Tratamento padrão ouro nos transtornos alimentares

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É uma ilusão achar que os Transtornos Alimentares estão limitados a pessoas obesas ou pessoas muito magras. Os distúrbios alimentares podem ocorrer em pessoas com um peso adequado, e alguns sinais e sintomas apresentados podem incluir comer escondido, sentir-se culpado após as refeições, possuir sensação de inadequação social e apresentar várias tentativas fracassadas de dieta.

Os transtornos alimentares podem ser definidos como um padrão ou hábitos alimentares inconsistentes ou distúrbios contínuos no padrão alimentar que muitas vezes levam a consequências perigosas, tanto em termos de bem-estar físico quanto mental de uma pessoa, e seus efeitos podem ser catastróficos.

Um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento dos TA´s são dietas restritivas que podem piorar o quadro de obesidade pelo chamado efeito rebote, onde o indivíduo adquire uma obsessão por comida, passando grande parte do seu tempo pensando nisso.

Os transtornos alimentares geralmente apresentam as suas primeiras manifestações na infância e na adolescência. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4,7% dos brasileiros sofre de distúrbios alimentares, mas na adolescência esse índice chega até a 10%.

Em tempos da cultura do espetáculo, através das redes sociais, o apelo social dos padrões de beleza, as dietas e as fórmulas milagrosas podem deixar as pessoas mais vulneráveis a desenvolver problemas nesta área. Em muitos casos, a pessoa não imagina que tem um problema.

Fonte: encurtador.com.br/prCT0

Resumidamente, os principais transtornos alimentares presentes são:

Anorexia: Ou anorexia nervosa, é um distúrbio no qual a pessoa vê seu corpo sempre com excesso de peso, mesmo que ela esteja claramente com baixo peso ou desnutrida. Existe um medo intenso de ganhar peso e uma obsessão para emagrecer, sendo a sua principal característica a rejeição a qualquer tipo de comida.

Bulimia: É caracterizada por episódios frequentes de compulsão alimentar, nos quais há um consumo de grandes quantidades de comida, seguido de comportamentos compensatórios como forçar o vômito, usar laxantes ou diuréticos, ficar sem comer e praticar exercícios em excesso para tentar controlar o peso.

Compulsão Alimentar: Um dos indicativos são episódios frequentes de comer exageradamente, mesmo quando não se tem fome. Existe uma perda do controle sobre o que se comer, mas não existem comportamentos compensatórios como vômitos ou uso de laxantes.

Ortorexia: É a preocupação exagerada com o que se come, levando a uma obsessão para sempre comer de forma certa, com alimentos saudáveis e extremo controle de calorias e qualidade.

Pica: É a ingestão persistente de substâncias não nutritivas, que não são alimentos e não têm valor nutricional, como terra, barro, cabelo, alimentos crus, cinzas de cigarro e fezes de animais.

Transtorno de Ruminação: A pessoa com esse transtorno regurgita repetidamente os alimentos tê-los ingerido, normalmente todo dia. Ela não tem nenhuma sensação de náusea nem ânsia de vômito involuntária. É possível que a pessoa mastigue novamente o alimento regurgitado e, depois o cuspa ou o engula novamente.

Fonte: encurtador.com.br/xHQR6

A utilização da terapia cognitivo-comportamental (TCC) em transtornos alimentares foi apresentado pela primeira vez por Fairburn em 1981. Seu foco era utilizar técnicas para ajudar os pacientes a terem maior controle comportamental sobre a alimentação, para auxiliar a mudança de atitudes em relação aos hábitos alimentares, ao peso e à imagem corporal (NUNES; ABUCHAIM, 2008).

Atualmente a TCC é reconhecida como a psicoterapia mais eficiente (padrão ouro) no tratamento dos transtornos alimentares. Ela trabalha com intervenção semi estruturada, objetiva e orientada para metas que aborda fatores cognitivos, emocionais e comportamentais.

