Narcisismo e a personalidade histriônica nas redes sociais

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O imediatismo da internet é cada vez mais latente na sociedade, aquilo que era moda ontem, hoje já pode ser considerado cringe. Tendências mudam de direção tão rápido quanto os ventos do Oeste.

Por esta razão, tornou-se cada vez mais comum se deparar com vídeos e imagens extremamente chamativos que tem uma única finalidade, atrair para um indivíduo toda uma atenção midiática – seja positiva ou negativa (quem não se recorda da banheira de Nutella!?).

Falem mal ou falem bem, mas que falem de mim, tal frase se tornou comum, e até um mantra neste meio. Baseada na mitologia grega de Narciso, o Transtorno de Personalidade Narcisista carrega como característica a necessidade do indivíduo de preocupar-se e admirar sua imagem, buscando sempre atenção para afirmação daquela vaidade exacerbada.

Noutra banda, o Transtorno de Personalidade Histriônica completa o pilar do narcisista nas redes sociais. Nesta condição mental, o indivíduo utiliza seu corpo e suas características para ter atenção sobre si. Vestes extravagantes e chamativas ou com forte apelo sexual podem ser fortes indícios do histrionismo na vida de uma celebridade.

Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Nada obstante, é perceptível que esse comportamento é, de certa forma, incentivado pelos fãs destas celebridades que são sedentos por mais e mais conteúdos e das mais diversas formas possíveis.

Porém, nem tudo são flores. No mundo virtual as pessoas tendem a elevar e destruir carreiras com forte engajamento. Se tornou comum os movimentos de cancelamento nas redes sociais de atores e atrizes que dão opiniões consideradas polêmicas ou que possuam um cunho pejorativo.

Este é o ponto que torna possível diferenciar o narcisista do TPH nas redes sociais. No momento de crise de imagem, o narcisista tenta, a todo custo, manipular seu público para que voltem a ter uma admiração por sua pessoa, mesmo que isso vá contra seus princípios e ideologias. Todavia, portadores da TPH mantém seus comportamentos perante a crise, muitas vezes estes ainda incitam a discórdia, aumentando ainda mais as discussões e debates sobre este.

Com isto, é possível inferir que a presença destas pessoas no universo midiático e famoso é massivo, principalmente em seguimentos da moda onde as tendências de vestimentas são determinadas.

REFERÊNCIAS

GOMES, Alice Chaves de Carvalho; PEDROSA, Raimundo Benone de Araújo, e; TEIXEIRA, Leônia Cavalcante. Nem ver, nem olhar: visualizar! Sobre a exibição dos adolescentes nas redes sociais. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica [online]. 2021, v. 24, n. 1 [Acessado 19 Agosto 2022], pp. 91-99. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1809-44142021001011>. Epub 19 Abr 2021. ISSN 1809-4414. https://doi.org/10.1590/1809-44142021001011.

Barbosa, Caroline Garpelli, Campos, Erico Bruno Viana e Neme, Carmen Maria Bueno. Narcisismo e desamparo: algumas considerações sobre as relações interpessoais na atualidade. Psicologia USP [online]. 2021, v. 32 [Acessado 19 Agosto 2022] , e190014. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-6564e190014>. Epub 23 Ago 2021. ISSN 1678-5177. https://doi.org/10.1590/0103-6564e190014

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Kim Kardashian e o perigo do narcisismo nas redes sociais

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Especialista explica como isso se dá e por que ​pode ​ser uma armadilha para a pessoa.

Kim Kardashian é uma personalidade conhecida por ser uma narcisista assumida. A bela já declarou ter tirado mais de 6 mil selfies durante as viagens que fez. Além disso, já estrelou um comercial fazendo piada do próprio narcisismo e ensinou em vídeos na web como fazer a selfie perfeita.

Para o psicanalista João Nolasco, do Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, Ciências Humanas e Sociais (IBRAPCHS), o narcisismo surge na mitologia grega onde um jovem chamado Narciso se destacava por sua beleza. Ele atraia o amor de muitas mulheres, porém sofria de um forte amor e admiração pelo próprio corpo, e com isso não conseguia aceitar o amor de ninguém. “Conta-se que um belo dia ao ver seu reflexo num lago ficou tão excitado com sua imagem que se lançou morrendo afogado. ”

Fonte: https://goo.gl/6p6s4U

– Narcisismo também pode ser definido como um conceito da psicanálise que define o indivíduo que admira exageradamente a sua própria imagem e nutri uma paixão excessiva por si mesmo.  Para Freud o tema é uma característica normal em todos os seres humanos e está relacionado com o desenvolvimento dos desejos”.

Para João, as redes sociais são as vitrines para a apresentação do “Eu idealizado”, ou seja, onde se tem a oportunidade de vender uma imagem para obter poder, glamour e amores. “Temos, hoje, um padrão de comunidade virtual onde o que adquire maior adicionamentos, curtidas e comentários torna-se celebridade”.

O psicanalista diz que pessoas como a Kim se consideram as melhores no que fazem, são vaidosas e gostam de ser aplaudidas e bajuladas. Ele diz que todo ser humano possui características narcísicas desde os primeiros meses de vida. “Mas é possível superar essa fase se a criança tiver um desenvolvimento sadio”.

– Caso contrário, poderá se tornar uma pessoa com a autoestima vulnerável, tornando-se muito sensível a críticas e a opiniões contrárias as suas – reflete.

No entanto, a exposição excessiva traz alguns perigos. Por exemplo, a socialite sofreu, em 2016, um assalto milionário em que virou refém de homens armados em Paris. Para Nolasco, as redes sociais muitas vezes se tornam uma espécie de diário que desperta a curiosidade dos outros.

– Não tem como ter o controle de onde as imagens podem chegar, tão pouco das interpretações e pensamentos de quem está visualizando. Esta exibição faz com que a pessoa fique à mercê de qualquer situação, principalmente a este tipo de risco como no caso dela – alerta.

Para se prevenir disso, o psicanalista destaca que a primeira a dica é não postar tudo o tempo todo, como por exemplo, o local onde está, onde trabalha ou o que está comprando. “Assim dificulta situações de risco como as vividas pela famosa”.

Fonte: https://goo.gl/6XtVLc

Segundo Nolasco existe cura para o narcisismo. Para isso, é necessário reconhecer a doença. “ É preciso aceitar e procurar ajuda com psicanalistas e/ou psiquiatras”, responde.

João alerta ainda que é importante ir em busca de uma estabilidade emocional. Para Nolasco, o melhor caminho é o gerenciamento das emoções. “Isso só possível quando nos dedicamos a reconhecer nossas limitações, sentimentos e emoções”.

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