“Eles dedicaram suas carreiras ao tentar provar o poder da criação sobre a natureza para finalmente esclarecer a eterna dúvida: poderíamos ter sido pessoas diferentes de quem somos?”
-Narrativa do filme
“Marca de nascença”, filme lançado em 2018, dirigido por Emanuel Hoss-Desmarais, aborda de forma cômica e intensa a “disputa” que permeia pesquisadores há anos: nossa personalidade é resultado da herança genética ou contexto sociocultural? John Watson, psicólogo estadunidense conhecido como pai do Behaviorismo metodológico, realizou em 1922 o Experimento do pequeno Albert, que condicionou a criança a ter medo de rato branco ao correlacionar ele com barulho alto. A partir desse princípio, o casal tenta contrariar a genética, mas de forma muito maior e utilizando métodos positivos.
Ben e Catherine são um casal de cientistas, ambos descendentes de uma longa linhagem de estudiosos, interpretados por Matthew Goode e Toni Collette. Afim de contribuir para o progresso da humanidade e se tornarem renomados, eles propõem um experimento que utilizará 3 bebês: Maya (Megan O’Kelly), vinda de uma família considerada intelectualmente inferior, pretendem transformá-la em um gênio. Maurice (Anton Gillis-Adelman) será criado para ser pacifista, já que seus ascendentes são violentos e agressivos. Luke (Jordan Poole), o único filho biológico, diferente dos seus pais cientistas, será moldado para ser um artista.
Fonte: https://bit.ly/2SzW4WV
“Todo mundo tem potencial para ser o que quiser, ninguém é prisioneiro de sua herança genética.”
– Ben Morin (Narrativa do filme)
Estudando as influências dos fatores diversos no nosso modo de ser, eles preparam um ambiente propício para desenvolver as características individuais de cada criança, por exemplo: Dieta rica em ômega 3 para a memória, tardes e noites de estudo, meditação todos os dias, expressar emoções em sua arte e quartos personalizados, nutrindo a mente para se tornar o que eles quiserem.
De acordo com John Locke, todas as pessoas nascem como uma tábula rasa, ou seja, uma “folha em branco” onde a sociedade “inscreve” suas regras e costumes, formando o ser. Então se uma pessoa ao nascer for colocada em um lugar diferente do seu lugar de origem, será outra pessoa devido às diferenças socioculturais, mudando a si próprio e sua visão de mundo.
Fonte: https://bit.ly/2LNkvNO
“Os doutores usaram os filhos como um chefe usa o ovo, um ingrediente para algo maior, os ovos foram batidos durante 12 excruciantes anos, numa tentativa de fazer a omelete definitiva.”
-Narrativa do filme
No filme, o ciclo social das crianças é restrito, contendo apenas os pais e um cuidador, então chega um momento que as crianças querem socializar com outras crianças. Elas também não entendem o porquê de tantas restrições, surgindo assim o primeiro confronto do filme. Ademais, o patrocinador do projeto pressiona o casal de cientistas à obterem respostas já que o que foi registrado em 12 anos não seria considerado nada surpreendente e revolucionário pela ciência, com risco de ainda serem acusados por falta de ética ao usarem os próprios filhos.
Além de tentar sobrepor o contexto sociocultural à herança genética, apresentar questões éticas sobre um experimento científico usando seres humanos e da rotina deles girar em torno desse experimento científico (o que você pode considerar um horror), é um lar repleto de amor e diversão, o que deixa o filme leve e divertido a quem assiste.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
BIRTHMARKED
Título original: Marca de nascença
Direção: Emanuel Hoss-Desmarais Elenco: Matthew Goode, Toni Collette, Megan O’Kelly, Anton Gillis-Adelman, Jordan Poole Ano: 2018 País: EUA Gênero: Comédia
Referências:
BIRTHMARKED. Direção: Emanuel Hoss-Desmarais, Produção: Pierre Even, 2018.
Comportamento humano – interação entre genes e ambiente. Disponível em <: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40601994000100007 >. Acesso em 23/12/2018.
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Experiências Culturais: os instrumentos e instituições da cultura
Em relação ao texto “Pensando com os instrumentos e com as instituições da cultura” de Barbara Rogoff (2005), reflete-se a respeito da constituição do pensamento, ressaltando que o pensar é um processo interpessoal no qual envolve muito mais do que ações privadas e individuais, pois de acordo com a pesquisa voltada para o desenvolvimento cognitivo, as pessoas constroem seus pensamentos e entende seu mundo a partir da interação com o meio participando de atividades socioculturais (ROGOFF, 2005, p.196).
