Caos 2021: A importância de grupos de orientação familiar para usuários de álcool e outras drogas

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O minicurso “A importância de grupos de orientação familiar para usuários de álcool e outras drogas” acontecerá no dia 04 de novembro, será online via Google Meet no horário de 9h às 12h, na sala poderá ter até 100 participantes onde a convidada Maísa Carvalho Moreira irá compartilhar com os telespectadores a sua experiência com as famílias e os usuários de álcool e outras drogas, irá comentar também como funciona a mediação entre sujeito e a família e qual o objetivo e a importância da família no tratamento.

Existem fatores que contribuem para o uso de álcool e outras drogas, os gatilhos acionam comportamentos que levam o usuário a recair e ir em busca da substância de sua preferência. A dependência é uma patologia, não muito bem esclarecida para a sociedade que ainda fortalece o discurso onde o usuário pode sim escolher e manter a escolha de não usar. Ao ser marginalizado pela família e pela sociedade, o sujeito se afasta cada vez mais do tratamento.

Fonte: encurtador.com.br/jvAOQ

O CAPS – AD é uma instituição que acolhe todos os usuários que recorrem ao serviço. Por ser um local onde é de acesso a toda comunidade, além de atender os profissionais desenvolvem meios que informam a comunidade sobre o tema drogas e o que acarreta, fornecem novos meios e ferramentas para que o sujeito resgate sua autonomia. Tanto a comunidade quanto a família são catalisadores para que exista qualidade de vida para o usuário de álcool e outras drogas.

A rede de apoio é fundamental para que sejam percebidos os gatilhos que levam ao consumo maléfico de drogas em geral. A família também está adoecida e a ausência de conhecimento das formas que engatilham o usuário acaba mantendo todos os membros envolvidos adoecidos, vivendo em um sistema onde a melhora se torna ainda mais difícil. A interação desses membros promove qualidade de vida para o usuário.

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Após o câncer de mama, a solidariedade

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Em março de 2016, fui diagnosticada com câncer de mama por meio de exame de rotina. Infelizmente, era grau 3 e estava em estágio avançado. Naquele momento foi como se abrisse um buraco no chão.   

Comecei meu tratamento com oito sessões de quimioterapia e, em setembro, tive neutropenia gravíssima, com uma infecção que poderia vir a óbito. Em março de 2017, fiz a cirurgia de retirada do nódulo. Sofri muito com o tratamento, tive todas as sequelas possíveis, além de queimaduras grau 3 nas radioterapias. 

Um ano após o diagnóstico fiz hirestomia radical com abertura vertical, retirada do útero, o que me impediu de ser mãe. Também perdi meus cabelos durante o tratamento.   

Ao observar meus desafios nesse período, pensei em uma maneira de ajudar outras pessoas. Fundei no dia 15 de janeiro de 2018 o Grupo Unidas para Sempre, que tem como objetivo dar suporte e apoio ao paciente com câncer e outras patologias. 

Fonte: Arquivo pessoal. Jaqueline – esquerda – sendo ajudada por amigos e voluntários

Criei um grupo nas redes sociais para que mulheres com câncer pudessem compartilhar entre elas suas dores. O número de participantes foi aumentando e ainda tivemos indicações de profissionais que se apresentavam como voluntários.   

Atualmente, contamos com o apoio de psicólogas, nutricionistas, advogadas, oncologistas, clínico geral entre outros profissionais, que atendem as pessoas que não possuem recursos para cobrir esses custos.    

A pandemia aumentou os nossos desafios e de quem estava doente. Percebendo a nova necessidade das famílias, já que muitos parentes dos doentes perderam o emprego, começamos uma mobilização para doar cestas básicas e kits de higiene pessoal.  

Sei que cada um de nós tem um legado. O meu é de doar todo amor que posso e viver a vida intensamente. Da minha maior dor, Deus me deu a vida e o Unidas para sempre. 

Essa é minha missão!

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Jogo Baleia Azul: o desafio do suicídio

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A evolução da tecnologia é responsável por diversas mudanças ocorridas nas últimas décadas. Galli (2002, p. 1) afirma que “uma das marcas da globalização é a velocidade com que evolui a tecnologia”, e nesse processo, a internet tem espaço essencial na comunicação e processamento de informações (GALIL, 2002).

