Práticas ambientais nas Escolas: os desafios em busca da conscientização

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Qual é o papel da escola no contexto das práticas ambientais e como ela pode contribuir para a conscientização ambiental dos alunos?

Por Rosiane Alves (pedagoga) – rosianerosalina03@gmail.com

O uso desmedido e inconsciente dos recursos naturais, bem como a poluição ambiental, vem ocasionando mudanças drásticas no meio ambiente. Sérios problemas podem levar à extinção de todas as espécies, incluindo a espécie humana. A questão é que a conscientização da preservação ambiental tornou-se uma preocupação quando o problema já havia se instalado de maneira expansiva. E para iniciar a conscientização, seria necessário uma reeducação quanto aos valores e hábitos, o que se torna ainda mais desafiador, uma vez que vivemos em uma era consumista, na qual, a cada momento, os objetos se tornam substituíveis, impulsionando o consumismo e a disputa pela igualdade e equiparação na obtenção de bens.

O crescimento das grandes metrópoles, indústrias, o desmatamento ilegal em grandes dimensões, o aumento da atividade agropecuária, e as plantações, todos esses são fatores agravantes e altamente lesivos ao planeta. No entanto, são justamente essas as atividades que vêm gerando riquezas e faturamento para as nações. Isso nos leva a refletir mais uma vez acerca de valores e princípios, pois a cultura humana foi ensinada a disputar, ser melhor que o outro em termos financeiros, e a perceberem que nunca estão satisfeitos, querendo sempre mais, mesmo que isso, inconscientemente, custe a extinção de outras espécies e até mesmo a própria vida.

Para Medina et al. (2011, p.33),

“o que cabe dizer é que o humano não possui, nos  padrões éticos tradicionais, qualquer responsabilidade ética com relação a um ente natural: árvore, alga, pássaro, cervo, mar.”

Nossos valores morais estão diretamente ligados às nossas vivências e aprendizados ao longo da vida. A construção dos nossos princípios se iniciou no nosso lar, e, infelizmente, a Educação Ambiental não era uma pauta nas gerações passadas, nem mesmo nas escolas. Isso se deve à errônea e equivocada percepção de que os recursos naturais são finitos e de que o planeta suportaria tantas agressões.

                                                                                                                                          Fonte: Freepik/fotos

 

Para Santos et al (2022, p.9)

” O grande aumento nos níveis de gases poluentes lançados na atmosfera em grande parte, é devido à produção industrial mundial relacionada aos hábitos de consumo da sociedade humana. O aquecimento global e seus sinais, tais como a redução da água doce, constantes secas e inundações ao redor do mundo tem preocupado os cientistas, surgindo consequências difíceis de serem revertidas se mudanças socioambientais significativas não forem feitas. Não há tempo para irresponsabilidade, é preciso um comprometimento coletivo, população e governo trabalhando juntos na construção de políticas, programas de conscientização e (re)educação ambiental.”

Para minimizar os impactos ambientais, foram criadas políticas públicas, como programas de conscientização para a preservação do planeta. No entanto, essa abordagem surgiu tardiamente na educação. A efetividade da educação ambiental requer que todo o corpo escolar se reeduque em práticas ambientais saudáveis, estudando, vivenciando, aprendendo para, posteriormente, ensinar. Conforme WULF (2021), mais importantes são “as leis não escritas” do comportamento moral que são executadas em contextos e práticas sociais.

A Educação Ambiental surge como uma ferramenta de transformação do paradigma social. No entanto, com ela vêm os desafios, pois, para ser efetiva, é necessário o comprometimento de colocar em prática, não apenas teoricamente. Quando falamos em agir, são necessários recursos e, principalmente, mentes abertas e dispostas a trabalhar para mudar concepções já estabelecidas.

A escola tem o papel de transformar mentes, que, por sua vez, transformam a realidade. Criar projetos que vão além dos muros da escola, impactando a realidade do aluno, do seu lar, bairro e podendo ir muito mais além, é fundamental. Esses projetos têm o potencial de impactar a sociedade em que o aluno está inserido. Além das leis e projetos, a escola tem um papel que exige tanto empenho quanto elevar vozes e ações daqueles que antes eram considerados coadjuvantes. Hoje, os alunos são protagonistas e devem discutir e solucionar problemas do seu próprio meio social.

