Desvendando a diferenciação na sala de aula: estratégias para a Prática Pedagógica Inclusiva

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A diferenciação é uma abordagem proativa para ajustes no conteúdo, processo ou produto de aprendizagem dos alunos.

Débora Gerbase – Professora e Autora de livros missgerbase@gmail.com – @deboragerbase

A diferenciação pedagógica, ainda que teoricamente simples, e que promove um ambiente inclusivo em uma sala de aula diversa, desafia educadores que, infelizmente, ainda não sabem como implementá-la de uma maneira eficaz suas práticas de ensino. Compreender e aplicar a diferenciação embora seja desafiador, é inegável que ela gera um impacto positivo na aprendizagem dos alunos. Apesar das barreiras enfrentadas, a prática constante e a dedicação são cruciais para superar os desafios e colher os frutos que a diferenciação produz na aprendizagem dos alunos.

Sabemos da importância, na sociedade contemporânea, da valorização das diferenças nas nossas práticas pedagógicas principalmente no contexto educacional atual. É de extrema importância atender às necessidades individuais dos alunos em uma sociedade em constante transformação. Ao nos depararmos com uma sala de aula diversa, com alunos com deficiências ou altas habilidades, a adaptação das aulas torna-se imperativa. Contudo, a implementação dessas adaptações, denominadas diferenciação, é frequentemente percebida como uma tarefa complexa e que causa muita angústia e confusão nos educadores.

O que é diferenciação?

Tomlinson (2015) nos ensina que a diferenciação é uma abordagem proativa para ajustes no conteúdo, processo ou produto de aprendizagem dos alunos. Tomlinson e Imbeau (2011) oferecem insights valiosos, esclarecendo que diferenciação não é um acréscimo ao planejamento regular, mas uma abordagem intrínseca à instrução. O planejamento diferenciado considera as diferenças de prontidão, interesse e perfil de aprendizado dos alunos, oferecendo caminhos diversos para atingir padrões compartilhados.

Quais estratégias de diferenciação podem ser utilizadas?

 Conforme Tomlinson (2014), elas podem acontecer na:

     Diferenciação no Conteúdo – Ajustando a complexidade das atividades para atender às necessidades individuais;

  1.     Diferenciação no Processo – Disponibilizando uma variedade de estratégias e materiais que contemplam diferentes estilos de aprendizagem;
  2.     Diferenciação no Produto – Permitindo diferentes formas de apresentação (oral, escrita, visual);
  3.     Diferenciação no Ambiente de Aprendizagem – Configurando e organizado visualmente o espaço para conforto e confiança.

 Entretanto, apesar dos benefícios da implementação da diferenciação nas práticas pedagógicas, algumas barreiras ainda precisam ser superadas. Educadores frequentemente apontam algumas dificuldades que não permitem que a diferenciação aconteça adequadamente, como:

  •         Ansiedade do Professor: A ansiedade em relação à implementação da diferenciação é uma barreira comum. Promover o conhecimento aos professores sobre a natureza flexível e adaptativa da diferenciação pode ajudar a reduzir esse receio.
  •         Falta de Recursos Adequados: Muitos educadores se veem limitados por uma falta de recursos, sejam eles materiais ou tempo. Explorar opções criativas e integrar a diferenciação ao planejamento regular pode superar essa barreira.
  •         Treinamento Insuficiente: A falta de treinamento específico em diferenciação é um desafio real. Investir em desenvolvimento profissional contínuo pode capacitar os professores a aplicarem estratégias diferenciadas com confiança.

 Estratégias para superar desafios

 Estimular a colaboração entre professores pode ser um catalisador poderoso para a implementação bem-sucedida da diferenciação. Compartilhar experiências, estratégias e recursos pode enriquecer a prática de todos. Reconhecendo que a diferenciação é uma jornada, os professores podem começar com adaptações simples e progredir gradualmente. Isso reduz a pressão inicial e permite uma transição mais suave.

 Além do que já foi dito, implementar um ciclo contínuo de avaliação e ajuste é fundamental. Wormeli (2017) destaca a importância de ajustar as estratégias avaliativas para refletir a diversidade de estilos de aprendizagem, níveis de prontidão e interesses dos alunos. Ao diferenciar a avaliação, os professores podem verdadeiramente capturar o progresso individual, indo além de uma abordagem única para todos.

 A complexidade da diferenciação pedagógica, apesar de sua simplicidade teórica, desafia muitos educadores que se deparam com a necessidade de promover um ambiente inclusivo. Ela não é apenas uma estratégia; é uma filosofia que reconhece e celebra a diversidade na sala de aula. No contexto educacional que está em constante transformação, compreender sua importância e implementá-la eficazmente requer um comprometimento contínuo por parte dos educadores. Ao desvendar os princípios e estratégias da diferenciação, os professores estarão mais bem equipados para criar ambientes de aprendizagem que atendam verdadeiramente às necessidades individuais de cada aluno.

