Niède Guidon e sua contribuição para a ciência e história brasileira

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Fonte: http://encurtador.com.br/acyH1

Niède Guidon é uma arqueóloga brasileira, pesquisadora, nascida em Jaú, interior de São Paulo, no dia 12 de março de 1933, hoje com 88 anos, formada em História Natural pela USP, com doutorado em pré-história pela Sorbonne e especialização na Université de Paris. Se mudou para a França, após o golpe de 1964, devido a sua militância política, construindo portanto, sua carreira como arqueóloga. Em 1963 quando estava expondo pinturas rupestres de Minas Gerais no Museu Paulista, conheceu um morador de São Raimundo Nonato no Piauí, informando-lhe que lá existiam pinturas semelhantes, algo que despertou curiosidade na pesquisadora, que já seguia com estudos voltados para a descoberta de vestígios do homem mais antigo das Américas, como assistente da grande arqueóloga francesa Annete Emperaire.

Niède Guidon é conhecida mundialmente como uma arqueóloga que dedicou seus estudos para demonstrar a presença do homem nas Américas, através dos sítios arqueológicos encontrados na região de São Raimundo Nonato, deixando portanto, sua vida de docência na França para se estabelecer no Brasil, e assim intensificar sua pesquisa nessa área, diante de evidências da passagem do homem nesse local. Considerada como uma das arqueólogas mais premiadas no mundo, no ano passado foi homenageada na conquista do renomado Prêmio Hypatia Awards, sendo a única sul americana prestigiada nessa premiação, como reconhecimento pelo seus trabalhos de pesquisas desenvolvidas no Piauí.

Sua trajetória de estudos, portanto, é marcada pela sua mudança em 1992 para a cidade de São Raimundo Nonato, onde inicia suas atividades de pesquisa, porém desde 1973 integra a Missão Arqueológica Franco-Brasileira, concentrando seus trabalhos nesse local, se tornando uma grande lutadora para que suas pesquisas sejam subsidiadas financeiramente e assim possam ser continuadas e ampliadas, mas acima de tudo reconhecidas. Nesse percurso, muitos já foram os desafios superados nesse sentido, porém a valorização dos estudos e suporte financeiro para sua continuidade, como a manutenção das atividades de estruturação turística, pagamento de funcionários, entre outras despesas, ainda são vivenciados pela pesquisadora, que segue lutando isoladamente para que os trabalhos no Parque Nacional da Serra da Capivara permaneçam acontecendo.

Fonte: http://encurtador.com.br/CLNST

Niède Guidon afirma que o material arqueológico encontrado no Piauí, indica que o homem chegou no local cerca de 100 mil anos atrás e apesar de ser alvo de questionamentos, por diversos estudiosos, a pesquisadora acredita que o Homo Sapiens veio da África, por via marítima, atravessando o oceano atlântico, chegando então até o Piauí. Sua teoria se sustenta na constatação que, diante da seca enfrentada na África, o homem teria ido buscar alimentos pelo mar, que a distância entre a África e a América eram muito menores, sendo esses os argumentos que explicam, porém sua teoria se choca com a defendida pela arqueologia tradicional, ao qual relata que a chegada do homem nas Américas tenha acontecido cerca de 13 mil anos atrás, vindo da Ásia, pelo estreito de Bering.

A luta de Niède Guidon perpassa pelo incentivo necessário para manutenção de pesquisas no país, algo relevante, pois as descobertas são contribuições imprescindíveis para aprofundamento e ampliação do conhecimento. A arqueóloga enfrenta o desafio de manter a gestão do Parque Nacional da Serra da Capivara em funcionamento, por meio da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), porém na atual conjuntura da pandemia, enfrenta a batalha do custeio dos trabalhos, com grandes prejuízos para o andamento das pesquisas.

