Ressentimento: outro olhar sobre o tema

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Psicologia em Debate é um evento que acontece semanalmente (quartas-feiras) no Ceulp/Ulbra. A palestra do dia 08/03/17 foi ministrada pelo acadêmico Lenício Nascimento, com tema: “Você é uma pessoa RESSENTIDA?”. O embasamento teórico veio do conceito do filósofo Luiz Felipe Pondé. O acontecimento teve a participação dos alunos e alguns professores, ocorreu na sala 203, às 17h, prédio 2.

Então, ao entrar na sala, me deparei com um movimento maior do que o normal, abalizado na minha experiência, acredito de antemão, que este assunto mobilizou grande parte das pessoas. Particularmente, fiquei extremamente intrigada com o tema ressentimento na concepção de Pondé. Se formos analisar o significado da palavra ressentimento, segundo Minidicionário Aurélio, […] mágoa, ofensa, melindre, raiva (SCOTTINI, p.401).

Fonte: http://zip.net/bxtH4M

Mas, o ressentir na minha humilde opinião (senso comum), como também diz respeito a mágoa, (angústias/amarguras), entendo como algo que envolve sentimentos mais intensos, com grau maior de dor e sofrimento, e que vem de alguém que é parte de você, ou seja, a família, ou pessoas que lhe são íntimas/importantes. E isso não acontece a todo momento.

Entendo que não sentimos mágoa de quem não amamos, sentimos raiva, tristeza, mas logo passa. Já a mágoa não! Ela perdura por toda uma vida, se não for elaborada. Compreendo que, não vem de qualquer pessoa, precisa que os lações sejam estreitos para que haja ressentimento. Sendo resultado de algo mais profundo. Não posso dizer que seria algo intrínseco do ser humano, penso que alguém possa passar pela vida sem ressentir.

Entretanto, para Pondé, a inveja é um dos fatores do ressentimento, vamos então para o significado desta palavra. “Vontade de possuir algo, de ser como outrem, e não conseguir, sentindo por isso depressão; cobiça de obter coisas (SCOTTINI, p.256). Minha intenção não é discordar, e sim tentar entender. Durante a palestra, fiquei instigada a trazer minhas considerações, mas percebi que seria uma viagem de minha parte, pois minha concepção a cerca desta temática, tem a ver com minhas experiências, relatos de outras pessoas.

Fonte: http://zip.net/bjtG7F

Para tanto, saí do Psicologia em Debate com muita vontade de entender melhor sobre ressentimento na visão deste autor. Com intuito de ampliar meus conceitos, e sair do senso comum, fomentar melhor minhas conclusões a respeito do tema, como também avaliar minhas inquietações, pois a palestra me mobilizou, ou seja, tirou-me da zona de conforto, posso assim descrever. Talvez o ressentimento é mais simples do que posso imaginar, e quem sabe posso dar a este sentimento o que acho que cabe a ele, algo para refletir!

Os meus questionamentos foram compartilhados por alguns nos corredores da Ulbra, pois este autor nos surpreendeu. Cabe esclarecer que, ainda não sei na íntegra o que Pondé relata em seu livro, quero aqui destacar minha vivência no dia do evento, sem que ela seja alterada (com a leitura do livro). Respondendo ao tema desse relato, não sou uma pessoa ressentida, esse sentimento não cabe no meu coração, eu não planto, não adubo, e não rego o que me faz mal. A importância que dou aos meus sentimentos ruins, são os únicos que cabe a eles, não mais que isso.

 “Deus”, me permite passar pela vida sem ressentir com quem quer que seja.

REFERÊNCIAS:

SCOTTINI, Alfredo. Minidicionário Escolar da Língua Portuguesa. Edições TodoLivro. Blumenau, 1998, p. 256,401.

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No dia em que os capítulos fazem sentido

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Quando as palavras não conseguirem descrever o que penso, procurarei olhar para você. É que olhando eu posso adicionar mais detalhes que ajudarão compor meu discurso, construindo e desconstruindo algumas convicções quase inquebrantáveis. Mesmo que, no fim, eu não fale, quero frutear minhas teorias.