Não há como mudar o mundo se não houver mudança em si mesmo. Levantar discussões e reflexões sobre a necessidade de mudar o próprio contexto para mudar o do próximo é essencial. Atualmente, vivemos na chamada era digital, uma geração tecnológica, imediatista e altamente consumista. A escola é desafiada a se adequar a essa nova realidade e usar a tecnologia como aliada para engajar jovens e crianças na criação de ideias e projetos para o bem comum. É importante desmistificar a ideia de que só devemos falar em Educação Ambiental em datas comemorativas, como o Dia da Água e o Dia da Árvore, por exemplo.

Observamos que os papéis estão se invertendo, e os filhos têm alertado os pais quanto às mudanças de hábitos, sendo a escola um dos fatores que tem motivado essa transformação. Pequenos hábitos, como fechar a torneira na hora da escovação, fechar o chuveiro na hora de ensaboar, o inofensivo papel de balinha jogado no chão, e atentar às luzes acesas sem necessidade, são pequenas atitudes que podem gerar impactos positivos, minimizando os danos causados e evitando a expansão dos mesmos.

                                                                                                                            Fonte: guiainfantil.com

Quando falamos em pais e filhos, trabalho e conscientização em conjunto, imediatamente nos remete à herança, e quando falamos de herança, não nos referimos somente à financeira, mas sim à herança de valores. Em que estado deixaremos o planeta para as futuras gerações? O que nos leva a refletir sobre respeito e empatia em relação aos que vêm depois de nós. Repensar os hábitos e valores não é apenas por si mesmo, não é só pelo hoje, mas pensando no amanhã. É sobre empatia, é sobre respeitar e amar quem vem depois.

É importante não nos esquecermos dos outros seres que estão deixando de existir pela ação de um ser que se acha supremo e no direito de destruir o lar de todos e de si mesmo, por pensar de maneira egoísta e mesquinha, esquecendo-se de que fazem parte do mesmo ecossistema e que ambos sobrevivem dos mesmos recursos naturais. Se não houver um equilíbrio entre as espécies, todas estarão correndo o risco de serem extintas. A escola também tem esse papel de conscientização quanto à ética, respeito e empatia pelo outro, orientando-os sobre a importância de cada espécie para o equilíbrio do ecossistema.

A Educação Ambiental no Brasil tem raízes históricas, sendo impulsionada por movimentos sociais e ambientalistas a partir da década de 1970. O país viu um marco significativo com a Política Nacional de Meio Ambiente em 1981, que destacou a importância da Educação Ambiental. Em 1992, foi criado o Ministério do Meio Ambiente pelo Governo Federal, e no mesmo ano, o Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como a Rio 92. Esse evento foi de grande relevância para as discussões ambientais no Brasil, resultando em documentos importantes, como o Protocolo de Florestas, a Carta da Terra e a Convenção da Diversidade Biológica, entre outros. A Rio 92 abriu caminhos para a criação de leis e documentos voltados para a Educação Ambiental no Brasil.

Em paralelo à Rio 92, o Fórum Global estabeleceu o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, traçando o marco político para o projeto pedagógico da Educação Ambiental. Segundo Branco et al. (2018), esse tratado está na base da formação da Rede Brasileira de Educação Ambiental, bem como das diversas redes estaduais que formam uma grande articulação de entidades não governamentais, escolas, universidades e pessoas que buscam fortalecer as diferentes ações, atividades, programas e políticas em Educação Ambiental. Em 1996, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, reforçando esse compromisso e exigindo a inclusão da temática nos currículos escolares.

