Educação interculturalidade: limites e possibilidades na contemporaneidade

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Este artigo analisa a formação do ser humano através da educação formal e informal bem como através da cultura e por que não dizer pela privação cultural que impede esta construção. A partir das reflexões teóricas e metodológicas apresentadas nos textos como referenciais para discussão, a construção da humanidade da autora Maria Helena Pires Martins e a profissão docente e o cuidado com a vida do autor A.J, Severino, dentre outros autores correlatos, analisamos as seguintes questões, o papel da cultura e educação na constituição da humanidade, o que é a educação como cultura e a docência como profissão do cuidado.

O problema que norteia este estudo é: Quais são os limites e possibilidades do ser humano na educação intercultural? O objetivo do trabalho é verificar quais são os limites e possibilidades enfrentados pelos sujeitos no que diz respeito à educação e a interculturalidade. A análise da questão proposta se também se apoia nos argumentos de Benevides (2000) que destaca a importância da formação de uma cultura de respeito à dignidade humana e Candau (2008) que evidencia interculturalidade como educação para o reconhecimento do outro e para o diálogo entre os grupos sociais e culturais. Para Candau (2008) não há educação que não esteja imersa nos processos culturais do contexto em que se situa. Não se pode conceber uma experiência pedagógica desvinculada das questões culturais da sociedade.

É notável o pensamento da autora quando coloca como condição de ensino a pedagogia que envolva a educação intercultural onde seja abordado situações típicas empíricas que de fato sejam vivenciadas pela sociedade e estudantes.

Nesse aspecto fazendo uma analogia do ser humano a um metal precioso, seja o diamante ou mesmo o ferro, sabemos que precisam ser forjados ou moldados, pois nascem na natureza brutos, imperfeitos e inacabados. O diamante é lapidado, polido, lixado e até mesmo escovado nas diversas formas para chegar ao brilho reluzente.  Quanto ao ferro é forjado na água e fogo para se tornar um produto de utilidade, e o ser humano é constituído no decorrer do seu desenvolvimento biológico, genético, físico, intelectual, emocional pelos processos da educação, cultura e a   herança de seus pais, que podem ou não influenciar na construção enquanto indivíduo.

Fonte: encurtador.com.br/anxNU

Dentro deste contexto, o ser humano vai se formando via educação, começando com a primeira instituição transmissora a família, depois escola e igreja, que gradativamente vão entrelaçando com a cultura já existente ao redor desde individuo e com a cultura que passa a ser construída por ele de acordo com a recepção interior de todos os fenômenos (a arte, a música, a liberdade e outros). Neste sentido a cultura é transmitida, repassada, construída e geradora de conhecimentos que são reforçados ou não   na educação.  Aqui fazemos referência a Paulo Freire citado no artigo, que nos mostra os tipos fundamentais de educação, a conhecida educação bancária que vigora como soberana no trono da formação humana e a educação libertadora ou libertária, que é forjada via lutas incansáveis das minorias no decorrer da nossa história. Neste emaranhado, educação e cultura se fundem, ambas estão e se fazem presentes do nascer ao morrer do ser humano, molda de acordo com o ambiente, com a educação formal ou não formal, de acordo com a concepção daqueles que formam o indivíduo e de acordo com a cultura apreendida.

Nesta relação de construção do ser humano e da humanidade, cultura e educação desempenham papeis de relevância, pois podem construir indivíduos capazes, autônomos, livres, feliz e realizados como também indivíduos presos aos cárceres que a própria vida impõe. Neste sentido a escola, local mais organizado para transmissão da cultura e da educação, tem um papel fundamental, e deveria ser espaço onde cultura e educação estivessem  a serviço de uma formação mais humana, justa, igualitária, sensível, promotora principalmente da cultura da paz em todos os sentidos, da cultura da felicidade e bem estar, e não espaço de manutenção das classes no poder, das desigualdade, injustiças, fracassos e principalmente infelicidades e inferioridade muitas vezes provocadas  pela descriminação e  privação da educação e cultura.