Quando brigar comigo, ficarei lhe olhando. Reunirei seu bramido, trejeito, tom e disposição. Assim, conseguirei entender a intensidade das suas limitações e, ao mesmo tempo, responder suas ansiedades. Além das observações, as quais muito me acrescentarão, o outro benefício será me divertir com essa zanga. Os efeitos de sua braveza mostram belezas, aí, escondidas.

Quando a tristeza tomar destaque e comandar seu eu, olharei para você. Sentirei todo o seu pesar percorrendo os diversos pedaços seus. Compreenderei até onde consegue encarar e suportar isso. E partir desse instante, encontrarei planos que lhe livrarão de tal incômodo.

Quando sorrir para o mundo, adivinha… Os meus olhos firmarão em você. Isso será o meu recreio. Uma das forças que manterei guardadas em mim. Acreditarei, fielmente, que essa ação será uma das minúsculas coisas mais belas que o mundo tem para oferecer. Desculpe-me, mas preciso desse momento na minha vida. Permita-me, por favor!

Quando você quiser a solidão como companhia, olharei para o céu, e com os olhos firmes e atentos, desenharei seu rosto e o de tantos outros que poderiam formar o seu grupo, a sua base e alegria. Já que, no momento, prefere a solidão, eu, por outro lado, não prefiro, não. Quero, imaginariamente, me cobrir de relações, e que você “esteja” lá, para lhe observar.

Destaco a presença de outras pessoas no meio, também, porque não quero estudar (olhar), somente, você. Quero olhar para o mundo. Quero entender como ele funciona. Tenho preferido à profundidade, e nada mais justo que escolher o “olhar” como meio para tantas aprendizagens. Desse modo, auxílio, penetro na vida dos outros e, de certo modo, entendo e invento uma cidade. A nossa cidade. Aquela em que rabiscaremos as nossas flores, casas, camas, cartas, diversões…

Essas relações farão com que cristalizemos as nossas características. Eu quero mais que lhe olhar. Quero entender como as pessoas se deslocam. Partindo desse entendimento, poderei, de tempos em tempos, atualizar essa cidade. Então, mais uma vez, permita-me olhar para você. Para os outros. Ver os mundos, as casas… e como chegar (se é que quero o fim dessa viagem).

Olha, eu não costumava olhar nos olhos. Distanciava-me da sensibilidade e ocupava mais de mim nos espaços da ignorância. Quando olho nos seus olhos, eu não invado sua intimidade. Fique tranquila com isso! Na verdade, é totalmente o oposto. Quando olho para você, eu descubro mais de mim. Vou passeando nos canteiros onde colhi as raízes do meu medo, do meu fracasso, do meu ressentimento, do meu nervosismo, da minha falta de instrução… Quando olho para você, recebo sua ajuda. Mesmo que, escancaradamente, invisível.

Entende, agora, por que preciso lhe olhar? Ao olhar, planto raízes melhores, mais cheirosas e vistosas. Essa temporada aguçou meus sentidos. Tudo porque passei a olhar. Pude sentir o verdadeiro cheiro podre de alguns lugares, tatear mais crostas que, a princípio, aparentavam ser de peles e paredes cuidadas. Os barulhões em meus ouvidos vinham, agora, de canções altas, porém de desordenamentos ordenados. Pude sentir o verdadeiro gosto dos cafés e chás. Alimentei-me bem. Foi tempo de revelações, entende? Imundície. Essa sensibilidade em descobrir se deve aos investimentos que fiz na visão. É preciso exercitar os olhos e alma. Agora sei olhar.

Quero que você me olhe, também. Estude-me. Estude-se mais. O mundo, se for bem olhado, mostra coisas lindas. Se não soubermos olhar, diariamente faremos desserviços para alma. Aproveito dessa descoberta para olhar um pouquinho melhor hoje. Se Deus me permitir, amanhã. E depois… Meus olhos são belos e imensos demais para permanecerem fechados, distraídos ou reprimidos. Fechar os olhos, agora, só se for para ficar espiando no meu outro plano (nos sonhos).

 

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