 Maiores informações sobre como implementar a diferenciação em sala de aula podem ser encontradas no livro “A realidade diversa na sala de aula: como lidar com a inclusão e a educação socioemocional na escola”, no primeiro capítulo intitulado: A diferenciação na sala de aula diversa, escrito por mim.

Biografia:

 Débora Gerbase é uma professora e tradutora que atua nas áreas de inglês, português e português para estrangeiros. Atualmente, reside em São Paulo, onde concluiu sua formação em Letras – Tradução e Pedagogia e, posteriormente, obteve pós-graduação em Psicopedagogia e Formação de Docentes para o Ensino Superior.

Além de seu trabalho como educadora, Débora é autora dos livros “Sem pé nem cabeça – Expressões idiomáticas em português” e “Manual de Sobrevivência para o Professor Esgotado”, e coordenadora e coautora do livro “A realidade diversa na sala de aula: como lidar com a inclusão e a educação Socioemocional nas escolas” e coautora do livro “Alfabetização Bilíngue: benefícios e mitos na formação de crianças bilíngues”. Tem paixão pelo ensino e aprendizagem, bem como por seu compromisso com o sucesso de seus alunos.

Referências:

 Tomlinson, C. A. The differentiated classroom: Responding to the needs of all learners. ASCD, 2014.

Tomlinson, C. A. “What Is Differentiated Instruction?” Reading Rockets, 2015. Disponível em: https://www.readingrockets.org/article/what-differentiated-instruction. Acesso em 03 de março de 2023.

Tomlinson, C. A. e Imbeau M. B. Managing a differentiated classroom: a practical guide. Scholastic, 2011.

Wormeli, R. “Fair Isn’t Always Equal: Assessing and Grading in the Differentiated Classroom.” ASCD, 2017.

 

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Maisa Carvalho: os impactos da Pandemia do Covid-19 e a atuação do Consultório na Rua de Palmas-TO

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“É preciso dar visibilidade ao nosso trabalho, porque isso é importante, não só o fazer, mas também é necessário visibilidade” – Maisa Carvalho Moreira

A pandemia do novo Coronavírus gerou impacto em todos os contextos vivenciados pelos brasileiros, inclusive os que estão em situação de rua, alguns órgãos públicos de alguns municípios levantaram medidas para evitar uma possível infecção nas pessoas que permaneceram nas ruas, sem uma forma eficaz de isolamento.

Nesta entrevista para o (En)Cena, a Assistente Social Maisa Carvalho nos traz um conteúdo muito enriquecedor acerca do trabalho com as pessoas em situação de rua e os desafios para atuar nesse contexto na pandemia. Ela é graduada pela Universidade Federal do Tocantins – UFT (2016), especialista em Gestão de Redes de Atenção à Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2018), especialista em Saúde Mental pelo Centro Universitário Luterano de Palmas e Fundação Escola de Saúde Pública, através do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental – ULBRA/FESP (2020), Responsável Técnica do Programa Piloto de Justiça Terapêutica do Tribunal de Justiça do Tocantins, atualmente atua na equipe de saúde Consultório na Rua e é pesquisadora nas temáticas voltadas para Saúde e Direitos Humanos: saúde mental, população em situação de rua e feminização de substâncias psicoativas.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena: Durante a pandemia como está sendo trabalhar com essas pessoas? Houve um isolamento inicial no Brasil inteiro, alguns municípios adotaram algumas estratégias para também evitar essa contaminação na população em situação de rua, como está sendo isso em Palmas?

A equipe faz orientações quanto as formas de prevenção além de articular com a rede quando surgem casos positivos para acompanhamento, além de haver propostas de um local de acolhimento que não sei exatamente como está o andamento.

Atualmente o atendimento continua in loco, com administração de medicação via oral ou intravenosa, avaliações clinicas pelo enfermeiro, atividades de promoção e prevenção em saúde, discussões de casos, articulações, visitas, acompanhamento em consultas, pedido de exames, etc. A mudança, porém é que não conseguimos estar transportando todos os pacientes devido ao risco mesmo, tanto para a gente como para eles. Não deixamos de transportar, no entanto se o paciente tem uma certa autonomia, se tiver passe livre, a gente prioriza encontrar no local do atendimento, mas sempre tem aqueles necessitam de um apoio maior.

Fazemos distribuição de máscaras de tecido seguido de orientações a respeito da transmissão e os serviços que devem buscar.