Mencionando aqui a espécie dos mamíferos, sabemos que o homem é o animal mais dependente do outro homem, do nascer ao morrer, em vários momentos da existência o homem precisa do seu semelhante, e hoje vivemos um momento delicado, difícil, sofrido e porque não dizer momento de aprendizagem. Neste tempo de pandemia, de covid-19 a vida nos revelou que somos todos iguais, neste agora tanto faz quem você é, ou que você tem, todos estamos passiveis de morrer e necessitamos dos mesmos cuidados, embora saibamos que ainda existem algumas diferenças veladas.

Fonte: encurtador.com.br/quGI9

Presenciamos rupturas de comportamentos, mudanças de hábitos, reinvenção das diversas profissões, evolução na ciência na produção de medicamentos e vacinas, mudanças na educação, nas formas de comunicação e no uso das tecnologias. Uma nova cultura digital surgiu que mexeu com as estruturas dos analógicos (como nós), com o mercado e outras estruturas. A escola rompeu barreiras até então “esquecidas” e “desvalorizadas” nas suas propostas pedagógicas. E o professor viu-se obrigado a se reinventar, superar obstáculos, buscar a criatividade e inovação e principalmente deixar de ser o centro do ensino e aprendizagem. Revelou-se também, que nossa educação está precária, que a formação de nossos educadores não corresponde as novas exigências do momento inusitado que vivemos. O período mostrou inúmeras desigualdades na educação, na formação dos professores, nas propostas pedagógicas, nos investimentos privados e públicos para atender a uma demanda urgente de não deixar a educação a beira do caminho, visto que  muitos setores buscaram novas formas de caminhar, mas o que mais chamou a atenção foi o descompromisso por parte dos poderes públicos com educação e cultura de um povo e uma nação.

DESENVOLVIMENTO

É inegável que existe uma fragilidade no olhar da sociedade sobre o diferente e que esse olhar se reflete na maioria das vezes de forma preconceituosa e exclusiva culminando em pensamentos e comportamentos que não condizem com práticas inclusivas em nossa sociedade. Candau (2012) apud Pierucci, no seu instigante livro Ciladas da diferença (1999), assim sintetiza esta tensão:

Somos todos iguais ou somos todos diferentes? Queremos ser iguais ou queremos ser diferentes? Houve um tempo que a resposta se abrigava segura de si no primeiro termo da disjuntiva. Já faz um quarto de século, porém, que a resposta se deslocou. A começar da segunda metade dos anos 70, passamos a nos ver envoltos numa atmosfera cultural e ideológica inteiramente nova, na qual parece generalizar-se, em ritmo acelerado e perturbador, a consciência de que nós, os humanos, somos diferentes de fato (…) , mas somos também diferentes de direito. É o chamado “direito à diferença”, o direito à diferença cultural, o direito de ser, sendo diferente. The right to be diff erent!, como se diz em inglês, o direito à diferença. Não queremos mais a igualdade, parece. Ou a queremos menos, motiva-nos muito mais, em nossa conduta, em nossas expectativas de futuro e projetos de vida compartilhada, o direito de sermos pessoal e coletivamente diferentes uns dos outros. (Pierucci, 1999, p. 7)

De acordo com os autores não é sobre estigmatizar, mas sobre repensar a questão do ser diferente e ser igual. Outrora essa luta era muito apoiada no sentido de que todos éramos iguais, hoje o pilar se centra sobre ser diferente sendo reconhecido por suas especificidades na sociedade.

Fonte: Rádio Castrense – Semana da interculturalidade começa hoje em todo o país.

Educação intercultural é um assunto bastante complexo quando se trata de uma sociedade que até pouco tempo atrás escravizava pessoas como se a abolição da escravatura não existisse, que segregava alunos dentro de classe de aula por causa de suas diferenças. Partindo deste raciocínio podemos refletir nos passos do processo da educação intercultural. É fato que no continente latino-americano está em desenvolvimento a educação intercultural, mas ainda enfrenta vários entraves principalmente no que diz respeito ao entendimento, visão e percepção da sociedade em si. A escola entra com um papel fundamental de falar e ensinar sobre novas maneiras de ver, entender e praticar o ensino transcultural. Esse manejo se dá quando o educador tem sua didática pautada na transdisciplinaridade onde se percebe o próximo como parte de um todo com uma visão que contempla o antes, o durante e o depois. Essa contemplação permite o desenvolvimento amplo sem amarras dentro do plano de ensino escolar. É urgente uma reforma do pensamento em todos e principalmente nos educadores!

