Animação Encanto: precisamos falar sobre o Bruno

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A animação Encanto, criação de Jared Bush e Byron Howard,  se tornou o mais novo fenômeno da Disney. Trazendo muita representatividade e música latina. A  trilha sonora, composta por Lin-Manuel Miranda chegou ao topo da Billboard 2000 e já superou a marca de 500 milhões de streams . Entre  essas canções está ‘’ Não falamos do Bruno’’ We Don’t Talk About Bruno” (na versão original) que atingiu o marco número 1 das paradas internacionais, como a música da Disney mais ouvida de todos os tempos.

Encanto é um filme cheio de personagens marcantes, sendo uma animação reflexiva,  que nos mostra a  saga da família Madrigal, onde cada membro da família possui ou está à espera de um dom. Algumas das mensagens que o filme nos trás é a toxicidade familiar e o processo de cura das relações. Cada uma de suas canções traz o ponto de vista de seus principais personagens e suas dificuldades, que estão encobertas, pelo “bem maior” da família.

A canção ‘’não falamos do Bruno’’ é a única não cantada pelo seu personagem central e nos leva a refletir sobre o abandono das relações entre familiares.

Podemos perceber que ao longo da canção, cada um tem seu motivo para não falar do Bruno, o seu dom era a profecia, e por ser alguém muito diferente dos demais, ele nunca foi bem visto. Quando então começou a prever coisas que eram nada mais nada menos que a realidade, ficou ainda mais marcado. As pessoas em sua volta não estavam preparadas para lidar com aquilo. Aos poucos Bruno foi sendo excluído pela família, até o ponto em que ele mesmo foge, e todos o enxergam como alguém que abandonou a família, resolvendo então silenciar qualquer assunto sobre ele.

Uma pesquisa da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, concluiu que mais de um a cada quatro norte-americanos relata ter se distanciado de algum parente. Segundo reportagem da BBC, empresa estatal de mídia do Reino Unido, um estudo similar foi realizado pela Stand Alone, organização britânica dedicada ao distanciamento familiar, levantando que o fenômeno atinge uma a cada cinco famílias naquele território. O artigo ainda informa que estudiosos e terapeutas na Austrália e no Canadá também afirmam observar uma “epidemia silenciosa” de rompimentos familiares. 

Segundo um artigo da BBC (2021) Não existem dados concretos, mas há uma percepção crescente entre terapeutas, psicólogos e sociólogos de que esse tipo de rompimento intencional entre pais e filhos vem crescendo nos países ocidentais. Podemos entender então que o rompimento familiar é mais comum do que imaginamos, Bruno não está sozinho,  nos levando a refletir: quais são os fenômenos que podem estar por trás de tal acontecimento?

fonte:http://encurtador.com.br/kmBD5

Visões de mundo conflitantes

Segundo Samuel (2022) a impossibilidade de diálogo a respeito das diferentes visões de mundo é um dessas dificuldades, Samuel destaca ainda.‘’Não é um problema que os entes familiares pensem diferente. O problema é a imposição autoritária dessas perspectivas, pois gera violências e impede a construção de uma identidade própria”. Nessa visão de mundo, acontece o  abandono de parentes com identidades marginalizadas e as minorias sexuais e de gênero,  como aponta uma matéria da BBC (2021).

Distanciamento Emocional

Chamado formalmente de estrangement, expressão inglesa para uma situação na qual alguém se separa ou deixa de estar em bons termos com um grupo social, que poderia ser traduzida como “distanciamento”, o conceito é definido com leves variações pelos especialistas. (BBC, 2021) .