Basicamente o nosso trabalho em si ele não muda muito, muda nos serviços que são da saúde ou por serviços da rede intersetorial que atendem por agendamento, pois estão trabalhando com o número reduzido de profissionais em decorrência da Covid19, o que automaticamente também os números de pessoas atendidas reduzem. Aí dentro desse contexto a gente se adapta, liga, discute o caso, faz agendamento. Mas, não parou o funcionamento, não teve nenhum momento que esse atendimento parou devido a pandemia.

Fonte: encurtador.com.br/hwQ16

(En)Cena: Uma questão na qual muito tem se falado é sobre as pessoas em situação de rua que são imigrantes, como os venezuelanos; tem se visto muito nos sinais de trânsito da cidade, eles ficam com placas, geralmente levam crianças etc. Como funciona o atendimento a essas pessoas? O que se sabe sobre essas pessoas nesse momento em Palmas?

Os venezuelanos a princípio eram um público bem flutuante, eles iam e vinham. Não só em Palmas, mas no Brasil inteiro teve essa onda de imigração, e várias cidades receberam, vários estados receberam um número muito grande de pessoas da Venezuela. Aqui em Palmas agora tem um grupo fixo que já está morando, possivelmente vão continuar, próximo de 30 pessoas mais ou menos. Elas são assistidas também, pelo Consultório na Rua, pelos serviços de atenção básica, unidade de saúde… de que forma? Vacinação, consultas, disponibilização de insumos de higiene, máscara, álcool, sabonetes, pasta de dente. O acompanhamento depende da demanda, por exemplo, quando realizamos as visitas, a enfermagem observa as demandas de saúde e a partir daí nós articulamos com as unidades de saúde mais próximas. Uma vez, tinha uma criança com um furúnculo e nós levamos o caso para a unidade de saúde para realizarem uma visita com médico e/ou agendar consulta.

Eles estão ficando numa residência com propostas de ir para um outro local ofertado pelo município. Eles estão sendo assistidos pela saúde. Já foi realizado cadastramento de todos eles na unidade de saúde, todos têm cartão SUS. Todos eles têm CPF que foi um apoio do CREAS. Quanto as ações assistências não estou por dentro, mas quanto a saúde, não estão desassistidos.

 Quanto a questão de eles estarem nos semáforos com as crianças, pensa comigo, se você tivesse um filho e tivesse na situação deles, e fosse para a rua pedir algum dinheiro ou qualquer ajuda, sem ter onde deixá-los, o que você faria? Levaria com você né? Embora seja chocante ver essas pessoas com criança na rua, em pontos às vezes até em risco de atropelamento, que é uma realidade, é uma situação complicada. Inclusive, já discutimos isso em equipe sobre possíveis intervenções. A oferta de atendimento em saúde está acontecendo, quando eles precisam de qualquer demanda de saúde a gente pergunta, articula, fazemos o que está ao nosso alcance.

Fonte: encurtador.com.br/ryAVY

(En)Cena: Na equipe que trabalha com o consultório na rua não tem um Psicólogo.  Como é feito se eles precisam de um atendimento psicológico? A equipe já tem um preparo maior para as situações ali na hora e depois é feito encaminhamento? Como funciona?

Atendimento psicológico acontece nos demais serviços da rede, se for um caso mais leve o encaminhamento é para o NASF-AB, caso seja um caso mais complexo articulamos com os CAPS, visto que a equipe não dispõe de psicólogo. Há um acompanhamento mais de perto, quando os residentes passam pelo consultório na rua, pois consegue dar continuidade, visto que geralmente eles passam em torno de 4 à 8 meses, depende de como está a organização do Programa no momento. Mas é um profissional, que somaria muito se tivesse compondo a equipe, é uma categoria, que faz falta no nosso serviço.

(En) Cena: É um trabalho difícil nesse sentido, de articular muito, há um gasto de muita energia e tempo?

É desafiador, além de competência, o profissional precisa ter perfil

 (En) Cena: Poderia nos relatar alguma experiência, ou mais de uma, que tenha gerado um grande impacto em você, durante a atuação nesse campo?

