O professor e o panorama da educação

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Comemorado no dia 15 de outubro, o Dia do Professor celebra a importância do profissional na construção do saber e do desenvolvimento educacional das crianças e adolescentes, bem como a formação cidadã. No entanto, a data merece uma reflexão, pelas condições precárias de trabalho e salarial, que ainda são submetidos, no Brasil. É preciso oferecer dignidade no ambiente de trabalho, bem como meios para o exercício, além de valorização. 

Talento e disposição não faltam para a turma da educação. Esse ano, um professor de matemática, goiano, encontra-se entre os 50 finalistas do prêmio internacional Global Teacher Prize, considerado o Nobel da educação. O professor de matemática, Greiton Toledo ficou conhecido por incentivar os alunos a pensarem como cientistas, além de usarem suas ideias para a elaboração de jogos e atividades educativas que possam auxiliar no tratamento do Parkinson. A doença afeta o sistema nervoso, de forma degenerativa, o que prejudica os movimentos musculares, bem como os tremores.

Professores também são super-heróis, e não usam capa. No ano de 2017, a professora Heley de Abreu, ficou conhecida nacionalmente, como uma heroína, por tentar salvar crianças, quando a creche, em que trabalhava, estava em chamas. Ela morreu ao tentar salvar todas as crianças, que estavam na escola. No ano anterior, a professora recebeu uma homenagem do governo Federal denominado “Povo Heroico”. 

Fonte: encurtador.com.br/zGMU9

Morais e Viecelli (2020) abordam que nos dias atuais, nunca se vivenciou um momento histórico tão conturbado em relação aos valores éticos, sociais, morais e culturais, novos contextos os quais precisam ser trabalhados, em sala de aula.  Ou seja, toda esses dilemas são levados para dentro de sala de aula, nesse sentido, o professor vai além de um educador, torna-se um profissional que ensina para a vida. “Definir o que são valores é algo que pode seguir lados opostos, gerando opiniões paralelas, o objetivo de seguir essa temática é criar discussões acerca das diferenças, ensinando os discentes a respeitá-las.” Morais e Viecelli (2020). 

Duarte (2009) define que o professor é um dos principais atores inseridos no processo de aprendizagem, que além de ensinar o conteúdo em sala de aula, auxilia na motivação e orientação, como um facilitador de aprendizagem. Mesmo com toda essa importância, muitos professores são alvo de violência na escola é o que confirma a pesquisa elaborada pelo Instituto Locomotivo e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). 

Os dados analisados denunciam que 54% dos professores já sofreram algum tipo de violência na escola.  A pesquisa foi feita, em 2019, com base nos índices do Estado de São Paulo, números que alertam sobre os riscos contra os professores. Ademais, a luta pela valorização dos professores do ensino público e privado é algo diário e precisa contar com o apoio da população, em especial dos pais. Nesse sentido, segue algumas dicas de filmes para assistir junto com a família, e contar depois para seu professor. Entre, eles estão Sociedade dos Poetas Mortos, Ó ódio que gerou o amor, O sorriso de Monalisa e Escritores da Liberdade.

Fonte: encurtador.com.br/uT567

Referências

Duarte, R. G. Os determinantes da rotatividade dos professores no Brasil: uma análise com base nos dados do SAEB 2003. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

G1 Goiás. Professor do IF Goiano é único brasileiro entre 50 finalistas do Global Teacher Prize 2021. Disponível em https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/09/14/professor-do-if-goiano-e-unico-brasileiro-finalista-no-global-teacher-prize-2021.ghtml. Acesso 13, de out, de 2021.

 Correio Braziliense. Professora que morreu em incêndio em homenageada como heroína da pátria. Disponível < https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2020/09/4873805-professora-que-morreu-ao-salvar-criancas-de-incendio-e-homenageada-como-heroina-da-patria.html>. Acesso 13, de out. de 2021.