Para Edgar Morin (1995) pensar no ser humano é não desprezar jamais sua capacidade cognitiva, seu interior é jamais reduzi-lo.  Morin (2011a) Por meio da epistemologia da complexidade, conclama: “Reformai-vos”! Reorganizai-vos!” Nota-se que o autor versa sobre sensibilidade, sobre intuição, sobre interior. Para ele, “o ser é sempre uma organização ativa, produto de interações.”

Hoje inclusão social requer todas essas características complexas que se refere o autor, requer mudança de pensamentos, mudança de atitude, reorganização, requer enação! Enação do grego que quer dizer “fazer emergir”.

 Varela (1991), escreveu sobre enação e dizia que o mundo mostra-se pela enação de regularidades perceptivas motoras. “Cognição, como enação, sugere o fazer emergir mediante manipulação concreta”.  Varela (1996:18) Para esse autor (1997) “o mundo emerge a partir da relação com o sujeito que o observa.” Exemplificando, é como o ovo e a galinha, que estão mutualmente implicados, ambos estão co-determinados e correlacionados.

Todo esse pensamento de enação do mundo com relação ao sujeito, faz analogia com o processo social inclusivo e com a ontologia complexa, onde segundo a autora Maria Cândida Moraes:

as relações entre sujeito/objeto, ser/realidade, são de natureza complexa, portanto, inseparáveis entre si, pois o sujeito traz consigo a realidade que tenta objetivar. É um sujeito, um ser humano que não fragmenta a realidade que o cerca, que não descontextualiza o conhecimento”. Um sujeito multidimensional, com todas as suas estrutruras  perceptivas e lógicas, como também sociais e culturais à disposição de seu processo de construção de conhecimento, já que a realidade não existe separada do ser humano, de sua lógica, de ua cultura e da sociedade em que vive”                                                  

Nessa perspectiva de Morais, em um processo análogo, Morin trata de inclusão com um olhar complexo quando se refere ao ser humano como uma organização ativa, produto de interações, com sua dinâmica funcional decorrente dessa relação com a organização. Transcorre como produto dessa relação a garantia da autonomia e dependência, a perturbação e a quietude, a sapiência e a demência e tudo aquilo que tece a vida e sua manifestação.

 Koff (2009, p. 61), considera que, “na discussão se os termos saber e conhecimento são sinônimos ou não, podem ou não ser usados indistintamente, o mais importante é considerar a existência de diferentes saberes e conhecimentos e descartar qualquer tentativa de hierarquizá-los”. Neste sentido, a perspectiva intercultural procura estimular o diálogo entre os diferentes saberes e conhecimentos, e trabalha a tensão entre universalismo e relativismo no plano epistemológico, assumindo os conflitos que emergem deste debate.

Fonte: encurtador.com.br/hiltS

Pensando na dimensão da importância do cuidado com a vida humana e o papel da docência pois como vimos nos artigos de estudo e reflexão, a educação é forma imprescindível de cuidado com a vida, daí a necessidade e urgência da formação docente. Ressaltando que esta formação docente é de responsabilidade dos órgãos competentes, instituições de formação, das políticas públicas, e do próprio docente, que não assume de fato o compromisso com a educação do próximo. Sabemos que existem inúmeras situações que impedem o bom desempenho do docente, tais como, falta de reconhecimento, a valorização salarial, o reconhecimento da profissão, as próprias condições e estruturas de trabalho, começando por recursos simples, até o próprio espaço físico. Mas por outro lado, há também, o desinteresse por parte do docente em investir na sua própria formação pessoal, o descompromisso com seus estudos, com seu aprimoramento na área específica, o lidar pedagógico, entre eles, o preparar bem suas aulas, seu planejamento, seus recursos, sua fundamentação teórica e outras.