Teve uma situação em que eu abordei um paciente que ele tem formação superior e ele está em situação de rua há muitos anos, e aí a gente o conheceu. Observei que ele tinha a escrita muito boa, conversava bem, muito esclarecido, um discurso muito bem organizado. Daí, conversando com ele em um acolhimento, tentando entender um pouco do histórico dele, perguntei porque que ele não voltava para casa, qual que era o motivo dele não retornar, talvez tentar reestabelecer essa vida que ele tinha. Ele olhou para mim e falou que ele tinha perdido a dignidade, se eu sabia o que que era perder a dignidade. Quando você perde a dignidade é algo que você não consegue acabar como se fosse a fome, “eu estou com fome, comi e voltou” e isso me marcou muito porque eu nunca tinha parado para pensar nisso. Às vezes, tem um problema você olha e você resolve, tipo, se eu estou desempregada eu vou trabalhar, é como se meu problema tivesse resolvido, eu estou doente eu vou cuidar da saúde, vou resolver. Mas quando eu me olho enquanto ser humano e vejo que eu perdi minha dignidade, por isso eu não consigo alçar voos maiores, isso é muito impactante. Esse paciente está em situação de rua por uma questão familiar. Ele não conseguiu se reestabelecer, está na rua e faz uso abusivo de álcool. Mesmo tendo formação, mesmo tendo todo um contexto, poderia estar em uma situação melhor do que está hoje. Mas que por diversos fatores, e segundo ele a da perda da dignidade, não se enxergava mais como um ser humano, isso é uma coisa que me marcou e eu segurei para não chorar, de verdade!

Fonte: encurtador.com.br/jvzN7

(En) Cena: Se você pudesse deixar algum recado, para profissionais e futuros profissionais, ou para a população em si qual seria?

Primeiramente eu convido os estudantes e acadêmicos, quem estiver finalizando para fazer a residência, em saúde mental especificamente, para passar pela gente, pelo Consultório na Rua, porquê é somente esse programa que permite viver essa experiência. A residência me abriu muito a mente, me permitiu me despir de muitos conceitos e muitos pré-conceitos. Quando você lida com outro em sofrimento psíquico, porque o uso de álcool e outras drogas traz também sofrimento psíquico… foi quando eu me tornei uma pessoa melhor de verdade. Não existe uma regra, mas para mim foi uma experiência muito positiva. Então, a primeira coisa é isso, faça uma residência, façam para saúde mental, conheçam os CAPS, conheçam o Consultório na Rua que vocês vão ter experiências ótimas, acredito que vão crescer muito profissionalmente e humanamente também.

Para os profissionais eu diria que a gente tem que ter muita empatia para trabalhar com os públicos vulneráveis. Eu trabalho com os moradores de rua, mas tem vários públicos vulneráveis. Acredito que quando a gente trabalha com eles precisamos nos despir, para entrar no mundo do outro. A saúde é isso, é tentar não medir a vida do outro com a minha régua, essa régua eu utilizo para medir a minha vida, nunca a do outro. Isso é a primeira coisa que a gente tem que pensar e colocar em prática, falar isso me emociona.

É preciso ter força, ter garra, porque não é fácil, o trabalho no SUS é lindo, mas ele é muito desafiador. A gente tem que ter muita força de vontade, precisa ter muita garra pra poder enfrentar e tentar desvendar e superar os desafios e os obstáculos que nos apresentam. Eu procuro sempre fazer isso em todos os locais que eu passo, tentar superar esses obstáculos. Não utilizar deles para estacionar, “não tem como, eu não vou fazer isso porque é muito burocrático”. Vamos superar, vamos tentar dar acesso. Porque se eu burocratizo aqui o meu trabalho, eu vou estar dificultando a vida de alguém, estar dificultando para que essa pessoa tenha uma qualidade de vida, tenha mais saúde, tenha mais acesso. É algo que é simples para a gente mas o pouco que fazemos faz muita diferença na vida do outro que a gente está atendendo ali.

Em relação à população e os serviços é preciso dar visibilidade ao nosso trabalho, porque isso é importante, não só o fazer, mas também é necessária visibilidade. Isso é importante tanto para as articulações em rede, quanto para o conhecimento do público que necessita do nosso trabalho.

REFERÊNCIA

SILVA, Tatiana Dias; NATALINO, Marco Antonio Carvalho; PINHEIRO, Marina Brito. População em situação de rua em tempos de pandemia: um levantamento de medidas municipais emergenciais. 2020.

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Bolsonarismo: que estratégia político-terapêutica para um governo deliroide?

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Não acho prudente, nem ético, usar a psicanálise para diagnosticar ou analisar pessoas fora do meu consultório, mas é totalmente possível ou aceitável utilizá-la para analisar conjunturas político-sociais. Mas, nem é preciso entender de psicologia para perceber que o Bolsonarismo tem um componente deliroide bastante forte. As tão faladas “Fake News” exemplificam muito bem o que eu chamo aqui de deliroide: verdades construídas a partir de fragmentos ou de indícios de realidade e tornadas verdades universais.