Instituto Locomotiva e Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Disponível em <  http://www.apeoesp.org.br/noticias/noticias-2019/pesquisa-indica-aumento-de-casos-de-violencia-nas-escolas-publicas-de-sao-paulo/ >. Acesso 13, de out de 2021. 

Moraes, T; e  Vieceli,G.  A importância dos valores na formação cidadã dos alunos da educação básica (2020). Disponível em < file:///C:/Users/Daniel/Downloads/26142-Texto%20do%20artigo-87843-1-10-20200831.pdf > Acesso. 12, de out, 2021.

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Maioria dos pais vê prejuízos na educação das crianças e adolescentes durante a pandemia, segundo pesquisa Datafolha

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  • Para 65% dos pais ou responsáveis entrevistados na pesquisa, encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, as crianças da pré-escola terão o seu desenvolvimento comprometido; enquanto 69% dizem que os estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental terão atraso em seu processo de alfabetização, com prejuízo ao seu aprendizado;
  • Em relação aos adolescentes, 58% têm a percepção de que terão problemas emocionais por causa do isolamento e 58% acreditam que os alunos do ensino médio correm risco de desistir dos estudos;
  • Subiu de 24% para 30%, de setembro para novembro de 2020, o índice de pais e responsáveis favoráveis ao retorno das aulas presenciais, alegando principalmente os prejuízos na educação dos estudantes durante a pandemia em todos os níveis de ensino;
  • A pesquisa mostra também que os pais temem a Covid-19 e para 49% não há confiança na capacidade da escola de se adequar às normas de segurança sanitária, índice que era de 22% em setembro; em relação ao comportamento dos estudantes, 43% não confiam que irão cumprir os protocolos de segurança (índice de 24% em setembro).

São Paulo, fevereiro de 2021 – Após praticamente um ano letivo sem aulas presenciais, pais e responsáveis de estudantes de escolas públicas de todo o país acreditam que, se continuarem fechadas, as crianças da pré-escola terão o seu desenvolvimento comprometido (65%), enquanto aquelas dos anos iniciais do Ensino Fundamental terão um atraso em seu processo de alfabetização e isso irá prejudicar seu aprendizado (69%). Em relação aos adolescentes, a percepção é a de que tenham problemas emocionais por causa do isolamento (58%) e que os alunos do Ensino Médio correm o risco de desistir dos estudos (58%).

Estes dados são indicados na quinta edição da pesquisa Datafolha “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, realizada com 1.015 pais ou responsáveis de estudantes das redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, no período de 16 de novembro a 2 de dezembro de 2020.

Os prejuízos decorrentes da falta de aula presencial podem ser ainda maiores para os estudantes socialmente vulneráveis. Para 80% dos pais e responsáveis, eles correm o risco de ficar para trás por terem mais dificuldades para estudar em casa. A taxa dos que temem que seus filhos desistam da escola chegou a 35%. A diminuição da renda familiar é outro ponto de atenção: na pandemia a renda diminuiu para 47% dos entrevistados.

“Tantos meses de afastamento do ambiente escolar deixarão marcas no desenvolvimento dos alunos, com a intensificação de problemas antigos, como a distorção idade-série, o abandono e a evasão, especialmente entre a população mais vulnerável. As redes que já começaram a realizar diagnósticos estão no caminho certo para propostas pedagógicas que ajudem na motivação dos estudantes e na recuperação das perdas de aprendizagem. É também urgente a construção de um planejamento coordenado de retomada das aulas com protocolos bem estabelecidos, com forte diálogo junto às equipes escolares e muito apoio aos professores, sob pena dos prejuízos à educação e à garantia de direitos de crianças e adolescentes se prolongarem por um extenso período”, afirma a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.

O reconhecimento da importância da retomada das aulas presenciais traz, em contrapartida, a insegurança e o temor sobre o contágio da Covid-19. Apenas 19% dos pais ou responsáveis disseram que ‘confiam muito’ na capacidade da escola de se adequar aos protocolos de segurança sanitária na reabertura. E 43% deles não confiam na capacidade dos alunos de se adequarem às normas sanitárias, índice que era de 24% em setembro.