Ribeiro, Leite e Sousa (2009, p. 187) defendem que

As tecnologias móveis de comunicação, sobretudo o celular, sofisticam-se e ampliam cada vez mais suas funcionalidades. Em paralelo, desenvolvem-se novas formas de experienciar as diversas situações sociais através destes equipamentos, principalmente entre os adolescentes. Neste caso, o dispositivo funciona como forma de suprir demandas de comunicação cada vez mais imediatas e complexas.

Fonte: http://zip.net/bqtJRd

Apesar de diversos aspectos positivos serem possibilitados por meio da tecnologia, há relatos a respeito de dependência comportamental, indicando que muitas pessoas fazem uso patológico da internet (FORTIM; ARAÚJO, 2013). A troca do mundo real pelo mundo virtual, em busca de apoio e aceitação, principalmente por crianças e adolescentes, tem gerado várias situações que aumentam os fatores de risco e comprometem a segurança.

Em 2016, o mundo presenciou vários suicídios ocorridos durante o jogo da asfixia, ou brincadeira do desmaio (The Choking Game). O jogo é um desafio que utiliza “técnicas de apneia, de estrangulação ou de compressão a fim de obter um breve estado de euforia, podendo conduzir a um desmaio voluntário ou acidental, às vezes letal” (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017, p. 869). São autoinfligidos, geralmente transmitidos online, como forma de comprovar que a tarefa está de fato sendo realizada, podendo estar ou não vinculados a algum jogo online (League of legends, por exemplo). Há relatos de jogos de desmaio nos EUA datados de 1995.

Fonte: http://zip.net/bgtHSV

No entanto, a brincadeira começou a ganhar notoriedade mundial em 2007, se tornando um problema de saúde pública, principalmente na França. No Brasil, é a partir de 2011 que ocorre aumento considerável dos relatos de asfixia com crianças e adolescentes (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017). O jogo da asfixia tem como objetivo principal o desafio à capacidade e coragem do jogador, além da busca por um estado de euforia momentânea, que pode ou não levar à morte. O jogo no qual iremos focar nossos esforços tem um caráter mais profundo, baseado num contrato entre o jogador e seu “orientador” e com diferentes níveis de evolução.

O jogo Baleia Azul (Blue Whale) é uma nova modalidade de desafio que apareceu recentemente nos meios de comunicação, portanto não há artigos ou estudos mais aprofundados. As informações que se têm a respeito desse assunto são baseadas apenas em matérias de jornais que relatam mortes de adolescentes, principalmente na Rússia, ou em vídeos explicativos criados por participantes ou ex-participantes do jogo.

Conforme veículos de comunicação online, a maioria baseados no jornal Novaya Gazeta, da Rússia (The Sun Gazeta Online, Dailymail, R7, Blastingnews Brasil, 2017) há relatos de grupos criados em 2013. Mas a primeira suspeita de morte vinculada ao jogo é de 2016. O jogo foi criado na Rússia, e atualmente as investigações apontam que pelo menos 130 jovens do país que eram participantes dos grupos deste jogo tenham se suicidado.

O jogo Baleia Azul acontece em um grupo fechado nas redes sociais, sendo o Facebook (ou VK na Rússia) uma das mais utilizadas. Os grupos normalmente são nomeados de “Jogo Baleia Azul” (Game Blue Whale), “acorde-me às 04:20h”, “casa silenciosa” e “estou no jogo”. Pesquisas rápidas mostram que no Brasil já existem grupos Baleia Azul, com a finalidade de unir jogadores que desejam ser desafiados.

Fonte: http://zip.net/bdtJnD

A pessoa que deseja participar envia uma solicitação, e o “líder” do grupo, chamado de baleia, inicia o contato. A partir do início do contrato, o participante receberá 50 desafios diferentes, que devem ser realizados durante 50 dias, geralmente às 04:20h da manhã. Os primeiros desafios são mais simples e o risco aumenta gradativamente no decorrer dos dias. Os desafios são baseados principalmente em automutilação em diferentes níveis, assistir filmes de terror e ouvir músicas melancólicas, subir em locais altos, como prédios e pontes e conversar com um “baleia” (um dos administradores do grupo).