Eu trabalho no campo da saúde mental há mais de 20 anos, e se tem uma coisa que aprendi com esse trabalho é que o delírio não pode ser desmontado por uma simples confrontação com a realidade ou com racionalidade. Se o sujeito, em franco delírio, chega até você afirmando que tem um chip instalado na cabeça e através do qual se comunica com extraterrestres, não há absolutamente nada que se diga que mudará sua perspectiva de realidade. Nem que eu lhe mostre uma ressonância magnética do próprio crânio, ou que seja possível abrir sua cabeça para mostrar que não há nada lá, ele não se demoverá de sua verdade. Isso pelo simples fato de que aceitar desmontar tal delírio, seria desmontar a si próprio, já que, naquele momento, por uma fragilidade simbólica, o sujeito encontra-se totalmente assentado sobre aquela verdade. Se ela cair, ele cai junto. Freud dizia que os psicóticos amam o próprio delírio como a si mesmos. Resumindo, é isso.

Fonte: encurtador.com.br/jlmC0

Clarice Lispector diria isso assim: “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.

Tempos atrás li um artigo do Javier Salas no El País, sobre o terraplanismo intitulado: “Você não pode convencer um terraplanista e isso deveria te preocupar”. Os terraplanistas, afirma Salas, simplesmente acreditam que a Terra é plana, e qualquer dado que possa prová-los do contrário é simplesmente ignorado ou considerado manipulação de conspiradores.  Obviamente que não é possível dizer que todos os terraplanistas são psicóticos ou doentes mentais, mas certamente, podemos falar de um empobrecimento ou fragilidade simbólicas, o que favorece o discurso que chamei de deliroide, ainda que ele não seja rigorosamente delirante.

Fonte: encurtador.com.br/mFL79

Voltamos ao Bolsonarismo, fortemente fundamentado num discurso deliroide, reforçado pela sua reprodução maciça nas redes sociais. Se o clã Bolsonaro está se aproveitando do discurso deliroide ou se acredita mesmo nele, eu não saberia dizer. O fato é que ele tem sabido utilizá-lo muito bem, desde a campanha eleitoral, e também tem sido bastante competente em agregar a si personagens igualmente deliroides (nem é necessário citá-los um a um). Diante disso, não há debate político possível. Não há racionalidade que possa confrontar os argumentos do Bolsoplanismo. Então, o que fazer? Que estratégias utilizaremos?

O que posso dizer a partir do que estudei e pratiquei todos esses anos é que, se não é possível desmentir um delírio, é possível desconstruí-lo pouco a pouco, parte por parte. Fazer pequenos furos, abalar algumas verdades, duvidar, perguntar, são algumas das estratégias que utilizamos para ir minando a certeza do sujeito delirante, fazendo-o enxergar outras possibilidades. E é muito importante que ele encontre outras possibilidades, caso contrário, voltará para sua certeza delirante, que ao menos lhe assegura um lugar.

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O uso do Álcool na Pandemia

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Era 31 de dezembro de 2019, o mundo ouvia falar em um vírus desconhecido. No Brasil, nos preparávamos para a queima de fogos, para as promessas de um novo ano com 365 dias de oportunidades.

Em Wuhan – China, os médicos se depararam com os primeiros pacientes da doença nCoV 2019(Corona Vírus) em dezembro, apresentando sintomas de doenças já conhecidas como pneumonia, os mesmos, não respondiam de forma satisfatória ao tratamento e exames de imagem mostravam danos pulmonares severos. Os Especialistas estavam estarrecidos com a situação, mas, nem de longe, acreditavam se tratar de uma epidemia local, sequenciando uma pandemia global (Huang, 2020).

O ano começou, 2020 trouxe com ele a chance de um novo emprego, de grandes expectativas… Parecia um ano como todos os outros, escolheram a Globeleza, escolhemos nossos abadás de carnaval. Brasil, o país do carnaval, né?! Mas, a festividade passou. E com ela levou a folia, os abraços, os beijos, as carícias, os contatos, tudo.

Fonte: encurtador.com.br/jvU28

Na China, especialistas e pesquisadores corriam contra o tempo para identificar que novo vírus era esse, quais eram suas características, como se desenvolvia, etc. Imaginem, uma correria só! Cerca de 41 pacientes internados no hospital foram identificados como tendo infecção por nCoV 2019, confirmadas já em laboratório. A maioria dos infectados era masculina.

Dia 26 de fevereiro, o primeiro caso de um tal de COVID-19 aqui no Brasil veio à tona, a essa altura já sabíamos que era/é um vírus letal. “Ah, mas ele não aguenta nosso clima tropical”, disseram.  “Pode ser que essa nova variedade não chegue ao Brasil, como o da Sars não chegou, porque seu avanço foi possivelmente bloqueado pelas temperaturas altas das regiões tropicais”, disse o virologista Edison Luiz Durigon, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo – ICB-USP (FABESP,2020). Quem dera fosse verdade.