No entanto, apesar dos avanços normativos, desafios persistem na implementação efetiva, incluindo a capacitação de professores e a integração da Educação Ambiental de maneira transversal nos diversos níveis de ensino. Um dos maiores desafios enfrentados pelos professores em relação à implementação da EA em sala de aula é a necessidade de integração efetiva dos princípios ambientais em diferentes disciplinas, tornando-a assim uma abordagem transversal. Isso demanda não só conhecimento especializado por parte dos educadores, mas também a habilidade de conectar conceitos ambientais como conteúdo curricular, promovendo uma aprendizagem significativa para os alunos. Além disso, a falta de recursos e materiais específicos pode ser uma barreira, exigindo criatividade e adaptação por parte dos professores.

“A Educação Ambiental não deve apenas informar, deve transformar” (FREIRE, Paulo, 1992). Ao promover a compreensão dos impactos das ações humanas na natureza, a Educação Ambiental busca cultivar atitudes sustentáveis e a responsabilidade coletiva pela preservação do planeta. Essa conscientização é fundamental para enfrentar desafios ambientais, como mudanças climáticas e perda da biodiversidade, construindo sociedades mais equilibradas, resilientes e empáticas, preservando hoje para garantir o futuro saudável das gerações do amanhã. Não é apenas sobre um, mas sobre todas as espécies.

REFERÊNCIAS:

BRANCO, Emerson Pereira; ROYER, Márcia Regina; BRANCO, Alessandra Batista de Godoi. A Abordagem da Educação Ambiental nos PCN’S, nas DCNs e na BNCC. Nuances, Estudos sobre a Educação. Presidente Prudente, São Paulo. 2018. p. 185- 203 v.1

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e Terra, São Paulo. 1996.

MEDINA, Patrícia. OLIVEIRA, Gustavo Paschoal Teixeira de Castro. MESQUITA, Marcia. BARROS, Graciela Maria. Princípios vida e responsabilidade: o agir humano na contemporaneidade a partir das ideias de Hans Jonas. Revista ESMAT v. 9, n.12, pp. 51-74. 2017.

WULF, Christoph. Educação como Conhecimento do Ser Humano na Era do Antropoceno: uma perspectiva antropológica. Cortez Editora. São Paulo. 2021

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Caos 2021: Efeitos psicossociais da Pandemia na Vida Escolar

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Com o tema: A Psicologia e Atuação Psicossocial em Situações de Emergência, o Centro Luterano de Palmas – CELP/ULBRA, promoverá entre os dias 03 à 06 de Novembro, o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS. Sendo esse, um evento aguardado anualmente entre os acadêmicos de Psicologia e os interessados pelas temáticas.

No dia 04, das 19:h às 22h por meio de uma sala virtual pelo Google Meet, que terá como ministrante a Pedagoga, Neuropsicopedagoga e Mestre em Ciências da Educação, Monique Wermuth Figueiras, que irá explanar em um dos Minicursos ofertados o tema: “Efeitos psicossociais da Pandemia na Vida Escolar”.

Fonte: encurtador.com.br/ezP27

Com a advento da COVID- 19, veio também os portões fechados das escolas, o distanciamento das salas de aulas e também a convivência e os saberes passados nesse ambiente social e de aprendizagem.

 Será abordado no minicurso as consequências que a pandemia trouxe no âmbito escolar, o que causou na vida dos estudantes no processo de aprendizagem e na sua vida social, e o que podemos tirar de proveito com o retorno as salas de aulas presenciais.            

Abordar essa temática com mais profundidade se faz necessário, sendo temática de grande relevância para os estudos abordados no CAOS.

Para garantir a sua participação no CAOS 2021, basta cadastrar-se pelo site http://ulbra-to.br/caos/, sendo um congresso gratuito e que ocorrerá de forma online. Venha participar conosco!

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Minha experiência como cuidador de crianças em uma escola municipal

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Todo o dia chegava às 7h no trabalho, já ficava na porta da entrada à espera da minha criança, eu cuidava de duas crianças que vou chamar de Daniel e João (nomes fictícios). No  caso da criança que eu cuidava pela manhã, vou chamar de Daniel. Pela manhã, quando Daniel chegava eu pegava a sua mochila e o conduzia pela mão guiando até a sala de aula, após isso tirava o seu caderno de sua bolsa e alguns  lápis e o sentava na mesa e fazia com que ao menos tentasse acompanhar um pouco a aula,  claro que nem sempre isso era possível pois o Daniel de dias em dias vinha com uma  personalidade diferente.