No cenário nacional, somente 5% das escolas frequentadas por estudantes das famílias que participaram da pesquisa reabriram em novembro, das quais 60% com aulas regulares e 66% em alguns dias da semana. Mais da metade dos alunos não foi para a escola (57%) e 79% dos pais entrevistados disseram que receberam orientações sobre a reabertura.

Para o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, uma boa comunicação das escolas com pais, responsáveis e alunos pode fazer diferença para orientar e criar uma relação de confiança. “É um período de insegurança natural devido ao cenário de pandemia, mas este momento é também uma oportunidade para estreitar e fortalecer o contato com as famílias, que vêem agora com mais clareza a importância da escola no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes“, diz Mizne. “É importante este vínculo para motivar alunos e familiares e evitar a evasão escolar”, afirma.

APRENDIZADO NA PANDEMIA

Para 79% dos pais, as escolas deram apoio durante o período sem aulas presenciais, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental (87%). O suporte consistiu principalmente em professores disponíveis para tirar dúvidas dos responsáveis, orientações gerais sobre como apoiar os estudantes para fazerem as atividades e sugestões para motivá-los a participar.

As atividades a distância possibilitaram aos alunos o desenvolvimento de algumas competências. Na percepção dos pais, foram desenvolvidas habilidades como usar a tecnologia para estudar e aprender, não desistir diante das dificuldades e pesquisar e ampliar o conhecimento sozinho.

Os pais e responsáveis também tiveram um aprendizado neste ano de aulas em casa. Dos entrevistados, 50% destacam como aspectos mais importantes acompanhar e apoiar os estudantes na aprendizagem; 35%, estar aberto a diferentes dinâmicas e tendências de ensino; e 29%, estar em contato com os professores e com a direção da escola, além de estabelecer e acompanhar rotinas de estudos.

No entanto, houve dificuldades dos estudantes para organizar as rotinas de estudo com autonomia, além de capacidade de adaptação e flexibilidade. O índice dos que percebem dificuldade em manter uma rotina das atividades em casa alcançou 69%. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, chega a 72%.

A motivação é um fator crítico para o engajamento e observa-se um processo de desmotivação desde maio de 2020, quando ocorreu a primeira edição da série de cinco pesquisas realizadas até agora pelo Datafolha. Enquanto em maio 46% dos estudantes estavam desmotivados, em novembro o percentual é de 55%.

Deve-se considerar que houve um incremento no índice de alunos que receberam atividades por equipamentos e material impresso, de 34% para 63% no período de maio a novembro de 2020. No entanto, cai o tempo dedicado para as atividades.

Em um período letivo tão atípico, uma questão é fundamental: evitar a evasão escolar. A pesquisa segmentou os estudantes em quatro categorias: ‘Adaptados’, ‘Superadores’, ‘Resilientes’ e ‘Em risco’. Considerando os dados apurados de maio a novembro, observa-se que o grupo dos estudantes ‘Em risco’ mantém-se estável em cerca de um terço, similar ao grupo dos ‘Resilientes’. Quando perguntados qual a expectativa para 2021, 34% afirmam estar otimistas, enquanto 36% estão razoavelmente otimistas.

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Midiatização e Educação: em busca de sentidos

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As tecnologias comunicacionais, estimuladas pelo desenvolvimento tecnológico, aprofundaram a articulação da vida social com os dispositivos de mídia, afetaram significativamente a percepção do mundo (BENJAMIN, 1994; MC´LUHAN, 2003; SODRÉ, 2001 apud CAMPOS, 2015a), modificaram a relação com o tempo e com o espaço e provocaram um tensionamento nas formas tradicionais de transmissão de cultura, centradas no sistema de ensino. Nesse sentido, a tecnologia vai descentrar a literalidade (a escrita) como suporte preferencial do saber, reinserindo a oralidade e a visualidade entre objetos de conhecimento, afirma Assmann (2011 apud CAMPOS, 2015a).