A pessoa que se afasta, vê em sua família uma ameaça, às suas crenças, seu jeito de ser e pensar, podendo haver relações de violência psicológica, abusos emocionais, verbais, físicos ou sexuais. Segundo o pesquisador Karl Andrew Pillemer, o divórcio é outro fator de influência, quando o filho, já adulto, é levado a escolher um lado ou passa a lidar com disputas – sejam elas financeiras ou afetivas.Logo a pessoa resolve se afastar, cortando todas as comunicações com um ou mais parentes, essa situação pode perdurar a longo prazo, mesmo quando membros do grupo do qual a pessoa se afastou tentam restabelecer o contato.

fonte:http://encurtador.com.br/BDFJR

Diferenças de valores culturais, políticos e religiosos

O doutor em psicologia social Cláudio Paixão Anastácio, aponta que o aumento da polarização e o recrudescimento do conservadorismo observado nos últimos anos contribuem de maneira significativa para os afastamentos. Um estudo publicado em outubro por Coleman e pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, demonstrou que desavenças baseadas em valores foram mencionadas por mais de uma a cada três mães de filhos que se distanciaram .(BBC,2021)

Karl Pillemer, da Universidade Cornell, diz que nessas diferenças de valores, começa a acontecer o distanciamento, devido a conflitos resultantes de “questões como preferência pelo mesmo sexo, diferenças religiosas e adoção de estilos de vida diferentes”. Em uma pesquisa realizada foram percebidos alguns exemplos dessas radicalidades. BBC(2021)

O distanciamento é por muitas vezes algo silencioso

Em uma pesquisa feita, observou-se que os entrevistados  não conseguiam identificar um incidente que causou tal afastamento, costumavam dizer ‘’ que não sabem como isso aconteceu’’. BBC (2019) Tais acontecimentos até podem ser fruto de uma comunicação atravessada, onde não existe diálogo e compreensão.

O empobrecimento social, gerado por um modelo econômico capitalista excludente, concentrador de rendas, ampliado pela falta de políticas públicas, faz com que comportamentos adversos se instalem no seio familiar, afetando diretamente sua tarefa primordial de cuidado e proteção de seus membros e um de seus maiores valores, o afeto (Mioto, 1997). Embora seja uma citação antiga, podemos trazer a visão de Mioto a atualidade, relacionando a modernidade líquida de bauman, onde as relações e afetos são atravessados por uma ótica capitalista, de um mundo capitalista, que exige de nós pressa, produção e menos cuidado.

fonte:http://encurtador.com.br/dmO24

Bruno  podia prever o futuro e isso assustava, os outros membros da família, suas visões eram muito realistas, e fugiam daquilo que seus familiares esperavam. No enredo do filme, Bruno resolve ir embora, porque prevê a maior tragédia de todas. Mas implicitamente percebemos que as fortes críticas dos membros da família,  juntamente com o medo e o sentimento de rejeição, foram os elementos  que levaram Bruno a fugir. Mas ele não fugiu de fato, passou a viver dentro da casa da família, em um lugar escuro, juntamente com ratos e uma grande sujeira, talvez a maior representatividade de como a família o enxergava alguém obscuro, que deveria viver longe do convívio de outras pessoas.

 

 Bruno viveu um  relacionamento familiar tóxico.

Sobre relacionamentos familiares tóxicos: ”Se não é possível atendermos ou sermos atendidos inteiramente quanto às nossas expectativas, a outra pessoa torna-se uma espécie de obstáculo ou entrave. Mas não é simples, afinal é também nesse enganche relacional que nutrimos nossos desejos, o que gera um impasse. Ao mesmo tempo que nos sentimos repelidos, somos atraídos por algum tipo de conexão que nos mantém atrelados. Lidar com essas tensões é parte natural da construção dos laços sociais e familiares.” Felipe Batista (VOGUE, 2021)

fonte:http://disneyplusbrasil.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Bruno-Encanto.jpg

Por um buraco na parede ele observava, a família, sua afeição e devoção, fizeram continuar ali, esperando que um dia pudesse ser aceito novamente ao convívio de seus familiares, nos mostrando na prática a intensidade desses laços e as consequências ruins desse tipo de relação. Na concepção espinosa (conceito filosófico) a família é o único grupo que promove a separação e sobrevivência biológica e humana, sendo a sua eficiência dependente da sensibilidade e da qualidade de vínculos afetivos estabelecidos entre os indivíduos do grupo no decorrer da história (SAWAIA, 2005). Aquilo que se entende por família é ‘’um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo, tendo laços sanguíneos ou não (MIOTO,1997)

Algumas famílias buscam por reconciliação, outras não têm dimensão dos problemas causados, nesses casos o diálogo e o não julgamento são boas estratégias de aproximação. No caso da canção, cada um tinha um motivo pessoal com Bruno e as gerações mais novas nem sequer sabiam quem ele era, mostrando o impacto do rompimento dessas relações. Percebemos ao longo do filme que Bruno, foi apenas uma pessoa mal compreendida, e que tudo não passou de grandes mal entendidos. Em outra canção do filme intitulada ‘’vocês’’ vemos a reconciliação com seus familiares.