Pesquisadores debruçaram-se em aportes teóricos, para compreender a relação existente entre a formação do pensamento das pessoas decorrentes das suas experiências culturais. Assim, muitos deles consideraram os estudos de Vygotsky, pois este considera que as habilidades cognitivas individuais são constituídas diante do auxílio de outras pessoas, ou seja, “o desenvolvimento cognitivo ocorre à medida que as pessoas aprendem a usar instrumentos culturais do pensamento (como alfabetização e a matemática) com a ajuda de outras, mais experientes com tais instrumentos e instituições” (ROGOFF, 2005, p.196).
Fonte: http://zip.net/bvtHDX
O ponto de vista sócio histórico contribui para um novo entendimento da cognição, sendo visto agora como processo ativo das pessoas e não mais individual e passivo. Jean Piaget, na sua teoria, também estudou aspectos cognitivos, porém ele analisava o processo de desenvolvimento intelectual da criança a partir dos estágios, desconsiderando as variâncias culturais. Pesquisadores, então, realizaram estudos aplicando as técnicas de Piaget em diferentes contextos culturais, e com isso, observaram que de acordo com a comunidade e cultura em que se vivem as pessoas apresentaram desempenho diferente na realização da atividade.
Diante desta situação, estudiosos começaram a perceber algumas questões, como a conceituação do objetivo e a familiaridade com o mesmo, conforme a localidade pode influenciar no resultado do teste, assim, os pesquisadores estudavam os tipos de atividades realizadas na comunidade e com isso adaptava-se as atividades para que avaliassem o desempenho da pessoa. Rogoff (2005) traz um exemplo de estudos realizado com crianças que demonstra essa experiência:
As crianças zambienses tiveram bom desempenho quando modelaram com pedaços de arame, uma atividade conhecida em sua comunidade, mas um desempenho ruim com os desconhecidos lápis e papel. Em comparação, crianças inglesas se saíam bem com lápis e papel, um meio conhecido para reproduzir padrões em sua comunidade, mas não com pedaços de arame (p.197).
A partir desses estudos, Piaget revisou seus conceitos, percebendo que os estágios de desenvolvimento cognitivo (principalmente o operatório-formal) dependiam da experiência pessoal de cada sujeito, conforme o seu contexto, e domínio.
Fonte: http://zip.net/bstHv0
Outro aspecto observado pelos pesquisadores em relação ao processo do pensamento era os testes cognitivos em similaridade com a formação escolar, percebendo a influência dos valores culturais na definição de inteligência considerando a situação em que este era analisado. Antigamente os testes eram usados para medir a cognição de forma muito crua, não havia um olhar humano que levasse em conta a experiência de vida da pessoa. Os pesquisadores então começaram a ver por outro ângulo e afirmaram que a testagem poderia ser vinculada aos valores e a experiência cotidiana. Os valores que se vinculam com os relacionamentos sociais, têm grandes influências nas respostas das pessoas quando submetidas a perguntas cognitivas (ROGOFF, 2005).
É importante ressaltar a relação entre o testador e a pessoa que será testada, “os modelos culturais de relações sociais, que fornecem, implícita ou explicitamente, a base para os comportamentos apropriados e formas de se relacionar de adultos e crianças não são suspensos em testes cognitivos” (SUPER e HARKNESS, 1977, apud ROGOFF, 2005, p.205). Isso está totalmente relacionado com o significado de maturidade e inteligência de cada cultura/comunidade. Cada cultura tem uma definição diferente do que seja inteligência e maturidade, enquanto que, para uma cultura inteligência seja definida como lento, cuidadoso e ativo, para outra cultura tem outro sentido e valor.
Fonte: http://zip.net/bytHD2
Em se tratando de generalização, a autora Rogoff (2005) retrata que nem sempre será uma coisa boa, e que executar no automático a mesma ação pode ou não ser apropriado a uma nova situação, o objetivo seria uma generalização adequada e para que este conhecimento (desenvolvido em uma situação quando se enfrenta uma nova) seja adequado Hatano (1988) apud Rogoff (2005) diz que tem de haver o entendimento conceitual, e, para que as pessoas e grupos façam uma generalização adequada entre as experiências/situações é importante o que foi chamado por alguns autores de capacidade adaptativa.
