Dia Mundial da Saúde Mental: Anadem reforça alerta sobre a situação dos profissionais de saúde

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Pesquisa aponta que quase 1 em cada 3 médicos apresenta sinais de transtorno de ansiedade e apenas 20,4% nunca manifestaram sintomas de depressão

Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e à ansiedade, gerando para a economia global um custo de quase um trilhão de dólares. Os dados estão nas novas diretrizes sobre saúde mental no trabalho divulgadas nas últimas semanas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

As orientações contidas no documento possuem relação com o Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado no próximo dia 10 de outubro, e incluem ações para enfrentar riscos, como longas jornadas, comportamentos negativos e outros fatores que criam angústia. Pela primeira vez, a agência de saúde recomenda treinamento de gerentes para prevenir ambientes estressantes e responder aos profissionais em sofrimento.

Pesquisa realizada entre junho e julho, com cerca de 3.500 profissionais, ratifica o cenário apresentado pela OMS e a OIT. Isso porque, segundo a apuração, a maioria dos médicos não possui um estilo de vida equilibrado. Apenas 35% afirmam dormir entre 6 e 8 horas de sono; 2/3 dos entrevistados dizem não ter tido momentos de lazer nas duas semanas que antecederam a entrevista e mais de 70% podem ser considerados sedentários.

“Os profissionais da saúde estão vindo de um período extremamente exaustivo e desgastante, que foi a pandemia, tendo que enfrentar uma carga horária excessiva, muitos inclusive sem tirar férias. Toda essa junção de fatores favorece o adoecimento físico e mental e, consequentemente, os leva a uma conduta mais passível de erros”, alerta Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem).

A pesquisa corrobora a percepção do especialista em Direito Médico, uma vez que 57%, dos entrevistados dizem ter percebido que o nível de estresse impacta no desempenho no trabalho. 29,4% dos médicos observaram, inclusive, que o nível de estresse já levou a erros médicos. Um dos pontos mais alarmantes revela que pelo menos 1 em cada 3 médicos apresenta sintomas de Burnout, mas ainda não buscou ajuda.

Quando se trata de sintomas de depressão e ansiedade o número também é preocupante. Apenas 20,4% dos médicos nunca apresentaram sintomas. “É preciso agir com ações concretas para preservar a integridade física e, em especial, psíquica dessas pessoas. A Anadem acompanha a situação e, desde o início da pandemia, tem feito campanha contínua em prol de melhorias em suas condições de trabalho”, defende Raul Canal.

Fonte: Imagem no Freepik

Gestão

A pesquisa entre profissionais de saúde revela ainda que a relação entre pares não parece amistosa. Quase metade dos participantes afirmou que não pode contar com uma rede de apoio com seus colegas de trabalho. Em 50,4% dos relatos há uma percepção de abordagem punitiva e não formativa diante de eventos adversos relacionados à assistência.

“Uma boa gestão de pessoas e equipes é fator determinante para a manutenção da qualidade de vida no trabalho. Os benefícios são sentidos na rotina dos profissionais e influenciam na qualidade do atendimento e na segurança dos pacientes”, reforça o advogado e especialista em Direito Médico, Raul Canal.

Ele ressalta que a Anadem recentemente apoiou o lançamento do livro “A nova liderança na enfermagem: competências para excelência na gestão de pessoas e equipes”, em que justamente se discute o papel que profissionais de saúde que ocupam cargos de lideranças devem ter para potencializar suas equipes.

Anadem

A Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) foi criada em 1998. Enquanto entidade que luta pela categoria e seus direitos, promove o debate sobre questões relacionadas ao exercício da medicina, além de realizar análises e propor soluções em todas as áreas, especialmente no campo jurídico. Para saber mais, clique aqui.

Mais informações para a imprensa

RS PRESS

Newton Silva – newtonsilva@rspress.com.br – (11) 9 5960-3543

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Síndrome de Burnout e o esgotamento no trabalho durante a pandemia

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Como diferenciar o cansaço cotidiano de um problema mais sério?

A Síndrome de Burnout teve aumento expressivo durante a pandemia e apenas em 2019 entrou para a Classificação Internacional de Doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O Médico Psiquiatra, Dr. Daniel Munhoz Moreira, explica que é comum confundir o cansaço rotineiro com a síndrome de Burnout e que a diferença está na intensidade em que os sintomas se apresentam no último caso:

“A Síndrome de Burnout envolve cansaço intenso, sensações de esgotamento unido a um distanciamento mental do trabalho e colegas. A pessoa se isola e tem a sensação de diminuição da eficácia no trabalho”, aponta.