Após isso o levava antes das 9h para uma sala especial onde continha uma televisão com conteúdo didático e alguns brinquedos com que eu tentava estimular um pouco o conhecimento e a criatividade dele. Nesse momento, ele se juntava com outras crianças com deficiências que naquele instante não conseguiam acompanhar mais a aula. Logo  depois o levava para fazer o lanche pela manhã onde ele se sentava comigo e com outros cuidadores. Fazíamos a refeição ao lado do irmão dele que era gêmeo e continha o mesmo  problema mental.

Depois da refeição o levava para a sala com um pedagogo onde ele  tentava interagir com a criança, e depois o retirava da sala assim que terminava e ia até a  portaria ficar à espera de sua mãe, tirava o meu horário de almoço e retornava à portaria para  a espera da outra criança que vou chamar de João. O João era mais agitado, então eu tinha uma rotina diferente com  ele, pois com dez minutos em sala com as outras crianças ele logo começava a bater e gritar.

João necessitava de uma maior atenção, então o levava para passear  no pátio visto que ele machucaria as outras crianças como já aconteceu na sala especial. Juntos praticamos exercícios e esportes, depois eu o levava na sala da pedagoga onde ele adorava jogar xadrez, e assim o levava à portaria. No meu tempo livre buscava organizar um material didático que pudesse auxiliar no aprendizado dos garotos já que percebia que os  professores e os pedagogos não desenvolviam atividades profundas ou dava atenção às suas  necessidades de aprendizado.

No início do serviço acreditava que as atividades seriam rotineiras já que as crianças nos primeiros momentos aos meus cuidados apresentavam comportamentos corriqueiros. Porém, após duas semanas de trabalho, apareceram os primeiros relatos dos professores e idas à coordenação, percebi que de início ambos estavam sendo medicados por isso o comportamento era mais calmo.

Fonte: encurtador.com.br/lrT39

Quando passaram a não receber a medicação começaram a ficar agitados, fazendo com que eu tivesse que em vez de tentar acompanhá-los eu recebesse a tarefa de manter eles na sala de aula, uma coisa que era distante da realidade, visto que os mesmos apresentavam comportamentos agitados diante as outras crianças, o que comprometia o aprendizado deles e dos demais. Passei a perceber certa irritação e incômodo dos professores(as), pois o objetivo era que todos aprendessem, mas as outras crianças se contagiam com a agitação dos meninos e eu passei a fazer a retirada dos mesmo da sala na maioria dos dias para praticar atividades isoladas dos demais enquanto eles se acalmavam.

As dificuldades começaram a surgir e a mais frequente era a falta do que fazer com as crianças visto que eu tinha que acompanhá-los a todo momento e ambos estavam sempre agressivos o que dificultava a presença deles em sala de aula pois diminuía o rendimento da turma. Eu não tive nenhum treinamento então o que  me fazia tentar aumentar a produtividade das crianças era o amor que eu cultivei por elas.

Com o passar do tempo, enquanto por um lado parecia que o meu processo com Daniel estava a evoluir pois percebi que com a prática de esportes ele conseguia desenvolver melhor as atividades em sala. Por outro lado, com João as coisas ficaram mais difíceis, ele passou a pular os muros da escola e agredir a mim, as outras crianças e professores, isso acontecia pois ele soltava da minha mão quando íamos ao refeitório, e sempre findava em uma busca preocupada minha, da coordenação e até do diretor pela escola ou pelas ruas aos arredores da escola; soube inclusive que o último cuidador dele também passou por isso, e abandonou o cargo por esse motivo.

João no início era uma criança bastante calma que se enchia de alegria ao jogar xadrez e se tornou uma criança bem agitada, sendo que até a pedagoga às vezes apresentava desdenha para cuidar dele. Mesmo eu tentando praticar o que ele gostava em dias que estava incontrolável eu não conseguia sucesso.