O desenvolvimento da capacidade adaptativa é apoiado pelo grau no qual as pessoas entendem os princípios e objetivos das atividades relevantes e ganham experiência ao variar os meios para atingi-los. As práticas culturais e a interação social sustentam a aprendizagem de quais circunstâncias estão relacionadas entre si e quais posturas são adequadas a diferentes circunstâncias. (ROGOFF, 2005, p.209).
No que diz respeito à visão da cognição, “vai muito além da ideia de que o desenvolvimento consiste em adquirir conhecimento e habilidades” (Rogoff, 2005, p.208), a pessoa cresce por intermédio da participação em uma atividade que traz transformação para assim ele se envolver em outras mais. Rogoff (2005) argumenta que o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos acontece no espaço de comunidades com o interesse de que as pessoas trabalhem em determinados lugares, como seres civilizados. Nós não somos donos do nosso próprio pensamento a respeito do mundo, mas é assim que acontece o início das habilidades nas parcerias desses diálogos. A partir disso percebe-se a importância dos aspectos históricos e culturais dessa conversação para cada pensador, influenciando outras pessoas a começarem novas linhas de pensamentos.
Fonte: http://zip.net/bwtGJ6
Em seus estudos com marinheiros, Ed Hutchins (1991) apud Rogoff (2005), o autor percebeu que eles trabalham em conjunto nos cálculos e nos planejamentos necessários para orientar a navegação de grandes navios. Diante disso é importante ressaltar que a cognição é distribuída na medida em que as pessoas colaboram e ajudam umas as outras, não apenas pensando em si próprio, mas, no que o outro pode está acrescentando com os instrumentos projetados para auxiliar no trabalho cognitivo. O processo coletivo mostra para o indivíduo que produzir em conjunto proporciona uma qualidade na produção tornando as informações claras e trazendo um conhecimento mais rico.
Arievitch (1995) et al. apud Rogoff (2005) enfatiza que o foco está na transformação ativa do conhecimento por parte das pessoas e em seu relacionamento com atividades que dinamizam. Levando-se em consideração esses aspectos, aprender e adequar com flexibilidade as posturas às circunstâncias é um fator importante para o desenvolvimento cognitivo que é imprescindível para tomada de decisão em várias áreas da inteligência. Muitas famílias ensinam suas crianças formas mais abertas de agirem e falarem, formas essas que se adequam a papéis e diversas situações. Percebe se em outras culturas que os adultos dão maior ênfase neste aspecto. Se as crianças souberem distinguir as posturas adequadas para cada ambiente evitarão problemas de comunicação.
Aprender a diferenciar as formas adequadas de agir em diferentes situações é uma conquista importante em todas as comunidades, seja para crianças, seja para adultos. Saber qual postura adotar na escola e em casa, junto com a determinação de qual estratégia usar em testes cognitivos e em outras situações de solução de problemas, equivale a aprender a fazer generalizações adequadas de uma situação para outra (ROGOFF, 2005, p. 211).
De acordo com Rogoff (2005), a teoria de Vygotsky redirecionou os estudos científicos sobre a cognição, visto que as funções mentais estão associadas à maneira como utilizam os instrumentos cognitivos na própria comunidade. Diante disso, percebe-se a extrema importância da empregabilidade de certas ferramentas culturais para o pensamento, tais como, a alfabetização, a matemática e a linguagem. A alfabetização está interligada às competências cognitivas por intermédio de aplicações peculiares comprometidas em seu uso. O aprendizado da leitura oferece várias habilidades dos processos mentais distintos de tal forma que, essas diversidades nos objetivos e nas aplicações da alfabetização parecem estar intrinsecamente interligadas as habilidades que as pessoas utilizam (ROGOFF, 2005).
Fonte: http://zip.net/bgtG9R
Ainda em concordância com a autora Rogoff (2005), no que consiste à alfabetização utilizada como instrumento, esta colabora com certos tipos de pensamentos, seja no contexto social, local, seja no contexto histórico. Como exemplo, no século XVIII nos Estados Unidos, a alfabetização era entendida como a habilidade de escrever o seu próprio nome em documentos legais. Já, no século XIX, a alfabetização estava relacionada com a capacidade de ler; mas sem a compreensão de leitura. Já, durante o século XX, a leitura estava associada com a funcionalidade dela, ou seja, a importância dela para eficiência da indústria.