O Dr. Daniel Munhoz Moreira também acrescenta que esses sintomas devem estar ligados principalmente ao trabalho, ou seja, não devem ser vivenciados em outros contextos, como é o caso do cansaço rotineiro comum.

Agravamento da síndrome diante do trabalho remoto

O especialista alerta que toda mudança gera naturalmente estresse e resistência, o que já se torna um desafio para as pessoas, junto à demanda do trabalho.

“A perda da rotina levou muitas pessoas a desenvolver o problema, ou seja, ter de ir ao local, encontrar pessoas, ter o momento para o café, almoço, a pausa para assuntos corriqueiros ou até mesmo relacionados ao trabalho”, explica.

O home office para a maioria das pessoas é compreendido como algo monótono e solitário, mas é necessário que sejam impostas regras sobre a nova rotina.

“É fundamental que as pessoas tenham horário para entrar e sair do trabalho, além disso, é preciso manter as pausas para descanso, que podem envolver diferentes atividades que trazem prazer e relaxamento como: meditação, escutar música, leitura, descontração com o animal de estimação, uma breve saída de casa, etc.”, acrescenta.

O Dr. Daniel Munhoz Moreira alerta que é importante se desligar totalmente do celular nesses momentos para experimentar de fato o relaxamento e a desconexão das pressões cotidianas do trabalho.

Fonte: encurtador.com.br/ghjl2

O que fazer quando bater a sensação de esgotamento que não passa?

O psiquiatra explica que primeiro é preciso identificar se o problema é apenas o esgotamento ou se vem acompanhado dos sintomas já mencionados anteriormente.

“Enfatizo a necessidade de inserir no dia a dia atividades prazerosas que incluem: atividade física, prática de esportes, passeio em família, assistir a filmes e séries, entre outras. Além disso, friso a importância da boa alimentação e dos cuidados com a rotina do sono, que varia de 6 a 8 horas por dia”, ressalta.

Tratamento nos casos diagnosticados como Síndrome de Burnout

O Dr. Daniel Munhoz Moreira ressalta que, quando diagnosticado o problema da síndrome de Burnout, é fundamental o tratamento junto a um profissional da área da saúde mental.

“Inicialmente o indicado é a psicoterapia, para que a pessoa consiga lidar com essas emoções relacionadas ao trabalho. Há muitas estratégias que podem auxiliar junto à psicoterapia como: acupuntura sistêmica, mindfulness e, em casos, mais graves, farmacoterapia (utilização de medicamentos)”, orienta.

O Dr. Daniel Munhoz Moreira acredita que a melhor maneira de cuidar da saúde mental é a prevenção que envolve inserir na rotina os momentos de descanso, de meditação (em que há um desligamento do que ocorre externamente) e até mesmo uma lista em que se escreva tudo aquilo pelo qual a pessoa se sente verdadeiramente grata.

“Vale lembrar que a busca por terapia não deve estar associada a um problema em si. Buscar por terapia é um passo importante para que a pessoa consiga ter um melhor entendimento sobre as suas emoções e sentimentos e para que possa mudar comportamentos disfuncionais”, conclui.

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Qualidade de vida no trabalho: um breve histórico

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De acordo com Rodrigues (1991), Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma nomenclatura que tem gerado discussão colossal. Mas desde 1950, a discussão sobre o assunto começou a ser difundida por meio de Eric Trist e colaboradores, de modo a relacionar indivíduo, trabalho e organização, com o intuito de encontrar possibilidades de amenizar a tensão dos trabalhadores. Logo, foi possível observar a relação entre motivação, satisfação, saúde-segurança no trabalho e aumento de produção.

 Na década de 60 o enfoque foi na qualidade de vida no trabalho, as pesquisas foram direcionadas ao campo de saúde e bem estar do trabalhador (Antloga, 2009). Nesta década foi criada a “National Comission Produtivity”, que tinha por objetivo avaliar o porquê da baixa produtividade dos trabalhadores de indústrias americanas. Outra grande conquista da década foi o “National Center for Produtivity and Quality of Working Life”, que funcionava como um laboratório, além de realizar estudos relacionados a qualidade de vida no trabalho (Fernandes 1996, in Lima, 2008).

