Acadêmicos de Psicologia da ULBRA Palmas apresentam trabalhos no ABRAPSO Norte

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Nesta sexta-feira, 22 de novembro, estudantes e egressos do curso de Psicologia da ULBRA Palmas participaram do último dia do VIII Encontro Regional Norte da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), realizado na Universidade Federal do Tocantins, campus Miracema.

O evento, que aconteceu pela primeira vez no estado do Tocantins, teve como tema “Psicologia Social na (re)existência ao colonialismo digital”. Ele propôs reflexões sobre os impactos das tecnologias digitais, incluindo avanços sociais e novas configurações de violências no contexto digital.

Os trabalhos apresentados de autoria dos acadêmicos da ULBRA Palmas foram:

Donos de si, uma jornada para autonomia: relato de intervenção em saúde mental no CAPS – Eudicleia da  Silva Araujo, Meirelucia Lustosa; Orientação: Ma. Mariana Miranda Borges.

O cidadão surdo e seu lugar de fala Joana D’Arc Gomes Pimentel, Naomi Almeida, Sâmarah Queiroz, Simone Barbosa Magalhães (Psicóloga Egressa da ULBRA Palmas); Orientação: Dra. Ruth do Prado Cabral.

Propostas de pesquisas científicas para o enfrentamento ao idadismo: uma revisão narrativa de literatura Rafaela Mariene Teza Mazzola; Orientação: Ma. Thaís Moura Monteiro.

Violências estruturais e direitos humanos no Taquari: reflexões sobre os impactos na convivência social – Gabriel Mascarenhas Pereira; Orientação: Dra. Hareli Fernanda Garcia Cecchin.

O encontro reuniu acadêmicos, professores, ativistas e pesquisadores em um ambiente interdisciplinar, incentivando o intercâmbio crítico e a produção de conhecimento para a Região Norte. Os trabalhos foram apresentados em eixos que contemplavam temas como Políticas Públicas, Ética, Violências e Direitos Humanos, e Territórios de Existência, destacando a interface entre Psicologia Social e questões contemporâneas.

A acadêmica Joana D’Arc Gomes Pimentel compartilhou sua experiência durante o evento: “Apresentar nesse Congresso foi a realização de um sonho de apresentar em Congresso durante a minha jornada acadêmica, sobretudo com um tema tão sensível sobre a Psicologia Social na (re)existência ao Colonialismo Digital. Percebi a importância desse tema ser mais discutido nos espaços acadêmicos. Estou grata e feliz por essa oportunidade de apresentar no congresso.

Ver os outros trabalhos fiquei muito lisonjeada pelos temas super importantes e necessários serem debatidos e discutidos Eu fiquei muito atravessada com todas as discussões que tivemos, e espero que possamos ter mais oportunidades”.

Fundada em 1980, a ABRAPSO promove o desenvolvimento da Psicologia Social no Brasil, reunindo profissionais e estudantes comprometidos com a construção de conhecimento crítico e intervenções significativas.

 

 

 

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Psicologia Social – Travessias e(m) Tessituras

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Desafiando Fronteiras: A Incursão da Psicologia na Mudança Social e a Perspectiva Contínua de Transformação em Diversos Âmbitos

Psicologia Social: Travessias e(m) tessituras é um livro construído por meio da contribuição de diversos profissionais das áreas das Ciências Humanas e Sociais. Faz uma análise de maneira ética, crítica, reflexiva e propositiva de uma variedade de temas que se entrelaçam com a Psicologia Social, além de abrir portas para outras áreas. Os elementos que formam os aspectos fundamentais da Psicologia Social, explorados neste estudo, evidenciam a complexidade, o aspecto histórico, as interconexões, a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade permitida para uma prática ético-política.

Logo na apresentação do livro, a organizadora, Aline Daniele Hoepers, faz um breve resumo dos capítulos que estão por vir, que podem ser descritos da seguinte maneira: no capítulo de abertura, intitulado “Psicologia Social: percursos, percalços e outros rumores”, são delineadas como jornadas determinadas no âmbito da Psicologia Social. Este capítulo destaca a importância crucial de assumir uma postura política, evidenciando a necessidade premente de luta pela transformação de uma realidade social desigual que se (im)posiciona.

No capítulo 2, intitulado “Políticas sociais: breve análise dos direitos sociais pós Constituição Federal de 1988″, destaca-se o contexto histórico e social essencial para uma análise crítica da construção dos direitos sociais e das políticas sociais no Brasil. O capítulo 3 , agência ‘Justiça social e direitos humanos: reflexões sobre o compromisso social da Psicologia’, continua nessa direção, enfatizando a necessidade de esforços contínuos para concretizar os direitos em meio às complexidades sociais. Com outras áreas e setores sociais, buscando uma realidade baseada na promoção dos direitos humanos e na justiça social.

Os capítulos posteriores levantam questionamentos e convidam a repensar abordagens teóricas que têm impacto direto na prática. No capítulo 4, intitulado “Psicologia Imaginal, pensamento decolonial e pedagogia cultural: por um resgate da ancestralidade”, uma abordagem crítica da Psicologia Imaginal é apresentada, destacando diálogos com epistemologias latino-americanas de origem indígena. Este capítulo convida à reflexão sobre a necessidade de uma ciência diversificada, culturalmente sensível e descolonizada.

Seguindo adiante, o capítulo 5, intitulado “Amor e cultura: discutindo a respeito do amor enquanto um produto cultural”, explora a intersecção entre amor e cultura. Destaca elementos presentes na construção sociocultural do amor, focando especialmente nos padrões direcionados às mulheres.