Historicamente a escrita possibilitou um tipo de arquivo que fixou informações a serem transferidas para as gerações seguintes. A substituição da escrita e seus suportes espaciais pelo registro digital provoca uma modificação substancial na estrutura e capacidade de armazenamento de informações. Essa tecnologia, ao mesmo tempo que oferta uma capacidade de armazenamento inimaginável, permite a circulação de informações em um ritmo sempre mais veloz, esclarece Assmann (2011 apud CAMPOS, 2015a). A consequência, complementa o autor, é que a escrita digital, “por sua forma fluída e capacidade de armazenamento, não distingue memória e esquecimento. Sobressaem-se nesse processo as dualidades inovação/obsolência e produção/descarte” (p. 46-47). Nesse sentido, a categoria de verdade é superada pela Nesse sentido, a categoria de verdade é superada pela de autenticidade que se torna central no estudo dos produtos tecno-midiáticos.

A fragmentação das narrativas e a experiência de fluxo características da rede produzem uma ambiência que demanda, assim como todo o desenvolvimento tecnológico, novas formas de percepção e de atuação, menciona Campos (2015). A apropriação desses saberes para uso cotidiano, como na Educação, é denominada por Jenkins (2008 apud CAMPOS, 2015a, p. 51), como “convergência”, que se refere ao processo e não aos suportes tecnológicos.

A convergência tem como características, esclarece Campos (2015a), o fluxo de conteúdos que circulam pelos diferentes suportes midiáticos, a cooperação dos diferentes mercados e suportes midiáticos e, ainda, o comportamento migratório do público pelos diferentes meios. Para Sodré (2001 apud CAMPOS, 2015a), a mídia “não é simples cópia, reprodução ou reflexo, porque implica numa nova forma de vida, com um novo espaço e modo de interpelação coletiva dos indivíduos”. Ela deve ser entendida na perspectiva espacial, que oferece uma territorialidade para circuitos culturais ampliados. Assim, a oferta de informações e saberes torna-se muito ampliada em relação ao espaço geográfico, pois o “sistema multimídia oferece possibilidades inéditas de expansão transnacional até nas culturas periféricas” (GARCIA-CANCLINI, 2007 apud CAMPOS, 2015a).

Fonte: encurtador.com.br/op167

No atual cenário educacional, menciona Ferreira (2016), a aprendizagem dos conteúdos curriculares formais não mais é suficiente. Saber fazer “escolhas críticas, agir com autonomia para buscar informações nas redes sociais e transformá-las em saberes faz parte do perfil do cidadão contemporâneo” (p. 12), um ‘ser’ que deve ser estratégico e capaz de gestar a multiplicidade de dados para a aprendizagem ser significativa.

Nessa perspectiva Trilla (2018 apud FERREIRA, 2016) destaca que o processo no aprender formal é permeado por relações de aprendizagem nas modalidades não formal e informal que, embora não ligadas explicitamente, estão funcionalmente relacionadas, se explicitando na complementaridade com a partilha de conteúdos e objetivos entre agentes educativos; daí a importância do processo de aprendizagem ser midiatizado “para facilitar ao aprendente a exercitar a autonomia buscando a autoaprendizagem na complementaridade das informações postas na sociedade de modo disperso” (TRILLA, 2018 apud FERREIRA, 2016, p. 13).

Para Ferreira (2016), as fronteiras entre midiatização e mediação são permeáveis e esclarece: “a midiatização constitui processo interacional de referência no trabalho de articulação com o todo social” (BRAGA, 2012 apud FERREIRA, 2016, p. 14), e, “mediar é colocar o pensamento do aluno no movimento do diálogo consigo mesmo e com os outros alunos sobre suas atividades” (NADAL e PAPI apud FERREIRA, 2016, p. 14).