[Camilo] E que tal falar um pouco do Bruno?

Antonio] O Bruno

[Bruno] Bom 

O que vou dizer sobre o Bruno?

Ok, lá vai

Pepa, estraguei seu casamento

Me desculpe o sofrimento

Não era o horóscopo

Eu só li seu pensamento

Não se esqueça, por favor

Do valor desse amor

Se chover, garoar

Se nevar, chuviscar

É amor!

[Félix] Eu vou com ela onde for!

[Bruno] Eu tenho tanta coisa pra me desculpar[Julieta]

Ei, o que importa é você voltar!

[Bruno] Uh, mas

[Pepa] Não tente fugir

[Agustin] O seu lugar é aqui

Enfatiza-se aqui a importância do diálogo, da diversidade, e da compreensão, enxergar o outro como diferente, praticando a tolerância e o respeito. Bruno foi inserido no contexto familiar, onde houve perdão e compreensão. Mas quero destacar que esse texto não tem o intuito de normatizar as relações familiares tóxicas, pois ninguém é obrigado a  estar em relações prejudiciais. O filme todo mostra um processo de mudança entre os familiares e a  busca pela ‘’cura’’

Referências:

BATISTA, Felipe. ‘’Precisamos falar de relacionamentos toxicos’’. VOGUE, 2021. Disponivel em  https://vogue.globo.com/Wellness/noticia/2021/09/precisamos-falar-sobre-o-relacionamento-toxico-familiar.html> acesso em 24 de maio de 2022 

BESSAS, Alex. Por razões emocionais, mais filhos têm rompido relação com os pais.Otempo, 2022. Disponivel em <https://www.otempo.com.br/interessa/por-razoes-emocionais-mais-filhos-tem-rompido-relacao-com-os-pais-1.2656123> Acesso em 24 de maio de 2022

Dinamarco, Marco Aurélio. Em busca dos elos rompidos: um estudo sobre a importância do vínculo afetivo nas relações familiares. 2009. 250 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.

FRANGO, Luis. Vamos falar um pouco mais sobre o Bruno: uma analise da música de Encanto. Clapper, 2022. Disponivel em <https://www.clapper.com.br/artigo/analise-musica-encanto> acesso em 24 de maio de 2022.

RO, Cristien. por que tantas pessoas se  distanciam de seus familiares?. BBC. 2019

Disponivel em<https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-48157656>. Acesso em 24 de maio de 2022.

SAVAGE, Maddy. Por que cada vez mais filhos cortam laços com pais por saúde mental. BBC, 2021. Disponivel em <https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-59656561> acesso em 24 de maio de 2022

 

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O “Encanto” das relações transgeracionais na formação das crenças

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Encanto, filme da Walt Disney Animation Studios, lançado em dezembro de 2021, literalmente “encantou” o público e está prestes a concorrer ao Oscar de 2022 na categoria de Melhor Filme de Animação e Melhor Trilha Sonora.

O filme conta uma história extraordinária sobre uma família que possui poderes únicos, e vivem nas montanhas da Colômbia em uma casa mágica.

A história e a construção dessa narrativa iniciam quando a jovem Alma Madrigal foge com seu marido e seus filhos trigêmeos, Julieta, Pepa e Bruno por causa de um conflito armado, e o marido acaba morrendo tentando proteger eles e outras pessoas da vila. Alma consegue salvar seus filhos, e a vela que ela estava segurando adquire poderes mágicos – um “milagre” – e acaba derrotando seus perseguidores. Depois disso eles se refugiam nas montanhas, e formam uma comunidade ali.