De maneira geral o objetivo da TCC nos transtornos alimentares é diminuir os pensamentos negativos sobre a autoimagem corporal e a sua relação com a comida, e aumentar a capacidade dos pacientes de tolerar os mesmos, buscando possíveis alterações comportamentais e reduzindo os episódios compulsivos e outros sintomas associados.

Fonte: encurtador.com.br/hFS14

A TCC parte do princípio que o sistema de crenças de um indivíduo exerce um papel importante no desenvolvimento de seus sentimentos e comportamentos. Assim sendo, os pacientes com TA apresentam crenças distorcidas e disfuncionais acerca do seu peso, formato corporal, alimentação e valor pessoal, e estas crenças são significativas para a manutenção dos transtornos.

Uma das crenças nucleares distorcidas mais presentes nos pacientes é a que o seu valor como pessoa está inteiramente ligado a seu peso e formato corporal, deixando de lado ou não valorizando outros indicadores. Para pacientes com TA a magreza estaria associada à competência, superioridade e sucesso, estando intimamente ligado com a autoestima e autoconceito.

O sistema distorcido de crenças pode ser perpetuado em consequência de várias formas disfuncionais de raciocínio. Uma das tendências frequentemente encontradas é a de prestar atenção somente nas informações que confirmam suas crenças, ignorando ou distorcendo os dados que poderiam coloca-las à prova.

Fonte: encurtador.com.br/qILTW

Para modificar o sistema de crenças a TCC se utiliza de diversas técnicas. Uma delas consiste em ensinar o paciente a identificar pensamentos que possam ter alguma distorção. Em seguida ele é incentivado a analisar todas as evidências possíveis disponíveis que possam confirmar ou refutar o pensamento distorcido, fazendo com que ele se torne mais funcional. Uma variabilidade de estratégias pode ser usada para facilitar a modificação das crenças, por exemplo, o desenho da imagem corporal e a exposição gradual do corpo permitem que o paciente modifique suas crenças de que está gordo e de que será rejeitado em função disto.

Nesta abordagem são realizados trabalhos de flexibilização das crenças disfuncionais dos pacientes, através da reestruturação cognitiva e resolução de problemas. São utilizadas atividades com aplicações práticas, como metas pontuais e recompensas, dentro do contexto do tratamento.

É importante que os pacientes com transtornos alimentares tenham claro que o peso real não é o problema, mas, sim, questões importantes de crenças e estratégias que estão mantendo o transtorno alimentar. Um dos principais pontos para a eficiência do tratamento é a participação e o compromisso do paciente com a terapia, enfatizando as expectativas positivas do processo terapêutico e seus resultados.

REFERÊNCIAS

ALMEIDAB, M. D. E. P. E. D. M. Terapia cognitivo-comportamental dos transtornos alimentares. Rev Bras Psiquiatr 2002;SP, v. 24,p. 49-53, dez./2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/CJKXBkfr6wBxGV4t7zL4w9J/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 27 abr. 2022.

KERBER, A. B. M. D. L. F. I. A INFLUÊNCIA DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA COMPULSÃO ALIMENTAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA: Unisul, Florianópolis, 2005. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/20195/1/TCC%20finalizado%20Anna%20e%20Isa.pdf. Acesso em: 27/04/2022.

MÜLLER, Lilian. CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA ANOREXIA NERVOSA. Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, dez./2005. Disponível em https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/4971/TCC%20Lilian%20Muller.pdf?sequence=1. Acesso em: 21/04/2022.

VEJA. De ruminação a compulsão: os transtornos alimentares que afetam os jovens. Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/de-ruminacao-a-compulsao-os-transtornos-alimentares-que-afetam-os-jovens/. Acesso em: 27 abr. 2022.

R7. OMS alerta que cerca de 10% dos jovens brasileiros sofrem de distúrbios alimentares. Disponível em: https://www.folhavitoria.com.br/saude/noticia/08/2020/oms-alerta-que-cerca-de-10-dos-jovens-brasileiros-sofrem-de-disturbios-alimentares. Acesso em: 3 mai. 2022.

CLAUDINO, J. C. A. A. M. Trantornos Alimentares. Braz. J. Psychiatry, SP, v. 22, dez./2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/P6XZkzr5nTjmdVBTYyJVZPD/. Acesso em: 27/04/2022.