Em 2015, a pesquisadora viu seus trabalhos serem paralisados, por falta de recursos, mesmo sendo retomados logo depois, a luta se intensificou para que os projetos e pesquisas não mais tenham grandes prejuízos, apesar da necessidade ser bem maior, que os recursos atualmente disponíveis, revelando uma dura realidade enfrentada por muitos pesquisadores no Brasil. Ainda assim, Niède Guidon, se coloca na linha de frente de defesa do maior tesouro arqueológico brasileiro, e acima de tudo, da ciência como um campo a ser desbravado e fonte de crescimento e desenvolvimento de um país.

Fonte: http://encurtador.com.br/COS24

Niède Guidon acredita com seus estudos poder reescrever a versão da história demográfica do homem e mesmo existindo aspectos controversos, contestados por outros estudiosos, a pesquisadora acumula evidências científicas, que fortalecem suas hipóteses, com grandes descobertas de sítios arqueológicos e centenas de fósseis localizados na região de São Raimundo Nonato.

Além da pesquisadora ser perseverante no cuidado à manutenção dos vestígios arqueológicos, com toda certeza, o impacto da criação do Parque Nacional da Serra da Capivara é bastante positivo para o contexto turístico da região. Uma cidade no interior do Estado do Piauí, que tem um crescimento no seu turismo, pela intensificação da movimentação de visitantes, sem dúvida, tem com isso uma modificação no cotidiano dos seus moradores, contribuindo para um desenvolvimento social e econômico no local.

Niède Guidon define sua luta como algo primoroso e se preocupa com o avanço da sua idade frente a direção da Fumdham, como uma necessidade de passar esse trabalho para outra pessoa com igual interesse em manter as pesquisas e o funcionamento do Parque. No entanto, segue ainda no comando, lidando com escassez de recursos, para o mais importante sítio arqueológico do país, mas acreditando na promessa de novos repasses por parte do Governo, no apoio de outras entidades colaboradoras e principalmente, nos resultados já alcançados pelos seus estudos, que fortalece diariamente a sua luta.

REFERÊNCIAS:

DUARTE, Cristiane Delfina Santos. A mulher original: produção de sentidos sobre a arqueóloga Niéde Guidon. 2015. 242 p. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem e Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/271103. Acesso em: 24 abr. 2021

MARTIN, Gabriela. PESSIS, Anne-Marie. Entrevista: Niède Guidon. Clio Arqueológica, v35N1, p.1-13, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica. Acesso em: 24 abr. 2021.

MUSEU DO HOMEM AMERICANO. A arqueóloga Niède Guidon. Disponível em: http://www.fumdham.org.br/museu-do-homem-americano. Acesso em: 24 abr. 2021.

GAUDENCIO, Jessica. Niède Guidon: a cientista brasileira responsável pelo tesouro arqueológico nacional. História da ciência e Ensino: construindo interfaces, vol. 18, pp 76-87, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.23925/2178-2911.2018v18i1p76-87. Acesso em: 24 abr. 2021.

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Semana da Zero Discriminação lembra da importância das práticas inclusivas no meio empresarial

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De acordo com a psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Ester Assumpção, Cíntia Santos, os empresários precisam inovar, fazer diferente e pensar fora da caixa para terem resultados além da expectativa

Conquistar uma vaga de emprego é um desafio, pois, além da escassez de vagas em algumas áreas, a concorrência é grande. Quando falamos de pessoas com algum tipo de deficiência, a história fica ainda mais complicada, já que além das dificuldades do mercado, o preconceito a ignorância são outros obstáculos a serem enfrentados. Nesse sentido, a semana que celebra o “Dia da Zero Discriminação”, comemorado em 1º de março, instituído pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, promove a diversidade e rejeita qualquer tipo de preconceito, como o de que pessoas com deficiência não estão aptas para certas atividades. O Instituto Ester Assumpção, que atua como elo entre empresas e indivíduos com deficiência, luta, não só nesta data, mas diariamente pela quebra de tabus e a inclusão, sempre levantando a bandeira do respeito.