O 50º desafio é suicidar-se do modo à sua escolha (enforcado, pulando de um prédio, pulando em frente a um trem, utilizando comprimidos ou veneno). Alguns vídeos detalham tarefas mais específicas, tais como não falar sobre o jogo, superar medos pessoais, dizer a data da morte, que deverá acontecer no 50º dia de jogo, e aceitar a morte (The Sun Gazeta Online, dailymail, R7, blastingnews Brasil, 2017).

Fonte: http://zip.net/bctHPc

Além de incentivar a coragem e autonomia do participante, o jogador recebe suporte constante dos “baleias”, que são os administradores do grupo. Os administradores são pessoas mais velhas, que geralmente possuem capacidade de argumentar, persuadir e envolver os participantes. A cada desafio realizado, aumentam os sentimentos de força, coragem, capacidade de automutilação e pertencimento ao grupo. “Esse sentimento de onipotência pessoal e de pertença ao grupo é reforçado quando o jovem partilha vídeos na internet, ganhando notoriedade entre os colegas” (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017, p. 874). O objetivo principal é que, ao final do jogo, o participante seja capaz de tirar a própria vida. Sair do jogo simboliza falha ou fraqueza. De acordo com os jornais, há também relatos de ameaças à família do jogador, caso ele queira desistir.

Fonte: http://zip.net/bxtJKW

Os participantes são principalmente crianças e adolescentes vulneráveis, que se sentem sozinhos ou isolados. São pessoas que têm ideação suicida ou já fizeram alguma tentativa de suicídio sem sucesso. O jogo Baleia Azul vai gradualmente ensinando ao participante que ele é capaz de sair do sofrimento, proporcionando pequenos prazeres, como a automutilação e a sensação de liberdade ao subir em locais altos. A automutilação ocorre com mais frequência na fase da adolescência, sendo que há “correlação com as frustrações relativas ao universo das descobertas dos adolescentes, envolvendo uso de drogas, intrigas escolares, isolamento social, crises familiares e as primeiras decepções amorosas” (CEDARO; NASCIMENTO, 2013, p. 205).

Fonte: http://zip.net/bstJbt

Ainda de acordo com os autores, a automutilação, apesar de retratar um comportamento auto agressivo, é uma tentativa de sentir-se “vivo”, de lidar com emoções e buscar alívio imediato. O jogador de Baleia Azul se sente apoiado pelos administradores e pelo grupo, e acredita que vai conseguir se libertar de qualquer sofrimento ao final dos 50 (cinquenta) dias de desafio.

Apesar das inúmeras tentativas de denunciar os grupos e impedir a disseminação do “desafio da morte”, o jogo Baleia Azul é mais um artifício utilizado nas redes sociais, entre tantos outros massivamente divulgados pela internet, para identificar crianças e adolescentes vulneráveis, e incentivá-los a colocar-se em risco. Precisamos estar alerta porque ações como essa, que promovem o incentivo ao suicídio e risco a segurança, não podem ser negligenciadas.

Fonte: http://zip.net/brtHTt

Família, escola, comunidade e governo precisam desenvolver uma rede de proteção para crianças e adolescentes, a fim de evitar o aumento de casos de suicídio. As pessoas mais próximas precisam estar atentas “aos sinais físicos, psicológicos e comportamentais a fim de orientá-los adequadamente: realizar sensibilização sobre a periculosidade do ato, levar à consulta médica ou psicológica, agendar reunião com os responsáveis escolares, entre outros” (GUILHERI; ANDRONIKOF; YAZIGI, 2017, p. 875).

Além disso, informação e sensibilização são essenciais nesse processo de fortalecimento e encorajamento de crianças e adolescentes. Guilheri, Andronikof e Yazigi, (2017, p. 875) afirmam que

trabalho de informação e prevenção deve ser realizado em ação conjunta das áreas da saúde e da educação, formando profissionais capacitados para a sensibilização de adultos, pais, professores e corpo médico. Estes, por sua vez, devem agir para sensibilizarem jovens e crianças alertando-os dos reais perigos dos quais nem sempre têm consciência.