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde anuncia que sim, COVID-19 é uma pandemia, ou seja, o mundo estava/está lutando, combatendo o mesmo vírus. E que por sua vez, ataca os pulmões e tem transmissão em velocidade recorde. O mundo entra em um filme de terror.

Fonte: encurtador.com.br/sCSVY

Nas últimas duas semanas, o número de casos de Covid-19 [doença provocada pelo vírus] fora da China aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou. Temos mais de 118 mil infecções em 114 nações, sendo que 4.291 pessoas morreram”. Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, 2020.

Como forma de tentar conter o avanço desenfreado da Covid – 19, a Organização Mundial de Saúde – OMS recomendou várias medidas preventivas, dentre elas, o isolamento social. Com a disseminação do vírus no mundo, aqui no Brasil, governadores e prefeitos adotam tais medidas com o intuito de não colapsar os hospitais. Veja só, nada de churrasco no fim de semana, nada de barzinho na sexta feira, cineminha, então nem pensar. Os brasileiros, povo de aglomeração estavam prestes a passar pela prova de fogo, uma quarentena (40 dias e 40 noites que se tornaram 365 dias).

Uns dias em casa sem poder convidar amigos e familiares?! Molezinha. Assim, o Brasil coloca a taxa de vendas de bebidas alcoólicas em 93,9%. Isso mesmo que você acabou de ler, 248,9 mil compras de cerveja entre 24 de fevereiro a 3 de maio de 2020, segundo a plataforma Compre&Confie (2020). Em casa + 0 coisas para fazer + tédio = cerveja, né?! Oh no, ou no, ou no, no, no (cantou que eu sei).

Fonte: encurtador.com.br/asDX8

O problema foi que algumas “pessoinhas” começaram a utilizar as redes sociais para fazerem divulgações MENTIROSAS, entre elas, que o álcool ajudava a prevenir o Corona Vírus (é mole?!), com isso a OMS (2020) divulgou um folheto chamado “Álcool e Covid-19: O que você precisa saber”, com o intuito de informar e combater as famosas Fake News. Ao invés de evitar a contaminação pelo novo coronavírus, o alto consumo de álcool debilita o sistema imunológico e ainda pode acarretar riscos de desconforto respiratório agudo (SDRA), o que já sabemos que é um dos cargos chefes da doença (OPAS/OMS, 2020).

Aqui no Brasil, nós já gostamos de beber uma cervejinha aqui outra ali, né?! E com tanto estresse, incertezas, o consumo de álcool foi para 42%, segundo a ONU (Brasil, 2020). O que nos remete pensar que usamos o álcool nesses momentos à procura de um efeito relaxante, equivocadamente.

Entenda que o aumento do uso de álcool não apenas pelos possíveis danos à saúde. Mas também pelas suas consequências no meio social. Em São Paulo, houve um aumento de 22% de casos de violência letal praticados em mulheres e 44,4% de violência doméstica. No Amapá, o aumento foi de 100% no que se trata de feminicídios durante a pandemia (FBSP,2020). É triste pensar que ainda estamos em tempos de pandemia, até onde esses números irão chegar?

Essa pandemia não tem sido fácil para ninguém, não tornemos esse momento ainda mais difícil! O uso excessivo de álcool pode debilitar seu sistema imunológico e ainda acarretar problemas ainda maiores dentro do seu lar. Caso precise de ajuda (e precisamos), procure um psicólogo no seu município, procure o Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e outras drogas – CAPS AD, a Unidade Básica de Saúde, o Centro Comunitário de Saúde – CSC pelos canais de atendimento.

Fonte: encurtador.com.br/bmtDE

Vamos criar estratégias de enfrentamento mais saudáveis durante a pandemia para lidar com o estresse, o tédio, as incertezas e até mesmo o luto, que tal? Atividade física com a família, jogos de grupo, tira o jogo Uno da gaveta, aquele bom e velho dominó, vale até truco (jogo de cartas). E a cerveja? Coloque um dia da semana para apreciar a bebida, chamamos isso de redução de danos, capitou a palavra? Vamos reduzir os danos?

A falta de rotina nos deixa ociosos e com isso, a carga de estresse aumenta, então prepare seu calendário da pandemia, o dia do cineminha em casa com pipoca e suco (combina, né?!), com chocolate para dar uma equilibrada. Acorde, tome café da manhã reforçado, almoço saudável e a noite aquela cervejinha, porque equilíbrio é tudo.