Com isso, o papel do professor ao mediar midiatizando não é estar entre o pensamento do aluno e o texto disponibilizado pela internet; é lançar-se no movimento do diálogo pela construção do conhecimento de modo que o aluno perceba que o diálogo não se trava com ele, seu professor, nem se fixa na linearidade de uma leitura apressada de um texto na tela de um computador ou de outro dispositivo eletrônico. Esse diálogo precisa ser crítico com o seu próprio pensamento, “com a cultura corporificada nas obras e nas práticas sociais e transmitida pela linguagem e pelos gestos do professor, simples mediador” (CHAUÍ, 1980 apud FERREIRA, 2016, p. 14). Assim, midiatizar, para Lévy (2011 apud FERREIRA, 2016, p. 14), midiatizar pode ser um movimento de estímulo ao pensamento do aluno, para que este perceba no texto “um vetor, um suporte ou pretexto à atualização do seu próprio espaço mental”.

Fonte: encurtador.com.br/dkxzG

Entretanto, Josso (2004 apud FERREIRA, 2016, p. 14-15) compreende que nem sempre o aprendente tem conhecimento e consciência do conjunto de questões que estão presentes no ato de aprender e só a ação mediadora do professor contará na constituição da autonomia do desempenho acadêmico e destaca o desafio de um “autodiagnostico, uma autoavaliação, do que se passa nas diferentes dimensões de si mesmo em situação de aprendizagem”.

De acordo com Peixoto e Carvalho (2011 apud FERREIRA, 2016), as tecnologia em pauta precisam ser entendidas como instrumentos simbólicos que se configuram nas relações entre os sujeitos e as práticas sociais, e, a mediação e a midiatização no contexto da educação superior, a tecnologia deve representar ferramenta de apoio no ensino aprendizagem. Assim, ainda segundo os autores, a mediação pedagógica pode ocorrer com ou sem o uso de tecnologia, “a situação relevante nesse processo não é o uso de recursos tecnológicos em si, mas a interação, ou seja, a relação entre aluno e professor” (p. 15), bem como a utilização de estratégias de ensino que visem a atividade mental do aluno e que o situem como sujeito do processo educacional. Desse modo, “à medida que o ensino passa a ser entendido como um processo de mediação, o professor deixa de ser o centro do processo para tornar-se uma ponte entre o aluno e o conhecimento” (NADAL; PAPI, 2007 apud FERREIRA, 2016, p. 15).

A midiatização coloca em evidência a importância do processo de mediação no seio da atividade humana, pois se trata de observar, de analisar e de compreender os efeitos dos dispositivos midiáticos, dos instrumentos sobre os comportamentos cognitivos e relacionais (MEUNIER, PERAYA, 2004; PERAYA, 2003, 2005 apud FERREIRA, 2016). Nesse sentido, a questão de ensino mediado com o uso de tecnologias virtuais constitui não só uma situação de “atividade instrumentada [mas] interfere nas relações e nas interações didáticas” (PEIXOTO; CARVALHO, 2011, apud FERREIRA, 2016, p. 15).

Prado (2013, p. 20) menciona que a realidade do aluno e da sociedade contemporânea não pode ser considerada de forma fragmentada: é necessária a “construção de estratégias que garantam espaço e tempo no currículo para a integração dos saberes, sem que isso signifique pôr em xeque a dimensão disciplinar do conhecimento”. Assim, nas palavras de Ferreira (2016) encontramos que a postura interdisciplinar (a ação docente, o aluno e o conhecimento tecnologizado na escola) pode facilitar o diálogo com as questões que se postam no processo de mediação do aluno em uma sociedade mediatizada.

Fonte: encurtador.com.br/jCE13

Referências:

CAMPOS, Deivison Moacir Cezar de. Memória Cultural e Convergência de Sentidos: o uso das Novas Mídias e Redes Sociais em Educação. In: NETO, Honor de Almeida; et al. Docência articulada com as tessituras sociais: pesquisa. Universidade Luterana do Brasil (Organizadora). Canoas: Ed. ULBRA, 2015 (a).