No capítulo 6, intitulado “Psicologia Social e sofrimento ético-político na atualidade: uma revisão bibliográfica”, o foco recai sobre as fontes geradoras de aflições, destacando o conceito de sofrimento ético-político. Este capítulo instiga à ação, convocando-nos a nos posicionar diante das opressões e disparidades sociais que persistem no cenário contemporâneo. Por outro lado, o capítulo 7, intitulado “A massa bolsonarista, uma massa da igreja?” aborda o contexto social e político atual do Brasil sob uma perspectiva distinta, destacando especificamente os traços que compõem o movimento da massa bolsonarista.

No capítulo 8, intitulado “A circularidade entre os polos subjetivos e objetivo: notas sobre a atuação do psicólogo organizacional e do trabalho”, são oferecidas reflexões sobre os desafios e potenciais no exercício profissional da Psicologia Organizacional e do Trabalho, enfatizando especialmente a delicada tarefa de mediar o esforço entre capital e trabalho. Enquanto isso, o capítulo 9, nomeado “Violências sexuais vividas por crianças e adolescentes: a atuação da escola na rede de atendimento e enfrentamento”, explora e problematiza os papéis desempenhados pelas instituições escolares na rede de proteção contra violências sexuais envolvendo crianças e adolescentes.

No capítulo 10, intitulado “O psicólogo no CRAS: refletindo sobre as práticas desenvolvidas junto às famílias vulnerabilizadas”, enfatiza-se a urgência de importância e buscar oportunidades para uma prática ético-política que seja socialmente comprometida com as famílias em situação de vulnerabilidade. Já no capítulo 11, chamado “Incorporar ou não? Quando o CREAS se torna um espaço de violação”, são discutidas experiências profissionais que merecem atenção, especialmente para evitar que uma população já fragilizada, atendida por essas instituições, não seja ainda mais vitimizada.

Os capítulos finais da obra trazem à tona, de maneira crítica e sensível, às experiências vividas durante a formação acadêmica em Psicologia no contexto comunitário. No capítulo 12, intitulado ‘Escuta coração da Chico: um relato de intervenções psicossociais realizadas com adolescentes em contexto comunidade durante a pandemia’, através da partilha de experiências de extensão universitária, destaca-se a importância da escuta ética e política das particularidades, que são moldadas por estruturas opressivas. Por outro lado, o capítulo 13, nomeado “Psicologia das Brechas: uma psicologia a partir de nós” baseado em relatos de experiências de estágio, convida à criação e abertura de espaços para a inovação, encontro e transformação social.

No conjunto dessas discussões e tensões, emerge não apenas a essência do compromisso social da Psicologia, mas também um convite à reflexão e à ação transformadora. As múltiplas abordagens e a diversidade de ângulos presentes nesses campos de atuação e pesquisa não apenas enfatizam, mas também reafirmam a importância do papel transformador e socialmente comprometido desempenhado pela Psicologia.

Este panorama não linear transcende os limites convencionais, convidando-nos não só a explorar e expandir as fronteiras da Psicologia, mas também a desbravar novos territórios e possibilidades. Em meio a desafios e oportunidades, essa obra ressoa como um convite para repensar constantemente os paradigmas estabelecidos, abrindo caminho para a evolução contínua e a inovação no campo da Psicologia. Essa multiplicidade de visões e abordagens não se limita a encerrar discussões, mas sim a abrir um vasto horizonte de possibilidades, convidando-nos a trilhar caminhos que nos conduzam a novas descobertas e avanços significativos na compreensão e na aplicação da Psicologia em nossas sociedades e comunidades.

REFERÊNCIA

HOEPERS, Aline Daniele et. al. PSICOLOGIA SOCIAL: Travessias e(m) tessituras. Editora BAGAI.  2023. Disponível em: <https://editorabagai.com.br/product/psicologia-social-travessias-em-tessituras/> Acesso em 27 de out. 2023.

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Professor da Psicologia tem texto publicado em livro de Psicologia Social

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Por Equipe EnCena

O professor do curso de Psicologia da Ulbra Palmas, Sonielson Luciano de Sousa, tem texto publicado no livro “Psicologia Social: Travessia e(m) tessituras”, pela Editora Bagai (Curitiba-PR). O capítulo do livro se chama “Psicologia imaginal, pensamento decolonial e pedagogia cultural: por um resgate da ancestralidade” é assinado por Sonielson, que é doutorando em Educação e Estudos Culturais pela Ulbra campus Canoas-RS, em co-autoria com os professores PhD Marcia Esteves de Calazans, Dr. Moysés da Fontoura Pinto Neto e Dra. Graziela Macuglia Oyarzabal, todos da Ulbra.

O texto aborda como a colonialidade do saber se instaura nas academias a partir de discursos que envolvem o que é ciência e o que é pseudociência na psicologia e na educação, e como o resgate da ancestralidade e das epistemologias críticas pode apontar para alternativas politicamente engajadas e não alienantes.

O capítulo do livro destaca que ao unir o conhecimento, a sabedoria e a cosmologia das tradições indígenas com a Psicologia Imaginal, pode-se conceber um olhar ampliado sobre saúde mental, alteridade, ecologia e convivência plural. Essa combinação potencializa a capacidade de cura e transformação das pessoas, ampliando o alcance da psicologia, pensada a partir de uma abordagem social e política. E o mesmo se aplicaria à pedagogia, notadamente no ensino superior.

Para baixar gratuitamente o e-book, acessar

https://editorabagai.com.br/product/psicologia-social-travessias-em-tessituras/

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Admirável Mundo Novo: Pré-condicionamento biológico e psicológico

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A obra Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, foi escrita em 1931 e o futuro vislumbrado pelo autor corresponde a meados da década de 60, pois a história se passa em VII d. F (depois de Ford). Esta obra é um grande clássico da literatura universal por abordar de forma sucinta como o Estado vem tentando dominar a população e como ele vem conseguindo tal proeza, a maneira como o Estado seduz e controla toda a massa.