Cabe aqui dizer que o professor precisa de formação e se formar, não só no aspecto da dimensão do conhecimento por si só, mas em todas as dimensões que hoje sabemos que são inerentes ao cuidado com o outro. Há a necessidade de uma mudança significativa nos cursos de formação docentes, nos programas e currículos. Vivemos um tempo que exige outras áreas que agregam na formação do docente, entre elas, destaco a neurociência que tem contribuído sobremaneira com a educação. Para bem educar o docente precisa entender como o individuo aprende, como ele reage as emoções que na maioria das vezes interferem na aprendizagem. Entender sobre as múltiplas inteligências, que muitas vezes se sobressaem a inteligência cognitiva, e ressalto a importância da inteligência emocional, a ética, os direitos humanos, a diversidade cultural, a arte, a música, a inteligência sinestésica e corporal.

Como mencionado nos textos de referência, o dom(vocação) e o saber comum, que horas foram suficientes para uma determinada época, hoje já não correspondem a contemporaneidade, nem as necessidades sociais, e muito menos ao tipo de seres humanos que necessitamos para o mundo atual. Lidamos hoje nas escolas com uma geração frágil, sensível, de grande capacidade de articulação e domínio do conhecimento, mas ao mesmo tempo, individualista, egocêntrica, e instantânea, muda-se de acordo com  onda do momento. Por isso a necessidade da formação docente ampla, principalmente no que diz respeito a dimensão do cuidado, pois sabemos que em muitas situações o docente(professor) tem muito mais influência sobre o sujeito do que a própria família e/ou outra instituição.

CONCLUSÃO

Neste universo da subjetividade que constrói a humanidade, podemos afirmar que a docência é a profissão mais comprometida com o cuidado da vida humana. Percebemos que mesmo diante de um novo modelo o qual estamos vivendo agora de educar, que estabelece o distanciamento do docente e discente, deixa bem claro que nada substitui a interação humana, o convívio, a proximidade, o contato, os olhares e a sensibilidade e outras competências e habilidades que se fazem necessárias para que o docente fundamentado na ciência e técnica consiga permear e mediar a construção desta humanidade. Neste construir, o docente necessita de pré-requisito alicerçados no estudo sistemático e aprofundamento teórico que o tire do senso comum e espontaneísta para um lugar de pleno domínio das tão necessárias habilidades que se fazem necessárias para garantir com dignidade a formação humana.

A humanidade do ser humano vai se constituindo ou construindo a medida que seu ser, corpo, alma vai absorvendo, moldando seu modo de agir e pensar, influenciado pela educação, cultura, natureza, sociedade e pela mediação por parte do docente que esteja  pautada além da dimensão cientifica, técnica, mas principalmente alicerçada  na sensibilidade,  solidariedade, empatia, o respeito ao próximo, o sentido de pertença, o amor ao trabalho, a presença significativa, responsabilidade, compromisso social, senso crítico, visão política, e para finalizar a doação. Cuidar exige doação, entrega, compromisso com o outro, e estar a serviço da construção do ser humano na sua integralidade e todas as dimensões e principalmente para que seja feliz.

Para que tenhamos uma sociedade mais justa, humana e fraterna, faz-se necessário investir significativamente na formação da sociedade, na formação do docente, nas mudanças das propostas pedagógicas, nos currículos e nos modelos metodológicos atuais  que  atendem as demandas de educação intercultural.

REFERÊNCIAS

BENEVIDES, M. V. Educação em direitos humanos: de que se trata? Palestra de abertura do Seminário de Educação em Direitos Humanos, São Paulo, 18 fev. 2000.

CANDAU, V. M. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. In: MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M. Multiculturalismo: Diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

KOFF, A.M.N.S. Escolas, conhecimentos e culturas: trabalhando com projetos de investigação. Rio de Janeiro: 7 letras, 2009.