De acordo com Cíntia Santos, psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Ester Assumpção, o Dia da Zero Discriminação é importante para lembrar a sociedade sobre os aspectos que precisam de atenção. “Infelizmente ainda existem alguns preconceitos. Não podemos desconsiderar os avanços obtidos nos últimos anos, mas percebemos um longo caminho a ser trilhado pelas organizações para que tenhamos um mercado de trabalho que conte com a igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência. Segundo os dados Rais-ME em 31 de dezembro de 2018, a participação dos trabalhadores com deficiência era de 1,1% sobre o total de ocupados formais. Por outro lado, dados do Portal de Inspeção do Trabalho revelam que as cotas para trabalhadores com deficiência não são totalmente preenchidas. Mesmo com o avanço observado no período de 2003 a 2018, em 2018 pouco mais de 50% das vagas destinadas a trabalhadores com deficiência foram preenchidas. Em um total de 768,7 mil vagas potenciais, apenas 389,2 mil preenchidas. Podemos elencar algumas hipóteses para esse cenário. O primeiro deles faz referência à falta de investimento em acessibilidade”, explica.

Fonte: Instituto Ester Assumpção

Segundo a profissional, a dificuldade da entrada de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é a soma de vários fatores e não apenas uma questão de preconceito. “A data é muito importante para promovermos ações educativas sobre a importância da valorização da diversidade. A diversidade é algo que é parte da condição humana, portanto nunca é demais reforçar o respeito às diferenças individuais. Embora haja um arcabouço legal que preconize espaços acessíveis, na prática, as empresas ainda estão distantes de um cenário ideal do ponto de vista arquitetônico e instrumental. E quando falamos de questões mais subjetivas, como a acessibilidade atitudinal, o cenário ainda é mais complexo. O que observamos em nossa prática é que boa parte das empresas tendem a ver a contratação de pessoas com deficiência como algo oneroso e sem retorno financeiro, uma vez que têm dificuldades em perceber o valor produtivo de trabalhadores com deficiência. Assim, resistem em investir em melhorias que promovam acessibilidade e inclusão”, explica.

A psicóloga adiciona que as empresas que apostam na prática inclusiva de pessoas com deficiência em seu quadro de trabalhadores podem se beneficiar. Para ela, existem formas de combater a discriminação de certas empresas através do potencial transformador da educação. “Pesquisas recentes têm mostrado é que empresas que investem em práticas inclusivas podem ter aumento no seu faturamento atual, além de outros ganhos como melhoria do clima organizacional e melhora nos índices relacionados à saúde ocupacional. Ou seja, lucros bem além do esperado através de uma mão de obra muito bem qualificada e dedicada. Em relação a discriminação, nós do Instituto, assim como nossa fundadora, acreditamos no potencial transformador da educação. Dessa forma, acreditamos que uma maior conscientização das pessoas, principalmente dos empresários, sobre a importância do investimento em diversidade e inclusão é de fundamental importância para a mudança desse cenário”, explica.

Para Cíntia Santos, o investimento em práticas inclusivas é sempre um bom negócio. “É preciso investir também em pesquisas que demonstrem as melhorias obtidas a partir da contratação de trabalhadores com deficiência, além de construção de métodos e ferramentas efetivas que promovam a inclusão. Hoje o Instituto trabalha junto às empresas com uma visão mais estratégica, voltada para resultados, que tem alcançado retornos significativos, tanto para as pessoas com deficiência quanto para os contratantes.  Por fim, é necessário aos empresários a coragem de inovar, de fazer diferente, de pensar fora da caixa. Temos experiências com empresas que contrataram pessoas com deficiências consideradas ‘mais severas’ que obtiveram resultados muito além da expectativa. Ou seja, vale a pena investir em inclusão”, conclui.

Instituto Ester Assumpção

Fundado no ano de 1987, o Instituto Ester Assumpção é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos criada por Ester Assumpção, educadora nacionalmente conhecida pelo caráter pioneiro e inovador no campo do trabalho com minorias. A instituição atua no campo da inclusão da pessoa com deficiência e tem como foco contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva, onde a diversidade seja aceita e respeitada na sua integralidade. As principais frentes de atuação são a qualificação e inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e a consultoria para que as organizações se adequem e cumpram o papel social de promover a inclusão.