Após um período percebi que minha saúde mental estava sendo afetada, quando saía do trabalho estava sempre com a cabeça e a mente descoordenadas pelo cansaço, na época eu fazia um curso superior de matemática e minha mente na sala de aula estava nula, não  conseguia mais prestar atenção no professor. Após decidir pedir demissão me senti mais relaxado, pois estava desenvolvendo ansiedade, e sentia muito estresse.

Bem, atualmente trabalho em outro ramo em que gosto, mas realmente ainda me lembro do  Daniel e do João, mesmo já tendo se passado 3 anos ainda lembro de algumas falas repentinas  deles: “Tio Daniel tá com fome”, “Eu sou o Joãozoca”. Penso que o retorno financeiro não valia a pena, apenas o amor pelas crianças e a oportunidade de vê-los se desenvolvendo, mas com a falta de preparo (como um curso) minha e dos meus colegas cuidadores, o que nos fazia trabalhar era apenas pensar que aquelas crianças realmente precisam de atenção especial pois todas tem um ótimo futuro!

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Escola e Currículo

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Com a finalidade de direcionar esforços e investimentos para a melhoria da qualidade da educação no Brasil, o Congresso Federal sancionou em 25 de junho 2014 a lei nº 13005, o Plano Nacional de Educação (PNE). Com validade de 10 anos o PNE estabelece diretrizes, estratégias e 10 metas que devem reger as iniciativas na área da educação.

De acordo com a LDB (1996) o Ensino Médio, como parte integrante da Educação Básica, é dever do Estado e direito da população, e tem como finalidade a preparação para a continuidade dos estudos, a preparação básica para o trabalho e o exercício da cidadania, a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do educando e ainda, espaço para a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Assim, A Educação Básica é direito universal e alicerce indispensável para a capacidade de exercer em plenitude o direto à cidadania. É o tempo, o espaço e o contexto em que o sujeito aprende a constituir e reconstituir a sua identidade, em meio a transformações corporais, afetivo-emocionais, socioemocionais, cognitivas e socioculturais, respeitando e valorizando as diferenças. Liberdade e pluralidade tornam-se, portanto, exigências do projeto educacional.

Partindo de princípios definidos na LDB, o Ministério da Educação elaborou um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta. O principal argumento para esta propositura encontra-se na figura e organização anterior que era entendida como um ensino descontextualizado, compartimentalizado e baseado no acúmulo de informações. Ao contrário disso, com a mudança busca-se dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade; e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender (BRASIL, 2010).

O currículo, enquanto instrumentação da cidadania democrática, deve contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagem que capacitem o ser humano para a realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva, visando à integração de homens e mulheres no tríplice universo das relações políticas, do trabalho e da simbolização subjetiva (BRASIL, 2010).

Fonte: encurtador.com.br/lY048

De acordo com Berger (s/d, p. 3) as competências são modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer, operações mentais estruturadas em rede que, mobilizadas, permitem a incorporação de novos conhecimentos e sua integração significada a esta rede, possibilitando a reativação de esquemas mentais e saberes em novas situações, de forma sempre diferenciada. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber fazer. Através das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências. Portanto, construir um currículo por competências não pressupõe abandonar a transmissão dos conhecimentos nem a construção de novos conhecimentos; ao contrário, esses processos são indissociáveis na construção destas competências. A diferença que se estabelece nesta proposição curricular é que o centro do currículo e, portanto, da prática pedagógica será não a transmissão dos saberes, mas o processo mesmo de construção, apropriação e mobilização destes saberes.

Assim, para trabalhar com um currículo organizado por competências deve-se, necessariamente, reduzir os conteúdos, abrindo espaço para o desenvolvimento de outros recursos e para a sua mobilização, causando mudanças no trabalho pedagógico, que não se limitará as ações do professor, mas na escola como um todo.

Para exemplificar o trabalho pautado em competências destacamos as informações a seguir:

Pensando em uma competência: implantação de uma horta na escola

Para a implantação de uma horta na escola, com o protagonismo dos estudantes seria necessário conhecimento dos estudantes em várias áreas. São exemplos: a) conhecimentos matemáticos (operações com conjuntos, potências, probabilidade, raciocínio matemático, estatística, formas geométricas etc); b) conhecimentos geografia (movimentos da Terra e fusos horários, Geografia Física, Meio Ambiente, tipos de rochas e minerais, agricultura no Brasil, fontes de energia etc); c) Biologia (Reino vegetal, Ecologia etc); d) Português (interpretação de textos, gramática etc); e outras disciplinas/conhecimentos.