 Cada membro da família em um dado momento da vida é contemplado com um dom único, com habilidades sobre-humanas, e com esses dons eles servem esta comunidade, todos com excessão de Mirabel, a filha mais velha de Julieta, que é a protagosnista calorosa e espirituosa do filme.

Desde o início do filme, se pode perceber na fala da Mirabel um pouco da dinâmica desta família. A avó trata ela de forma diferente dos outros, ela é vulnerável ao desprezo desta família, que a exclui em vários momentos por ela não ter recebido um presente (por razões desconhecidas). A própria existência de Mirabel é vista como prejudicial à família. Espera-se que ela permaneça em um canto, fora de vista. Ela é deixada de fora dos retratos de família e menosprezada.

Fonte: encurtador.com.br/nxCRX

A postura da avó é de muita arrogância, é autoritária, impondo e centralizando o seu poder. Durante o enredo percebemos sua rigidez e agressividade, inclusive responsabilizando a neta da possível destruição da família, após uma previsão feita por seu filho Bruno, que tem uma visão que ameaça a morada mágica da família e, após isso ele se retira para um exílio para proteger ela e a si mesmo, bem como sua família, pois a matriarca Madrigal não tolera rachaduras em suas fundações.

Dentro da psicologia chamamos isso de ambiente invalidante, onde por mais que a família pode ser a coisa mais importante para um indivíduo,  ainda assim pode ser impregnada de toxicidade e ser motivo de adoecimento psíquico. No enredo, por exemplo, a sensação dela de não fazer parte daquela família, de não conseguir corresponder às expectativas da matriarca, o peso de tudo isso, somados ao medo e à culpa impactam muito Maribel. E neste olhar psicológico, podemos perceber a autenticidade emocional da protagonista.

Ao contrário do que muitos pensam, sentir-se bem ou feliz o tempo todo não é uma receita para o bem-estar, como descobriram os pesquisadores da emoção.

Pessoas com maior flexibilidade de experimentar emoções positivas e negativas em seu ambiente apropriado mostram maior capacidade de resiliência do que pessoas com menos flexibilidade. Embora Mirabel abra o filme com uma introdução otimista dos poderes da família, desviando as perguntas das crianças da vila sobre o dom dela, e mesmo que durante a cerimônia milagrosa de seu primo mais novo ela diz para si mesma: “Não fique chateada ou com raiva. “Não se sinta arrependida ou triste.” “E eu estou bem, estou bem demais; mas me sinto deixada pra trás, não dá mais…, e mais pra frente, “eu não estou bem”, ela continua expressando sua frustração por não ter um dom mágico e estar cansada de “esperar por um milagre”.

Fonte: encurtador.com.br/fpzDE

Talvez seja exatamente porque ela não está completamente emaranhada na família que ela adquire a capacidade de ver as coisas como elas são, não como elas idealmente deveriam ser. Assim, só ela pode ver as rachaduras na casa da família muito antes de qualquer outra pessoa (exceto o tio Bruno). A avó acha suas preocupações ameaçadoras e a repreende fortemente, dizendo que ela está imaginando coisas, ou pior, causando a destruição da família.

“Honrar o milagre” era a coisa mais importante para esta avó. Para ela, o valor desta família esta intimamente atralado ao milagre, desta forma percebemos as crenças e o funcionamento dessa família, a tradição, no que eles acreditam, e o que fala mais alto. Eles deveriam manter esses dons a qualquer custo (inclusive ao custo da saúde psicológica dos familiares).

Luíza, por exemplo, se mostra muito ansiosa, tendo que aguentar um peso que ela já não sente que tem forças para suportar. Ela não sabia dizer não, assumia a responsabilidade de ajudar e satisfazer as expectativas de todos. Izabela também, por ter que ser perfeita, fazer tudo certinho, manter seu padrão de beleza, e o custo desta autoimagem. Mas o dom estava acima de tudo, da liberdade e das necessidades dos membros dessa família. A avó se mostra completamente decepcionada com Mirabel, e fica claro como ela não estava disponível para validar as emoções dos seus filhos e netos.