O livro percorre situações rotineiras e comuns das massas onde sem perceber elas estão sendo influenciadas e controladas de maneira silenciosa e velada pelo estado, e como os conceitos vão perpassando de uma massa para outra e principalmente das mais fortes para as mais fracas de maneira que acontece uma espécie de alienação generalizada, onde o controle se torna algo aparentemente normal por acontecer de uma maneira sutil sem imposições e violência, mas não deixando de ocorrer de maneira autoritária.  

Fonte: Editora Biblioteca Azul

 

Na obra o autor nos traz o conceito de distopia que corresponde a contagem de anos é feita a partir do nascimento ou do falecimento do indivíduo de Ford, por isso é utilizado o termo d.F (depois de Ford) e a.F (antes de Ford). E a distopia trazida por Huxley, não corresponde aquele conceito de que a sociedade futura era controlada por um regime autoritário, porém era controlada e mantida por um regime que estava livre da repressão e da violência, entretanto mantinha o domínio de maneiras mais sutis e implícitas, sendo pelo incentivo ao comportamento que o Estado julgava como certo e também, eliminando e não reforçando ou não considerando relevantes os comportamentos tidos como incorretos e errados, desta forma o estado reforçava apenas os comportamentos que eram de acordo com o que eles queriam, e os indivíduos eram submetidos a este controle sutil sem ao menos perceber. 

Huxley além de abordar Henry Ford, aborda também Freud. O livro começa com um professor mostrando a seus alunos uma espécie de laboratório onde são produzidos bebês, onde o controle da população é feito, eliminando ali o conceito de identidade trazido por CIAMPA (1987), onde é abordado que a identidade é formada por múltiplos personagens que ora se evocam, ora se sucedem, ora coexistem, ora se alternam. Pois nas configurações que essa sociedade se encontra e existe, os indivíduos já saem programados a agir, ser e pensar de determinada maneira, eliminando assim sua subjetividade e seu interesse e olhar próprio da vida e do mundo, eliminando também suas vontades, anseios, desejos e tudo aquilo que o compõe e o forma.

Os bebês são todos de proveta e os vínculos familiares e de amizades não existem ou são extremamente superficiais, pois as pessoas são individualistas e sozinhas, além de serem também extremamente independentes, entretanto uma independência dentro dos moldes previstos e estabelecidos pelo estado e coordenados e controlados por ele. Outra questão interessante trazida no livro é que quanto maior o número de parceiros sexuais alguém tiver, mais bem-sucedido e reconhecido dentro do sistema aquela pessoa se torna. 

As pessoas são dividias em castas que vão do Y que corresponde a classe mais baixa, o proletariado e até o Alfa++ que corresponde ao grupo de pessoas mais inteligentes e que contribuem mais para o estado, seja no meio de produção como grande empresário e investidor, ou seja no âmbito intelectual doando seu saber para o estabelecimento e melhoria das ferramentas do estado para controle e domínio velado da população. 

E desde que o bebê nasce ele já é condicionado a aceitar e a aprender a lidar com o que lhe foi imposto desde antes do seu nascimento, ou seja, ele desde o princípio será preparado para entender, aceitar e viver de acordo com o que foi estabelecido e determinado pelo estado. Essas imposições e determinações do estado para com o futuro do bebê são feitas por meio de gravações que são escutadas diariamente no turno da noite onde essas pessoas ouvem dia após dia repetidamente e exaustivamente quem elas são, o que devem fazer, como devem agir, como devem se comportar e o que é esperado que elas façam.

 De acordo com Hunter (2002), a persuasão ocorre de cima para baixo, ela vem da elite para as classes mais baixas, e no admirável mundo novo, é visível como o poder de persuasão do estado atua diretamente na vida dessas pessoas que apesar de ouvirem diariamente uma gravação sobre o que elas devem fazer, pensar e agir, elas acham isso absolutamente normal, pois vem hierarquicamente de alguém superior e que elas acreditam que seja para o bem delas e para a preservação de suas vidas, então elas seguem piamente todos os conselhos e recomendações com total normalidade. 

Vale evidenciar que no admirável mundo novo há a distribuição e uso de uma substância chamada Soma, essa substancia atua nas emoções e sentimentos dos indivíduos onde eles passam a ser controlados e determinados, ou seja, essas pessoas não possuem controle nem mesmo de suas próprias emoções e vivem como máquinas que são controladas o tempo inteiro por outra pessoa, que nesse caso é o estado que mantem esse controle e toda essa dominação das massas. Entretanto há um personagem em particular chamado Bernard Marx que não se submete ao sistema, dizem que houve algum problema na sua programação biológica que fez com que ele agisse de maneira completamente oposto e inesperada do que estava programado e determinado que ele agisse, ele então se revolta.

O governo distribui a Soma para a população periodicamente com uma frequência estabelecida e essas pessoas então fazem uso regular e de forma religiosa dessa substancia obedecendo as dosagens e a ordem que devem ser tomada, sendo que alguns chegam a tomar até seis por dia. Essa substancia faz com que as pessoas sejam mais calmas e tolerantes, faz com que elas aceitem de maneira mais completa e fácil as coisas que são estabelecidas pelo estado, inclusive um fato curioso é que sempre que alguém mostra-se diferente, irritado ou até mesmo com traços de rebeldia, sempre aparece alguém por perto para perguntar ou sugerir se essa pessoa já tomou sua dose de Soma naquele dia e até as crianças tomavam Soma regularmente. 