Diante deste contexto, é notório que a utilização de instrumentos culturais como a matemática está profundamente associada às diversas características e aos princípios das comunidades. O manuseamento dessas ferramentas na matemática está interligado nas especificidades dos próprios utensílios, às atitudes das comunidades referentes à utilização desse instrumento e como este pode ser compreendido nas interações sociais. Esse instrumento também serve para o fortalecimento das relações sociais.
No que diz respeito à linguagem, este serve como instrumento cultural para o pensamento, uma vez que a língua conduz o modo de atuar e de pensar da comunidade, como por exemplo: ideias que são manifestadas no campo da linguagem de uma comunidade, de maneira que o sistema linguístico contribui com os pensamentos, como também, a utilização desses instrumentos pelos indivíduos e pelas gerações. Enfim colaboram com a organização narrativa, estruturas de cálculos matemáticos, isso de tal forma que os pensamentos interagem com os processos interpessoais e de comunidade.
Fonte: http://zip.net/bftG7Y
A alfabetização e a matemática são importantes instrumentos culturais do pensamento, logo, estudos sobre a matemática identificam como estas ferramentas são essenciais, como exemplo, o ábaco, as formas de cálculo ensinadas na escola, à formação dos preços de vendas dos utensílios. Os indivíduos utilizam esses dispositivos para facilitar o trabalho e a diminuição do esforço mental como uma maneira de se adequarem no contexto cotidiano.
Perante o exposto, foi possível perceber que as teorias socioculturais crescem constantemente por terem a compreensão de que o pensar está diretamente entrelaçada a situações específicas, essa relação não é automática, bem como a autora demonstrou, “em lugar disso, os indivíduos determinam suas posturas diante de certas situações com referência nas práticas culturais de que participaram anteriormente”. (ROGOFF, 2005. p.211). Cada ser humano tem uma visão diferente das coisas, esse processo faz com que tenhamos atividades socioculturais. Em concordância com o raciocínio de Rogoff (2005), entende se que, no momento que existem limites obrigatórios entre o indivíduo e o todo, se faz surgir complicações para melhor compreender, tanto os processos individuais, interpessoais e da comunidade.
REFERÊNCIAS:
ROGOFF, Barbara. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Ed.1.Tradução de Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2005.
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A Psicologia Sócio-Histórica na compreensão do Processo Terapêutico
“Através dos outros, nos tornamos nós mesmos.” VYGOTSKY
Recentemente, as práticas clínicas de psicologia têm demonstrado grande preocupação e interesse aos aspectos sociais e históricos de seus clientes na psicoterapia.
Essa mudança é resultado da uma nova percepção dos sujeitos, agora como fruto de toda sua construção sociocultural e histórica. E é neste quesito que a abordagem sócio-histórica, que tem como enfoque o materialismo dialético, torna-se válida, por priorizar o indivíduo e sua historicidade.
Partindo do marxismo, a abordagem sócio-histórica fundamenta-se no materialismo histórico e dialético. Assim, o ser humano é concebido como: ativo; social; e histórico. Ratgner (1995) concorda com Vygotsky (1896-1934) ao defender que o desenvolvimento psicológico se dá, não no homem, mas na relação do homem com o mundo sociocultural. Nesse enfoque, o fenômeno psicológico é, portanto, o resultado de todas essas experiências vividas e experimentadas pelo indivíduo ao longo de sua existência.
A visão sócio-histórica defende que, sem a dialética, seria impossível a formação da consciência no indivíduo, nem sua participação ativa na construção de sua história (BOCK, 2001). A linguagem é a forma pela qual o homem se apropria do mundo. Por meio dela, ele assimila elementos e características do meio e, posteriormente as restitui.
É por meio da linguagem que “o homem se individualiza, humaniza, e aprende a materializar o mundo das significações” (BOCK, 2001, p. 104), sem ela não haveria processo social e nem histórico.
Preocupada com o fenômeno psicológico e a subjetividade do homem, a psicologia sócio-histórica, entende que ambas são formas de adaptação (social, cultura e econômica), sofridas pelo homem dentro de um contexto histórico (BOCK, 2001). A subjetividade é concebida ao longo do desenvolvimento do ser humano, como um reflexo da realidade em que o homem vive, e de toda a gama de possibilidades e atrações que mundo exterior exerce sobre o ele. Assim, o homem constrói o mundo e este, por sua vez, propicia os elementos para a construção psicológica do homem.