Para a implantação de uma horta na escola (competência), mesmo sustentados pelos conhecimentos os estudantes deveriam ter/desenvolver algumas habilidades. Poderiam ser: habilidade para a identificação, separação e organização de sementes e materiais orgânicos, preparação da terra, estruturação de canteiros e manuseio de ferramentas etc.

Mas, a competência apresentada só seria desenvolvida com a complementação da atitude, que poderia ser: escolha da área, formação de equipes de trabalho, tamanho e formato dos canteiros, tipo de vegetais, escala para acompanhamento e cuidado com as plantas.

Fonte: encurtador.com.br/atCP4

Referências:

BERGER FILHO, Ruy. Currículo e Competências. In: http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/curriculo_e_competencias_cr.pdf. Acessado em: Acessado em 10 de outubro de 2017. São Paulo / Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo “Paulo Renato Costa Souza”, s/d.

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Disponível em: http://portal.mec.gov.br. Acessado em 10 de outubro de 2017. Brasília, 2010.

______. Presidência da República. Casa Civil. LEI nº 13.005, de 25 DE JUNHO DE 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm. Acessado em: Acessado em 10 de outubro de 2017. Brasília, 2014.

COSTA, Thais Almeida. A noção de competência enquanto princípio de organização curricular. In: Revista Brasileira de Educação [online]. Disponível em:  http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=27502905. Acessado em 10 de outubro de 2017. 2005, (mai. – ago.).

VARGAS, Juliana Ribeiro; SARAIVA, Karla, Susana Salete Raymundo. Organização Curricular – Ensino Médio. In: Escola e Currículo. Canoas-RS: ULBRA EAD, 2017. (Material didático para o curso de Ciências Sociais a distância).

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Educação Sexual dá o tom da abertura dos CAOS 2019

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A discussão deu-se em forma de uma mesa redonda.

O Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) 2019 iniciou suas programações nesta terça-feira (21) com a palestra “Educação Sexual nas Escolas:Prevenindo Violências”. A discussão deu-se em forma de uma mesa redonda composta por Ana Paula dos Santos (Graduada em Sociologia e Especialista em Gênero e Diversidade), Laureane Marília de Lima Costa (Psicóloga, Especialista em Psicoterapia Analítico-Comportamental e Mestranda em Educação), Lucrécia Alves Barbosa (Licenciada em Geografia e Especialista em Psicopedagogia Educacional) e Wadson Arantes Gama (Psicólogo e Mestre em Psicologia). A mediação da mesa ficou a cargo da professora de Psicologia do Ceulp/Ulbra Ruth do Prado (Psicóloga e Mestre em Psicologia).

Fonte: Arquivo Pessoal

Para fomentar o tema, Ana Paula levantou o questionamento: “O que seria essa educação sexual nas escolas?”, citando como exemplos crenças errôneas e mal informadas como: sexualização das crianças, inversão dos papéis de homem e mulher e kit gay. Todos esses tópicos foram usados para elucidar um ponto chave no real objetivo da educação sexual nas escolas, que é falar sobre respeito às diferenças.

Já Lucrécia, professora e mulher trans, trouxe a visão preconceituosa que a escola e a sociedade ainda possui em relação aos que estão fora dos padrões de normatividade estabelecidos. Tal grupo, é  composto ainda por toda a comunidade lgbt, que sofre violências morais, físicas e psicológicas dentro da escola também.

Fonte: Arquivo Pessoal

No que tange às pessoas com necessidades especiais, Laureane destacou a importância de se pensar esse sujeito com NE, como um sujeito que também possui sexualidade e que precisa dessa educação e de ser visto como atuante e pertencente ao grupo escolar.