As pessoas que compõe essa sociedade do admirável mundo novo prestam culto a Ford e a religião seguida é o Fordismo, onde existem diversos templos onde essas pessoas prestam culto a Ford, também existe uma região isolada onde há uma reserva designada aos rebeldes ou aqueles que não aceitaram e não se submeteram as regras determinadas pelo estado, e Bernard Marx acaba indo para esta reserva onde encontra uma família composta por uma mãe e um filho que faziam parte também do admirável mundo novo, entretanto a criança nasceu na reserva, então Bernard Marx dedica-se a leva-los de volta para o admirável mundo novo, porém ele causa um extremo alvoroço e mal estar pois a mãe quebrou os protocolos e desobedeceu as regras visto que ela teve um filho fora dos padrões estabelecidos.

O jovem que nasce fora do Admirável Mundo Novo se chama John e é um personagem cheio de atitudes e com um vasto conhecimento, tanto é que grande parte de suas falas são referenciadas em Shakespeare. A chegada e a entrada dele no admirável mundo novo causa grande alvoroço porque ele é alguém de fora que está entrando em contato pela primeira vez com toda aquela loucura de controle velado e suas ideias e a forma como ele se comporta levam a grande reflexão acerca do que está acontecendo naquele lugar e a forma como estado vem controlado e tornando aquelas pessoas como fantoches.

Como supramencionado, vimos que o autor Aldous Huxley expõe de uma maneira real como o estado mantém uma relação de poder e domínio com as massas e como somos afetados diretamente por essa persuasão, o livro inteiro acontece de forma que fica explícito mesmo que de maneira implícita como a perca da identidade ou o não direito a tê-la ou a ser alguém faz com que sejamos fantoches e secundários em nossas próprias vidas, e a crítica social trazida pelo autor ao sistema que estamos imersos desde a revolução industrial é de suma importância também para a compreensão dos fenômenos trazidos e abordados ao longo dos capítulos do livro.

O posicionamento de Bernard Marx e John fazem toda a diferença no rumo que as coisas tomam e nos trazem um olhar mais apurado acerca da alienação, e de como é importante levar em consideração a sustentabilidade das relações e o respeito e a liberdade para a subjetividade se expor e existir. 

REFERÊNCIAS 

JACQUES, M. G. C. Identidade. Em: JACQUES, M. G. C. Psicologia Social Contemporânea. 

HUXLEY, A. Admirável Mundo Novo. Porto Alegre: Editora Globo, 1979.

MYERS, D. G. Preconceito. Em: MYERS, D. G. Psicologia Social. Porto Alegre: Artmed, 2014. 

MYERS, D. G. Persuasão. Em: MYERS, D. G. Psicologia Social. Porto Alegre: Artmed, 2014. 

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CAOS 2021: Lauriane dos Santos Moreira irá conduzir discussão sobre documentário

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Durante à tarde do primeiro dia do CAOS 2021, acontecerá o evento Psicologia em Debate no qual serão exibidos vários documentários seguidos de discussões mediadas por excelentes profissionais da psicologia. Um desses documentários é Pandemia do Sistema (2020), dirigido por Naná Prudêncio e uma realização da Zalika Produções; o filme com duração de 31 minutos aborda fatores como o racismo, o desemprego, a insuficiência no atendimento de saúde nesses territórios e como todos esses elementos, com o agravante da pandemia, resultam em uma fórmula genocida.

A discussão a respeito desse documentário será mediada pela professora do curso de psicologia do Ceulp/Ulbra, especialista em Saúde Pública com Ênfase em Saúde Coletiva e da Família e mestra em Desenvolvimento Regional, Lauriane dos Santos Moreira. 

 

Fonte: Arquivos (En)cena

 

(En)Cena – Sabemos que um dos principais temas abordados por você é Políticas Públicas de Saúde Mental, pois está incluído nas suas disciplinas de diferentes maneiras. O que são Políticas Públicas de Saúde Mental e qual sua relação com a Psicologia Social Comunitária? 

Lauriane – A Psicologia, desde o início da formalização da profissão no Brasil, tem atuado em direção às demandas de pessoas, grupos e comunidades em situação de vulnerabilidade social. É uma perspectiva ampliada sobre a saúde mental quando se tem um olhar para as condições de vida da população, considerando os determinantes sociais envolvidos no sofrimento psicológico. Até o final da década de 1980, a atuação pelo viés da Psicologia Social Comunitária era prioritariamente voluntária, ou seja, sem remuneração, ou ainda a partir da docência no ensino superior, através de projetos diversos. Apenas com a Constituição de 1988, na qual a saúde passa a ser um direito de todos e dever do Estado, é que o Sistema Único de Saúde (SUS) pôde ser criado, sendo atualmente o principal local de trabalho para psicólogas e psicólogos no Brasil, conjuntamente com o Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Nessa trajetória, desde meados dos anos 1970 o movimento sanitarista e o antimanicomial andaram de mãos dadas, e graças à pressão popular oriunda deles é que diversas políticas públicas hoje vigentes no campo da saúde pública foram implantadas. Abordar a temática saúde mental sem considerar a violação de direitos diversos é culpabilizar a pessoa em sofrimento, através de um discurso meritocrático extremamente falacioso, que impõe ainda mais sofrimento. Ou seja, Política Pública de Saúde Mental envolve legislação, gestão, estabelecimentos de saúde, profissionais, práticas, equipamentos, discursos, usuários, participação social que levam a cabo a sua implementação, tendo como local principal de materialização de tudo isso os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), ordenadores do cuidado em saúde mental, que atuam articuladamente em rede setorial e intersetorial. Havendo para a Psicologia o viés teórico e técnico da Psicologia Social Comunitária nesse trabalho, o combate a biologização do fenômeno “psi” ganha força, justamente pelos motivos expostos acima. 