Fonte: encurtador.com.br/hnwK5

Na década de 70, a QVT ganha maior relevância, em decorrência do grande número de insatisfação e absenteísmo no trabalho. Acontece um esgotamento do modelo taylorista/fordista, dando espaço ao modelo de produção japonês. Neste modelo a imposição de um maior controle de vida do profissional é presente, sendo consequência da maior carga horária empresarial. Nesta década foi publicada a pesquisa de Walton, de grande renome na literatura, pois foi o criador de oito pressupostos básicos para a qualidade de vida no trabalho (1973, in Haddad, 2000), que são: compensação justa e adequada; segurança e saúde nas condições de trabalho; oportunidade imediata para uso e desenvolvimento da capacidade humana; oportunidade futura para crescimento e segurança continuados; e integração social na organização do trabalho; constitucionalismo na organização do trabalho; o trabalho e o espaço total de vida; e a relevância social do trabalho na vida.

No finalzinho da década de 70, Westley (1979) lançou seu modelo, ao qual categoriza os problemas vivenciados pelas pessoas no ambiente de trabalho, aos quais são: injustiça, insegurança, isolamento e anomia. Já no Brasil, ocorriam movimentos sindicais e lutas por aumentos de salários, assim como melhores condições de trabalho. Já na década de 80, a QVT é focada em enfrentar situações pertinentes à produtividade e qualidade total (Antudes, 1995, in Guimarães, Martins, Caselli & Stephanini, 2004). Wherter e Davis (1983, in Lima, 2008) foram dois grandes estudiosos da década, estes relacionaram a QVT a fatores ambientais, organizacionais e comportamentais.

Fonte: encurtador.com.br/eHKU6

Na década de 90, Limongi-França lançou sua teoria baseada em três escolas. A primeira, nomeada de Sociotécnica, defende que a qualidade de vida não pode ser vista de forma isolada, e sim de forma geral, alegando que o bem estar é social. A segunda, denominada de Organizacional faz um levantamento dos aspectos organizacionais para então analisar a QVT. Já a terceira é denominada de Condição Humana no Trabalho, tendo como enfoque a perspectiva de que além do trabalho o indivíduo tem uma vida. Primeiro é sujeito, permeado de subjetividades, depois é trabalhador (Lima, 2008).

Atualmente, quando se trata de QVT, o enfoque maior está na humanização dos ambientes de trabalho, seja relacionado ao ambiente físico ou da própria comunicação hierárquica da equipe em que o trabalhador faz parte. Olhar o trabalhador como um sujeito cheio de subjetividades, sonhos, capacidades, assim como dificuldades, é uma forma de humanizar, respeitar e proteger o mesmo, de modo a ter possibilidade de propiciar melhores condições de vida dentro e fora da organização, e resultando no crescimento da empresa, já que um trabalhador satisfeito executa sua função com dedicação (Guimarães & Sampaio, 2004).

Nas palavras de Mayer:

O termo QVT pode ser entendido como uma filosofia de gestão que melhora a dignidade do empregado realiza mudanças culturais e traz oportunidades de desenvolvimento e progresso pessoal. A QVT, além de uma filosofia, é um set de crenças que engloba todos os esforços para incrementar a produtividade e melhorar o moral (motivação das pessoas), enfatizando sua participação, a preservação de sua dignidade e eliminando os aspectos disfuncionais da hierarquia organizacional (MAYER, 2003, p.56).

Por fim, para Rubio (2003), a satisfação profissional é “o grau de bem-estar que o indivíduo experimenta em relação ao seu trabalho”. Diferente do conceito de qualidade de vida, que ele descreve como sendo um sentimento de bem estar como resultado da percepção do indivíduo acerca do equilíbrio entre as demandas (ou cargas) do trabalho e os recursos (psicológicos, organizacionais e relacionais) de que detém para enfrentar tais demandas.

Fonte: encurtador.com.br/qFIOR

Referências:

LACAZ, Francisco Antônio de Castro. Qualidade de vida no trabalho e saúde/doença. Ciência e Saúde Coletiva, São Paulo, v. 1, n. 5, p.151-161, nov. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7086.pdf>. Acesso em: 20 nov. 18.

RUBIO, Cortés et al. Clima laboral en atención primaria: ¿qué hay que mejorar? Elsevier, Madrid, v. 5, n. 32, p.288-295, nov. 2003. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0212656703792774>. Acesso em: 20 nov. 18.

VÂNIA MARIA MAYER. Disponível em: <https://site.ucdb.br/public/md-dissertacoes/7758-sindrome-de-burnout-e-qualidade-de-vida-profissional-em-policiais-militares-de-campo-grande-ms.pdf>. Acesso em: 20 nov. 18.

MARCITELLI, Carla Regina de Almeida. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, Vol. 15, Núm. 4, 2011, Pp. 215-228, Campo Grande, v. 15, n. 4, p.215-228, nov. 2011. Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/260/26022135015.pdf>. Acesso em: 20 nov. 18.

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