Para encerrar, Wadson instigou o público a pensar quando foi a primeira vez que tiveram alguma informação relacionada a educação sexual. Tal questionamento demonstrou que a maioria havia aprendido sozinho sobre o assunto, não encontrando informação nem na família e nem na escola. Esse dado serviu para mostrar o quanto a educação sexual se mostra necessária e essencial, como um mecanismo de informação para preparo desses sujeitos, prevenindo violências e formando indivíduos mais conscientes das diferenças.

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Alunos de Recife constroem propostas para melhoria de saúde pública

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Uma equipe de oito residentes de Saúde da Família de Recife (PE) promoveu ação com a Escola Estadual da cidade no segundo semestre de 2013. A experiência, que é relato na IV Mostra nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família (Brasília – DF), simulou Conferências Municipais de Saúde em busca de estímulo ao exercício da cidadania. A ideia surgiu de análise da notícia sobre falhas nos postos de Saúde da cidade.

De acordo com Dara Felipe, psicóloga residente e apresentadora do projeto na IV Mostra, os temas abordados na ação são “o fortalecimento da saúde como um direito e também a estimulação da organização social para efetivo exercício do controle social”.

O Ministério da Saúde explica que conferência municipal é, idealmente, o momento de debate e avaliação de condições de saúde da população e construção de propostas, “compreendendo questões que dizem respeito ao funcionamento dos serviços de saúde, da gestão municipal e também questões que não dizem respeito ao setor saúde, mas que são determinantes da condição de vida como transporte, saneamento, lazer etc”, completa.

A ação

Os 34 alunos da Escola Estadual que participaram da ação foram divididos em dois grupos: jovens entre 14 a 16 anos do 9° ano, e estudantes da turma de EJA (Educação de Jovens e Adultos) com idade a partir de 18 anos. O grupo de residentes explicou o funcionamento de uma Conferência Municipal de Saúde e delegou funções representativas aos alunos: usuários, funcionários e gestores que, em cada “cargo”, deveriam construir e apresentar propostas para melhoria da saúde.

(Encontro para construção de propostas em Escola Estadual – Recife – PE) Foto: Divulgação

Propostas

Após o estudo da situação atual da saúde e de dificuldades diárias vivenciadas por alunos e familiares, as ideias foram elencadas. São elas:

 11% do Produto Interno Bruto (PIB) para a saúde; contratação de mais profissionais de saúde para que aumente o número de atendimento; reforma e manutenção das Unidades de Saúde que já existem; mais medicamentos e equipamentos (exames, insumos, SAMU); construção de um calendário de propostas para que possamos cobrar; mais capacitação e atualização para profissionais e avaliação periódica; mais tempo para capacitações; aumento a partir da carga horária sem aumentar os impostos; funcionamento das Unidades de Saúde aos sábados e domingos com contratação de mais profissionais sem aumentar os impostos; bolsa para estudar para ser profissional de saúde; melhorar a acessibilidade das Unidades de Saúde; buscar deixar o salário mais igual dos profissionais de saúde; fazer acordo com empresas para que as compras de medicação sejam mais longas; mais projetos de Educação em saúde nas comunidades; projeto de Reciclagem do lixo; construção de área de lazer; manutenção da quadra esportiva; mais lixeiras nas ruas e organização da coleta de lixo; aumentar o saneamento básico; aumentar o número de profissionais de saúde nos serviços; melhorar a estrutura das escolas (infra-estrutura, profissionais, merenda).

Saúde e Educação em cooperação

Dentre os resultados verificados, a organização do projeto percebeu a importância do envolvimento dos alunos na construção do conhecimento ao pensar em saúde pública. Dara comenta que “o resultado foi bastante positivo, pois consistiu em uma forma vivencial de aproximação com espaços de controle social, não se restringindo a exposição oral. Dessa forma os participantes tiveram maior compreensão e interesse em participarem do espaço das conferências.

Ainda de acordo com o grupo, a ação conjunta entre Saúde e Educação é “uma ferramenta de aproximação entre a Escola e a Unidade de Saúde da Família, bem como a aproximação da discussão de saúde dos jovens, que sabe-se ser um dos públicos menos priorizados nas políticas de atenção à Saúde a nível primário”.

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