CAMPOS, Cláudia Renata Pereira de. Cartografando Métodos: Pensando e Aplicando a Pesquisa em Sala de Aula.  In: NETO, Honor de Almeida; et al.  Docência articulada com as tessituras sociais: pesquisa. Universidade Luterana do Brasil (Organizadora). Canoas: Ed. ULBRA, 2015 (b).

FERREIRA, Nali Rosa Silva; MEIRELES, Aline Vitoriano; GONÇALVES, Créssia Souza. PRÁTICA DOCENTE INTERDISCIPLINAR E APRENDIZAGEM MIDIATIZADA. Interdisciplinaridade. Revista do Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade. n. 8, p. 10-24, abr. 2016. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/interdisciplinaridade/article/view/27292>. Acesso em: 04 de maio de 2019.

PRADO, Maria Renata. Pesquisa como estratégia de ensino: uma proposta inovadora em faculdades privadas. Revista Ensino Superior. n. 11, out. – dez. 2013. Disponível em: <https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/pesquisa-como-estrategia-de-ensino-uma-proposta-inovadora-em-faculdades-privadas>. Acesso em: 04 de maio de 2019.

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Os desafios de Ser mulher – (En)Cena entrevista a Psicóloga Michelle Zukowski

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Em entrevista ao Portal (En)Cena, a Psicóloga Michelle Sales Zukowski, que é bacharel em Psicologia pelo Ceulp/Ulbra e cursa especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar na UNB, clarifica seu posicionamento quanto aos desafios e conquistas das mulheres em relação à Psicologia.

Psicóloga Michelle Zukowski. Foto: Studio 5.

Atualmente, Michelle atua na área da psicologia da educação realizando palestras e treinamentos sobre o assunto.

(En)Cena – Qual a sua avaliação da integração da mulher no cotidiano da psicologia?

Michelle Zukowski – Creio que hoje podemos falar que a psicologia é uma profissão solidificada por mulheres. Não sei ao certo qual o motivo que leva grande parte das pessoas inseridas nessa profissão serem mulheres, mas sei o quanto essa profissão faz diferença na vida das mulheres. Podemos observar facilmente a diferença da mulher que entra no curso para a que sai. O conhecimento obtido, o entendimento do eu-outro, a aceitação incondicional entre outros fatores, com certeza geram um empoderamento físico, psicológico e social em cada mulher que tem contato com a psicologia. Seja esse contato durante a formação profissional ou durante a atuação de alguma profissional.

(En)Cena – A psicologia ainda tem poucas mulheres teóricas. Que mudanças poderiam ser feitas para alterar esse quadro?

Michelle Zukowski – Acredito que as mudanças já estão sendo feitas. Cada vez mais vemos mais mulheres se formando em psicologia, se envolvendo com pesquisas, escrevendo livros e crescendo em teorias dentro e fora do país. Até grande parte do grupo docente do CEULP é feito por mulheres. O curso é coordenado por mulheres. E isso é um grande avanço dentro de uma ciência fundada por homens. Vejo que a tendência hoje é continuar crescendo o nome de mulheres com novas teorias, ou reformulando teorias, na psicologia.

Corpo de docentes do Ceulp/Ulbra – Fonte: https://goo.gl/1nKmKP

(En)Cena – Quais são seus principais desafios na atuação profissional? E as conquistas?