(En)Cena – Qual a importância desse tema ser discutido dentro e fora do curso de psicologia

Lauriane – Somos seres biopsicossociais. A OMS tem essa visão ampliada também acerca do conceito de saúde. A nossa espécie Sapiens é extremamente moldável às condições culturais, políticas, religiosas, econômicas, sexuais etc. nas quais está inserida desde o nascimento. Somos biologicamente seres sociais! Portanto, abordar saúde mental como se fosse fruto apenas de uma variável interna ao indivíduo, algo neurológico ou fruto da suposta “mente” não é suficiente quando se quer atuar a partir de uma Psicologia baseada em evidências e com compromisso social, justificando assim a importância desses temas serem discutidos no contexto de formação de psicólogas e psicológos, o que não se restringe à graduação, mas acompanha a trajetória profissional e pessoal. 

(En)Cena – No documentário encontramos relatos de vivências diversas, várias famílias que precisam de assistência e devido ao Covid-19 tiveram os problemas sociais agravados. Como a psicologia pode intervir em situações semelhantes? 

Lauriane – Além da perspectiva já exposta nas questões anteriores, destaco que o Conselho Federal de Psicologia, a partir do código de ética da nossa profissão tem como primeiro princípio fundamental a atuação da Psicologia embasada na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Compreendendo o significado disso, não é suficiente encerrar sua atuação às quatro paredes de um consultório, mas lutar pela garantia de direitos para as pessoas. A atuação no cenário trazido pelo documentário, que é a realidade de muitos país afora desde antes do contexto pandêmico, pode ser: a conscientização de pessoas, grupos e comunidades sobre seus direitos, incentivando a mobilização social; viabilizar o acesso a esses direitos, orientando sobre os serviços e como chegar até eles; também pode fazer denúncias ao Ministério Público, por exemplo, no caso de violações diversas; ofertar escuta, acolhimento etc., mas sempre tendo em vista que apenas essa última estratégia não será o suficiente quando se tem insegurança alimentar envolvida, por exemplo. Citei algumas estratégias possíveis, mas podem ser tantas outras. A Psicologia não deve se engessar num único modo de atuar, mas caminhar conforme as demandas que se apresentam, e articulando entre serviços diversos e outras categorias profissionais para se alcançar o necessário em cada situação. 

(En)Cena – Como você avalia o trabalho feito pela psicologia aliada às políticas públicas atualmente durante a pandemia? 

Lauriane – Avalio que poderíamos ter sido, enquanto categoria profissional, mais engajados nas questões que envolvem vulnerabilidade social. Houve muita discussão em redes sociais e plataformas de videoconferência sobre a pandemia e o impacto sobre a saúde mental e outras questões, também houve um boom de atendimentos psicológicos online, inclusive gratuitos… Mas todos esses contextos são de privilégio, pois se precisa ter um dispositivo com acesso à internet para acessá-los. Hoje todo mundo tem um celular? Não! As pessoas estão passando fome… Nos primeiros meses da pandemia, ainda em 2020, diversos serviços fecharam as portas por muito tempo, deixando os seus usuários sem assistência suficiente no contexto da saúde, da educação, da assistência social, da justiça… Para as populações mais vulneráveis socialmente, como se retrata no documentário, o sofrimento que já existia, da invisibilidade social e suas consequências, se agravou sobremaneira. O medo do coronavírus coexiste aos demais. A Psicologia e o seu suposto compromisso social durante a pandemia chegaram até um determinado público, pois continuamos cegos para os contextos de maior vulnerabilidade social. 

(En)Cena – Quais as suas expectativas para o CAOS 2021? 

Lauriane – Em relação ao CAOS 2021 tenho a expectativa de que será uma oportunidade excelente para discutir sobre temas que não costumam fazer parte da atuação convencional ou rotineira da Psicologia, mas que são muito importantes. A pandemia da Covid-19 nos mostrou que é preciso ampliar nosso olhar sobre o que é ofertar cuidado em saúde mental e a gama de variáveis do contexto social que estão envolvidas, incluindo a atuação do Estado nesse manejo. Não cabe, nesse cenário, teorias e práticas elitizadas e acríticas, e vejo que o congresso contribuirá muito nesse sentido.

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A psicologia social presente no filme “A fuga das galinhas”

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No filme A fuga das galinhas, exibido nos anos 2000, a protagonista Ginger tenta de várias formas sair da sua condição de explorada para liberta e livre de uma granja. Mas para isso, empenhava-se incansavelmente em convencer suas colegas do estado de alienação que estavam, pois não conseguiam enxergar a condição de exploradas e subalternas nas quais estavam submetidas.

 

Fonte: Google Imagens

Desde o início do filme, Ginger toma a iniciativa de fazer uma revolução por meio de uma fuga organizada entre elas pela sua capacidade de voar. As demais, muitas vezes desacreditaram dessa possibilidade, mas com a chegada inesperada de Ricky, o mesmo se apossou do discurso de dominar o conhecimento de voar. Contudo, depois de um certo tempo, percebe-se que ele era uma farsa.

A partir disso, a protagonista procura construir um avião para a fuga delas. Por meio desse contexto, fica evidente uma representação lúdica e simplória da psicologia social e seus efeitos em uma comunidade. Esse ramo da ciência procura estudar a influência que um indivíduo sofre em seu comportamento através da sua inserção em uma dada sociedade e ao mesmo tempo como a sociedade é moldada por meio do comportamento de indivíduos e sujeitos.  

No filme, isso fica evidente quando Ginger, após várias tentativas e insucessos sobre convencer as galinhas, elas começam a despertar e entrar em um estado de desespero quando a dona da granja decide fazer torta de galinhas, de modo mecanizado.

A influência do discurso de Ginger assim como a contribuição do meio fez com que de fato tivesse uma fuga das galinhas. A psicologia social fica representada neste exato momento pois com a liderança de Ginger, as galinhas finalmente confiaram em seu discurso e não só apenas algumas, mas todas da granja. Essa protagonista conseguiu influenciar todo o meio para essa revolução, tornando-se assim uma líder. 