Não tem conseguido controlar o humor, a agressividade, ou a carga de estresse está muito alta? Primeiro, respire fundo e depois, procure ajuda profissional. Sua família merece esse cuidado, sua namorada merece esse respeito e você merece esse carinho por si mesmo. Se cuide nessa pandemia com todos os protocolos de prevenção contra a COVID-19, beba com moderação e procure ajuda sempre que for necessário, você não precisa enfrentar tudo isso sozinho.

REFERÊNCIAS 

BRASIL. Ministério da Saúde. Resposta nacional e internacional de enfrentamento ao novo coronavírus. Brasília. Disponível em < https://coronavirus.saude.gov.br/linha-do-tempo/#jan2020> Acesso em: 01 de maio de 2021.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Violência Doméstica Durante Pandemia de Covid-19 Edição 03. Nota Técnica. c2021. Disponível em: < https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/violencia-domestica-durante-pandemia-de-covid-19-edicao-03/> Acesso em: 01 de maio de 2021.

GARCIA, L. P.; SANCHEZ, Z. M. Consumo de álcool durante a pandemia da COVID-19: uma reflexão necessária para o enfrentamento da situação. Cad. Saúde Pública vol.36 no 10 Rio de Janeiro 2020. E pub. Oct 26, 2020. Disponível em <https://doi.org/10.1590/0102-311×00124520> Acesso em: 01 de maio de 2021.

HOSPITAL SANTA MÔNICA. Uso abusivo de álcool durante a quarentena: os perigos do aumento de consumo. São Paulo. Pub. 29 de outubro de 2020. Disponível em: < https://hospitalsantamonica.com.br/uso-abusivo-de-alcool-durante-a-quarentena-os-perigos-do-aumento-de-consumo/#:~:text=A%20falta%20de%20uma%20rotina,n%C3%A3o%20segue%20mais%20essa%20regra.> Acesso em: 01 de maio de 2021.

HUANG, C.; WANG, Y.; LI, X.; REN, L.; ZHAO, J.; HU, Y.; et al. Características clínicas de pacientes infectados com novo coronavírus de 2019 em Wuhan, China. THE LANCET. volume 395, ISSUE 10223, P497-506,15 de fevereiro de 2020. Publicado em 24 de fevereiro de 2020. Disponível em <  https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30183-5> Acesso em: 01 de maio de 2021.

NEVES, U. Consumo de bebidas alcoólicas cresce 93,9% na quarentena. Portal PEDMED, pub. 20 de fevereiro de 2021. Disponível em: < https://pebmed.com.br/consumo-de-bebidas-alcoolicas-cresce-939-na-quarentena/> Acesso em: 01 de maio de 2021.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE.  Folha Informativa sobre a COVID-19. Brasília: OPAS/OMS https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/dlm_uploads/2020/04/PT_ALC_COVID_LONG_SHEET_11420OPAS.pdf> Acesso em: 01 de maio de 2021.

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Acabe com o sono durante o estudo

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Muitos alunos comentam que sentem sono enquanto estão estudando. Sempre escuto de meus estudantes: “Por que fico com sono quando estudo?” ou “Como faço para render mais se estou com sono?” Considero grave sentir sono durante os estudos, pois afeta a concentração e rendimento. No entanto, há algumas dicas preventivas e repressivas para ajudar. 

As preventivas são para evitar que algo aconteça. Os médicos orientam ter de sete a oito horas de sono por dia. Além disso, é essencial ter qualidade de sono. Para isso, deixe o ambiente escuro, diminua ruídos e durma no mesmo horário. Outra dica é a rotina. Tenha horário para dormir, acordar, almoçar e lazer. 

Estude em local iluminado. Caso tenha acesso à luz solar é melhor, pois te deixa em alerta. O local que vai estudar é importante. Caso estude na cama, o cérebro entende que vai dormir. Tenha um local tranquilo. Alterne teorias e exercícios. Tem quem estude duas horas lendo e duas horas fazendo exercícios. A sugestão é buscar intercalar para melhorar o desempenho.

Fonte: encurtador.com.br/cgqO4

Não esqueça de algo importante: tenha intervalos. O corpo humano não é uma máquina, não foi programado para fazer a mesma coisa por horas. Há técnicas em que se estuda 50 minutos e descansa 10 minutos. Indico 1h40 de estudos e de 10 a 15 minutos de descanso. Isso não é uma regra, você conhece seu corpo e limitações e vai saber a melhor técnica para ter o melhor rendimento.

Já as dicas repressivas ajudam a reprimir o sono. A cafeína estimula e bloqueia o componente químico associado ao sono, mas evite em excesso. O chiclete ativa o nervo trigêmeo que associa que se está mastigando, comendo, não está com sono. Mas cuidado, o chiclete estraga os dentes e causa problemas estomacais. 