MATURANA, Humberto R.; VARELA, Francisco J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas do entendimento humano. Campinas: Psy, 1995.30

MORAES, Maria Cândida. Ecologia dos saberes: complexidade, transdisciplinaridade e educação: novos fundamentos para iluminar novas práticas educacionais/ Maria Cândida Morais.- São Paulo: Antakarana/WHH – Willis Harman House, 2008.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1995

Rev118_Completa16x24_01062012_Gr.fica.indd (scielo.br) apud PIERUCCI, A.F. Ciladas da diferença. São Paulo: Editora 34, 1999

Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos — Português (Brasil) (www.gov.br) Acesso em 22-03-2022.

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Diferenciação entre pessoas de “mente aberta” e as de “mente fechadas”

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Vivemos em um mundo em constante evolução, com a pandemia o uso e crescimento das tecnologias da informação ganharam força. Com isso, é nítido a necessidade de evoluirmos em relação a esse progresso ao qual o mundo passa. É normal sentirmos estranheza e desconforto em algumas circunstâncias que envolvem mudanças, fazendo-se necessário o ajustamento da forma em que pensamos a respeito das situações que estamos vivenciando, no caso de já termos uma opinião formada previamente onde possivelmente existe influências externas, poderá ser uma causa para que o processo de mudança ou flexibilidade de pensamento seja mais difícil de ocorrer.

De acordo com Marques (2021), para fazermos parte desse processo de evolução ao qual o mundo passa é necessário termos a mente aberta, pois isso poderá nos levar a níveis cada vez mais elevados, em todos os aspectos de nossas vidas. Mesmo sabendo disso, existe pessoas que possuem dificuldades em aceitar mudanças “São indivíduos considerados inflexíveis de mente fechada, que se sentem bem mal só de ver algo se transformando em sua rotina” (MARQUES, 2021).

Fonte: encurtador.com.br/qCK47

Com isso convido você a conhecer algumas entre as tantas características desses dois perfis de pessoas, as de mente aberta e as de mente fechada. Entre as peculiaridades existentes podemos encontrar:

  • Autoestima; as pessoas de mente fechada tendem a ser inseguras, demonstrando comportamentos próximos aos de autoritarismo, em busca de aceitação, sendo o oposto das pessoas que possuem mente aberta, tendo uma autoestima elevada, disposta à evolução e a um continuo aprendizado.
  • Falar e Ouvir; as de mente aberta dão preferencia para ouvir, são atenciosas e possuem uma observação aguçada, conseguido gerar uma maior conexão com as pessoas que estão ao seu redor; as pessoas de mente fechada, forçam as relações a ponto de serem importunas em um dialogo, querem a qualquer custo ser o centro das atenções e interrompem os demais que também estão conversando.
  • Humildade; é uma característica de fácil identificação, comumente as pessoas de mente fechada costumam procurar ter uma falsa fachada de que possui humildade. “Geralmente, quando vão emitir uma opinião, elas costumam começar a frase da seguinte maneira: “Posso estar errado, mas…” e logo dizem o que pensam.” (MARQUES, 2021). Sendo uma opinião considerada desnecessária por ser contraditória. Em contrapartida, as pessoas de mente aberta preferem se colocar no lugar de aprendizes, preferindo calar-se possibilitando uma oportunidade para quem realmente poderá favorecer.
  • Compreensão e entendimento, quem possui mente aberta não vive em busca de obrigar as pessoas a aprovarem sua forma de pensar, são compreensíveis, abertas ao diálogo, promovem respeito e discussão saudável. Referindo-se a pessoas de mente fechada, trata-se de alguém que se esforça para que todos que estão em torno de si o entenda, chegando a ser insistente e repetitivo a fim de convencer a outra pessoa para que concorde com o que está sendo dito.
  • Afirmar e Perguntar, são características que indicam que quem tem a mente fechada vivem fazendo fortes declarações sobre qualquer que seja o assunto, mesmo que não tenha propriedade no que está comunicando. “Trata-se de indivíduos que adoram opinar, porém não têm a menor paciência para ouvir a opinião dos outros.” (MARQUES, 2021). Já quem possui mente aberta, só opinam sobre algo quando verdadeiramente conhecem, pois primam pelo aprendizado com o outro.
  • Ideias desafiadas, as pessoas de mentes abertas, aceitam sem nenhum problema as ideias que as diferem de sua forma de pensar, diferente das de mente fechada que não concordam em ter suas ideias afrontadas. Pelo contrário, o que elas querem, na verdade, é que todos concordem com o que elas sugerem, sem questioná-las.