Michelle Zukowski – Infelizmente meu maior desafio muitas vezes é ser levada a sério. Sou mulher, com 22 anos, com cara de 17 e recém formada. Houve uma situação em particular que precisei me dirigir a certo estabelecimento para resolver uma questão de trabalho. Era uma empresa de engenharia. Me atenderam como se eu não tivesse credibilidade e falaram para fazer uma determinada solicitação por e-mail. Meu pai quis me ajudar. Foi lá, se apresentou como também engenheiro que é, homem, mais velho e na mesma hora enviaram o que me mandaram solicitar, para o e-mail dele. Fui como psicóloga, me apresentei como psicóloga, porém não fui tratada como uma. Outras vezes em atendimentos e palestras ouvi sentenças como “nossa você tem cara de novinha hein?” e isso fazia, ainda faz, eu me sentir pressionada a não apenas fazer meu natural trabalho, mas surpreender e mostrar que sou tão capaz como qualquer outro de ser boa no que faço. Felizmente, cada vez que me senti insegura por comentários ou olhares, me motivei com eles e dei a volta por cima. Recebi reconhecimentos que nunca imaginei receber. Mas sei que recebi dúvidas que nunca deveria ter recebido apenas por ser mulher e nova. Apesar de levar isso como motivação para ser melhor, isso me incomoda. E é aquele ditado popular, a gente ri para não chorar.

(En)Cena – O que você tem a dizer para as mulheres que precisam ser empoderadas para ampliar suas perspectivas profissionais e de vida?

Michelle Zukowski – Não deixe alguém, ou a pressão social, estigmas, ou qualquer coisa ditar a sua vida. Você consegue ser quem você quiser e o que você quiser. Dê o tempo ao tempo, se explore, se conheça e não se limite por nada ou ninguém. E não desista! Estude, pesquise, sonhe, viva e reviva. Não negue experiências novas, porquê podem ser elas que te promovam as maiores descobertas sobre você. Obviamente tudo que falei aqui está ligado diretamente a experiências pessoais minhas. Você pode pensar “e tudo deu certo para você?”, talvez sim, talvez não. Mas tudo foram experiências me que fizeram a mulher empoderada e feliz com quem eu sou hoje.

Encena – Como se deu a sua inserção no ramo educacional dentro da psicologia?

(En)Cena – Costumo dizer que não fui eu que escolhi a educação, mas ela que me escolheu e eu aceitei! Experiências diretas com o professor Pierre Brandão, meu orientador do PROICT e do TCC, e com a professora Fabiana Curado, mentora e supervisora na educação, foram essenciais para essa atuação. Coincidentemente ou providencialmente ambos me incentivaram à pesquisa, escrita científica, TCC e atuação na educação. Hoje participo de palestras e treinamentos em instituições de ensino com temas relacionados a educação, como bullying, tema principal da minha pesquisa e dificuldades de aprendizagem. Também realizo uma especialização pela UNB em Desenvolvimento, Educação e Inclusão Escolar, que novamente foi ou uma coincidência ou providência, mas aqui estou eu me descobrindo cada dia mais na psicologia da educação!

Palestra preparatória para os acadêmicos do curso de licenciatura em Educação Física do CEULP/ULBRA sobre o tema bullying para o ENADE. Foto: arquivo pessoal.

(En)Cena – O que o desenvolvimento de pesquisas científicas durante a graduação está te proporcionando agora no mercado de trabalho?

Michelle Zukowski – Falar tudo, seria clichê? – Risos – Minhas maiores experiências profissionais hoje, as que mais me agradam e fortalecem eu com certeza devo a pesquisa científica.  Através dos meus 3 anos e meio envolvida com pesquisas obtive 3 trabalhos premiados, 5 artigos em anais de eventos, diversas palestras e a participação em um artigo que foi publicado em uma revista de destaque. E também ao passar um ano na monitoria. Meu crescimento pessoal e profissional na pesquisa fez e faz toda a diferença na minha postura e atuação como psicóloga. Tive experiências maravilhosas, gratificantes e que me proporcionaram um olhar diferenciado em diversas situações. Me sinto extremamente privilegiada e honrada por ter tido essa oportunidade. Aconselho a todos a participarem de pesquisas científicas, pois é legal estudar teorias, mas vivenciá-las e até testá-las é uma emoção sem igual.

Premiação na XVII Jornada Científica. Foto: arquivo pessoal.
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