Fonte: Google Imagens

 

O meio também influenciou Ginger, pois com a chegada de Ricky e com a descoberta de sua fraude em saber voar, ela logo desistiu dos planos de enfim aprender e foi para a construção do avião. Além da psicologia social, é possível observar de um modo bem inteligível, como ocorre as relações de trabalho na contemporaneidade, que é basicamente por meio da alienação e exploração da mão de obra do proletariado. 

As galinhas desconhecem o destino do seu produto, assim como a capacidade de gerir seu próprio tempo e sua mão de obra. Ginger, percebendo que estavam em um contexto de exploração, tenta convencê-las de saírem disso. As ideias difundidas por Marx são bastante presentes no filme, desde alienação assim como as relações de trabalho na contemporaneidade. A dona da granja representa o verdadeiro capitalista, pois os meios de produção pertencem a ela, assim como a mão de obra, que são as galinhas nas quais produzem incessantemente os ovos. 

Fonte: Google Imagens

 

Para contê-las de supostas revoluções ou revoltas, a dona da granja põe cães raivosos a fim de vigiá-las e contê-las. Por isso grande parte delas não são convencidas pelo discurso da protagonista, por temerem serem pegas pelo animal feroz, que na realidade seria as instituições que legitimam o capitalista e o medo do desemprego. Fazendo um adendo neste contexto, surge a servidão voluntária, que nada mais é do que ser explorado voluntariamente para enfim não passar por condições de indigência e miséria. 

O filme levanta sérias reflexões morais e éticas não só do capitalismo, mas da influência de um líder e de como seus efeitos têm grande magnitude. Temos exemplos globais de líderes que legitimaram a barbárie, mas através da sua influência no meio, ficou possível fazer muitas atrocidades, como Hitler. Logo, a psicologia social estuda não necessariamente cada indivíduo isoladamente, mas como os indivíduos de forma geral, são influenciados pelo meio e de como o meio é moldado por esses mesmos indivíduos. 

Referências: 

SIMÕES, T. A Fuga das Galinhas: Uma releitura Marxista. Disponível em: https://medium.com/@tloriato/a-fuga-das-galinhas-uma-releitura-marxista-

CARVALHO, T. S. V.; JÚNIOR, I. C. A. C. PSICOLOGIA SOCIAL: CONCEITOS, HISTÓRIA E ATUALIDADE. Psicologia.pt, 2017. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0421.pdf

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Procuram-se professores universitários

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Marcele Tonet, psicóloga social e institucional e doutoranda em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul precisa entrevistar professores universitários vinculados a instituições privadas, com fins lucrativos.

Figura 1 foto Marcele Tonet

O objetivo da pesquisa é identificar os impactos da financeirização do ensino superior, com enfoque na saúde e nas relações de trabalho.

Em tempos de pandemia, as ferramentas de tecnologia e comunicação oportunizam encontros e facilitam as coletas de dados. Neste caso, as entrevistas serão realizadas por meio remoto e eletrônico, utilizando plataformas como WhatsApp, zoom, meet, conforme a conveniência do entrevistado.

Segundo Marcele Tonet, a participação dos docentes nesta pesquisa é importante para “dar visibilidade ao trabalho do professor (a) universitário (a)”.

Inscreva-se – whatsapp (51) 99776468.

Figura 2 imagem fornecida pela Marcele Tonet
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In(Visibilidade) dos Povos Ciganos

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“Enquanto a humanidade não resgatar sua enorme dívida para com nossos irmãos ciganos, nenhum de nós poderá falar em direitos humanos e cidadania”

Pretende-se com essa explanação abarcar as questões étnicos-culturais, especificamente, referentes à cultura cigana e sua significância para o mundo atual, propiciando e auxiliando para uma ampliação da percepção acerca da população cigana, bem como a representação social desta, haja vista a contribuição dessas representações para a segregação desses povos. Utilizando-se, portanto, da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, na qual carece de ser analisado a partir de duas dimensões: processo e produto, ou seja, as pessoas acabam reconstruindo a realidade a partir de um conhecimento particular, em que influencia em determinados comportamentos e comunicações entre indivíduos (BERTONI, 2017).

Assim, pode-se compreender que a população cigana tem uma história ocultada durante milênios. Sendo uma grande problemática e um instrumento para o aumento da discriminação e preconceitos frente a estes povos. Aliás, ainda hoje há poucos registros sobre esta em meios científicos e, consequentemente, acadêmicos, haja vista a dificuldade para se encontrar dados de sua originalidade. Contudo, há evidências de que os povos ciganos vieram da Índia para o Oriente Médio há cerca de 100 mil anos atrás (MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS, 2007).

Eles se denominam de “roma” ou “rom” que traduzido para a Língua Portuguesa significa “homem”. Os povos ciganos vivem no nomadismo, tem uma dimensão cultural intensa e perpassa o misticismo, a sabedoria e a alegria. Muitos historiadores supõem que estes povos saíram da índia para se esquivarem dos povos muçulmanos. Havia muitos ciganos vivendo em Portugal e foram levados ao Brasil e a África. No cenário nacional, estes se dividem em alguns clãs: Moldowaia, Kalderash, Sibiaia, Roraranê, Lovaria, Mathiwia e Kalê, além de haver divisão de falas (MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS, 2007).

Em dois estudos realizados entre os anos de 2012 e 2017 no estado de Sergipe e em Vitória no Espírito Santos propuseram-se a mostrar como as pessoas não ciganas veem os povos desta cultura. Além das questões afetivo-emocionais que perpassam esta dinâmica relacional entre povos de culturas distintas. Em ambas as pesquisas houve um contraponto entre o nível de contato das pessoas não ciganas com o grupo cigano, além de analisar as questões afetivas com relação a eles. Segundo Bonomo, Cardoso, Faria, Brasil e Souza (p. 6, 2017) as representações sociais, como crenças compartilhadas acerca de um grupo, influem nos comportamentos e atitudes. […] imagem negativa difundida acerca dos ciganos, como se vê no primeiro quadrante, não favorece à integração entre eles.