Acolher a abordagem sócio-histórica como prática válida na psicoterapia só foi possível na atualidade, quando as correntes psicológicas compreenderam que o homem não é um indivíduo isolado, mas em sua organização subjetiva, e em cada um dos seus espaços, ele está comprometido com outros espaços, numa relação processual de infinitas alternativas e implicações para si.
Uma das limitações que atravessou praticamente toda a história da psicoterapia é o fato de fragmentar e de super enfatizar um espaço social específico, como gerador do conflito patológico, que na psicanálise se situava nas relações que cedo se manifestavam com as figuras parentais, na terapia sistêmica no âmbito da família e em alguns teóricos do humanismo no outro como sujeito individual (KAHHALE, 2003, p. 200).
Na clínica, pensar o homem e sua complexidade de forma sócio-histórica é compreendê-lo como um ser subjetivamente atravessado por vários outros processos extraordinariamente complexos de subjetivação. Dessa forma, não se pode reduzir os fenômenos subjetivos a uma organização única e padronizada (KAHHALE, 2003, pág. 201).A relação terapêutica na abordagem social histórica rompe com o conceito psicanalítico transferência e contratransferência, já que este limita a terapia a uma relação substancial e superficial.
A versatilidade da subjetividade é a mesma dos processos associativos de sua constituição patológica. A abordagem Sócio-Histórica ganhou destaque na psicoterapia por enfatizar a importância da linguagem na construção social do sujeito,priorizando o discurso e a narrativa no processo terapêutico.O processo de terapia deve ser, um processo de dialogo orientado a reformulações e também a mudanças de foco de atenção do sujeito, que lhe permitam subjetivar novas zonas de sua experiência neste processo (KAHHALE, 2003).
É importante definir o dialogo como um processo gerador que se desenvolve na relação do terapeuta e do paciente, que implica níveis de conhecimento novos que se legitimam somente dentro do âmbito da conversação. (KAHHALE 2003, p. 207).
Para o enfoque histórico-cultural, a relação emocional afetiva entre cliente e terapeuta faz parte da construção do processo de subjetivação do paciente, e resultará num processo de mudança deste, dependendo do tipo do conflito apresentado. Os processos emocionais constituídos no processo de significação do sujeito também são importantes para o entendimento de sua história.
Assim, o sujeito passa a ser concebido como ativo e agente construtor de sua própria história. Nesse contexto, a psicoterapia exerce um papel mediador, estabelecendo uma ponte entre passado e presente, creditando ao cliente meios de tomar a iniciativa para a mudança, a partir de uma motivação interna e subjetiva (ROMANINI, 2003).
Para Dias (2005), em seu artigo: A psicologia Sócio-Histórica na Clínica: uma concepção atual em psicoterapia, ter como alicerce básico a compreensão dos processos psicológicos e sua rede de significados, dentro de uma visão dialética, estabelecida por meio da percepção, seleção e significação de informações provenientes do meio interno e externo, permite ao psicoterapeuta o estabelecimento de um vínculo diferenciado com seu cliente, o qual se fortalece pela cooperação mutua levando ambos a alcançar seus objetivos na clínica.
Os resultados obtidos na clínica sob o enfoque Sócio-Histórico, têm sido satisfatórios e supera as expectativas, já que vêm demonstrando grande êxito no tratamento dos mais variados transtornos e patologias clínicas.
Referências:
BOCK, Ana Mercês Bahia. GONÇALVES, Maria das Graças Marchina. FURTADO, Odair. Psicologia Sócio-Histórica. São Paulo: Editora Cortez, 2001.
DIAS, Maria Helena Soares Souza Marques. A psicologia Sócio-Histórica na Clínica: uma concepção atual em psicoterapia. Rev. da Sociedade de Psicologia do Triângulo Mineiro, SPTM, V.9.1 n. 1 Jan/Jun 2005. Disponível em: http://www.ugr.es/~recfpro/rev102COL2port.pdf. Acesso em 02 de julho de 2014.
RATNER, Carl. A Psicologia Sócio-Histórica de Vygotsky: aplicações contemporâneas – trad. Lólio Lourenço de Oliveira. Porto Alegre: Artes Médicas 1995.
KAHHALE, Edna María Peters; SANCHEZ, Sandra Gaglíardí. História da psicologia: a exigência de uma leitura crítica. In: BOCK, Ana Mercês Bahia (Org.). A perspectiva sóciohistórica na formação em psicologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.