Quando estudava, fazia polichinelo. Em 5 minutos de atividade, já ajuda a aumentar o batimento cardíaco e gera adrenalina no corpo. Outra opção é, se estiver com pouco sono, jogar água gelada no rosto. Mas se o for sono intenso é melhor tomar banho gelado. Utilize essas dicas e estude melhor.

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Docentes da Psicologia do Ceulp/Ulbra alinham ações para o segundo bimestre

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Dentre os tópicos levantados, os docentes começaram a planejar o Caos 2019

O colegiado de Psicologia do Ceulp/Ubra se reuniu nesta segunda, dia 17/09, para deliberar sobre as principais demandas do segundo bimestre, que se inicia logo após a Avaliação de Grau 1 (G1). A reunião foi conduzida pela coordenadora do curso, profa. Dra. Irenides Teixeira.

Dentre os tópicos levantados, os docentes começaram a planejar o Caos 2019 (Congresso Acadêmico dos Saberes em Psicologia), que irá abordar a sexualidade humana em seus mais variados contextos. Neste sentido, foram montadas comissões que irão conduzir a partir de agora todas as ações do evento, como Comitê Científico, Mesas Redondas, Palestras, Psicologia em Debate, Exposições, processo de Comunicação Social, Oficinas, Publicações etc.

Além disso, os docentes foram informados sobre a atualização qualitativa da equipe, que com as recentes defesas das dissertações de mestrado de três professores, agora é composto por 100% de mestres e doutores. No mais, dentre outros assuntos, foram discutidos questões técnicas relacionadas aos estágios, bem como o processo avaliativo, por parte dos acadêmicos, referente à elaboração e aplicação das provas de G1.

De acordo com a coordenadora Dra. Irenides Teixeira, ‘o encontro foi imprescindível para atualizar os docentes sobre os principais pontos a serem trabalhados até o final deste ano, além de possibilitar que a equipe trabalhe e coopere mutuamente e, também em grupo, estabeleça estratégias para atender as exigências de qualidade estabelecidas pela instituição e pelo Ministério da Educação, o que já vem ocorrendo com esmero’.

Em breve o colegiado voltará a se reunir para avaliar e ajustar as demandas apresentadas nesta segunda-feira.

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Profissional do coach visita turma de Psicologia nas Organizações

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Nesta segunda-feira 30, a turma 0847 de Psicologia nas Organizações, sob docência de Carolina Santin Cotica, recebeu a visita do profissional do coach Sonielson Luciano Sousa. O convite foi feito por um grupo de acadêmicos da turma, como trabalho na disciplina, proposto pela sua docente. A visita ocorreu na sala 221 do Ceulp e contribuiu para o conteúdo trabalhado em aulas.

Turma 0847 de Psicologia nas organizações

Sonielson é mestrando em Comunicação e Sociedade; bacharel em Comunicação Social; sócio-fundador do jornal e site O GIRASSOL; professor universitário (Ceulp/Ulbra) nas disciplinas de Filosofia, Antropologia, Sociedade e Contemporaneidade; licenciado em Filosofia; graduando em Psicologia pelo Ceulp/Ulbra, personal Coach, editor e colaborador do portal (En)Cena, colaborador do Portal Educação, além de outros.

Ele inicia sua fala apresentando a origem do coach, que está atrelada à educação física, a qual buscava proporcionar um alto rendimento para os interessados. Segundo Sonielson, o profissional do coach auxilia uma pessoa não adoecida a criar estratégias para atingir seus objetivos, não se utilizando da denominação “paciente”, mas “cliente”. Essas estratégias são criadas depois de se identificar o perfil da pessoa e onde ela direciona mais seu investimento.

Apresentação de coach

Para o acadêmico e componente do grupo que fez o convite, Eduardo Busquets “foi um prazer convidá-lo, pois além de coach, é sociólogo, filósofo, antropólogo e tem excelente didática pedagógica. Estamos felizes por ele ter aceitado realizar a visita. Agora entendemos e compreendemos o assunto”.

Segundo a acadêmica e também componente do grupo que fez o convite, Lôrrane Araújo “ouvir um profissional do coach e futuro psicólogo, além de outras formações, foi esclarecedor, pois no meio profissional e acadêmico, o coach era ‘malvisto’, já que acreditava-se que ele queria fazer um trabalho que cabia apenas ao psicólogo. Esse pensamento é um grande equívoco, é uma questão ideológica. São trabalhos que podem andar juntos, independente da abordagem. As áreas se complementam”.

A visita de Sonielson fez parte de um ciclo de apresentações de trabalhos na disciplina em questão, os quais continuarão na próxima semana.

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