Fonte: encurtador.com.br/swxA4

No estudo realizado por Carvalho, Lima, Faro e Silva (2012) a entrevista de 300 pessoas foram analisadas 147 delas moravam distantes dos ciganos e cerca de 157 moram nas proximidades. Diante do exposto, foi solicitado que dissessem acerca dos pensamentos, imagens desencadeadas ao ouvirem sobre os “povos ciganos”  observou-se que tanto no grupo controle como no grupo de experimento houve a presença de fatores relacionados com os estereótipos e preconceitos, ou seja, nos dois casos não há presença de representações positivas frente a esses povos. Apesar das representações sociais terem sido diferentes no que se refere aos dois grupos, as questões pejorativas se mantiveram presentes. Assim, fica explícito que embora possuidores de uma proximidade, eles tinham a necessidade de se mostrarem pessoas “diferentes” dos povos ciganos, com fortes questões emocionais frente ao grupo, por isso insistem em afirmar que são perigosos, sujos, com crenças imorais, ladrões.

Já no estudo realizado por Bonomo et al (2017) com 57 pessoas que diferiram quanto às representações sociais, mas as questões pejorativas ainda se mostram demasiadamente presentes similarmente ao estudo realizado em 2012 no estado de sergipe. Há uma constante presença de sentimentos ambivalentes frente a esses povos, ou seja, sentimentos positivos de admiração e afeição e, ao mesmo tempo, repulsa, aversão, antipatia, medo, mal-estar, bastante desconfiança frente a eles, indiferença. Além das questões relacionadas com as vestes e com a própria aparência deles, na qual causa estranhamento aos outros indivíduos. Contudo, o povo cigano passou por uma evolução à medida que eles começaram a se urbanizar, relacionando-se com outras pessoas.

O povo cigano procurou ao longo de décadas e caminhos que seguiu procurar adaptação aos ambientais as quais se inseriu, mas diversos traços culturais permaneceram iguais, a saber, suas tradições. É marcante a presença de um discurso pejorativo nos inúmeros meios de comunicação que os ciganos aparecem. É muito presente a exclusão, a discriminação, preconceito contra estes povos e seus modos de estar no mundo devido ao não padrão destes povos. A história vaga e disseminada socialmente exerce uma função que aumenta a exclusão, sem contar na onda de estupros frente contra estes povos, principalmente, crianças. (JÚNIOR, 2013)

Diante das questões trazidas, é notório que o processo de exclusão dos povos ciganos é alarmante e causa sofrimento a eles. Assim, a Psicologia não pode ser afastada deste cenário assustador, pelo contrário, suas intervenções e práticas precisam alcançar estes povos que se encontram ameaçados e em situações de vulnerabilidade. A Psicologia enquanto ciência e profissão tem um grande compromisso social e luta em prol dos Direitos Humanos e dos Direitos Sociais, por isso Desse modo, serve como reflexão para uma sociedade marcada por estereótipos negativos frente a culturas diferentes do padrão dominante, e a necessidade de buscar a ruptura desses paradigmas, mobilizando e visando a conscientização das pessoas para que também não adotem práticas discriminatórias.

Fonte: encurtador.com.br/bszQZ

Referências

ANDRADE JUNIOR, Lourival. Os ciganos e os processos de exclusão. Rev. Bras. Hist.,  São Paulo ,  v. 33, n. 66, p. 95-112,  Dec.  2013 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882013000200006&lng=en&nrm=iso>. access on  18  May  2020

BONOMO, Mariana; MELOTTI, Giannino  and  PIVETT, Monica. Representações Sociais de Mulher Cigana entre População Não-Cigana Brasileira e Italiana: Ancoragem Psicológica e Social. Psic.: Teor. e Pesq. [online]. 2017, vol.33, e3354.

BERTONI, L. M., and GALINKIN, A. L. Teoria e métodos em representações sociais. In: MORORÓ, L. P., COUTO, M. E. S., and ASSIS, R. A. M., orgs. Notas teórico-metodológicas de pesquisas em educação: concepções e trajetórias. Ilhéus, BA: EDITUS, 2017, pp. 101-122.

CARVALHO, Nayara Chagas. LIMA, Marcus Eugênio Oliveira. FARO, André. SILVA, Cíntia Almeida Figueiredo. Representações sociais dos ciganos em Sergipe: contato e estereótipos. Sergipe, 2017.

MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Povo Cigano o direito em suas mãos. Brasília, 2007.

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Carandiru: construção social de realidades e a subjetividade humana

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Cada indivíduo pode ser considerado como um nó em uma extensa rede de
inter-relações em movimento.”
(Bonin, 1998)

O filme brasileiro Carandiru, lançado em 2003, dirigido por Hector Babenco, foi inspirado no livro “Estação Carandiru” do médico Drauzio Varella. Neste livro, o médico narra algumas experiências vivenciadas na casa de detenção Carandiru após desempenhar um trabalho voluntário de prevenção à AIDS, realizado em meados de 1989. O presídio tinha capacidade para cinco mil detentos, porém, abrigava cerca de sete mil.

Muito esperado pelo público na época, o filme despertou diferentes opiniões, desde grandes elogios a coragem que Babenco teve ao abordar no cinema nacional um conteúdo tão polêmico, quanto às críticas com o “desleixo” no formato que o diretor deu ao filme por enfatizar uma grande quantidade de histórias mal desenroladas.