Nenhum deles tinha liberdade de escolha, e nem abertura para falar como se sentiam em relação ao dom recebido, e o que ele representava na sua vida.

Vai se percebendo os inúmeros sofrimentos e prejuízos emocionais, inclusive na formação nas crenças nucleares de todos eles. A forma como o adulto se relaciona com a criança é internalizado pra ela, essa percepção do mundo a criança aprende na relação estabelecida com a família. Onde tem aceitação, amor, liberdade, ela começa a perceber o mundo a partir dessa relação, e da mesma forma quando existe uma relação disfuncional, autoritária, rigorosa, exigente e rígida vai trazer a criação de crenças disfuncionais que acompanham o indivíduo ao longo de toda a vida.

Segundo a Terapia Cognitivo Comportamental, as crenças nucleares são formadas desde a infância, se solidificam e se fortalecem ao longo da vida. Elas representam o nível cognitivo mais profundo, são ideias absolutistas e rígidas, enraizadas e cristalizadas, e formam como é chamada – a tríade cognitiva, que nada mais é do que o jeito de se perceber como pessoa, perceber os outros e enxergar o mundo.

Um terapeuta da TCC consegue fornecer ferramentas suficientes para colaborar com a mudança do sistema de crenças distorcidas do paciente, para assim, permitir que o sujeito que sofre com a visão irreal de si, dos outros e do mundo consiga fazer uma reestruturação cognitiva e adquirir uma flexibilidade psicológica, conseguindo modificar sua percepção, sua forma de se sentir e de se comportar para melhor, proporcionando à pessoa uma vida mais realista, adaptativa e leve.

O filme consegue captar esse belo encontro entre as gerações, cheio de dor e tristeza, mas também de esperança, nesta dualidade da família.

No final, a avó Alma encontra Mirabel chorando no rio onde seu marido Pedro morreu, e finalmente assume a responsabilidade por colocar muita pressão sobre a família e admite que esqueceu que seu verdadeiro presente não eram seus poderes e milagres, mas sim a própria família. Seu modo rígido de conduzir a família se tornou disfuncional, e ela então flexibilizou esse modo de funcionamento para haver a reconciliação entre elas.

Na conclusão do filme, Mirabel não recebe poderes em forma de magia, mas ela recebe seu lugar na família e, por sua vez, descobre como a geração de sua mãe e a dela carregavam o peso de seus poderes. Seu dom especial é o amor e seu controle sobre o grande coração da família. Assim como a casa foi sendo construída ao redor deles, os Madrigals se reconstroem como uma família que pode ser inteira e estável. Eles ganham uma nova base, uma fundação que lhes permitirá ser quem eles querem ser, com dons ou sem dons. Eles são mais fortes do que eram no início, tudo graças à capacidade de Mirabel de ser vulnerável. A beleza e o amor que vem das histórias das famílias, as pressões implacáveis e a tristeza muitas vezes produzida deste contexto familiar, é um convite a olharmos mais de perto, de entender a história e a origem das tradições. Podemos conhecer os pais e familiares que enterraram seus traumas em nós e aprender com eles, assim como Maribel fez quando perdoou a avó. Podemos tentar enxergar além do sofrimento transgeracional, esta bagagem trazida pelos nossos antepassados, buscando tirar o melhor proveito dessas experiências, tanto boas como ruins, e aprender com elas.

FICHA TÉCNICA

Título original: Encanto

Ano de Produção: 2021

Diretores: Byron Howard, Charise Castro Smith e Jared Bush

Gênero: Animação, Família, Fantasia

Países de Origem: Colômbia e EUA

REFERÊNCIAS

Encanto, Disney, 2021. Disponível em: https://disney.com.br/filmes/encanto. Acesso em 18/03/2022.

Encanto, Wikipedia, 2021. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Encanto_(filme). Acesso em 18/03/2022.

O que é um Trauma Transgeracional, A mente é maravilhosa, 2021. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/trauma-transgeracional/. Acesso em 18/03/2022.

Saiba o que são crenças e como trabalhá-las na TCC, CETCC, 2020. Disponível em: encurtador.com.br/fuF14. Acesso em 21/03/2022.

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