TUA SAÚDE. 7 Principais Trantornos Alimentares. Disponível em:  https://www.tuasaude.com/principais-transtornos-alimentares/. Acesso em: 21/04/2022.

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É possível aprender observando?

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Também conhecida como aprendizagem social, a aprendizagem por observação se dá por imitação, moldagem, ao se observar o comportamento de terceiros, como maior exemplo disso temos os pais. Podemos não reproduzir necessariamente suas expressões, porém certamente adquirimos alguns dos seus padrões sociais (DAVIDOFF, 2001, pág. 131).

Esta aprendizagem acontece em 4 etapas, aquisição, retenção, desemprenho e consequências. No primeiro momento ele irá observar seu modelo e reconhecer sua conduta, no segundo momento vai armazenar as respostas deste modelo, no terceiro momento vai reproduzir o comportamento do modelo em que o aprendiz julgar apropriado e, por último, as consequências de sua conduta vão enfraquecer ou fortalecer esse aprendizado para que seja efetivado ou não.

É mais comum que se aprenda o comportamento de pessoas com estilos de vida compatíveis com os nossos, quanto a faixa etária, classe social, temperamento, níveis de instrução. NO caso das crianças, elas podem ter até mais de um modelo para suas atitudes. Os adultos tendem a se inspirar em pessoas famosas, glamorosas, poderosas e que tenham altos status.

É muito comum meninos de inspirarem em seus heróis de quadrinhos e de desenhos, eles copiam seus jargões, suas atitudes, seus “poderes” dentro de casa, na sua escola, nos seus ambientes de convívio social. Isso pode ter consequências boas e ruins, pode ocorrer, na pior das hipóteses, de um indivíduo bater no outro, arremessar coisas, porque viu o seu modelo apresentar esse tipo de atitude na televisão ou no gibi.

Esse é um dos maiores motivos de preocupação dos pais e educadores quanto aos jogos violentos, as crianças ficam habituadas a situações de violência e já não se afligem com situações de perigo. Isso pode tanto despertar interesse e apetite por violência quanto tirar o senso de sensibilidade da criança em situações de risco para os outros e para si mesmas (DAVIDOFF, 2001, pág. 132).

Condicionamento operante

 Operante é tudo aquilo que se faz foi intenção e vontade própria, “Embora os operantes pareçam espontâneos e sob pleno controle animal, são altamente influenciados por seus efeitos. ” (DAVIDOFF, 2001, pag. 109). Já o condicionamento operante acontece a cada momento, praticamente em todas as nossas ações e interações. Por exemplo, você vai conhecer a sogra e faz um macarrão, porém ela não gosta, isso já te condiciona a não fazer mais aquele tipo de macarrão para ela. As situações são moldadas pelos seus efeitos.

Este condicionamento pode se dar por reforçamento e punição. O reforçamento pode ser positivo e negativo. No reforço positivo você adiciona algo para aumentar um comportamento, por exemplo ao passear com o seu cachorro você dá um biscoito a ele por andar com a coleira mais perto de você. No caso você adicionou o biscoito para aumentar a caminhada lado a lado.  Já o reforço negativo você retira algo para aumentar um comportamento, por exemplo na mesma situação do cachorro, para que ele ande lado a lado com o dono o dono retira o ato de andar na frente do cachorro fazendo com que o cão aumente o ato de andar ao seu lado.

Fonte: https://bit.ly/2JIyrLx

 A punição pode ser positiva e negativa. Na punição positiva você adiciona algo para diminuir um comportamento, por exemplo ao passear com o seu cachorro e ele começa a puxar a coleira para ir para fora da pista, você a puxa de volta, ou seja, está adicionando o ato de estrangular para que ele diminua o ato de sair da pista. Já na punição negativa você diminui algo para diminuir um comportamento, na mesma situação do cachorro saindo da pista, você para o passeio para ele parar de puxar a coleira indo para fora da pista. Então você diminuiu o ato de passear/ andar para que o cão diminua o ato de sair da pista.

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