Dessa forma, “A mente é, hoje, até fácil de descrever em seus aspectos mais gerais, mas a função mental em cada circunstância específica de nossas vidas continua sendo um mistério” (IZQUIERDO, 2004, p. 07). Faz-se necessário que estejamos sempre atentos a que tipo de mentalidade que desenvolvemos: mentes limitadas ou mentes dispostas a expandir.

É necessários nos desafiarmos, a fim de que tenhamos mais proatividade e consciência de si mesmo, obtendo crescimento pessoal e profissional; para nos adaptarmos melhor com quem estar a nossa volta, tornando importante reconhecer se o outro possui uma mentalidade aberta ou fechada para um melhor relacionamento.

Referências

IZQUIERDO, Iván. A mente humana. Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS, 3 de Out. de 2004. Porto Alegre (RS), Brasil. Disponível em: <https://www.ufmg.br/online/arquivos/IZQUIERDO.pdf >Acesso em: 17, Jul. de 2021.

MARQUES, José Roberto. Quais as principais diferenças entre pessoas de mente aberta e mente fechada?. Instituto brasileiro de coaching. 17 de Fev. de 2021. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/mudanca-de-vida/quais-as-principais-diferencas-entre-pessoas-de-mente-aberta-e-mente-fechada/>. Acesso em: 17, Jul. de 2021.

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Uma infância diferente que precisa ser entendida

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A infância na contemporaneidade é muito diferente da de outrora, essa diferença de certa forma dificulta a interação dos adultos com as crianças, pois os adultos projetam suas infâncias onde brincavam nas ruas com muitas outras crianças, geralmente com pés descalços, se sujando e com muita interação social, como a infância ideal.

Essa idealização faz com que as crianças da atualidade sejam vistas de forma errada, causando até mesmo diagnósticos psiquiátricos errôneos, pois não levam em consideração a atual infância e sim a ideia de uma que hoje seria quase impossível existir.

As crianças hoje não vivem de maneira tão livre como antigamente, não passam mais horas diárias brincando na rua com os vizinhos, uma vez que essa atividade agora é vista como muito perigosa e de fato não se pode mais deixar os filhos na vizinhança sem vigilância pois o mundo não é mais tão seguro como antigamente.

Fonte: https://bit.ly/2DFEc9U

Dessa forma, o jovem que está com seu desenvolvimento tanto psicológico, físico e social a todo o vapor, acaba tendo um contato muito menor com a sociedade em comparação com as crianças de uma geração não muito distante. Portanto são muito mais influenciados por meios de comunicação que têm contato na segurança de sua casa, assim muitas crianças hoje são bombardeadas pela mídia por todo o lado e não sabem o que fazer com tanta informação.

O que é preocupante nesse cenário é que, tanto essa idealização que os adultos têm da infância, quanto esse contato reduzido com o outro e aumentado com a mídia podem acabar adoecendo as crianças. Dados publicados no jornal de Brasília neste ano de 2018, porém coletados em 2015 apontam que o suicídio de crianças e jovens de 10 à 14 no Brasil cresceu alarmantes 65%.

Para que esse quadro volte a diminuir teríamos que diluir o saudosismo que existe com o modelo de infância antigo, pois esse muitas vezes ao levar a diagnósticos errados faz com crianças em plena formação física e psíquica, comecem a tomar remédios pesados que causam dependência e também dificulta o desenvolvimento, principalmente o cognitivo, assim podendo levar esse indivíduo a desenvolver algumas doenças psíquicas e em casos extremos o colocar nas estatísticas apresentadas no parágrafo anterior.