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Novo ano letivo: como motivar quem repetiu?

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Com a chegada do novo ano letivo, alguns pais vão ter um problema pela frente: motivar os filhos que repetiram a se esforçarem mais nos estudos. Algumas crianças e adolescentes ficam desmotivados ao verem os colegas em uma nova classe ou quando percebem que ficaram para trás em alguma matéria. Nesse período, o apoio dos pais é fundamental.

Primeiro de tudo, é necessário identificar se houve esforço ou se realmente não teve empenho durante o ano por parte dos filhos. No primeiro caso, é preciso ver se há a necessidade de uma explicadora ou conversar com os professores para descobrir se a criança ou adolescente tem algum distúrbio de aprendizagem como dislexia, por exemplo. Já o aluno que não se empenhou, muito deve ser mais cobrado.

Com a reprovação de um filho na escola, não adianta mais se desesperar, dar bronca, bater. Mas também não pode se aceitar uma situação dessa como se fosse algo normal. O momento é de fazer uma análise para entender o que aconteceu.

Fonte: encurtador.com.br/wDER6

Um aluno nunca é reprovado no final do ano. Ele é reprovado ao longo do ano. Esses sinais são dados desde o primeiro bimestre, dependendo da escola. O acompanhamento dos pais é importante desde o começo, porque se conseguimos identificar o erro no começo, podemos resolvê-lo de maneira mais rápida. 

A outra dica é levantar a cabeça e seguir em frente. Os pais e professores devem incentivar o aluno a não desistir. Nesses momentos, a conversa é um instrumento fundamental. É preciso fazer a pessoa refletir. Por exemplo, os pais precisam verificar se estão dando mais do que deveriam aos filhos ou mais do que eles merecem. Uma sugestão é cortar algumas coisas, como, por exemplo, vídeo game, algum tipo de diversão ou deixar de dar algum presente que o filho esteja pedindo. Tudo isso pode ajudá-lo a buscar se esforçar mais na escola. 

O verdadeiro o castigo na verdade são trocas. Os pais podem fazer tipo um joguinho, onde o filho vai ganhando de acordo com o merecimento. Caso a pessoa não trabalha e só estuda, mesmo assim não está correspondendo, é preciso cortar algumas coisas. Troca de recompensas são mais eficazes do que simples castigos.

Para que os filhos tenham mais sucesso na escola, é preciso que os pais acompanhem mais de perto o ano inteiro. Não só com a preocupação de não reprovar, mas para incentivar. Quando a escola e família andam juntas para estimular os alunos, os jovens conseguem alçar voos mais altos. Os pais podem perguntar coisas básicas, como: “o que você aprendeu?”; “como está na escola?”; “como foi o seu simulado?”. Olhe também as notas, converse com os filhos. Não precisa necessariamente conhecer bem a matéria, mas os pais precisam mostrar que estão preocupados.

Fonte: encurtador.com.br/fmryA

A outra dica envolve mostrar ao filho que exige sucesso da parte dele. Explique ele que quem estuda é muito mais fácil melhorar de vida. Ressalte a importância aos estudos, que isso vai ser um diferencial na vida dele, apresente experiências, todos os casos de sucesso que estão na família ou fora da família. Veja com eles filmes com mensagens positivas sobre os estudos. 

Mas não se esqueça de que cada um tem o seu tempo. Portanto, não seja imediatista. Nada de bronca, de violência, “puxão de orelha”. Isso não vale a pena nem vai surtir um efeito positivo. Ao invés disso, use palavras para incentivar. Observe as ações positivas e dê elogios no momento certo, até mesmo em pequenas conquistas. Mostre que está feliz com os avanços: “agora, sim, você melhorou /conquistou, parabéns”.

Além disso, nunca o compare com outros. Compare ele só com ele mesmo, porque cada um tem seu tempo. Essa jornada realmente não é fácil. Mas o pai e mãe que se dedicam para ajudar o filho a melhorar, sempre colhem bons resultados. Seu filho é seu maior bem e seu tesouro. 

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