Carandiru veio logo depois de Cidade de Deus, o que deu muita ênfase às críticas. Cidade de Deus ficou marcado por tratar com veracidade os fatos da comunidade, e trazer para o social as denúncias e a busca por transformações sociais. Carandiru veio pronto, contendo início, meio e fim, e deixou a sensação de que o sistema prisional do Brasil é um problema obsoleto, muito distante. “Carandiru é um filme de personalidade inconstante, frio em certos momentos e inexplicavelmente pretensioso em outros” (OLIVEIRA, 2013).

Fonte: https://goo.gl/zLVFj8

Mesmo com tantos contras, não há como negar que esse longa metragem tem grande relevância social diante da história do Brasil, em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos (DIB, 2015).

Drauzio, em seu livro, se atentou em descrever seu trabalho diário, focando principalmente, em detalhar o cotidiano e os anseios dos presos, bem como, a história de vida de alguns. Com menos riqueza de detalhes, o filme também expõe a realidade do cotidiano da extinta casa de detenção, trazendo o telespectador para adentrar no espaço da prisão antes, durante e depois do massacre que ocorreu em 2 de outubro de 1992 e causou a morte 111 presos.

Por meio do vínculo, em alguns casos, e do contato que o Médico fazia com os presos (quando ia realizar a triagem para ver quem necessitava fazer o exame de detecção do HIV) o espectador vai conhecendo, junto do médico, as personalidades que habitava o Carandiru, quais motivos os levaram a estarem ali e “mesmo quando a personagem principal não está em cena, a plateia continua a acompanhar a jornada diária de cada detento, numa verdadeira luta pela sobrevivência” (AZEVEDO, 2013).

Fonte: https://goo.gl/nvdwk2

Para compreender o ser humano, Bonin (1998, p. 53) ressalta que, “além de estudar seu corpo e sua origem animal, é necessário pesquisar, principalmente, como ele se constitui em um contexto sociocultural”. Ao se interessar em auxiliar os indivíduos que ali residiam, o doutor (interpretado por Luiz Carlos Vasconcelos) passa a conviver com a realidade tal como ela é, atuando com pressupostos para além da medicina, perpassando o social e se habituando cada vez mais, ao contexto do presídio.

Para a Psicologia Social, o indivíduo se constitui através de uma rede de inter-relações sociais. Através dessa rede, ele tende a procurar entender e se adaptar aos movimentos intencionais e futuros do outro (JACQUES, 2014), ou seja, ele deixa de ser individual, interagindo com o ambiente a partir das necessidades, sejam elas próprias ou coletivas.

Cenas que transcorrem a história de vida pessoal dos detentos são comuns. Durante a trama, o telespectador fica entre o passado e o presente dos presidiários. Ao mesmo tempo em que se tem o crime, se tem a motivação que desencadeou o crime, o que acaba permitindo uma contextualização das histórias e perspectivas diferentes sobre o mesmo fato. Em muitos momentos, há a possibilidade de se perceber as construções sociais e as numerosas realidades retratadas pelo enredo.

Fonte: https://goo.gl/ELWazv

O que acontece por exemplo quando Zico (Wagner Moura), carregado por um grupo, chega ao doutor passando mal. Notando que o mesmo já estava se recuperando, o doutor comenta o fato de ter se assustado com a rapidez do chamado. Chateado com a situação, demonstrando afeto e preocupação pela pessoa de Zico, Deusdete (Caio Blat) interrompe o doutor falando “isso é bom doutor, assim ele ver o que a droga faz”.

Percebendo a reação repentina, o doutor retruca perguntando quem era o moço e Zico responde “é o Deusdete, eu e ele vivemos na mesma infância”, posteriormente a essa fala, Zico descreve como conseguiu sobreviver após a partida de sua mãe e como construiu relações afetivas com a família de Deusdete. Por alguns minutos, as cenas seguintes da trama, se desenrola por contar a trajetória de Deusdete e Zico até aquele local. Assim, Zico deixa de ser apenas o drogado traficante e passa a ser visto também, como uma pessoa que, na infância, foi abandonada pela mãe. Deusdete, deixa de ser somente o assassino e passa a ser o cara que matou para defender a irmã.

Considerando a metáfora de Bonin (1998 p. 58) “cada indivíduo pode ser considerado como um nó em uma extensa rede de inter-relações em movimento”, trazendo essa comparação para o filme, conseguimos compreender algo que foi auge de tantas críticas. “A contação de histórias” proporcionada por Babenco concede ao público uma percepção da subjetividade e a realidade de vida de alguns dos 7 mil “nós” (detentos), e ao se concentrar em relatar os detalhes e os fatos que desencadearam o massacre, temos a clareza do quanto a extensa rede de inter-relações (Carandiru) estava em constante movimentação.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

CARANDIRU

Título original: Carandiru
Direção: Héctor Babenco
Elenco: Luiz Carlos Vasconcelos, Milton Gonçalves, Ivan de Almeida
País: Brasil
Ano: 2003
Gênero: Drama

Referências

AZEVEDO , Kamila. Carandiru. [S. l.], 23 mar. 2013. Disponível em: https://cinefilapornatureza.com.br/2013/04/23/carandiru/. Acesso em: 6 mar. 2019.

BONIN, L. (1998). Indivíduo, cultura e sociedade. In M. Strey et al. Psicologia social contemporânea (pp. 53-58, Coleção Psicologia Social). Petrópolis, RJ: Vozes.

DIB, André. Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros. [S. l.], 27 mar. 2015. Disponível em: https://abraccine.org/2015/11/27/abraccine-organiza-ranking-dos-100-melhores-filmes-brasileiros/. Acesso em: 6 mar. 2019.

JACQUES, Maria da Graça Corrêa et al. Psicologia social contemporânea: livro-texto. Editora Vozes Limitada, 2014.

OLIVEIRA, Rafael W. Crítica | Carandiru. [S. l.], 21 mar. 2013. Disponível em: https://www.planocritico.com/critica-carandiru/. Acesso em: 6 mar. 2019.

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