Outra forma que se apresenta para que essas crianças não sejam erradamente vistas como doentes ou facilmente manipuladas pelas mídias é a educação, onde escola e pais teriam que pressupor que os pequenos não são tão ingênuos como eram antigamente e dessa formar tentar manter sempre uma relação mais horizontal onde o jovem também tem voz, assim desenvolvendo o relacionamento interpessoal deste tanto em casa quanto na instituição de ensino.

Fonte: https://eonli.ne/2Iq4oUZ

Se mesmo após todo este cuidado a mais que agora é necessário ter com a criança ela ainda for diagnosticada por uma equipe multidisciplinar com algum problema, nesse ponto sim se deve falar de tratamentos seja ele com ou sem medicamentos. Lembrando que os pais podem apenas querer que a criança tenha um acompanhamento profissional mesmo sem diagnostico, por prevenção ou qualidade de vida.

Por se tratar de crianças, ou seja, pessoas que ainda não possuem uma capacidade de expressão muito desenvolvida e que tampouco tem uma noção de que está indo a um psicólogo para falar sobre seus problemas, o lúdico é bastante utilizado no tratamento, pois nas brincadeiras e jogos eles recriam sua realidade para que assim essa possa ser analisada. A presença de ao menos um cuidador é necessária no começo do tratamento, variando de paciente a paciente o cuidador pode ser retirado do ambiente terapêutico com o tempo ou continuar acompanhando o tratamento.

Em grande parte dos casos o acompanhamento terapêutico ajuda tanto a criança tida como problemática a melhorar, quanto a desenvolver ainda mais uma criança que vai à terapia apenas por prevenção. Também existe casos de famílias que têm demasiada preocupação e que acabam cobrando muito de crianças, essa exacerbação tanto na preocupação quanto na cobrança faz com que as crianças se afastem dos familiares e por isso muito dos psicólogos ao tratar de crianças preferem utilizar a terapia familiar.

Fonte: https://bit.ly/2R8ItWd

Há alguns projetos que são especializados no tratamento psíquico na infância, como por exemplo o Centro de atenção psicossocial infanto juvenil (CAPSI) que está presente em várias cidades brasileiras e presta atendimento ambulatorial, individual e em grupo a crianças e adolescentes com transtornos psíquicos, como por exemplo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos de ansiedade, transtornos de conduta, transtornos de tique, transtorno de humor, psicoses, autismo e gagueira.

Os atendimentos prestados no CAPSi têm a presença de profissionais das seguintes áreas psicologia, fonoaudiologia, serviço social, neuropsicológica, neurologia, psiquiatria infantil, clínica geral e terapia ocupacional, tudo isso para se ter o melhor atendimento possível.

Fora os atendimentos feitos por esses profissionais uma coisa que chama atenção também no CAPSi é que em muitos deles são oferecidas diversas oficinas para incluir os jovens, algumas delas são de leitura, arte, atividade musical, de criatividade e várias outras, que ajudam muito essas crianças a serem estimuladas.

Pensando assim é necessário que os pais ou cuidadores procurem sempre mais de uma opinião de especialistas antes de passarem a medicar seus filhos, pois o mesmo pode ter grande perca no desenvolvimento cognitivo se ingerir uma medicação indevida.

Fonte: https://bit.ly/2xLcNyc

Além disso fica claro que para cuidar da saúde mental da criança é necessário, entender que a infância já não é a mesma que era pouco tempo atrás, que crianças precisam de alguma forma segura ter contato com outras crianças para aprender a socializar, também é preciso ter o conhecimento de que as elas já não são ingênuas como eram antigamente e por isso, mais do que nunca, precisam ser ouvidas e entendidas.

 

Referências:

http://www.saude.go.gov.br/?unidades=centro-de-atencao-psicossocial-e-infanto-juvenil-capsi,

https://www.holiste.com.br/saude-mental-infancia-adolescencia/, www.jornaldebrasilia.com.br/cidades/suicidio-cresce-o-numero-de-mortes-de-criancas-e-adolescentes/,

http://www.revistaeducacao.com.br/a-crianca-contemporanea/.

 

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