos aspectos culturais de uma comunidade refere-se à configuração da família e a dinâmica das relações entre os membros. As famílias norte-americanas, por exemplo, estimulam a individualidade e competitividade enquanto valores desde a tenra infância, o que reflete o jeito americano de viver. Paralelamente, nas famílias ampliadas, a criação dos filhos é compartilhada no sentido de que diferentes membros da família e até mesmo da comunidade, participam do cuidado e entretenimento das crianças, como acontece no Havaí.

Somado a essa realidade, Rogoff (2005) levanta a variação cultural da participação versus segregação das crianças no conjunto de atividades desenvolvidas pela comunidade adulta. Comunidades como Kokwet (África Oriental), áreas urbanas da cidade do Cairo, República Democrática do Congo, as crianças são incluídas em quase todos os eventos familiares e comunitários desde a primeira infância. Em contrapartidas, em algumas comunidades, as crianças observam e participam muito pouco das atividades comunitárias dos pais, como exemplo tem-se as famílias de classe média dos Estados Unidos.

Fonte: http://zip.net/bktHXr

Essa diferença cultural reflete na inserção da criança no mundo do trabalho, uma vez que, em função das observações laborais dos adultos elas adquirem algumas competências por meio da aprendizagem. Em algumas comunidades, crianças entre 3 e 5 anos já aprendem habilidades domésticas simples como juntar folhas, ir ao mercado fazer pequenas compras, aumentando suas atribuições com o acréscimo da idade (ROGOFF, 2005).

Na África Ocidental, as crianças já começam a realizar pequenas atividades perto de casa, desenvolvendo funções importantes no trabalho da região e um auxílio na renda familiar. Desse modo, Rogoff (2005) apresenta que as crianças conseguem aprender acerca dos papeis desenvolvidos pelos adultos com maior facilidade quando estão inseridas no cotidiano e no trabalho das suas famílias e comunidades, isso aumenta a probabilidade de trabalhar conjuntamente em grupo futuramente.

Atualmente, em alguns países, como os Estados Unidos, a participação das crianças encontra-se separadas das atividades dos adultos e cada vez menos habilidades têm sido desenvolvidas que possibilitem o preparo das crianças para a idade adulta. Desse modo, o autor destaca que as iniciativas para proteger as crianças das explorações econômicas, perigos físicos, ampliação da formação escolar e a concorrência econômicas com os adultos, restringiram as possibilidades de aprendizagem direta das crianças sobre o trabalho e demais atividades do adulto.

Fonte: http://zip.net/bjtHS2

Uma alternativa possível para a construção de habilidades adultas na infância consiste na inserção das crianças em ambientes especializados que preparam as crianças para assumirem os papeis dos adultos. Um exemplo desse ambiente especializado refere-se às escolas, locais em que são desenvolvidas brincadeiras e atividades que aproximam gradativamente das atividades posteriores na vida adulta. Em relação a inserção das crianças em grupos, Rogoff (2005) afirma que a relação mãe e filho, muitas vezes é menos importante do que a grupal, ou seja, o envolvimento delas com outras crianças possibilita a apreensão de novas posturas, e se compara ao envolvimento do adulto a sua comunidade.

Fazendo um paralelo, observa-se que mães euro-americanas, interagem mais diadicamente com seu filho, ou seja, relação olho no olho, diferentemente das mães japonesas de classe média. No entanto, há uma diferenciação das mães da Polinésia, que desde muito cedo, estimulam os recém-nascidos ao contato com o outro, isso pode ser observado até mesmo pelo modo com que elas os posicionam, de forma a perceber tudo que está ao seu redor.

Fonte: http://zip.net/bltHqx

Em se tratando dessas relações, observa-se influências culturais nos comportamentos, visto que na américa, as relações, mesmo que grupais baseavam-se em um parceiro por vez, em lugar de um “conjunto múltiplo integrado” (CHAVAJAY, 1993 apud ROGOFF, 2005). No entanto, na Guatemala é comum a organização envolver várias pessoas interagindo em um grupo, compartilhado e multidirecionado.

Na escola o cenário é o mesmo, onde mesmo dispostos de forma a interagirem, as crianças americanas preferem uma relação diádica, ou seja, conversar com o colega ao lado, além de falar com o professor um de cada vez, ou em um uníssono. Nesse sentido, a opção pelos recursos cooperativos em sala tem sido um desafio para os professores, pelo fato de as crianças estarem muito acostumadas ao estilo diádico, e com isso não se adaptarem ao trabalho em grupos. Os professores por vezes, necessitam utilizar-se de novos repertórios para ajudar as crianças a aprenderem modos de estudar em grupo.

Nota-se que os sistemas de convivência em comunidade possuem importância trivial para as crianças assimilarem hábitos e conhecimentos dos adultos, a partir da observação e interação com os mais velhos. Caso as crianças não possam participar das atividades que ocorrem dentro da comunidade, os adultos criam ambientes propícios para essa apreensão, como escola, e momentos de interação adulto-criança, mãe-filho, com a finalidade de prepará-los posteriormente, para os desafios da vida adulta.

REFERÊNCIA:

ROGOFF, Bárbara. Educação de crianças em famílias e comunidades. In: A Natureza Cultural do Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 2005. cap. 4, p. 91-127.

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