Fonte: http://zip.net/bwtHpM

Nesse sentido, Sapienza e Pedromônico (2005, p. 215) acreditam que “agora seja o momento de colocar em prática o que já se sabe sobre a resiliência, a fim de promover condições para que cada vez mais crianças e adolescentes possam se tornar resilientes”. Precisamos aprender a ouvir e entender as crianças e adolescentes, e principalmente, perceber os sinais que indicam isolamento, tristeza, angústia, frustração, ansiedade ou problemas emocionais.

Família, escola, comunidade e governo têm um papel primordial nesse processo. Por serem as crianças e adolescentes os mais atingidos com jogos e brincadeiras virtuais que atentam contra a vida, são eles que devem ser o principal meio de sensibilização, apoiados, é claro, pelos grupos sociais que compõem a rede de apoio. É de extrema importância que as situações e mortes ocorridas não sejam negligenciadas, que estejamos alerta a toda e qualquer situação de risco.

REFERÊNCIAS:

BARNES, Luke. Are your children playing the Blue Whale challenge? Police warn British parents over ‘suicide game behind hundreds of Russian teen deaths’. Dailymail Online. 2017. Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/news/article-4302338/Police-warn-parents-Blue-Whale-suicide-game.html>. Acesso em: 07/04/2017.

BLASTINGNEWS. Conheça o desafio suicida baleia azul que atrai jovens na internet. 2017. Blastingnews Brasil. Disponível em: <http://br.blastingnews.com/mundo/2017/04/conheca-o-desafio-suicida-baleia-azul-que-atrai-muitos-jovens-na-internet-001599997.html>; <http://br.blastingnews.com/mundo/2017/03/adolescentes-cometem-suicidio-ao-participarem-de-jogo-doentio-na-web-001517511.html>. Acesso em: 07/04/2017.

CEDARO, Jóse Juliano. NASCIMENTO, Josiana Paula Gomes do. Dor e Gozo: relatos de mulheres jovens sobre automutilação. P. 203-223 24(2). São Paulo: Psicologia USP, 2013.

EURONEWS. Jogo na internet leva centenas ao suicídio. Euronews Brasil. 2017. Disponível em: <http://pt.euronews.com/2017/03/30/russia-jogo-na-internet-leva-centenas-de-jovens-ao-suicidio>. Acesso em: 07/04/2017.

FORTIM, Ivelise. ARAUJO, Ceres Alvez de. Aspectos psicológicos do uso patológico de internet. Bol. – Acad. Paul. Psicol. vol.33 no.85. São Paulo, 2013.

GALIL, Fernanda Correa Silveira. Linguagem da internet: um meio de comunicação global. UNESP, 2002.

GUILHERI, JulianaANDRONIKOF, AnneYAZIGI, Latife. “Brincadeira do desmaio”: uma nova moda mortal entre crianças e adolescentes. Características psicofisiológicas, comportamentais e epidemiologia dos ‘jogos de asfixia’. Ciênc. saúde coletiva [online]., vol.22, n.3, pp.867-878. ISSN 1413-8123.  http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017223.14532016. Rio de Janeiro, 2017.

MULLIN, Gemma. What is the Blue Whale online suicide game and how many teenage deaths has it been linked to in Russia? “The Sun” Gazeta Online. London, 2017. Disponível em: <https://www.thesun.co.uk/tech/3003805/blue-whale-suicide-game-online-russia-victims/>. Acesso em: 07/04/2017. Acesso em: 07/04/2017.

NASCIMENTO, AD., and HETKOWSKI, TM., orgs. Educação e contemporaneidade: pesquisas científicas e tecnológicas [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, 400 p. ISBN 978-85-232-0565-2.

R7. Jogo em rede social russa leva centenas de jovens ao suicídio. R7 Online. 2017. Disponível em: <http://noticias.r7.com/internacional/jogo-em-rede-social-russa-leva-centenas-de-jovens-ao-suicidio-segundo-suspeita-da-policia-31032017>. Acesso em: 07/04/2017.

RIBEIRO, José Carlos; LEITE, Luciana; SOUSA, Samille. Notas sobre aspectos sociais presentes no uso das tecnologias comunicacionais móveis contemporâneas.

SAPIENZA, Graziela. PEDRÔMONICO, Márcia Regina Marcondes. Risco, Proteção E Resiliência no Desenvolvimento da Criança e do Adolescente. Rev. Psicologia em Estudo, v. 10, n. 2, p. 209-216, mai./ago. Maringá, 2005.

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